quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

LIXO!

sunday16120051.JPGÉ o tema de capa da edição do último domingo do caderno 4 (News Review) do Sunday Times. Trata-se da história do Big Brother no Reino Unido, contada por uma das antigas residentes da casa inglesa, Germaine Greer.

Ora, o que diz esta feminista veterana? Primeiro, que entrou no Big Brother porque precisava de dinheiro para as suas campanhas em defesa da floresta australiana. Depois, fala dos residentes da casa, um verdadeiro ninho de vespas, a saber: Jackie Stallone, a mãe do Rambo (primeira à esquerda na imagem de baixo), Brigitte Nielsen (dinamarquesa e que foi casada com o mesmo Stallone há uns vinte anos atrás, à direita na imagem), Caprice (antiga miss Teen California e rosto de campanhas publicitárias da Pizza Hut, Diet Coke e Wonderbra, roupa íntima, antiga namorada de Rod Stewart e outros, a terceira a contar da esquerda). Para além de John McCririck, apresentador televisivo (quarto a contar da esquerda) e Lisa I'Anson, apresentadora de rádio e que nos anos 1990 teve um programa na Radio 1 (quarta a contar da direita). E Bez, que fazia de dançarino nos concertos dos Happy Mondays, o segundo a partir da esquerda. E mais, que eu não conheço [confesso que passei a conhecê-los a partir de domingo, com esta leitura].

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Todos, mas todos, entraram no programa para ganhar dinheiro.Vá lá, Caprice também procurou, durante a permanência na casa, fazer publicidade a uma sua marca de roupa íntima, mas parece que com pouco sucesso.

A necessidade do dinheiro, publica-se no jornal, resultou em humilhação e degradação da condição humana (já alguém escreveu isto sobre os nossos Big Brother e Quinta das celebridades?), conta Germaine Greer no seu longo relato que ocupa até ao final da segunda página broadsheet. Dificuldades em ir à casa de banho, má alimentação, intrigas (estou a imaginar as antigas sogra e nora passarem uma pela outra durante horas e dias, uma que fez a vida negra à outra enquanto o Rambo Stallone era familiar de ambas), ordens burocráticas dos gestores da Endemol - um rol de queixas.

Conclui Greer, que aparece coberta de espuma em banho retemperador numa das fotografias do Sunday, limpeza necessária após dias de lixo forçado: o Big Brother não é televisão da realidade, mas um programa de sadismo e de lascívia. Em Portugal, nós já o tínhamos descoberto (ainda me lembro do Big Brother das celebridades, com Cinha Jardim, um antigo e bom jogador de futebol que já arrumara as botas e outros em busca de fama e dinheiro).

Não, o Big Brother não é um reality-show, é uma novela com guião quase escrito. Basta ler personagem a personagem dos nove intérpretes na segunda imagem.

Pormenor curioso: a 19 de Dezembro último, um escritor e professor universitário inglês, Graham Barnfield, animador do blogue The Loneliest Jukebox, propôs-se traduzir um post meu, onde eu falava de um livro sobre esta temática do Big Brother, do qual ele é co-autor. Desconhecendo a nossa língua, socorreu-se do tradutor automático do Google. A tradução está um espanto. Como se consegue ser engenhoso! Depois, trocámos umas mensagens, em que Barnfield confessa que de Portugal apenas conhece uma mão cheia de nomes de clubes de futebol.

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