Cheio de felicidade e saúde.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
OS MEDIA SEGUNDO MICHELE HILMES (II)
[continuação da mensagem de ontem]
O quarto capítulo decorre de 1940 a 1945, no que Michele Hilmes chamou de guerra em casa e no estrangeiro. Na realidade, a rádio tomara parte no conflito da segunda guerra mundial – em termos do medo dado pelo elevado uso da propaganda na nova tecnologia e em termos do seu potencial para apoiar, informar e unir o público americano em tempos difíceis. A rádio cimentou o papel cooperativo.
Muito do interesse face à rádio envolveu ideias sobre audiência. A pergunta foi: podia a rádio criar um público de massa susceptível e facilmente manipulável? Ou a rádio tinha um poder racional para informar decisões a um grupo de indivíduos em termos de informação e opinião?
Em tempos de guerra, a rádio definiu as oportunidades de defender o que se entendia por correcto e marginalizar os grupos opressores e os aspectos de desigualdade e antidemocracia da vida americana. Pela primeira vez, surgiram programas sobre o racismo, o que conduziu ao posterior movimento dos direitos civis. Outros programas recrutaram mulheres americanas que definiram uma nova esfera de serviço público e trabalho remunerado.
Era o tempo do aparecimento e novidade da televisão. Esta queria preencher as promessas da rádio, entretanto abandonadas – a luz que brilha no centro do lar, a utopia da igualdade e do conhecimento. Os amadores da televisão, longe de serem os indivíduos inventivos das garagens e dos sótãos, eram engenheiros e cientistas nos laboratórios da RCA, CBS e General Electrics.
O quinto capítulo, de 1945 a 1955, seria o da exploração da televisão. Do ponto de vista político, o presidente Roosevelt, que levou os americanos a ultrapassarem a Depressão e a segunda guerra mundial, morreu um mês antes do conflito terminar. Foi o vice-presidente Truman e outros aliados que assinaram o tratado. Os custos haviam sido elevados: entre 35 e 50 milhões de pessoas tinham morrido, a maior parte das cidades europeias estava em ruínas, as indústrias e os sistemas de transportes tinham sido destruídos. Por seu lado, formava-se a União Soviética, começando a Guerra Fria.
A televisão desempenhou um papel de ligação nas salas e quartos dos lares americanos. Desde o começo dominada pelas forças da grande indústria, nunca se duvidou que a televisão desenvolveria as linhas de um sistema comercial, controlado por redes e pela publicidade. A televisão prometia uma nação normalizada e com bons indicadores de vida. Consolidou-se uma atmosfera de regulação, com a atribuição de licenças. Os programas de televisão imitavam muitos dos formatos da rádio. Esta ficava pobre, por um lado, mas livre para desenvolver novos géneros, por outro. Caso das práticas de minorias étnicas, como os negros, visível nos anos subsequentes, com a explosão de novos ritmos e estéticas: música negra e rock’n’roll. O DJ emerge como o motor dessa transformação.
Na televisão, foram lançadas dezenas de carreiras e estrelas, a idade de ouro do meio. Concertos, westerns, comédias de situação (sitcom) prosperaram. Em especial a sitcom desenvolvida muito por estrelas femininas vindas da rádio trouxe a voz das mulheres ao prime time da televisão. As notícias experimentavam e adaptavam-se às necessidades visuais da televisão.
Mas nem tudo foram rosas. Os receios dos efeitos nas crianças alargaram-se nas duas décadas seguintes, com os dirigentes do audiovisual a serem responsabilizados pelo interesse público, uma retórica que se alargou até hoje. Isto numa altura de forte concorrência tecnológica como a da televisão hertziana e a televisão paga (cabo, satélite). O sistema clássico, de pouca oferta de programas, foi ameaçado pela oferta multicanal. A televisão, apesar de tudo, tomava o centro do lar americano.
O sexto episódio, no decurso de 1955 a 1965, foi designado por Hilmes por o meio domesticado. O período de finais da década de 1950 e começo da década seguinte é lembrado como um período de tranquilidade, domesticidade e normalidade. Contudo, para a televisão foi um tempo turbulento e formativo. Também uma onda de corrupção chegou ao conhecimento da FCC, o que levou a uma nova era de regulação.
Nascia o sistema estável da televisão, com as redes clássicas americanas que durariam 20 anos e produziam o que se chama agora de programas de exportação mundial. Os anos de 1950 representam um período de constituição de famílias suburbanas com poder de compra mais elevado e marcadas pelo liberalismo empresarial, pelo aparecimento dos adolescentes como segmento demográfico e pela era da televisão para toda a família, que se alargou na década de 1960. Ora, o que achamos dos anos de 1960 – movimentos juvenis, disrupção social, programação social mais relevante – só acontece nos finais dessa década.
Os anos de 1955 a 1965 são marcados pela investigação e debate da regulação, e escândalos na programação radiofónica e na indústria dos concursos, e por um período de consolidação e estandardização nas estruturas e programas da televisão, parte e parcela de uma forte mudança social. A televisão era, agora, a arena central da vida privada e pública, alargando-se o debate sobre o seu papel social. O assassinato do presidente Kennedy (22 de Novembro de 1963) foi seguido na televisão e na memória ficaram as lágrimas do apresentador Walter Conkrite a narrar o triste acontecimento.
[continua]
O quarto capítulo decorre de 1940 a 1945, no que Michele Hilmes chamou de guerra em casa e no estrangeiro. Na realidade, a rádio tomara parte no conflito da segunda guerra mundial – em termos do medo dado pelo elevado uso da propaganda na nova tecnologia e em termos do seu potencial para apoiar, informar e unir o público americano em tempos difíceis. A rádio cimentou o papel cooperativo.
Muito do interesse face à rádio envolveu ideias sobre audiência. A pergunta foi: podia a rádio criar um público de massa susceptível e facilmente manipulável? Ou a rádio tinha um poder racional para informar decisões a um grupo de indivíduos em termos de informação e opinião?
Em tempos de guerra, a rádio definiu as oportunidades de defender o que se entendia por correcto e marginalizar os grupos opressores e os aspectos de desigualdade e antidemocracia da vida americana. Pela primeira vez, surgiram programas sobre o racismo, o que conduziu ao posterior movimento dos direitos civis. Outros programas recrutaram mulheres americanas que definiram uma nova esfera de serviço público e trabalho remunerado.
Era o tempo do aparecimento e novidade da televisão. Esta queria preencher as promessas da rádio, entretanto abandonadas – a luz que brilha no centro do lar, a utopia da igualdade e do conhecimento. Os amadores da televisão, longe de serem os indivíduos inventivos das garagens e dos sótãos, eram engenheiros e cientistas nos laboratórios da RCA, CBS e General Electrics.
O quinto capítulo, de 1945 a 1955, seria o da exploração da televisão. Do ponto de vista político, o presidente Roosevelt, que levou os americanos a ultrapassarem a Depressão e a segunda guerra mundial, morreu um mês antes do conflito terminar. Foi o vice-presidente Truman e outros aliados que assinaram o tratado. Os custos haviam sido elevados: entre 35 e 50 milhões de pessoas tinham morrido, a maior parte das cidades europeias estava em ruínas, as indústrias e os sistemas de transportes tinham sido destruídos. Por seu lado, formava-se a União Soviética, começando a Guerra Fria.
A televisão desempenhou um papel de ligação nas salas e quartos dos lares americanos. Desde o começo dominada pelas forças da grande indústria, nunca se duvidou que a televisão desenvolveria as linhas de um sistema comercial, controlado por redes e pela publicidade. A televisão prometia uma nação normalizada e com bons indicadores de vida. Consolidou-se uma atmosfera de regulação, com a atribuição de licenças. Os programas de televisão imitavam muitos dos formatos da rádio. Esta ficava pobre, por um lado, mas livre para desenvolver novos géneros, por outro. Caso das práticas de minorias étnicas, como os negros, visível nos anos subsequentes, com a explosão de novos ritmos e estéticas: música negra e rock’n’roll. O DJ emerge como o motor dessa transformação.
Na televisão, foram lançadas dezenas de carreiras e estrelas, a idade de ouro do meio. Concertos, westerns, comédias de situação (sitcom) prosperaram. Em especial a sitcom desenvolvida muito por estrelas femininas vindas da rádio trouxe a voz das mulheres ao prime time da televisão. As notícias experimentavam e adaptavam-se às necessidades visuais da televisão.
Mas nem tudo foram rosas. Os receios dos efeitos nas crianças alargaram-se nas duas décadas seguintes, com os dirigentes do audiovisual a serem responsabilizados pelo interesse público, uma retórica que se alargou até hoje. Isto numa altura de forte concorrência tecnológica como a da televisão hertziana e a televisão paga (cabo, satélite). O sistema clássico, de pouca oferta de programas, foi ameaçado pela oferta multicanal. A televisão, apesar de tudo, tomava o centro do lar americano.
O sexto episódio, no decurso de 1955 a 1965, foi designado por Hilmes por o meio domesticado. O período de finais da década de 1950 e começo da década seguinte é lembrado como um período de tranquilidade, domesticidade e normalidade. Contudo, para a televisão foi um tempo turbulento e formativo. Também uma onda de corrupção chegou ao conhecimento da FCC, o que levou a uma nova era de regulação.
Nascia o sistema estável da televisão, com as redes clássicas americanas que durariam 20 anos e produziam o que se chama agora de programas de exportação mundial. Os anos de 1950 representam um período de constituição de famílias suburbanas com poder de compra mais elevado e marcadas pelo liberalismo empresarial, pelo aparecimento dos adolescentes como segmento demográfico e pela era da televisão para toda a família, que se alargou na década de 1960. Ora, o que achamos dos anos de 1960 – movimentos juvenis, disrupção social, programação social mais relevante – só acontece nos finais dessa década.
Os anos de 1955 a 1965 são marcados pela investigação e debate da regulação, e escândalos na programação radiofónica e na indústria dos concursos, e por um período de consolidação e estandardização nas estruturas e programas da televisão, parte e parcela de uma forte mudança social. A televisão era, agora, a arena central da vida privada e pública, alargando-se o debate sobre o seu papel social. O assassinato do presidente Kennedy (22 de Novembro de 1963) foi seguido na televisão e na memória ficaram as lágrimas do apresentador Walter Conkrite a narrar o triste acontecimento.
[continua]
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
OS MEDIA SEGUNDO MICHELE HILMES (I)
Michele Hilmes, em A cultural history of broadcasting in the United States (2002), olha os media electrónicos ao longo do século XX, entrando já no novo milénio. Avalia a evolução de cada um deles (rádio, televisão, internet) década a década, comparando-os com as principais tendências sociais, empresariais, culturais e políticas.
Assim, seguindo a sua estrutura, dividi em 10 pequenos capítulos a evolução desde os amadores da rádio até à digitalização e internet. O primeiro abrange o período de 1919 a 1926, a data do começo da rádio. De acordo com Hilmes, foi o período em que a radiodifusão saiu das garagens e sótãos dos amadores e se tornou uma prática social americana. Apesar de questões sociais violentas (imigração, expansão urbana, desemprego), houve um aumento de riqueza na sociedade em geral e uma intensa experimentação cultural, como o jazz, e a que a rádio acrescentou a sua voz única. À medida que a rádio ganhava centralidade e importância social na vida das pessoas, também atraiu um debate sério.
O segundo capítulo decorre de 1926 a 1940, naquilo a que a autora chamou de redes comerciais na rádio. Os anos de 1920, após a guerra mundial, foram de expansão. Contudo, a grande depressão de 1929 trouxe uma quebra na construção civil e nas finanças e um grande reflexo no emprego. 28 de Outubro de 1929 foi a designada segunda-feira negra, com a bolsa de valores a cair 49 pontos, algo até aí inédito pela perda de dinheiro que acarretou e pelos prejuízos no mundo das empresas e do emprego. De modo interessante, a rádio foi uma das raras indústrias a escapar à Depressão (já o cinema, o teatro de revista e a imprensa foram afectados).
Na segunda guerra mundial, o uso da rádio foi intenso. A publicidade entraria na rádio, e esta seria palco de controlo empresarial e de domínio comercial. Longe de reflectir um processo natural e simples do desenvolvimento tecnológico, o audiovisual americano sairia de um grau elevado de indecisão e controvérsia na sua direcção. A indústria não foi uma actividade monolítica: apesar de a NBC e da CBS se tornarem rapidamente os dois principais interlocutores, exercendo um grande controlo oligopolista sobre a rádio, elas concorreram entre si e enfrentaram as forças poderosas da indústria publicitária. Há uma influência forte das agências de publicidade na produção de programas. Combinadas, as redes de rádio, as agências de publicidade e o público criaram a chamada idade de ouro da rádio americana.
O terceiro episódio recobre igualmente os anos de 1926 a 1940, apresentando outra faceta, a da rádio para toda a gente. No final da década de 1930, havia 80% dos lares americanos com receptores de rádio. Os rádios foram introduzidos nos automóveis em 1930. Em 1940, em cerca de 1/4 dos automóveis podiam sintonizar-se estações de rádio. O preço dos rádios baixou drasticamente, embora ainda representasse um investimento considerável no rendimento familiar. Para Michele Hilmes, a rádio tornava-se uma das formas mais híbridas do século XX, comparando, adaptando e criando, acções baseadas nas características e capacidades próprias da rádio.
Cada estação era uma mistura curiosa de entretenimento, levando o meio rádio a ser nos anos 1940 uma indústria lucrativa e um centro de vida. Agências de publicidade, redes e estações, com uma dose de actividade tirada a Hollywood em termos de novas formas de entretenimento, informação e expressão, criavam um novo mundo de estrelas e estilos de vida copiando a vida dessas estrelas. Assim, programas, géneros, estrelas e audiências de fãs emergiam. As redes de estações dividiriam os seus períodos em horários diurno e nocturno. O horário diurno tornou-se o espaço das mulheres, com a novela radiofónica. A crítica, vinda da esquerda e da direita, via a música como um meio que veiculava gostos de baixa cultura e muito permeável à publicidade.
Leitura: Michele Hilmes (2002). A cultural history of broadcasting in the United States. Belmont, CA: Wadsworth
[continua]
Assim, seguindo a sua estrutura, dividi em 10 pequenos capítulos a evolução desde os amadores da rádio até à digitalização e internet. O primeiro abrange o período de 1919 a 1926, a data do começo da rádio. De acordo com Hilmes, foi o período em que a radiodifusão saiu das garagens e sótãos dos amadores e se tornou uma prática social americana. Apesar de questões sociais violentas (imigração, expansão urbana, desemprego), houve um aumento de riqueza na sociedade em geral e uma intensa experimentação cultural, como o jazz, e a que a rádio acrescentou a sua voz única. À medida que a rádio ganhava centralidade e importância social na vida das pessoas, também atraiu um debate sério.
O segundo capítulo decorre de 1926 a 1940, naquilo a que a autora chamou de redes comerciais na rádio. Os anos de 1920, após a guerra mundial, foram de expansão. Contudo, a grande depressão de 1929 trouxe uma quebra na construção civil e nas finanças e um grande reflexo no emprego. 28 de Outubro de 1929 foi a designada segunda-feira negra, com a bolsa de valores a cair 49 pontos, algo até aí inédito pela perda de dinheiro que acarretou e pelos prejuízos no mundo das empresas e do emprego. De modo interessante, a rádio foi uma das raras indústrias a escapar à Depressão (já o cinema, o teatro de revista e a imprensa foram afectados).
Na segunda guerra mundial, o uso da rádio foi intenso. A publicidade entraria na rádio, e esta seria palco de controlo empresarial e de domínio comercial. Longe de reflectir um processo natural e simples do desenvolvimento tecnológico, o audiovisual americano sairia de um grau elevado de indecisão e controvérsia na sua direcção. A indústria não foi uma actividade monolítica: apesar de a NBC e da CBS se tornarem rapidamente os dois principais interlocutores, exercendo um grande controlo oligopolista sobre a rádio, elas concorreram entre si e enfrentaram as forças poderosas da indústria publicitária. Há uma influência forte das agências de publicidade na produção de programas. Combinadas, as redes de rádio, as agências de publicidade e o público criaram a chamada idade de ouro da rádio americana.
O terceiro episódio recobre igualmente os anos de 1926 a 1940, apresentando outra faceta, a da rádio para toda a gente. No final da década de 1930, havia 80% dos lares americanos com receptores de rádio. Os rádios foram introduzidos nos automóveis em 1930. Em 1940, em cerca de 1/4 dos automóveis podiam sintonizar-se estações de rádio. O preço dos rádios baixou drasticamente, embora ainda representasse um investimento considerável no rendimento familiar. Para Michele Hilmes, a rádio tornava-se uma das formas mais híbridas do século XX, comparando, adaptando e criando, acções baseadas nas características e capacidades próprias da rádio.
Cada estação era uma mistura curiosa de entretenimento, levando o meio rádio a ser nos anos 1940 uma indústria lucrativa e um centro de vida. Agências de publicidade, redes e estações, com uma dose de actividade tirada a Hollywood em termos de novas formas de entretenimento, informação e expressão, criavam um novo mundo de estrelas e estilos de vida copiando a vida dessas estrelas. Assim, programas, géneros, estrelas e audiências de fãs emergiam. As redes de estações dividiriam os seus períodos em horários diurno e nocturno. O horário diurno tornou-se o espaço das mulheres, com a novela radiofónica. A crítica, vinda da esquerda e da direita, via a música como um meio que veiculava gostos de baixa cultura e muito permeável à publicidade.
Leitura: Michele Hilmes (2002). A cultural history of broadcasting in the United States. Belmont, CA: Wadsworth
[continua]
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
CADEIRÃO VOLTAIRE
Já há muito que deveria ter escrito sobre o blogue Cadeirão Voltaire, de Sara Figueiredo Costa.
Como o definir? Um blogue sobre livros, literatura e tertúlias, como a mensagem de hoje denota: "É bem possível que os responsáveis pelos problemas financeiros da indústria do livro sejam os leitores vorazes que vendem e compram os livros que lêem a outras pessoas".
Também hoje, Sara Figueiredo Costa escreveu sobre Canetti: a "língua definiu a identidade do jovem Canetti de um modo mais inexorável do que qualquer facto real: os diferentes idiomas com que se confronta na família, a ânsia de aprender as letras e dar sentidos às frases, a fuga da Palavra (no sentido religioso), herança de gerações, a que acabará por ceder por não querer fugir da vastidão de mundos que procura nos textos, todos esses momentos justificam o título com precisão, configurando os passos essenciais da formação do autor".
A Europa central e no começo do século XX produziu, como Eric Hobsbawm escreveu (Tempos Interessantes. Uma vida no século XX, 2005), indivíduos cosmopolitas e nómadas nas línguas, nos sítios e nas estéticas, legando obras cuja fruição é um enorme prazer. Canetti, a ler intermediado pelo blogue Cadeirão Voltaire, é igualmente um prazer.
Como o definir? Um blogue sobre livros, literatura e tertúlias, como a mensagem de hoje denota: "É bem possível que os responsáveis pelos problemas financeiros da indústria do livro sejam os leitores vorazes que vendem e compram os livros que lêem a outras pessoas".
Também hoje, Sara Figueiredo Costa escreveu sobre Canetti: a "língua definiu a identidade do jovem Canetti de um modo mais inexorável do que qualquer facto real: os diferentes idiomas com que se confronta na família, a ânsia de aprender as letras e dar sentidos às frases, a fuga da Palavra (no sentido religioso), herança de gerações, a que acabará por ceder por não querer fugir da vastidão de mundos que procura nos textos, todos esses momentos justificam o título com precisão, configurando os passos essenciais da formação do autor".
A Europa central e no começo do século XX produziu, como Eric Hobsbawm escreveu (Tempos Interessantes. Uma vida no século XX, 2005), indivíduos cosmopolitas e nómadas nas línguas, nos sítios e nas estéticas, legando obras cuja fruição é um enorme prazer. Canetti, a ler intermediado pelo blogue Cadeirão Voltaire, é igualmente um prazer.
RETIRADA DOS JORNAIS A PUBLICIDADE DO ESTADO
Uma notícia de hoje indica que o Estado se prepara para deixar de publicar anúncios na imprensa, numa poupança anual que pode chegar aos dez milhões de euros. Essa quebra representa cerca de 40% do investimento publicitário dos jornais em papel.
Retiram-se daqui várias conclusões. A primeira é a de uma boa decisão por parte do Estado, ao economizar uma verba tão elevada. A segunda significa uma forte aposta na comunicação electrónica, com a criação do Portal de Anúncios Públicos. Jornais como o Expresso (na componente online) já seguem essa via, com a publicação gratuita de pequenos anúncios, o que significa o aprofundamento da via electrónica e digital e consequente modernização.
Mas ressalto a consequência desastrosa para os media de papel. Uma quebra de 40% no investimento publicitário vai dificultar muito a sobrevivência dos jornais. A ser levada para a frente esta decisão, antevejo o encerramento de empresas. O que ressalta desta situação é o peso exagerado de dependência face ao Estado de jornais que se dizem privados, prova que a actividade empresarial nacional vive muito do que o Estado faz.
Actualização em 2.1.2009 (18:45) - um leitor atento do blogue acha exagerado o valor de 40% de investimento publicitário do Estado nos jornais de papel. O valor foi veiculado pelo presidente da Associação Portuguesa de Imprensa. Contudo, com a presente crise económica, é provável que a publicidade do Estado tenha efeitos consideráveis sobretudo em pequenos jornais regionais.
Retiram-se daqui várias conclusões. A primeira é a de uma boa decisão por parte do Estado, ao economizar uma verba tão elevada. A segunda significa uma forte aposta na comunicação electrónica, com a criação do Portal de Anúncios Públicos. Jornais como o Expresso (na componente online) já seguem essa via, com a publicação gratuita de pequenos anúncios, o que significa o aprofundamento da via electrónica e digital e consequente modernização.
Mas ressalto a consequência desastrosa para os media de papel. Uma quebra de 40% no investimento publicitário vai dificultar muito a sobrevivência dos jornais. A ser levada para a frente esta decisão, antevejo o encerramento de empresas. O que ressalta desta situação é o peso exagerado de dependência face ao Estado de jornais que se dizem privados, prova que a actividade empresarial nacional vive muito do que o Estado faz.
Actualização em 2.1.2009 (18:45) - um leitor atento do blogue acha exagerado o valor de 40% de investimento publicitário do Estado nos jornais de papel. O valor foi veiculado pelo presidente da Associação Portuguesa de Imprensa. Contudo, com a presente crise económica, é provável que a publicidade do Estado tenha efeitos consideráveis sobretudo em pequenos jornais regionais.
domingo, 28 de dezembro de 2008
JAZZ FM
Jazz Fm (também conhecida por London Jazz Radio e JFM) é uma estação de rádio, audível no Reino Unido em DAB e satélite e no mundo através do link da internet acima indicado.
A estação emite desde Outubro último e herdou a cultura radiofónica de anteriores estações. Vale a pena ouvi-la. Passa jazz, funk, soul, samba, bossa nova. Nesta hora, Robbie Vincent passa música soul.
Curiosamente, o indicativo musical é o mesmo do canal português de televisão SIC.
A estação emite desde Outubro último e herdou a cultura radiofónica de anteriores estações. Vale a pena ouvi-la. Passa jazz, funk, soul, samba, bossa nova. Nesta hora, Robbie Vincent passa música soul.
Curiosamente, o indicativo musical é o mesmo do canal português de televisão SIC.
PROGRAMAS DE APLAUSOS
Um dia, ao sair da visita a um canal de televisão, vi uma pequena multidão à porta de entrada, tudo gente com idade acima dos sessenta anos. Indaguei ao que ia aquela gente; disseram-me tratar-se da assistência de um programa tipo reality show ou talk show. E contaram-me uma história deliciosa, em que uma senhora de idade perguntava onde era o gordo. O interpelado, julgando tratar-se de um restaurante, enumerou os nomes daqueles que conhecia nas redondezas. Mas o que a senhora queria era saber onde ficava o estúdio do programa diário do canal em que o apresentador é bastante nutrido.
Quase desde que me lembro, há séries americanas que metem risos e aplausos. Creio que eles surgem para despertar a atenção dos telespectadores. Mais recentemente, os programas ao vivo (ou gravados) incluem assistência que aplaude e ri constantemente. Para o canal de televisão, fica-se com a ideia de programa de audiência atenta e feliz, auditório cheio para quem actua e para quem vê em casa. Para os assistentes, é uma forma de ganharem algum dinheiro e divertirem-se durante esse tempo. Entre eles, há pessoas idosas ou desempregadas que têm essa actividade diária, deslocando-se mesmo entre programas dos vários canais.
Na SIC, o novo programa de Bárbara Guimarães que arranca no fim-de-ano, Atreve-te a cantar, já gravou o primeiro episódio num estúdio de trezentos participantes na plateia a bater palmas e mostrar constantemente um sorriso de orelha a orelha. Um computador é o centro de tudo, pois ele decide quem canta melhor (ignoro o gosto estético do programador, mas acho que deve ser perigoso confiar numa máquina aquilo que para os humanos é fonte de tão variadas escolhas). Os cantores da série Rebelde Way seriam as vedetas, numa sessão que começou às nove da manhã e terminou já de madrugada.
Nesse dia, a senhora de setenta anos que há vinte anda na "aventura" de aplaudir e rir em momentos que a produção do programa pede, em Paço d'Arcos, e mais algumas das suas colegas não puderam participar num qualquer programa da TVI, deslocando-se de autocarro para Queluz de Baixo.
Logo, surgem perguntas na minha cabeça: como se organizam os intervalos para almoçar ou jantar? Ou os assistentes trazem sandes e água e sumos de casa? Como voltam a casa tão tarde? Como aguentam todo o dia a bater palmas? E, para ir à casa de banho, como fazem sem se ver movimentos de entrada e saída de pessoas na televisão em casa?
Quase desde que me lembro, há séries americanas que metem risos e aplausos. Creio que eles surgem para despertar a atenção dos telespectadores. Mais recentemente, os programas ao vivo (ou gravados) incluem assistência que aplaude e ri constantemente. Para o canal de televisão, fica-se com a ideia de programa de audiência atenta e feliz, auditório cheio para quem actua e para quem vê em casa. Para os assistentes, é uma forma de ganharem algum dinheiro e divertirem-se durante esse tempo. Entre eles, há pessoas idosas ou desempregadas que têm essa actividade diária, deslocando-se mesmo entre programas dos vários canais.
Na SIC, o novo programa de Bárbara Guimarães que arranca no fim-de-ano, Atreve-te a cantar, já gravou o primeiro episódio num estúdio de trezentos participantes na plateia a bater palmas e mostrar constantemente um sorriso de orelha a orelha. Um computador é o centro de tudo, pois ele decide quem canta melhor (ignoro o gosto estético do programador, mas acho que deve ser perigoso confiar numa máquina aquilo que para os humanos é fonte de tão variadas escolhas). Os cantores da série Rebelde Way seriam as vedetas, numa sessão que começou às nove da manhã e terminou já de madrugada.
Nesse dia, a senhora de setenta anos que há vinte anda na "aventura" de aplaudir e rir em momentos que a produção do programa pede, em Paço d'Arcos, e mais algumas das suas colegas não puderam participar num qualquer programa da TVI, deslocando-se de autocarro para Queluz de Baixo.
Logo, surgem perguntas na minha cabeça: como se organizam os intervalos para almoçar ou jantar? Ou os assistentes trazem sandes e água e sumos de casa? Como voltam a casa tão tarde? Como aguentam todo o dia a bater palmas? E, para ir à casa de banho, como fazem sem se ver movimentos de entrada e saída de pessoas na televisão em casa?
sábado, 27 de dezembro de 2008
UM FILME NUM FIM DE TARDE CHUVOSO
Vi o filme Australia, com Nicole Kidman e Hugh Jackman. O filme não me entusiasmou muito; o que me preocupou foi a família ao lado que sujou cadeiras e chão a comer pipocas (até ao intervalo comeram e ruminaram de um grande balde de plástico, lembrando um certo animal porco, em contraponto com a canção da pequena Judy Garland de O Feiticeiro de Oz, tão recordada no filme australiano por um aborígene).
A mesma ideia na escrita do Twitter (máximo: 140 caracteres):
Vi o filme "Australia". O filme não me entusiasmou; o que me preocupou foi a família ao lado que sujou cadeiras e chão a comer pipocas.
A mesma ideia na escrita do Twitter (máximo: 140 caracteres):
Vi o filme "Australia". O filme não me entusiasmou; o que me preocupou foi a família ao lado que sujou cadeiras e chão a comer pipocas.
MAIS SOBRE A TVI E A SUA PRODUTORA
O Expresso de hoje dá informação sobre a Plural Entertainment Portugal, a empresa que a partir do começo do próximo ano integra toda a produção do grupo espanhol Prisa, em Portugal, Espanha, Argentina e Estados Unidos (Miami).
Os principais concorrentes nesses mercados são a Globo e a TV Azteca. Neste momento, a Plural produz mais horas de ficção anual que a Globo e com menores orçamentos. O mercado angolano é um espaço potencial de crescimento para a Plural, mas igualmente o Brasil e as comunidades hispânicas dos Estados Unidos.
O jornal indica também os próximos passos da Cidade da Imagem, que a TVI quer implantar num espaço de 40 hectares entre Sintra e Belas. O projecto será candidato ao longo do próximo ano ao PIN (Projecto de Interesse Nacional), começando a ser construído em 2010. Estima-se que o investimento do projecto (€40 milhões) seja pago em 15 anos. Actualmente, o grupo emprega 800 pessoas, das quais 300 são actores.
Os principais concorrentes nesses mercados são a Globo e a TV Azteca. Neste momento, a Plural produz mais horas de ficção anual que a Globo e com menores orçamentos. O mercado angolano é um espaço potencial de crescimento para a Plural, mas igualmente o Brasil e as comunidades hispânicas dos Estados Unidos.
O jornal indica também os próximos passos da Cidade da Imagem, que a TVI quer implantar num espaço de 40 hectares entre Sintra e Belas. O projecto será candidato ao longo do próximo ano ao PIN (Projecto de Interesse Nacional), começando a ser construído em 2010. Estima-se que o investimento do projecto (€40 milhões) seja pago em 15 anos. Actualmente, o grupo emprega 800 pessoas, das quais 300 são actores.
PRÉMIO DO CLUBE LITERÁRIO DO PORTO
O Prémio do Clube Literário do Porto, este ano já em 4ª edição, vai ser atribuído em cerimónia pública ao escritor António Lobo Antunes, hoje pelas 22:00. O prémio anual, no valor de 25 mil euros, galardoa um autor pela sua criatividade na narrativa e na ficção.
O Clube Literário do Porto fica na Rua Nova da Alfândega, 22, naquela cidade.
O Clube Literário do Porto fica na Rua Nova da Alfândega, 22, naquela cidade.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
NÚMERO 2 DA REVISTA DA APAD - CALL FOR ARTICLES
A APAD (Associação Portuguesa de Argumentistas e Dramaturgos) está a preparar o número 2 da sua revista (online) e recebe até 15 de Janeiro de 2009 propostas de artigos, procurando a colaboração de guionistas, dramaturgos e cinéfilos.
O tema generalista da nova edição é Empresas de guionistas. As outras secções incluem Livros (resenha crítica de livros sobre guião/dramaturgia), Perfil (sobre guionistas reconhecidos: Charlie Kaufman, Tonino Guerra, Jean Claude Carrière, David Mamet), Opinião (textos de análise pessoal sobre a actualidade do guionismo e da dramaturgia), Análise (textos críticos sobre filmes específicos, quer actuais quer clássicos), Teatro (textos de análise/crítica sobre a escrita para teatro, nacional ou internacional).
Email para contactos: ribas.daniel@gmail.com.
O tema generalista da nova edição é Empresas de guionistas. As outras secções incluem Livros (resenha crítica de livros sobre guião/dramaturgia), Perfil (sobre guionistas reconhecidos: Charlie Kaufman, Tonino Guerra, Jean Claude Carrière, David Mamet), Opinião (textos de análise pessoal sobre a actualidade do guionismo e da dramaturgia), Análise (textos críticos sobre filmes específicos, quer actuais quer clássicos), Teatro (textos de análise/crítica sobre a escrita para teatro, nacional ou internacional).
Email para contactos: ribas.daniel@gmail.com.
OS MEUS HOMÓNIMOS
No dia em que comemoro mais um ano na blogosfera (comecei a 26 de Dezembro de 2002) e me preparava para declarar ser o único único Rogério Santos que existe por aí, descobri que só no FaceBook estão registados 69 Rogério Santos. Concluindo pela imensidade de homónimos, tentei enviar um email a cada, procurando fazer um inquérito-inventário sobre o que fazem e esperam fazer, mas desisti dado o elevado número deles.
Elegi alguns, dentro e fora do FaceBook. Um, com o blogue Folha de Cima, é poeta e compositor, oriundo de São Paulo.
No passado dia 23 de Novembro, o meu homónimo poeta escrevia o poema Beijo Torpedo (musicado por Tony Pituco Freitas), com versão da canção inserida no YouTube:
num dia nublado desses / te mando um beijo-torpedo / e expludo tua boca carmim / o susto será tão grande / que ficarás assim...assim... / enquanto pensas no fato / no zapt da situação / me cravo no teu coração / tatuo minha boca em tua nuca / e será tarde pro fim...pro fim.
[trecho do show no Tocador de Bolacha em 19/11/2008: Beijo Torpedo, com Rogério Santos na voz e triângulo, Luiza Albuquerques na voz, Floriano Villaça no violão e arranjo, Caio Góes no baixo, André Kurchal na percussão. Vídeo produzido e editado por Rose Poulain)]
Ver ainda música no MySpace, no mp3tube.somdigital.net, por exemplo aqui:, ou aqui:
Outro Rogério Santos é especializado na construção de instrumentos acústicos de corda dedilhado, igualmente brasileiro e reconhecido em todo o país e no estrangeiro. Segundo o próprio, ele destaca-se pela qualidade inquestionável de seus instrumentos e pela forma pela qual trata todos os seus clientes, sem distinção. Conclui: "Rogério Santos, um profissional maduro e dedicado que se destaca pelo dom que Deus lhe deu".
O terceiro Rogério Santos, de 27 anos de idade, pode ser visto aqui [e ouvido na mesma música aqui] (Bençãos sem Medida), pertencendo ao grupo religioso Igreja Baptista, e em que que Priscila Mello, a cantora do vídeo, é sua mulher:
Se o quarto Rogério Santos pratica um desporto, o futsal, e ganhou uma medalha de bronze num campeonato mundial, o quinto Rogério Santos (mudei as cores originais para não mostrar toda a sua identidade) é professor-adjunto no Instituto Superior Técnico. Já o sexto Rogério Santos é representante comercial e podemos encontrar mais pormenores aqui e aqui. Do perfil deste último Rogério Santos, retiro o seguinte: "Adoro cultivar amigos, e procuro dar o melhor de mim e também busco o melhor deles. Muito pacato e sério, porem as vezes muito extrovertido e bagunceiro. Vivo a vida em prò a liberdade humana e concretizaçao dos meus Ideais".
Resultado: os Rogério Santos tendem a ser músicos, poetas e professores. Mas ainda descobri um Rogério Santos baterista, que acompanhava Pedro Abrunhosa e Os Bandemónio, e um pintor.
Elegi alguns, dentro e fora do FaceBook. Um, com o blogue Folha de Cima, é poeta e compositor, oriundo de São Paulo.
No passado dia 23 de Novembro, o meu homónimo poeta escrevia o poema Beijo Torpedo (musicado por Tony Pituco Freitas), com versão da canção inserida no YouTube:
num dia nublado desses / te mando um beijo-torpedo / e expludo tua boca carmim / o susto será tão grande / que ficarás assim...assim... / enquanto pensas no fato / no zapt da situação / me cravo no teu coração / tatuo minha boca em tua nuca / e será tarde pro fim...pro fim.
[trecho do show no Tocador de Bolacha em 19/11/2008: Beijo Torpedo, com Rogério Santos na voz e triângulo, Luiza Albuquerques na voz, Floriano Villaça no violão e arranjo, Caio Góes no baixo, André Kurchal na percussão. Vídeo produzido e editado por Rose Poulain)]
Ver ainda música no MySpace, no mp3tube.somdigital.net, por exemplo aqui:, ou aqui:
Outro Rogério Santos é especializado na construção de instrumentos acústicos de corda dedilhado, igualmente brasileiro e reconhecido em todo o país e no estrangeiro. Segundo o próprio, ele destaca-se pela qualidade inquestionável de seus instrumentos e pela forma pela qual trata todos os seus clientes, sem distinção. Conclui: "Rogério Santos, um profissional maduro e dedicado que se destaca pelo dom que Deus lhe deu".
O terceiro Rogério Santos, de 27 anos de idade, pode ser visto aqui [e ouvido na mesma música aqui] (Bençãos sem Medida), pertencendo ao grupo religioso Igreja Baptista, e em que que Priscila Mello, a cantora do vídeo, é sua mulher:
Se o quarto Rogério Santos pratica um desporto, o futsal, e ganhou uma medalha de bronze num campeonato mundial, o quinto Rogério Santos (mudei as cores originais para não mostrar toda a sua identidade) é professor-adjunto no Instituto Superior Técnico. Já o sexto Rogério Santos é representante comercial e podemos encontrar mais pormenores aqui e aqui. Do perfil deste último Rogério Santos, retiro o seguinte: "Adoro cultivar amigos, e procuro dar o melhor de mim e também busco o melhor deles. Muito pacato e sério, porem as vezes muito extrovertido e bagunceiro. Vivo a vida em prò a liberdade humana e concretizaçao dos meus Ideais".
Resultado: os Rogério Santos tendem a ser músicos, poetas e professores. Mas ainda descobri um Rogério Santos baterista, que acompanhava Pedro Abrunhosa e Os Bandemónio, e um pintor.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
CINEMAS DE LISBOA NO COMEÇO DO SÉCULO XX
Em 1904, era inaugurado o Salão Ideal, à rua do Loreto. Quatro anos depois, abria o Chiado Terrasse, à entrada da rua António Maria Cardoso, o "salão cinematográfico mais amplo, cómodo e elegante de Lisboa", título que perderia em 1909 quando o Salão Trindade se considerava "o mais elegante cinema de Lisboa". Um pouco acima, na rua D. Pedro V, abria o Salon Rouge com filmes pornográficos, actividade que se tornou mais apropriada para o Animatógrafo do Rossio, ao Arco da Bandeira, na loja de um prédio pombalino com uma decoração de fachada em estilo Arte Nova, e que ainda se mantém no ramo até hoje. Nos Restauradores, numa ponta do Palácio Foz, iniciava-se o Salão Central, o animatógrafo onde "se reunia toda a sociedade elegante". Outros cinemas, com vida mais efémera, eram implantados no eixo Chiado-Restauradores, significativo da importância daquela área do ponto de vista cultural e do entretenimento na época.
Os anos finais da monarquia iam-se afeiçoando ao novo espectáculo paralelo ao teatro em salas mais antigas, escreve José-Augusto França, no seu novo livro Lisboa - História Física e Moral (p. 640). O historiador duvida do "público elegante" a ir ao cinema e arrisca tratar-se mais de classes populares.
Os anos finais da monarquia iam-se afeiçoando ao novo espectáculo paralelo ao teatro em salas mais antigas, escreve José-Augusto França, no seu novo livro Lisboa - História Física e Moral (p. 640). O historiador duvida do "público elegante" a ir ao cinema e arrisca tratar-se mais de classes populares.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
BOAS FESTAS
Imagem de Ana Pimentel. A segunda imagem retirada do seu blogue, acompanhada, como ali, por Chopin Nocturne Op.9 No.2 Pianist-Arthur Rubinstein.
BOAS FESTAS E MUITA SAÚDE, FELICIDADES E SONHOS PARA 2009
.
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA EM LISBOA - DE NOVO
Como escrevi aqui em mais do que uma ocasião, em especial nesta, está em discussão um projecto de estratégias para a cultura em Lisboa. Projecta-se, para a próxima semana, um conjunto de reuniões de forma a desenvolver o projecto.
Na reunião incial de 22 de Novembro, estive presente no tema 3 (distribuir - acessibilidades, públicos, mercados, difusão), de que fiz uma resenha logo depois e pode ser consultada no link acima identificado. Hoje, e após recepção de relatório muito circunstanciado do que ocorreu nesse dia, refiro alguns elementos da discussão em torno desse tema:
Na reunião incial de 22 de Novembro, estive presente no tema 3 (distribuir - acessibilidades, públicos, mercados, difusão), de que fiz uma resenha logo depois e pode ser consultada no link acima identificado. Hoje, e após recepção de relatório muito circunstanciado do que ocorreu nesse dia, refiro alguns elementos da discussão em torno desse tema:
- Apesar da vasta oferta cultural na cidade, há algumas na sua divulgação e promoção para públicos diversificados (públicos finais, generalistas, procuras profissionais, turistas e visitantes, ocasionais ou recorrentes). Por outro lado, verifica-se a necessidade de circuitos de divulgação e publicidade dos eventos culturais (espaços para cartazes, visibilidade nos mupis/outdoors, lógicas usando os media clássicos e os novos). O grupo de discussão concluiu que existem equipamentos culturais e património subutilizados ou desocupados, a mobilizar para a realização de eventos articulados e/ou programação/ocupação regular.
Outras ideias foram ventiladas como a importância de perceber as condições de sustentabilidade de “casos de sucesso” culturais na cidade (Braço de Prata, Lx Factory, ZDB, Filho Único), a capacidade de fixação e atracção de artistas. Como ponto de referência, apresentou-se a actual capacidade atractiva de Berlim, muito ligada ao baixo custo imobiliário. Isto sem descurar as limitações do mercado local ou português com possibilidades concretas de explorar a internacionalização. Uma questão negligenciada com frequência é a dos aspectos contextuais (segurança, mobilidade, estacionamento, policiamento).
Das sugestões surgidas retomo duas delas: 1) oferta camarária de circuitos de divulgação de cartazes, 2) utilização da internet como espaço de mediação (blogues, novas formas). Quanto a projectos concretos sugeridos, elenco dois: 1) casa do cinema/espaço para exibição alternativa, 2) canal de televisão (participação da Câmara Municipal, operadores turísticos, hotéis, transportes), com produção de conteúdos de divulgação da actividade cultural.
AINDA O LUSOCOMUM
Marleide Neves entrevistou-me para o blogue fazendoassessoria (21 de Novembro último), a propósito do Seminário Internacional sobre Comunicação Pública e Lusofonia, realizado no começo de Novembro em Brasília. Registo a minha última resposta:
- P: Na sua opinião, deve ser organizada uma nova edição do LUSOCOMUM?
R: Por mim, sim. Mas alargada nomeadamente a Angola. E com um programa de
docência como indiquei acima, para maior partilha de conhecimentos. Além
de criar metas bem precisas, como formação de grupos de trabalho que façam
estudos comparativos sobre a realidade das mídia nos nossos países. A
ideia foi pensada informalmente nesses dias aí em Brasília, mas tem de se
dar andamento formal.
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
CULTURA E ENTRETENIMENTO VALEM 160 MILHÕES
O sector da cultura e entretenimento vale 160 milhões de euros de investimento publicitário (a valores de tabela), 4% do total investido pelos anunciantes em Portugal, divulgou hoje a agência de meios Nova Expressão. O cinema recebeu no ano passado quase um quarto (23%) do total investido no sector da cultura e entretenimento, ao passo que os promotores de espectáculos e os eventos e patrocínios foram responsáveis por 17%. Lusomundo, UAU, Everything is New, Centro Cultural de Belém, Casa da Música, Fundação Serralves, Fundação Gulbenkian e Culturgest são os maiores investidores em publicidade ligada à cultura.
[fonte: PNETliteratura a partir de take da Lusa]
[fonte: PNETliteratura a partir de take da Lusa]
SÍTIO DE VÍDEO ONLINE DA CASA DA IMAGEM
Para Janeiro de 2009, a Casa da Imagem prepara o lançamento de um sítio capaz de agregar os conteúdos de vídeo online do banco de imagem. Seguindo o exemplo do sítio para a fotografia (casadaimagem.com), o sítio para a imagem terá um um endereço próprio (Trendy Movies.net), capaz de alojar os mais de 20 mil videoclips de agências já representadas pela Casa da Imagem, como Thought Equity.com e que inclui conteúdos vídeo da National Geographic, Sony Pictures, MGM, HBO Archives, entre outros, ou a Think Stock Footage.
[informação a partir da newsletter Meios & Publicidade, texto de Ana Marcela]
[informação a partir da newsletter Meios & Publicidade, texto de Ana Marcela]
PAULA REGO EM OEIRAS
A exposição de Paula Rego está patente até ao dia 18 de Janeiro no Centro de Arte Manuel de Brito, ao Palácio dos Anjos, em Algés.
Retiro do texto assinado por Maria Arlete Alves da Silva (no desdobrável), e que se pode ler ampliando a última imagem abaixo: "Desde menina que para Paula Rego, filha única, o seu lugar de eleição é um quarto onde possa desenhar e pintar. Este seu mundo de silêncio, de reflexão e de procura em contraponto ao banal, ao superficial, ao fácil e ao imediato permite-lhe reflectir sobre a solidão, o medo, as mágoas, as fantasias da infância e a fragilidade humana".
O catálogo tem um texto assinado por João Miguel Fernandes Jorge e reprodução de muitas das obras expostas. Visita ao Palácio dos Anjos a não perder.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
BOAS FESTAS
CIDADES AO ABANDONO (I)
Lisboa, perto do Campo das Cebolas. Da observação do edifício, ele deve ter funcionado como unidade fabril ou grande empresa de exportação. A entrada, de grande nobreza, tem a encimar um pórtico grego e duas colunas, sinal de importância e prestígio cultivados nas unidades fabris de finais do século XIX, com uma apreciável dimensão de fachada ao longo da rua. Mais recentemente, e para evitar vandalismos e aproveitamentos menos sãos do interior do edifício, ele foi fechado com tijolos.
CIDADES AO ABANDONO (II)
Fotografia de Carlos Romão, no blogue A Outra Face da Cidade Surpreendente (a quem agradeço a permissão da reprodução). É evidente a denúncia da má conservação dos edifícios, no caso a Travessa da Rua Chã, no Porto.
A cidade, a sul e junto ao rio Douro, perdeu a importância das décadas mais recentes. Primeiro, deixou de ser o centro da cidade. Depois, desapareceram actividades comerciais de nomeada, como o serviço de transitários, pela ampliação do porto de Leixões e pela construção de armazéns de produtos vindos por via marítima e rodoviária na cintura daquele porto e em Freixieiro. A construção urbana é muito antiga, sem as comodidades mais modernas de habitabilidade e de estacionamento de viaturas. Ruas e travessas estreitas e esconsas, onde o sol tem dificuldade em entrar e onde actividades menos lícitas se ampliaram, levaram ao abandono de edifícios de longa história (duzentos anos? trezentos anos?). Imagino que estes edifícios abandonados - ou vividos por gente muito velha - tenham sido habitados por pequenos nobres ou algum clero, ou por comerciantes e lojistas oriundos de fora da cidade, falando um português de sotaque carregado e enrouquecido pela humidade das águas do rio.
domingo, 21 de dezembro de 2008
BUDDENBROOKS
A ser exibido no dia de Natal, pelo menos no Reino Unido, o filme alemão de Heinrich Breloer Buddenbrooks, a partir do romance com o mesmo nome de Thomas Mann, promete dar que falar.
O livro de Mann foi publicado inicialmente em 1901 e conta a história da ascensão e queda de uma família de comerciantes da classe média oriunda de Lübeck, em que a geração mais jovem esbanjou a riqueza acumulada pelas gerações anteriores. Ninguém conseguira prever a decadência, paralelo que os analistas encontram quando comparam a narrativa de Mann com os tempos actuais. O realizador Breloer realçou mesmo que o lado económico da história foi tido em conta.
O filme custou 16,2 milhões de euros, o mais caro dos estúdios da Baviera onde saiu Das Boot em 1991, sendo expectável que haja retorno para esse investimento. A actriz Jessica Schwarz interpreta o papel da coquete Tony Buddenbrook. Schwarz é vista como uma herdeira dos tributos de Romy Schneider.
O texto de Lizzy Davies, na edição de hoje do Observer, de onde retiro a informação, faz ainda alusão às sucessivas adaptações dos livros de Mann, destacando o notável filme de Luchino Visconti, Morte em Veneza.
O livro de Mann foi publicado inicialmente em 1901 e conta a história da ascensão e queda de uma família de comerciantes da classe média oriunda de Lübeck, em que a geração mais jovem esbanjou a riqueza acumulada pelas gerações anteriores. Ninguém conseguira prever a decadência, paralelo que os analistas encontram quando comparam a narrativa de Mann com os tempos actuais. O realizador Breloer realçou mesmo que o lado económico da história foi tido em conta.
O filme custou 16,2 milhões de euros, o mais caro dos estúdios da Baviera onde saiu Das Boot em 1991, sendo expectável que haja retorno para esse investimento. A actriz Jessica Schwarz interpreta o papel da coquete Tony Buddenbrook. Schwarz é vista como uma herdeira dos tributos de Romy Schneider.
O texto de Lizzy Davies, na edição de hoje do Observer, de onde retiro a informação, faz ainda alusão às sucessivas adaptações dos livros de Mann, destacando o notável filme de Luchino Visconti, Morte em Veneza.
FILMES
A sinopse do filme A Fronteira do Amanhecer (2008) de Philippe Garrel, apresenta-o como o romance entre uma estrela de cinema (Carole) e um fotógrafo (François), até ela morrer. François casaria com outra mulher, mas o fantasma de Carole está sempre presente. A sinopse do filme Paris (2008), de Cédric Klapisch, conta que, enquanto Pierre aguarda um transplante de coração que lhe salve a vida, a sua irmã Élise muda-se para o seu apartamento com os seus três filhos para cuidar dele. Pierre vê o mundo com um novo olhar, em especial através da sua varanda, com encontros e emoções, caso do professor de História que se apaixona por uma aluna.
A crítica foi mais favorável ao filme de Philippe Garrel (imagem a preto e branco de um grande valor estético) que ao filme interpretado por Juliette Binoche. Eu vi os dois no mesmo local (cinemas King), num espaço de poucos dias - e não admirei particularmente nenhum, a contragosto do meu colega C., que apreciara A Fronteira do Amanhecer. Aprofundei a minha opinião: dois filmes franceses intelectuais, longe dos problemas das pessoas, contando histórias inverosímeis e até irritantes pelo modo como filmam as actrizes Laura Smet (1983, filha do cantor pop Johnny Hallyday) e Juliette Binoche (1964 e com dois filhos) - os filmes param enquanto a câmara as olha. Mas recuei na minha apreciação, ao encontrarmos influências de filmes clássicos e de romances do fantástico de finais do século XIX, nomeadamente as inverosimilhanças de A Fronteira do Amanhecer.
Estabeleci iguais comparações com Caos Calmo (2008), de Antonio Luigi Grimaldi, onde Nanni Moretti faz a personagem de um viúvo que leva a filha à escola e se desprende do mundo profissional, passando a receber e reunir no banco do jardim onde passa o dia e estabelecer novas relações e emoções. A uma cena inicial de salvamento de uma mulher na praia corresponde, mais à frente, uma enorme cena de sexo repetindo os movimentos estabelecidos na ajuda à mulher em riscos de afogamento. O realizador concentra-se menos no rosto de Moretti, embora ele esteja sempre presente.
Já não é a paixão de jovens como em A Fronteira do Amanhecer nem sentimentos reprimidos ou culpabilizados como em Paris, mas está-se na ordem da linguagem e da comunicação com os outros. O local de encontro entre indivíduos em Caos Calmo adquire uma dimensão diferente que os outros filmes, pois substitui o tempo e o movimento de vaivém entre uns e outros, reduzindo-o a um espaço necessário à sobrevivência. A amizade, o sentimento e a descoberta de outras realidades são apreendidos nesse espaço vital mínimo.
A crítica foi mais favorável ao filme de Philippe Garrel (imagem a preto e branco de um grande valor estético) que ao filme interpretado por Juliette Binoche. Eu vi os dois no mesmo local (cinemas King), num espaço de poucos dias - e não admirei particularmente nenhum, a contragosto do meu colega C., que apreciara A Fronteira do Amanhecer. Aprofundei a minha opinião: dois filmes franceses intelectuais, longe dos problemas das pessoas, contando histórias inverosímeis e até irritantes pelo modo como filmam as actrizes Laura Smet (1983, filha do cantor pop Johnny Hallyday) e Juliette Binoche (1964 e com dois filhos) - os filmes param enquanto a câmara as olha. Mas recuei na minha apreciação, ao encontrarmos influências de filmes clássicos e de romances do fantástico de finais do século XIX, nomeadamente as inverosimilhanças de A Fronteira do Amanhecer.
Estabeleci iguais comparações com Caos Calmo (2008), de Antonio Luigi Grimaldi, onde Nanni Moretti faz a personagem de um viúvo que leva a filha à escola e se desprende do mundo profissional, passando a receber e reunir no banco do jardim onde passa o dia e estabelecer novas relações e emoções. A uma cena inicial de salvamento de uma mulher na praia corresponde, mais à frente, uma enorme cena de sexo repetindo os movimentos estabelecidos na ajuda à mulher em riscos de afogamento. O realizador concentra-se menos no rosto de Moretti, embora ele esteja sempre presente.
Já não é a paixão de jovens como em A Fronteira do Amanhecer nem sentimentos reprimidos ou culpabilizados como em Paris, mas está-se na ordem da linguagem e da comunicação com os outros. O local de encontro entre indivíduos em Caos Calmo adquire uma dimensão diferente que os outros filmes, pois substitui o tempo e o movimento de vaivém entre uns e outros, reduzindo-o a um espaço necessário à sobrevivência. A amizade, o sentimento e a descoberta de outras realidades são apreendidos nesse espaço vital mínimo.
MODA
Hobsbawm (2005: 346) estava a escrever sobre Maio de 1968 e Paris, quando chama a atenção para a importância do ano de 1965. O historiador não detecta nenhum acontecimento social de relevo em 1965, a não ser o facto da indústria francesa do vestuário ter produzido, pela primeira vez, mais calças de mulher do que saias.
Leitura: Eric Hobsbawm (2005). Tempos Interessantes. Uma vida no século XX. Porto: Campo das Letras
ARTE CONTEMPORÂNEA EM TOMAR
O Museu Municipal de Tomar tem uma importante colecção de arte contemporânea, fruto da doacção de José-Augusto França, com mais de uma centena de obras. França, que nasceu em Tomar em 1922, foi crítico de arte e director da revista Colóquio/Artes, reunindo ao longo do tempo um magnífico espólio de pinturas, desenhos, esculturas e gravuras de mais de cinquenta artistas, sobre os quais escreveu em catálogos e livros. A exposição cobre nomeadamente os anos 1940 a 1970, com relevo para o surrealismo, abstraccionismo, nova figuração, mas chega atá à actualidade.
O edifício foi adaptado para albergar a colecção pelo arquitecto Jorge Mascarenhas. O pintor e escultor José Guimarães e o pintor Eduardo Nery associaram-se e as suas obras marcam o exterior do edifício.
O edifício foi adaptado para albergar a colecção pelo arquitecto Jorge Mascarenhas. O pintor e escultor José Guimarães e o pintor Eduardo Nery associaram-se e as suas obras marcam o exterior do edifício.
sábado, 20 de dezembro de 2008
FESTIVAIS DE TEATRO NO RIO DE JANEIRO E EM SÃO PAULO
Festival de Teatro Cidade do Rio de Janeiro - 7ª Edição
Local: Teatro Princesa Isabel, na Avenida Princesa Isabel, 186, Copacabana, Rio de Janeiro.
De 12 de Maio a 4 de Junho de 2009: fase competitiva do festival direccionado ao público adulto, realizado às terças, quartas e quintas às 21:00, totalizando 12 espectáculos. De 9 de Maio a 7 de Junho: fase competitiva do festival direccionado ao público infantil, realizado aos sábados e domingos, às 17:00, totalizando 10 espectáculos.
Inscrições e informações através do sítio http://teatrofest.com até 28 de Fevereiro de 2009.
Festival de Teatro Cidade de São Paulo – 1ª edição
Local: Teatro Bibi Ferreira, Avenida Brigadeiro Luis Antônio, 931, Bela Vista, São Paulo.
De 16 de Junho a 9 de Julho: fase competitiva do festival direccionado ao público adulto, realizado às terças, quartas e quintas às 21:00, totalizando 12 espectáculos. De 13 de Junho a 12 de Julho: fase competitiva do festival direccionado ao público infantil, realizado aos sábados e domingos, às 16:00, totalizando 10 espectáculos.
Inscrições e informações através do sítio http://teatrofest.com até 30 de Março de 2009.
Local: Teatro Princesa Isabel, na Avenida Princesa Isabel, 186, Copacabana, Rio de Janeiro.
De 12 de Maio a 4 de Junho de 2009: fase competitiva do festival direccionado ao público adulto, realizado às terças, quartas e quintas às 21:00, totalizando 12 espectáculos. De 9 de Maio a 7 de Junho: fase competitiva do festival direccionado ao público infantil, realizado aos sábados e domingos, às 17:00, totalizando 10 espectáculos.
Inscrições e informações através do sítio http://teatrofest.com até 28 de Fevereiro de 2009.
Festival de Teatro Cidade de São Paulo – 1ª edição
Local: Teatro Bibi Ferreira, Avenida Brigadeiro Luis Antônio, 931, Bela Vista, São Paulo.
De 16 de Junho a 9 de Julho: fase competitiva do festival direccionado ao público adulto, realizado às terças, quartas e quintas às 21:00, totalizando 12 espectáculos. De 13 de Junho a 12 de Julho: fase competitiva do festival direccionado ao público infantil, realizado aos sábados e domingos, às 16:00, totalizando 10 espectáculos.
Inscrições e informações através do sítio http://teatrofest.com até 30 de Março de 2009.
MUSEU DO DESIGN E DA MODA ATRASADO DOIS ANOS
Por 21,7 milhões de euros foi esta semana decidido adquirir a antiga sede do Banco Nacional Ultramarino, à rua Augusta, 24, em Lisboa, para albergar o Museu do Design e da Moda (Mude), segundo noticiou ontem o jornal Público.
A colecção Francisco Capelo, com duas mil peças de design de equipamento, mobiliário e alta costura, que saiu do Centro Cultural de Belém em 2006 e que tinha cerca de 40 mil visitantes anuais, é o núcleo central do novo museu. A previsão da abertura do Mude é para 2010.
A localização do museu tem tido uma história atribulada, nomeadamente no Palácio de Santa Catarina, entretanto abandonado. A nova localização surge integrada no pacote de projectos para a Baixa-Chiado. A directora é Bárbara Coutinho.
A colecção Francisco Capelo, com duas mil peças de design de equipamento, mobiliário e alta costura, que saiu do Centro Cultural de Belém em 2006 e que tinha cerca de 40 mil visitantes anuais, é o núcleo central do novo museu. A previsão da abertura do Mude é para 2010.
A localização do museu tem tido uma história atribulada, nomeadamente no Palácio de Santa Catarina, entretanto abandonado. A nova localização surge integrada no pacote de projectos para a Baixa-Chiado. A directora é Bárbara Coutinho.
AUDIÊNCIAS DE TELEVISÃO
Na semana de 1 a 7 de Dezembro, a TVI registou 29,4% de share de audiência, a RTP1 obteve 26,3%, a SIC 23,9%, a RTP2 5,0% e o cabo e outros canais 15,4%.
Fonte: Marktest
VISUALIZAÇÕES DA BLOGGER CRESCEM EM NOVEMBRO
A Blogger aumenta visualizações em Novembro último na navegação na internet a partir do lar, indica o painel mais recente da Marktest. Isto num mês em que foram visitadas cerca de 2,3 mil milhões de páginas. Quanto a páginas visitadas, a lista dos domínios com mais visualizações é a que aparece no gráfico seguinte:
REVISTA COLÓQUIO-LETRAS
Nuno Júdice é o novo director da Revista Colóquio-Letras, pertença da Fundação Calouste Gulbenkian. Eduardo Lourenço preside ao conselho editorial da revista. O novo director é ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário, e desempenhou em Paris os cargos de conselheiro cultural da embaixada portuguesa e delegado do Instituto Camões.
A revista nasceu em 1971, tendo sido criada e orientada por Hernâni Cidade, Jacinto Prado Coelho, David Mourão-Ferreira e Joana Varela.
[mensagem a partir de informação fornecida por Sara Pais, da Fundação Calouste Gulbenkian]
A revista nasceu em 1971, tendo sido criada e orientada por Hernâni Cidade, Jacinto Prado Coelho, David Mourão-Ferreira e Joana Varela.
[mensagem a partir de informação fornecida por Sara Pais, da Fundação Calouste Gulbenkian]
LANÇAMENTO DO LIVRO "ESPAÇOS PERDIDOS. COIMBRA"
Na passada terça-feira, dia 16, ao fim da tarde, foi lançado em Lisboa o livro Espaços Perdidos. Coimbra, coordenado por João Figueira, como aqui fiz referência. Hoje, edito um vídeo com excertos de intervenções de alguns membros da mesa de apresentação do livro: Osvaldo Castro, João Figueira, João Mesquita e Isabel Garcia.
O livro-álbum tem histórias de cafés e outros espaços públicos (restaurantes, cine-teatros) que, entretanto, desapareceram e que constituem a memória da cultura, da estética e da política das gentes de Coimbra e dos estudantes da sua universidade, atravessando gerações. Na realidade, para se conhecer melhor o cosmos da cultura local (e nacional), um dos meios mais importantes é saber como funcionam os cafés e outros locais públicos.
O livro foi escrito por jornalistas. João Figueira, antigo editor do Diário de Notícias naquela cidade e actualmente docente no Instituto de Estudos Jornalísticos da Universidade de Coimbra, explicaria isso: os jornalistas são mais rápidos que os académicos. Assentam no acontecimento mas, em contrapartida, fornecem um travejamento menos denso sociologicamente falado. Isto é: ganha-se de um lado mas perde-se de outro.
Arcádia, Avenida, A Brasileira, Clepsidra, Mandarim, Moçambique, Pratas e Sousa Bastos foram sinónimo de espaços de tertúlias, locais de amizade, cultura e política e ainda de formação de mentalidades. E que desapareceram no espaço de menos de uma década, o que significa que, nas palavras do coordenador da obra, a cidade tenha perdido muita da sua identidade (p. 8).
O livro-álbum tem histórias de cafés e outros espaços públicos (restaurantes, cine-teatros) que, entretanto, desapareceram e que constituem a memória da cultura, da estética e da política das gentes de Coimbra e dos estudantes da sua universidade, atravessando gerações. Na realidade, para se conhecer melhor o cosmos da cultura local (e nacional), um dos meios mais importantes é saber como funcionam os cafés e outros locais públicos.
O livro foi escrito por jornalistas. João Figueira, antigo editor do Diário de Notícias naquela cidade e actualmente docente no Instituto de Estudos Jornalísticos da Universidade de Coimbra, explicaria isso: os jornalistas são mais rápidos que os académicos. Assentam no acontecimento mas, em contrapartida, fornecem um travejamento menos denso sociologicamente falado. Isto é: ganha-se de um lado mas perde-se de outro.
Arcádia, Avenida, A Brasileira, Clepsidra, Mandarim, Moçambique, Pratas e Sousa Bastos foram sinónimo de espaços de tertúlias, locais de amizade, cultura e política e ainda de formação de mentalidades. E que desapareceram no espaço de menos de uma década, o que significa que, nas palavras do coordenador da obra, a cidade tenha perdido muita da sua identidade (p. 8).
ESTRATÉGIAS PARA A CULTURA EM LISBOA
Na primeira reunião de grupos de trabalho para as Estratégias para a Cultura em Lisboa (Palácio da Mitra, 22 de Novembro de 2008) foi distribuído um questionário aos participantes entregue na 1ª Reunião dos Grupos de Trabalho.
A equipa organizadora recebeu 38 questionários preenchidos pelos intervenientes dos vários grupos de trabalho e, depois e por email, recebeu mais 13. Foi a partir daí que escreveram o relatório, que se pode ler na íntegra aqui.
Os problemas mais referidos neste questionário referem-se as questões de articulação, coordenação e relacionamento da câmara, entre as várias estruturas e com entidades externas, privadas ou públicas. Depois, as respostas apontam para problemas relacionados com o
planeamento estratégico e as políticas culturais existentes (ou inexistentes) e na área dos equipamentos e espaços culturais.
Da oferta cultural, as respostas ao inquérito apontam a inexistência de uma oferta de programação integrada, a duplicação de iniciativas e projectos com inerente desperdício de fundos, a fraca internacionalização da criação, da produção e das estruturas artísticas, a repetição de eventos e actividades, o cancelamento de projectos de grande êxito (como os Concertos de Natal), a demasiada oferta de "alta cultura", a falta de rentabilização e potenciação dos recursos patrimoniais e museológicos, o protagonismo da cultura contemporânea, a ausência de um núcleo forte orientado para a facilitação de acesso e disseminação de informação e produção de conhecimento, a inexistência de programas de formação para saber ver as representações da cidade.
O relatório contém muitos dados interessantes que podem ser consultados aqui. Mas fico-me com o que um grupo de inquiridos está disposto a intervir na questão dos acessos à cultura e na participação cívica activa, verificável através deste gráfico:
O projecto, a cargo de um centro de estudos do ISCTE, entretanto recebeu críticas. A directora da Casa Fernando Pessoa, Inês Pedrosa, discorda que se gastem "80 mil euros a comprar um programa cultural que devia ser a vereação da cultura a fazer". Para ela, "Há gente suficiente e de qualidade na câmara para o fazer" (Público Última Hora, 16.12.2008).
A equipa organizadora recebeu 38 questionários preenchidos pelos intervenientes dos vários grupos de trabalho e, depois e por email, recebeu mais 13. Foi a partir daí que escreveram o relatório, que se pode ler na íntegra aqui.
Os problemas mais referidos neste questionário referem-se as questões de articulação, coordenação e relacionamento da câmara, entre as várias estruturas e com entidades externas, privadas ou públicas. Depois, as respostas apontam para problemas relacionados com o
planeamento estratégico e as políticas culturais existentes (ou inexistentes) e na área dos equipamentos e espaços culturais.
Da oferta cultural, as respostas ao inquérito apontam a inexistência de uma oferta de programação integrada, a duplicação de iniciativas e projectos com inerente desperdício de fundos, a fraca internacionalização da criação, da produção e das estruturas artísticas, a repetição de eventos e actividades, o cancelamento de projectos de grande êxito (como os Concertos de Natal), a demasiada oferta de "alta cultura", a falta de rentabilização e potenciação dos recursos patrimoniais e museológicos, o protagonismo da cultura contemporânea, a ausência de um núcleo forte orientado para a facilitação de acesso e disseminação de informação e produção de conhecimento, a inexistência de programas de formação para saber ver as representações da cidade.
O relatório contém muitos dados interessantes que podem ser consultados aqui. Mas fico-me com o que um grupo de inquiridos está disposto a intervir na questão dos acessos à cultura e na participação cívica activa, verificável através deste gráfico:
O projecto, a cargo de um centro de estudos do ISCTE, entretanto recebeu críticas. A directora da Casa Fernando Pessoa, Inês Pedrosa, discorda que se gastem "80 mil euros a comprar um programa cultural que devia ser a vereação da cultura a fazer". Para ela, "Há gente suficiente e de qualidade na câmara para o fazer" (Público Última Hora, 16.12.2008).
ELEMENTOS DA PUBLICIDADE
No texto Os media e a publicidade, uma questão que ocupa Francisco Costa Pereira e Jorge Veríssimo (2007) é a saturação publicitária dos media, em especial a televisão. Os intervalos publicitários são extensos, com frequente repetição de uma mesma campanha, o que incomoda os receptores/consumidores. Um estudo do Observatório da Publicidade aos intervalos publicitários nos programas televisivos, já em 2002, verificou existir frequentemente blocos publicitários com duração de 12 minutos, o limiar do permitido por lei. Além da saturação publicitária, os autores referenciam a redundância discursiva, isto é: conteúdos que traduzem encenações banais e do quotidiano aplicados a histórias de famílias jovens, saudáveis e felizes.
A saturação e a redundância da publicidade têm efeitos em três lados, pelo menos. Do lado dos consumidores, atendendo aos efeitos da publicidade, em especial sobre as crianças, entrou em vigor em 2005 o Código de Boas Práticas para as Comunicações Comerciais para crianças e jovens, como tentativa de auto-regular os conteúdos publicitários.
Por outro lado, o uso do YouTube e do MySpace pode levar, a médio prazo, à introdução de spots publicitários lançados pelos consumidores. A construção de conteúdos concorrentes dos profissionais criativos conduzirá a uma abundância de conteúdos e de animação de novas plataformas.
Em terceiro lugar, e dentro dos media clássicos como a televisão, os anunciantes encorajam novas formas de comunicação, numa reconfiguração de estratégias face à saturação publicitária. Nas novas formas, incluem-se o product placement, o marketing relacional, os patrocínios (soft sponsoring) (de festas e festivais) e a mediatização da responsabilidade social, actividades a que Pereira e Veríssimo (2007) dão destaque.
Assim, em termos de product placement, existe um já grande número de produções ficcionais nacionais, o que preocupa os reguladores, pelo aumento de publicidade nas emissões e sem estrita identificação da mesma. Aparece também o brand entertainment, em que o produto/marca se envolve no enredo da história, com maior persuasão na mensagem do anunciante. Isto observa-se em especial nos programas orientados para as crianças, ainda sem a capacidade cognitiva de analisar/interpretar a mensagem publicitária recebida. Além do patrocínio, há empresas que negoceiam com câmaras municipais a recuperação de edifícios degradados/abandonados, veículos de promoção da marca. A publicidade exterior e o marketing relacional (SMS) são outros elementos fundamentais do novo panorama da publicidade.
Leitura: Francisco Costa Pereira e Jorge Veríssimo (2007). “Os media e a publicidade”. Anuário da Comunicação, 2005-2006). Lisboa: Obercom, pp. 234-237
A saturação e a redundância da publicidade têm efeitos em três lados, pelo menos. Do lado dos consumidores, atendendo aos efeitos da publicidade, em especial sobre as crianças, entrou em vigor em 2005 o Código de Boas Práticas para as Comunicações Comerciais para crianças e jovens, como tentativa de auto-regular os conteúdos publicitários.
Por outro lado, o uso do YouTube e do MySpace pode levar, a médio prazo, à introdução de spots publicitários lançados pelos consumidores. A construção de conteúdos concorrentes dos profissionais criativos conduzirá a uma abundância de conteúdos e de animação de novas plataformas.
Em terceiro lugar, e dentro dos media clássicos como a televisão, os anunciantes encorajam novas formas de comunicação, numa reconfiguração de estratégias face à saturação publicitária. Nas novas formas, incluem-se o product placement, o marketing relacional, os patrocínios (soft sponsoring) (de festas e festivais) e a mediatização da responsabilidade social, actividades a que Pereira e Veríssimo (2007) dão destaque.
Assim, em termos de product placement, existe um já grande número de produções ficcionais nacionais, o que preocupa os reguladores, pelo aumento de publicidade nas emissões e sem estrita identificação da mesma. Aparece também o brand entertainment, em que o produto/marca se envolve no enredo da história, com maior persuasão na mensagem do anunciante. Isto observa-se em especial nos programas orientados para as crianças, ainda sem a capacidade cognitiva de analisar/interpretar a mensagem publicitária recebida. Além do patrocínio, há empresas que negoceiam com câmaras municipais a recuperação de edifícios degradados/abandonados, veículos de promoção da marca. A publicidade exterior e o marketing relacional (SMS) são outros elementos fundamentais do novo panorama da publicidade.
Leitura: Francisco Costa Pereira e Jorge Veríssimo (2007). “Os media e a publicidade”. Anuário da Comunicação, 2005-2006). Lisboa: Obercom, pp. 234-237
A CIDADE, O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO DO CONSUMO E AS SUAS CATEDRAIS
É o título de um texto de Miguel Silva Graça, a ler aqui.
O texto começa assim:
O texto começa assim:
- A busca de ofertas crescentes e diferenciadas de consumo com vista a construir novas formas de vida tornou-se, indubitavelmente, uma das características definidoras da vida urbana no início deste século. A partir da segunda metade do século XX, o consumo adquiriu uma condição omnipresente – evoluindo de uma categoria claramente ligada a uma noção de posse física para uma noção de acesso a bens e serviços (RIFKIN, 2001) – , assumindo-se como um dos interesses centrais da vida contemporânea.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
ARTE E CULTURA NA ESFERA PÚBLICA
Está disponível aqui o texto Contrasting narratives: Art and culture in the public sphere, de Idalina Conde.
DIÁRIOS DE VIAGEM, DE EDUARDO SALAVISA
Diários de Viagem. Desenhos do quotidiano. 35 Autores Contemporâneos é um livro de Eduardo Salavisa, agora editado pela Quimera.
O diário de viagem ou caderno de esboços ou diário gráfico é um caderno de capa grossa, com cantos e lombada de pano e que acompanha os artistas e escritores onde tomam notas, fazem apontamentos e desenham esboços, quando numa viagem ou num momento de reflexão e inspiração.
Eduardo Salavisa recolhe a opinião de um colega de profissão que indica ser o diário de viagem uma espécie de mini-estúdio ambulante que ajuda a criatividade durante o dia inteiro. O autor vê a viagem como um espaço de disponibilidade, com mais tempo e capacidade para observar e registar, sendo que, num caderno, cada desenho está dependente da série ou conjunto em que se integra (p. 16). Animador de um magnífico blogue, o desenhador do quotidiano, Eduardo Salavisa tem também no seu livro um subcapítulo dedicado à blogosfera, a qual obriga, segundo as suas palavras, a que as imagens editadas sejam feitas com mais atenção e frequência (p. 25) [na imagem ao lado, Eduardo Salavisa, ao lado de Cruzeiro Seixas, no lançamento do livro no passado sábado].
Após uma introdução, de ordem mais teórica e com inclusão de elementos sobre cadernos de viagem de autores conhecidos (Edward Hopper, Eugéne Delacroix, Frida Kahlo, Hugo Pratt, Le Corbusier e Pablo Picasso), o livro destaca autores contemporâneos (35), com um pequeno texto e um conjunto de imagens retiradas dos cadernos de cada artista. A terceira parte deste livro ricamente ilustrado é um curso de iniciação ao desenho pelo uso do diário gráfico. Lê-se: "Há uns anos iniciei a experiência de introduzir o Diário Gráfico como instrumento no ensino/aprendizagem nas disciplinas onde o desenho tem uma importância fundamental" (p. 237).
Eduardo Salavisa nasceu em Lisboa em 1950, é professor do ensino secundário e gosta de viagens sem itinerário marcado, de preferência pelo Sul, como América do Sul, Europa do Sul e Cabo Verde (de que aqui se reproduzem duas imagens, a primeira vem na p. 85 e a segunda nas pp. 6-7). Diz ele: "Normalmente ando com canetas de várias espessuras e uso-as conforme a escala do que quero representar. [...] As cores, aguarelas, aplico-as depois à noite no hotel, ou onde estiver alojado. Permite-me relembrar o dia, escrever alguma coisa que acho que devia ser lembrada, colar algum bilhete ou outra coisa do género" (p. 80).
[os meus agradecimentos ao editor que forneceu os materiais para a construção da mensagem e permitiu a reprodução das imagens]
O diário de viagem ou caderno de esboços ou diário gráfico é um caderno de capa grossa, com cantos e lombada de pano e que acompanha os artistas e escritores onde tomam notas, fazem apontamentos e desenham esboços, quando numa viagem ou num momento de reflexão e inspiração.
Eduardo Salavisa recolhe a opinião de um colega de profissão que indica ser o diário de viagem uma espécie de mini-estúdio ambulante que ajuda a criatividade durante o dia inteiro. O autor vê a viagem como um espaço de disponibilidade, com mais tempo e capacidade para observar e registar, sendo que, num caderno, cada desenho está dependente da série ou conjunto em que se integra (p. 16). Animador de um magnífico blogue, o desenhador do quotidiano, Eduardo Salavisa tem também no seu livro um subcapítulo dedicado à blogosfera, a qual obriga, segundo as suas palavras, a que as imagens editadas sejam feitas com mais atenção e frequência (p. 25) [na imagem ao lado, Eduardo Salavisa, ao lado de Cruzeiro Seixas, no lançamento do livro no passado sábado].
Após uma introdução, de ordem mais teórica e com inclusão de elementos sobre cadernos de viagem de autores conhecidos (Edward Hopper, Eugéne Delacroix, Frida Kahlo, Hugo Pratt, Le Corbusier e Pablo Picasso), o livro destaca autores contemporâneos (35), com um pequeno texto e um conjunto de imagens retiradas dos cadernos de cada artista. A terceira parte deste livro ricamente ilustrado é um curso de iniciação ao desenho pelo uso do diário gráfico. Lê-se: "Há uns anos iniciei a experiência de introduzir o Diário Gráfico como instrumento no ensino/aprendizagem nas disciplinas onde o desenho tem uma importância fundamental" (p. 237).
Eduardo Salavisa nasceu em Lisboa em 1950, é professor do ensino secundário e gosta de viagens sem itinerário marcado, de preferência pelo Sul, como América do Sul, Europa do Sul e Cabo Verde (de que aqui se reproduzem duas imagens, a primeira vem na p. 85 e a segunda nas pp. 6-7). Diz ele: "Normalmente ando com canetas de várias espessuras e uso-as conforme a escala do que quero representar. [...] As cores, aguarelas, aplico-as depois à noite no hotel, ou onde estiver alojado. Permite-me relembrar o dia, escrever alguma coisa que acho que devia ser lembrada, colar algum bilhete ou outra coisa do género" (p. 80).
[os meus agradecimentos ao editor que forneceu os materiais para a construção da mensagem e permitiu a reprodução das imagens]
10 LUZES NUM SÉCULO ILUSTRADO
10 Luzes num Século Ilustrado é um ciclo de conferências a realizar no auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, integrado nas comemorações dos 250 anos do concelho de Oeiras. A primeira é com José Barata Moura, que falará de Kant e as Luzes, no dia 16 de Janeiro, às 21:30. Outros conferencistas convidados (e a confirmar nos próximos meses) são Mário Soares, Noam Chomsky, Olga Pombo, Umberto Eco, Eduardo Lourenço, Manuel Castells, Alexandre Quintanilha, Gonçalo Ribeiro Telles e Luís Miguel Cintra.
[informação colhida na agenda cultural 30 DIAS, de Oeiras, número de Dezembro]
[informação colhida na agenda cultural 30 DIAS, de Oeiras, número de Dezembro]
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
INDÚSTRIA CULTURAL
Em artigo publicado ontem no blogue 5dias.net, Luís Rainha escreveu sobre Arte, Indústria & Cultura, cujo tema nuclear são as indústrias culturais.
Luís Rainha anota: "Sobretudo graças a Bernard Miège, no final da década de 90, a noção diabolizada de «Indústria da Cultura» viu-se matizada e ampliada, até se transformar na expressão hoje corrente: «Indústrias Culturais». Como esclarece Hesmondhalgh, o plural não é inocente nem acidental: assinala o reconhecimento da complexidade deste sector, que acolhe instituições de carizes muito diverso entre si, enquanto nega o carácter essencialmente maligno da massificação da cultura". Depois, explica que a(s) indústria(s) cultural(ais) passa(m) "assim a ser, mais que um meio, um fim – rentável, partilhável e multiplicável: em bens culturais e simbólicos, serviços noticiosos, entretenimento, toda uma indústria à escala planetária". E acaba por considerar as indústrias culturais como subproduto do choque petrolífero de 1973.
Sim, Horkheimer e Adorno enganaram-se, ao dizerem que não gostavam ou compreendiam o cinema e o jazz. Mas consegue-se compreender o porquê da negação à cultura de massa(s) naquele momento e a lenta alteração desse pensamento, lendo, por exemplo, Sobre a Indústria da Cultura (organização e prefácio de António Sousa Ribeiro, Angelus Novus, 2003).
O autor mais radical que conheço sobre Adorno, Heinz Steinert, sobre o texto fundador do conceito indústria cultural diz claramente que ele não é nada equilibrado (Culture industry, 2003: 21). Mas situa o texto no contexto: Adorno estudara música com Alban Berg, em 1925 e em Viena, então um dos centros intelectuais do mundo, e esteve junto com Schoenberg e Webern, os expoentes máximos da música da sua época. Logo, não pertencia à ultrapassada cultura do século XIX, como o post de Luís Rainha pretende assimilar Adorno. Então Adorno usava três termos para descrever a música da "indústria cultural" - música comum (use-music), música ligeira, jazz - o que ilustra a complexidade do seu pensamento. No ensaio On the Social Situation of Music (1932), Adorno não empregou o termo "indústria cultural" mas "industrialização da produção" para se referir à opereta de Viena e, depois, às fábricas do filme sonoro com a sua divisão capitalista de trabalho, continua Steinert (p. 23).
Convém lembrar que o uso inicial de "indústria cultural" permitiu distinguir cultura popular de cultura de massa(s), modo subtil de introduzir complexidade e criar um filão rico no pensamento da sociologia e da filosofia ocidentais.
O problema que vejo em textos como o de Luís Rainha é o de um quadro ideológico com tendência habitual a críticas a conceitos e autores deixando pistas confusas quanto a valores correctos e conclusões. Pode não ser a intenção do autor, mas o seu texto incorre no efeito soundbite aplicável à peça do noticiário televisivo e que se pode transpor para o meio dos blogues: argumento rápido e com recurso a palavras simples e de ordem, nada de minudências ou complexidades.
Luís Rainha anota: "Sobretudo graças a Bernard Miège, no final da década de 90, a noção diabolizada de «Indústria da Cultura» viu-se matizada e ampliada, até se transformar na expressão hoje corrente: «Indústrias Culturais». Como esclarece Hesmondhalgh, o plural não é inocente nem acidental: assinala o reconhecimento da complexidade deste sector, que acolhe instituições de carizes muito diverso entre si, enquanto nega o carácter essencialmente maligno da massificação da cultura". Depois, explica que a(s) indústria(s) cultural(ais) passa(m) "assim a ser, mais que um meio, um fim – rentável, partilhável e multiplicável: em bens culturais e simbólicos, serviços noticiosos, entretenimento, toda uma indústria à escala planetária". E acaba por considerar as indústrias culturais como subproduto do choque petrolífero de 1973.
Sim, Horkheimer e Adorno enganaram-se, ao dizerem que não gostavam ou compreendiam o cinema e o jazz. Mas consegue-se compreender o porquê da negação à cultura de massa(s) naquele momento e a lenta alteração desse pensamento, lendo, por exemplo, Sobre a Indústria da Cultura (organização e prefácio de António Sousa Ribeiro, Angelus Novus, 2003).
O autor mais radical que conheço sobre Adorno, Heinz Steinert, sobre o texto fundador do conceito indústria cultural diz claramente que ele não é nada equilibrado (Culture industry, 2003: 21). Mas situa o texto no contexto: Adorno estudara música com Alban Berg, em 1925 e em Viena, então um dos centros intelectuais do mundo, e esteve junto com Schoenberg e Webern, os expoentes máximos da música da sua época. Logo, não pertencia à ultrapassada cultura do século XIX, como o post de Luís Rainha pretende assimilar Adorno. Então Adorno usava três termos para descrever a música da "indústria cultural" - música comum (use-music), música ligeira, jazz - o que ilustra a complexidade do seu pensamento. No ensaio On the Social Situation of Music (1932), Adorno não empregou o termo "indústria cultural" mas "industrialização da produção" para se referir à opereta de Viena e, depois, às fábricas do filme sonoro com a sua divisão capitalista de trabalho, continua Steinert (p. 23).
Convém lembrar que o uso inicial de "indústria cultural" permitiu distinguir cultura popular de cultura de massa(s), modo subtil de introduzir complexidade e criar um filão rico no pensamento da sociologia e da filosofia ocidentais.
O problema que vejo em textos como o de Luís Rainha é o de um quadro ideológico com tendência habitual a críticas a conceitos e autores deixando pistas confusas quanto a valores correctos e conclusões. Pode não ser a intenção do autor, mas o seu texto incorre no efeito soundbite aplicável à peça do noticiário televisivo e que se pode transpor para o meio dos blogues: argumento rápido e com recurso a palavras simples e de ordem, nada de minudências ou complexidades.
REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DO EURO
Moeda recente no nosso imaginário e na vida quotidiano, o euro foi também construído nos media, dentro de uma perspectiva simbólica. Isto é o que escrevem as investigadoras Maria João Silveirinha e Cristina Ponte, as organizadoras do volume Moeda e comunicação. A representação mediática do €uro.
As duas docentes (Universidade de Coimbra e Universidade Nova de Lisboa, respectivamente) formaram uma equipa de trabalho e compararam com estudos entretanto realizados em outros países da moeda única. Um dos momento-chave relevante dessa construção mediática foi o período exactamente antes da entrada em circulação, com instabilidade e indecisão quanto à sua concretização e consolidação, como as Cimeiras Europeias, pois não se sabia como iriam reagir as populações.
No caso português, como no de outros países, a nova moeda foi geralmente descodificada em valores da moeda desaparecida, isto é, mudando referências culturais profundas. Os media, nomeadamente os escritos, empregaram um arsenal simbólico considerável, visível em títulos e imagens, mas também os media audiovisuais criaram espaços de explicação da nova moeda, num esforço enorme de aprendizagem e aceitação.
Leitura: Maria João Silveirinha e Cristina Ponte (org.) (2006). Moeda e comunicação. A representação mediática do €uro. Lisboa: Livros Horizonte e CIMJ, 223 páginas
Observação: o Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ), um dos editores da colecção, foi avaliado por um júri internacional da FCT (Fundação Ciência e Tecnologia) com o valor de Muito Bom, subindo a classificação. Isto é um motivo de muito regozijo para todos os seus membros, entre os quais me incluo, um dos fundadores do centro em 1997.
As duas docentes (Universidade de Coimbra e Universidade Nova de Lisboa, respectivamente) formaram uma equipa de trabalho e compararam com estudos entretanto realizados em outros países da moeda única. Um dos momento-chave relevante dessa construção mediática foi o período exactamente antes da entrada em circulação, com instabilidade e indecisão quanto à sua concretização e consolidação, como as Cimeiras Europeias, pois não se sabia como iriam reagir as populações.
No caso português, como no de outros países, a nova moeda foi geralmente descodificada em valores da moeda desaparecida, isto é, mudando referências culturais profundas. Os media, nomeadamente os escritos, empregaram um arsenal simbólico considerável, visível em títulos e imagens, mas também os media audiovisuais criaram espaços de explicação da nova moeda, num esforço enorme de aprendizagem e aceitação.
Leitura: Maria João Silveirinha e Cristina Ponte (org.) (2006). Moeda e comunicação. A representação mediática do €uro. Lisboa: Livros Horizonte e CIMJ, 223 páginas
Observação: o Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ), um dos editores da colecção, foi avaliado por um júri internacional da FCT (Fundação Ciência e Tecnologia) com o valor de Muito Bom, subindo a classificação. Isto é um motivo de muito regozijo para todos os seus membros, entre os quais me incluo, um dos fundadores do centro em 1997.
REVISTA TAKE
Take , revista online de cinema, tem já disponível a edição de Dezembro.
Traz Manoel Oliveira, análise de muitos filmes, novidades do vídeo, conversas e muito mais.
Para visualizar adequadamente a revista, seguir o link da Take. Para aceder ao ficheiro pdf pode seguir a capa da revista no topo direito do site ou pelo link da revista Take.
Traz Manoel Oliveira, análise de muitos filmes, novidades do vídeo, conversas e muito mais.
Para visualizar adequadamente a revista, seguir o link da Take. Para aceder ao ficheiro pdf pode seguir a capa da revista no topo direito do site ou pelo link da revista Take.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
40 ANOS DE REVISTA VEJA COM ACESSO ONLINE
A revista brasileira Veja, com 40 anos de publicação (começou em 11 de Setembro de 1968), encontra-se disponível online desde anteontem. Podem ser lidas reportagens, entrevistas e anúncios publicados nesse longo período, de modo gratuito.
THE PORTFOLIO PROJECT
The Portfolio Project é uma ideia colectiva aberta "à colaboração de todos quantos desejem ver o seu trabalho fotográfico analisado e acompanhado à distância por um fotógrafo profissional", segundo os seus organizadores.
A actividade será uma plataforma em que os participantes usufruem da experiência de profissionais da fotografia. Desenvolvem projectos individuais ou colectivos, a publicar online em galerias fotográficas individuais.
Mais informações: contactar a fotógrafa Susana Paiva através do seguinte email.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
OS VÍDEOS DO PÚBLICO
De Novembro de 2007 a Novembro de 2008, o Público já colocou 1700 vídeos no seu sítio, alguns deles de produção própria e os outros com colocação própria de som off e legendas.
Três jornalistas adeptos das tecnologias foram adaptados a estas funções. Notável! E, se houvesse mais gente na área, qual seria a situação e o valor do sítio?
Três jornalistas adeptos das tecnologias foram adaptados a estas funções. Notável! E, se houvesse mais gente na área, qual seria a situação e o valor do sítio?
ESPAÇOS PERDIDOS DE COIMBRA
Dois aspectos da apresentação do livro Espaços Perdidos. Coimbra, coordenado por João Figueira, hoje ao fim da tarde em Lisboa. O blogueiro registou imagens em movimento (mas terá de ficar para outro dia a selecção e montagem, pois o dia vai longo e há outras coisas para fazer para além do blogue).
O livro, esse, é para ler todo e contemplar as imagens a preto e branco.
MCDONALDIZAÇÃO DA ANTENA 2 (SEGUNDA MENSAGEM)
Quando de manhã escrevi sobre o texto de Mário Vieira de Carvalho ainda não tinha lido o artigo hoje publicado por Helena Matos no mesmo Público. Escreveu a jornalista:
Mário Vieira de Carvalho não me passou procuração, pois nem me conhece. Mas devo protestar pelo modo como a jornalista escreve. Pelo seguinte: um autor, George Ritzer, escreveu sobre a mcdonaldização da sociedade em termos como os que analisei aqui no blogue em 9, 17 e 25 de Novembro e 5 de Dezembro e 14 de Dezembro de 2006. Reescrevo, para contextualizar:
Acrescento que há uma outra perspectiva oposta a esta e sobre a qual eu escrevi aqui, em 26 de Novembro de 2007, a "disneyzação" do mundo, segundo Alan Bryman (The Disneyization of society, 2004). Retiro desse meu texto as seguintes linhas:
- McDonald é sinónimo de mau gosto. A propósito das mudanças na Antena 2, Mário Vieira de Carvalho condenou no PÚBLICO o que define como "macdonaldização" daquela estação de rádio. Para lá do que pensa o ex-secretário de Estado da Cultura sobre a Antena 2, gostaria de perceber o que o leva a considerar que está combinado que MacDonald é sinónimo de mau gosto. Coisa a evitar. Pois tal combinação é duma arrogância insuportável. Os restaurantes como o McDonald atendem com a mesma atenção e delicadeza ricos e pobres.
Mário Vieira de Carvalho não me passou procuração, pois nem me conhece. Mas devo protestar pelo modo como a jornalista escreve. Pelo seguinte: um autor, George Ritzer, escreveu sobre a mcdonaldização da sociedade em termos como os que analisei aqui no blogue em 9, 17 e 25 de Novembro e 5 de Dezembro e 14 de Dezembro de 2006. Reescrevo, para contextualizar:
- Segundo George Ritzer (2004a), o sucesso da cadeia de restaurantes McDonald’s deve-se à existência de quatro tópicos principais aplicados a clientes, trabalhadores e gestores: 1) eficiência, 2) calculabilidade, 3) previsibilidade e 4) controlo. Estandardização e homogeneidade são outros elementos vitais para a McDonaldização – isto é, os negócios da McDonald’s oferecem produtos e serviços de forma eficiente na medida em que existe, para os consumidores, uma escolha limitada. Rapidez, linha de montagem e códigos escritos de conduta dos vendedores da comida McDonald’s situam-se na linha definida por Ritzer de McDonaldização. Trata-se, como desenvolvo aqui, de uma perspectiva pessimista de olhar a presente sociedade de consumo.Para Ritzer, a McDonaldização infiltrou a sociedade na medida em que as pessoas querem ter gratificação instantânea. Os brindes a quem come um hambúrguer, os descontos numa loja ou a atribuição de pontos para um prémio na aquisição de um serviço fazem parte da mesma estratégia. A Mcdonaldização é um processo vasto de globalização. O livro vê a cultura urbana e popular contemporânea a partir da proliferação de franchising de alimentação da McDonald’s, bem como das lojas de centros comerciais e outras entidades comerciais.O mesmo George Ritzer (2004b: 93) acha que as catedrais do consumo encantam pela sua capacidade de atrair um número elevado de consumidores. Ritzer fala em espectáculo, definido como um dispositivo público de interesse [dramatic]. Os espectáculos podem ser criados intencionalmente (as chamadas composições literárias, dramáticas ou musicais de carácter fantástico) ou parcial e totalmente não intencionais. A premissa básica é que não basta abrir uma loja, é preciso produzir um romance. Feiras e exposições são exemplos do uso de um espectáculo para vender bens [commodities]. Na realidade, o espectáculo é a base do sucesso de um dos mais importantes e imediatos precursores dos novos meios de consumo. Já há muito que os armazéns americanos usavam cor, vidro, luz, arte, montras, interiores elegantes, mostras temporárias e até encontros natalícios para criar espectáculo.
Acrescento que há uma outra perspectiva oposta a esta e sobre a qual eu escrevi aqui, em 26 de Novembro de 2007, a "disneyzação" do mundo, segundo Alan Bryman (The Disneyization of society, 2004). Retiro desse meu texto as seguintes linhas:
- Já o pensamento de Bryman, embora afirme apostar na linha de pensamento de Ritzer, vai dar a resultados diferenciados. A essência da disneyização é o consumo e o aumento de interesse fornecido por produtos e serviços como variedade, imaginação e espectáculo. O autor aponta quatro princípios: 1) tematização (narrativas pouco articuladas com instituições ou objectos mas que resultam na popularidade destas), 2) consumo híbrido (formas diversificadas ligadas a esferas institucionais distintas), 3) merchandising (promoção e venda de bens sob a forma de imagem e/ou logótipo de instituições), e 4) trabalho performativo (tendência de olhar o trabalho como performance ou filosofia de valor). Bryman elege os parques temáticos da Disney como estrutura base do seu conceito, onde o temático quer dizer significados e símbolos distintos e partilhados por consumidores, com novas oportunidades de entretenimento e experiências, em que nos expomos constantemente a formas de entretenimento e permanecemos mais tempo num local porque gostamos dele e consumimos mais.
PRENDAS
Há 17 anos, a auto-estrada entre Porto e Lisboa ainda não estava completa. Por isso, a viagem demorou bem mais do que quatro horas. Além disso, chovia muito, o que nos fez chegar já de madrugada. O urso de peluche (pelúcia, no português do Brasil) era o último elemento da infância de P. a ter lugar de destaque dentro do automóvel.
Na despedida, os colegas haviam-me oferecido uma caneta. Simbolicamente, enchi-a agora, mas já não a utilizo regularmente. Foi um hábito que se perdeu à medida que o uso do computador se vulgarizou (por seu lado, a máquina de escrever deve estar na arrecadação, igualmente esquecida).
Hoje, sem saber da minha comemoração, um colega que muito estimo ofereceu-me um disco, o de Maria Callas, Alfredo Kraus e Mario Sereni cantando La Traviatta, de Giuseppe Verdi, gravação feita em 27 de Março de 1958 no Teatro Nacional de São Carlos.
Na época em que Callas esteve entre nós, ainda não conhecia a sua voz, mas já escutava rádio. Em 16 de Dezembro de há 17 anos ainda não existiam a internet (massificada) nem os blogues, mas escrevia sobre tecnologias da informação, preparando um livro sobre a história dessa matéria.
Estas são prendas que nunca mais esquecerei! Esses são os media que nunca abandonarei!
Na despedida, os colegas haviam-me oferecido uma caneta. Simbolicamente, enchi-a agora, mas já não a utilizo regularmente. Foi um hábito que se perdeu à medida que o uso do computador se vulgarizou (por seu lado, a máquina de escrever deve estar na arrecadação, igualmente esquecida).
Hoje, sem saber da minha comemoração, um colega que muito estimo ofereceu-me um disco, o de Maria Callas, Alfredo Kraus e Mario Sereni cantando La Traviatta, de Giuseppe Verdi, gravação feita em 27 de Março de 1958 no Teatro Nacional de São Carlos.
Na época em que Callas esteve entre nós, ainda não conhecia a sua voz, mas já escutava rádio. Em 16 de Dezembro de há 17 anos ainda não existiam a internet (massificada) nem os blogues, mas escrevia sobre tecnologias da informação, preparando um livro sobre a história dessa matéria.
Estas são prendas que nunca mais esquecerei! Esses são os media que nunca abandonarei!
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