segunda-feira, 30 de abril de 2007

CONGRESSO DA SOPCOM




O call for papers do 5º congresso da SOPCOM (Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação) foi prolongado até 15 de Maio. O tema geral é Comunicação e Cidadania. No congresso, serão discutidas temáticas como internet, jornalismo, publicidade, relações públicas e educação para os media.

Há 21 sessões temáticas. Sem querer ser muito tendencioso, considero que a melhor (ou uma das melhores) sessão é a da sociologia da comunicação. Por favor, inscrevam-se. Podem fazê-lo até 30 de Junho, através do sítio www.5sopcom.uminho.pt.

O BLOGUE DE ANTÓNIO GRANADO


António Granado, do blogue Ponto Media, publica hoje um inquérito feito a 100 leitores, a partir de uma ferramenta (no blogue de Mindy McAdams).

Como não tenho tempo de fazer gráficos ou quadros, aqui ficam alguns dados dos leitores do blogue do
António Granado, retirados directamente do seu espaço:

Idade dos leitores
18 a 35 anos - 68
35 a 50 - 26
51-65 - 6

Profissão
Estudante - 29
Professor - 15
Jornalista - 30
Outra - 41

Frequência de leitura
+ de uma vez por dia - 5
Diariamente - 42
2 a 4 x por semana - 29
2 a 4 x por mês - 12
1 vez por mês ou menos - 7
1ª vez - 5

Quando começou a ler
2001-2002 - 11
2003-2004 - 15
2005-2006 - 48
2007 - 17
Não sou leitor habitual - 6
Não responderam - 3

Costuma ler outros blogues de jornalismo
Sim - 65
Não - 35
Quais (com mais citações):
Jornalismo e Comunicação, Atrium, Blogouve-se, ContraFactos & Argumentos, Indústrias Culturais, Irreal TV e Jornalismo & Internet

Principais pontos fortes do Ponto Media
Actualidade
Bons links
Sucinto, curto, “don’t speak - point”

Principais pontos fracos do Ponto Media
Pouca opinião pessoal
Poucos links nacionais
Pouca interacção com os leitores

Que pontuação daria ao Ponto Media. Mau- 0 ; Excelente - 10
10 - 11
8-9 - 60
6-7 - 24
4-5 - 4
2-3 - 1

O que falta ao Ponto Media para ser melhor (mais referidos)
Mais opinião
Mais multimedia

Observação: obrigado no que toca ao Indústrias, um dos mais citados.

REVISTAS OU SUPLEMENTOS?


Na Notícias Magazine (NM) de ontem, com o título Audiências. De "pin" ao peito, dava-se conta da liderança daquela publicação dominical que acompanha os jornais Diário de Notícias e Jornal de Notícias.

Olhando para os gráficos, lê-se que a NM é mais lida que revistas como Proteste, Maria, Visão, Nova Gente ou Caras. A meu ver, esta comparação não se devia fazer, pois mistura publicações autónomas com revistas que acompanham jornais. Curiosamente, a menos lida das dez é o caderno Única, do Expresso - do mesmo modo que com a NM, tenho pudor em chamar-lhe revista, por causa da autonomia relativamente ao produto principal, o jornal.

Retirando a Proteste e a Visão, há homogeneidade no tipo de informação lida nessas publicações. Trata-se de informação leve, em papel macio e brilhante, às vezes focando histórias das estrelas locais e das suas idiossincrasias específicas, às vezes com artigos de aconselhamento (beleza, sexualidade). Não há política nem cultura exigente nas publicações, as quais podem ler-se num consultório médico ou de advogado enquanto se espera pela nossa vez na consulta.

Reparando com mais atenção nos quatro gráficos que enchem duas páginas da NM de ontem, a NM compara-se nos terrenos de revistas mais lidas, revistas de jornais (o único sector em que se devia efectuar a comparação), newsmagazines (a menos comparável) e revistas femininas. Ou seja, para quem escreveu, a NM é uma mistura adequada dos quatro tipos de publicações, o que, na minha opinião, não é. Como anotei acima, a NM é um tipo de publicação ancorada num título principal - pouca gente compraria a NM isoladamente -, atinge um público-alvo dentro dos compradores do título principal (informação mais leve, dirigida ao público feminino).

Eu não valorizo muito este tipo de publicação. Os meus gostos estão noutros sítios dos jornais. Para além do caderno principal, elejo os cadernos de cultura, arte e política como os principais. Dentro deste âmbito, recordo com uma já grande saudade a revista (ou caderno) , sacrificada na última remodelação do Diário de Notícias. Ali, eu encontrava informação bem trabalhada das novidades literárias, cinematográficas, musicais e estéticas. Com textos soberbos de Umberto Eco, Mario Vargas Llosa e outros. A sua substituição por uma revista-caderno de televisão mostra a dificuldade dos jornais estabelecerem empatia com os leitores que gostam de jornais. O que vem na publicação editada ao sábado com o formato da revista Maria encontra-se em muitos outros lugares, não acrescenta nada ao conhecimento. Claro que compreendo a inflexão do grupo de media proprietário do Diário de Notícias: os negócios presentes e futuros da televisão, seja na PTM ou na televisão digital terrestre.

Retiro os títulos da capa do nº 63 da revista (23 de março último): "Sons - Teresa Salgueiro em viagem pelo Brasil"; "Imagens - a Itália de Berlusconi filmada por Moretti"; "Letras. Carmen Miranda. Memória em technicolor". Agora, à distância apenas de um mês, percebe-se melhor a qualidade daquela aposta, se comparada com o produto que a substituiu.

Terá sido uma boa opção o abandono de uma publicação desta qualidade? Os leitores correm depressa para ler a Ípsilon, do concorrente Público.

domingo, 29 de abril de 2007

FEIRA DO LIVRO E DA INDÚSTRIA CULTURAL EM PONTEVEDRA

Em Pontevedra (Espanha), realiza-se, entre 10 e 13 de Maio, a Feira do Livro e da Indústria Cultural. Inclui o livro, o disco e outros produtos da indústria cultural galega. Para obter mais informações, clicar em cultur.gal.

D. JOÃO, DE MOLIÈRE


O cenógrafo João Mendes Ribeiro chama praticável à superfície levemente inclinada em que a peça D. João se desenvolve (série de espectáculos de 14 a 28 de Abril no Teatro Nacional de S. João, no Porto). Portas, alçapões, espelhos, entradas e saídas, nascem desta plataforma, a qual ainda serve de demarcação do tempo.

No topo do praticável, o clarinetista Carlos Piçarra Alves, como se fosse uma testemunha permanente dos factos, pontua as intervenções destes. Com temas de Vítor Rua, Maurice Ravel e Rahul Dev Burman.

D. João (Pedro Almendra) e Esganarelo (Hugo Torres), donjuan e o seu aio - que também funciona como voz da consciência, dizendo o que o patrão pensa mas censurando aqueles que agem como o patrão -, ocupam todo o praticável.Também gostei particularmente de João Castro (no papel de Pierrot) e Joana Manuel (no papel de Dona Elvira). Com microfones em cada actor, eliminam-se as dificuldades de audição que se encontram, por vezes, nos palcos.

Na sexta-feira, a plateia estava cheia. Muitos jovens em grupo (possivelmente oriundos de escolas secundárias) não regatearam aplausos no final. O que é agradável para os artistas.

O Manual de Leitura, uma espécie de jornal, tem muitos e bons textos sobre a peça.


Tradução da peça por Nuno Júdice, encenação de Ricardo Pais.

PORTO CONTEMPORÂNEO

O ABATE DAS ÁRVORES SEGUNDO AS NOTÍCIAS DOS JORNAIS

Nas semanas mais recentes, os jornais noticiaram o abatimento de cerca de 90 plátanos da praça onde se encontra a praça de touros do Campo Pequeno (Lisboa). Da leitura de diversas notícias, traço o presumível desenrolar dos acontecimentos.

1) informação do número de plátanos a deitar abaixo (dados sem fonte identificada, embora oficial); tratava-se de preparar a opinião pública,
2) reacção de movimentos ambientalistas, simultaneamente enquanto pressão para que o abate se não desse e porque o promotor da primeira notícia não soubera preparar, de modo conveniente, a opinião pública. Logo, colocação do assunto em agenda,
3) necessidade do pelouro da Câmara ligado ao ambiente intervir, dando conta de dois movimentos complementares: a) envelhecimento de algumas árvores antes mesmo da alteração urbana que restaurou a praça de touros, b) danificação de outras árvores pelas obras. Por esta segunda razão, a Câmara indicava ir ter uma indemnização da entidade concessionária da praça de touros. Em causa a limitação de danos provocados em termos de comunicação.

Observação: se os plátanos foram danificados e a entidade promotora das obras foi responsabilizada, isso significa que houve problemas reais que os movimentos ambientalistas denunciaram correctamente. Claro que só conheço os factos a partir das notícias dos jornais e porque assisti ao abate, como as imagens antes e depois da destruição mostram. Não conheço o empenho dos vários actores sociais no agendamento das notícias e seu enquadramento (perspectivas enunciadas).

sexta-feira, 27 de abril de 2007

PÚBLICOS E AUDIÊNCIAS EM DAYAN


Daniel Dayan tem escrito bastante sobre públicos e audiências. Os leitores portugueses já o conhecem nomeadamente do volume organizado por ele e por José Carlos Abrantes, editado no final do ano passado com o título Televisão: dos públicos às audiências (Livros Horizonte e CIMJ). Um livro mais antigo, mas igualmente celebrado, foi o escrito de parceria com Elihu Katz, com o nome A História em directo. Os acontecimentos mediáticos na televisão (Minerva, 1999; original: Media events).

Um outro texto que eu considero de particular importância seria publicado no volume organizado por Sonia Livingstone Audiences and publics: when cultural engagement matters for the public sphere (Intellect, 2005). Apesar do título provocador e complexo, Mothers, midwives and abortionists: genealogy, obstretrics, audiences and publics, Dayan deixa-nos uma excepcional e clara percepção dos conceitos público e audiência, bem maior que a do volume editado o ano passado.

A preferência de Dayan vai para público, o qual implica sociabilidade, estabilidade, envolvimento e efectivação (performance). Para ser mais preciso, o público é uma entidade coerente cuja natureza é colectiva, em que o conjunto, para além da sociabilidade, significa identidade partilhada e um sentido dessa identidade. Público não é o simples espectador no plural, a soma de espectadores. O que o leva a apresentar os propósitos do seu capítulo, em número de três: 1) retratar uma noção chamada público, 2) observar a interligação entre públicos e audiências, 3) observar a posição dos que olham os públicos e propõem uma genealogia das entidades observadas.

Dayan arquitecta distintos públicos: de gosto, de questões (issues) - como os ligados à política - e de identidade - caso dos fãs de música, jogos e desporto. Separa público de espectadores, multidões, comunidades, activistas ou militantes, e testemunhas. E serve-se das profissões para diferenciar: quando o demógrafo olha os públicos, vê grupos etários; quando o semiótico olha os públicos, vê comunidades interpretativas. Para além da perspectiva geográfica: em França, as audiências tendem a ser, ao passo que os públicos tendem a fazer.

Os públicos possuem diferentes entidades (personae fictae), através das quais se liga a atenção pela reacção e resposta - públicos, audiências, testemunhas e espectadores. A primeira tarefa é reconhecer a diversidade deste conjunto heterogéneo. A tarefa seguinte consiste em olhar a recepção da (na) televisão.


Dayan fala da necessidade de distinção entre públicos e tipos de audiências. Pelo que propõe um duplo entendimento de público e um duplo entendimento de audiência. Quando se fala de públicos, há um tipo de actor colectivo, discreto, mitologizado, envolvido em processos políticos e culturais; mas também se pode usar público no sentido genérico. Quando se fala de audiências, podem discutir-se estas na pesquisa quantitativa mas também considerá-las no sentido dos estudos de recepção.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

TOCAR DE OUVIDO

De 28 de Abril a 1 de Maio, realiza-se em Évora o Tocar de Ouvido. O evento reúne diferentes gerações de músicos para oficinas de aprendizagem, palestras e debates, complementadas com muita música ao vivo.

Como organizadores ou participantes deste evento contam-se alguns nomes bem conhecidos do meio musical português e mesmo do estrangeiro: António Tilly, professor do Instituto de Etnomusicologia (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa), Artur Fernandes (Músico do projecto Danças Ocultas e da associação Dorfeu, de Águeda), Carlos Guerreiro (músico, artesão e professor, conhecido pela sua participação em projectos musicais como o GAC, Gaiteiros deLisboa, Amélia Muge, etc.), Domingos Morais (professor da Escola Superior de Teatro e Cinema), Fernando Deghi (músico brasileiro, internacionalmente conhecido pelo seu trabalho nos Cordofones do Brasil), Manuel Rocha (Brigada Victor Jara, director do Conservatório de Coimbra), Pablo Carpinteiro (prestigiado investigador e professor de Gaita-de-fole da Galiza, Espanha) e Santiago Bejar (tamborileiro da Extremadura, Espanha).

[Fonte:
Radiofusiòn (texto de Maria Xesús Arias)]

TEATRO DOS ALCÓMICOS ANÓNIMOS


Dias 3, 4 e 5 de Maio, na sala Jardins de Inverno do Teatro São Luís, os Alcómicos Anónimos vão repor a peça Matrioshka, espectáculo de luz e cor "com hora e picos de comédia".

Na apresentação do espectáculo, lê-se: "Relativamente ao espectáculo que esteve em cena no Teatro Mundial de Outubro a Dezembro, esta Matrioshka terá poucas, mas boas alterações. Podemos prometer desde já que o espectáculo vai ser um pouco mais curto (imposições directivas!) e que terá um início e um final diferentes. Quando a sketches novos, está prevista uma ou outra surpresa".

CADERNOS DE JORNALISMO


Está a começar a sessão de lançamento dos Cadernos de Jornalismo, do Instituto de Estudos Jornalísticos (Universidade de Coimbra).

Desejo muito êxito, ficando à espera dos conteúdos para os ler. Para mais informações, clicar em cadernosdejornalismo.


JORNALISMO DE SARGETA - O QUE É?

João Paulo Meneses, do Blogouve-se, quis saber o que signifca isso segundo o ministro dos Assuntos Parlamentares. Augusto Santos Silva respondeu-lhe e o resultado está aqui. A ler e a deixar comentários na caixa do blogue de Meneses.

NOITES DE JAZZ

Às quintas-feiras, pelas 22:45, entre Maio e Setembro, na cafetaria Quadrante (Centro Cultural de Belém), com entrada livre.

No dia 3 de Maio, Russ Lossing toca piano em solos. No dia 10 de Maio, cabe a vez ao Quarteto de Júlio Resende (este ao piano), acompanhado por José Pedro (saxofone), Hugo Antunes (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).

CINEMA

Está a decorrer em Coimbra (Teatro Académico Gil Vicente) Caminhos do Cinema Português, até 28 deste mês.

Mais informações em www.caminhos.info.


POPULORUM PROGRESSIO - CICLO DE CONFERÊNCIAS

Integrado nas comemorações dos 40 anos da Populorum Progressio, encíclica de Paulo VI, o Patriarcado de Lisboa promove três conferências dedicadas à Verdade, ao Bem e ao Belo (na imagem, clicar em cima para a ampliar).

A primeira, sobre a Verdade, decorre hoje, às 21:30, na Sé Patriarcal, seguindo-se a conferência sobre o Bem, no dia 10 de Maio, e o Belo, em 24 de Maio. Nesta última, intervirão João Bénard da Costa (director da Cinemateca Portuguesa) e Jorge Silva Melo (director da companhia teatral Artistas Unidos), com moderação do professor universitário Paulo Vale.

VIDEOJOGOS


Retiro da newsletter Meios e Publicidade, com data de hoje, a informação de Nelson Calvinho e Jorge Vieira na direcção de conteúdos do MyGames. Lê-se:

"A Impresa Digital, subholding do grupo Impresa para a área de multimédia, anunciou a contratação dos jornalistas Nelson Calvinho e Jorge Vieira para a direcção de conteúdos do portal de jogos MyGames. Ambos participaram nos projectos Mega Score e Máquina de Escrever, sendo de salientar o facto de Nelson Moutinho ter sido fundador da APROJE – Associação de Produtores de Jogos Electrónicos. O MyGames é um projecto de «cross media de videojogos» focado na distribuição digital e, segundo informação avançada ao M&P, prevê-se o seu arranque para Junho deste ano" (texto assinado por Filipe Pacheco).

quarta-feira, 25 de abril de 2007

CURSO DE VIDEOJOGOS


No próximo mês, a Universidade Gama Filho inicia em São Paulo (Brasil) uma programação de seis cursos de Tecnologia da Informação, de que destaco o Desenvolvimento de Jogos Digitais.

Este curso, de 580 horas, tem como objectivo "formar desenvolvedores de jogos digitais, com ênfase em diversas plataformas como computadores, celulares e consolas. O aluno adquirirá conhecimentos de Flash, J2ME, BREW, Inteligência Artificial, Computação Gráfica, Game Engines, Game Design e todos os elementos envolvidos no desenvolvimento de jogos". Conforme se pode ler ainda em
Gamecultura (assinado por Claudia Castilho), "O curso preocupa-se também em proporcionar ao aluno o conhecimento de toda a dinâmica de uma equipe de desenvolvimento de jogos, por meio de trabalhos práticos em equipe e o desenvolvimento de um projeto completo de jogo, assim como estimular a criatividade do aluno na criação de roteiros de jogos, personagens, cenários, gameplay e outros elementos que compõem um jogo".

No curso, serão ministradas as seguintes disciplinas: Estudo de Jogos, Matemática aplicada a jogos, Tecnologia para jogos, Física aplicada a jogos, Programação 3D, Tópicos avançados de programação para jogos, Inteligência Artificial, Design de Jogos, Jogos Online, Jogos para Celulares, Análise e complexidade de algoritmos, Gestão de projectos para jogos, Projecto de Jogos, Empreendedorismo e Metodologia de ensino e de pesquisa científica.


Informações:
ugf@posugf.com.br; Gamecultura.

VIDEOJOGOS


Jogos online, vários grátis, em Bitgames.

FESTIVAL DE MÚSICA EM CASTELO BRANCO


Primavera Musical 2007 – 13º Festival Internacional de Música de Castelo Branco. Primeiras datas:

1 de Maio, 21:30 – filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles – Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco,

5 de Maio, 21:30 – concerto Jaques Morelenbaum e o Trio Cello Samba - Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco.

Mais informações:
www.primaveramusical.org

Vídeos do Festival: www.primaveramusical.blogspot.com

TEATRO NO MONTIJO


Estreia, no dia 28, no Cinema-Teatro Joaquim d’Almeida, no Montijo, o espectáculo Subsidiem-me, produção da Companhia Lua, companhia de dança profissional localizada naquele concelho, com criação e interpretação de Diniz Sanchez.

Diz a informação enviada da organização que "Subsidiem-me nasceu do inconformismo do criador e intérprete do espectáculo, face às dificuldades que a criação artística contemporânea encontra. Por um lado, face às instituições que existem para a estimular, apoiar e subsidiar e, por outro, face à impossibilidade de poder trabalhar com outros artistas. Para Diniz Sanchez, este é um «One Man Show» obrigatório, pelo facto de continuar "a trabalhar com profissionais, sem lhes poder oferecer as condições de trabalho logísticas e financeiras que merecem".

TEATRO EM BEJA


De 23 a 27 de Abril, no Teatro Pax-Julia, em Beja, A arte pública representa O Mundo da Gente, a partir de textos de Eduardo Olímpio.


FESTIVAL DE TEATRO DE TEMA CLÁSSICO


A FESTEA – Tema Clássico promove, a partir de amanhã, 26 de Abril, a IX edição do Festival Internacional de Teatro de Tema Clássico, em Coimbra, Conimbriga, Odrinhas (Sintra), Braga, Miranda do Corvo, Viseu e Nantes (França)

Grupos participantes: Angelus de Fátima (Gorgulho), Thíasos do IEC (Mulheres no Parlamento, Suplicantes e Agamémnon), Canto e Drama do Conservatório de Música de Coimbra (Espectáculo Lírico), Selene do IES Carlos III de Madrid (Hécuba) e Calatalifa de Madrid (Comédia dos Burros e Lisístrata).

Programa

26 de Abril, 21:30, Coimbra, Teatro Paulo Quintela, FLUC
Agamémnon de Ésquilo pelo grupo Thíasos do IEC-FLUC

1 de Maio, 16:30, Miranda do Corvo (frente à Câmara Municipal)
Lisístrata de Aristófanes pelo grupo Calatalifa de Madrid

2 de Maio, 21:30, Viseu (Auditório Mirita Casimiro)
(Asinaria) Comédia dos Burros de Plauto pelo grupo Calatalifa de Madrid

11 de Maio, Nantes (França): FELG 2007
As Mulheres no Parlamento de Aristófanes pelo Thíasos do IEC-FLUC

16 de Maio, 11:00, Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas (Sintra)
Agamémnon de Ésquilo pelo Thíasos do IEC-FLUC

16 de Maio, 15:30, Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas (Sintra)
As Mulheres no Parlamento de Aristófanes pelo Thíasos do IEC-FLUC

19 de Maio, 17:00, Conimbriga
O Gorgulho de Plauto pelo Angelus de Fátima

20 de Maio, 21:30, Conimbriga
Ópera Vénus e Adónis de John Blow, pelo grupo Canto e Drama do Conservatório de Música de Coimbra

5 de Julho, 21:30, Coimbra (Páteo da Universidade)
Hécuba de Eurípides pelo Hélios do IES Carlos III, Madrid

6 de Julho, Conimbriga
"Encontros do Efémero ‑ II"
(palestras e oficinas de teatro, pela manhã, tarde e noite dentro)

7 de Julho, 21:30, Braga (Museu D. Diogo de Sousa)
Hécuba de Eurípides pelo Hélios do IES Carlos III, Madrid

8 de Julho, 21:30, Braga (Museu D. Diogo de Sousa)
Agamémnon de Ésquilo pelo Thíasos do IEC-FLUC

10 de Julho, 21:30, Coimbra (Pátio da Universidade)
Suplicantes de Eurípides pelo Thíasos do IEC-FLUC

11 de Julho, 21:30, Viseu (Auditório Mirita Casimiro)
Suplicantes de Eurípides pelo Thíasos do IEC-FLUC

12 de Julho, 21:30, Conimbriga
Agamémnon de Ésquilo pelo Thíasos do IEC-FLUC

Inscrições abertas para escolas, grupos e público em geral. Contactos:
teaclass@ci.uc.pt.

GEOGRAFIA DO CINEMA


O Bareme Cinema 2007 indica que, no período entre Abril de 2006 e Março de 2007, 2,511 milhões de portugueses com 15 e mais anos foram ao cinema (informações e imagens retiradas da newsletter da Marktest).

Conforme se lê na newsletter, "os concelhos de Lisboa e de Vila Nova de Gaia são os que mais cinéfilos atraem, respectivamente 582 mil e 323 mil. As duas grandes áreas metropolitanas de Portugal revelam assim dois comportamentos muito diferenciados. Enquanto Lisboa se assume como pólo receptor dos adeptos da sétima arte, já o Porto se coloca em segundo plano, ultrapassado por Gaia e Matosinhos. A esta realidade não se pode alhear a tendência seguida pelo sector nos últimos anos, com forte investimento na oferta em grandes complexos de cinema situados nos grandes centros comerciais. Na região do Grande Porto, estas superfícies têm-se localizado sobretudo nos seus concelhos limítrofes".


Esta leitura desperta-me uma outra: o concelho do Porto tem desinvestido fortemente na cultura, o que abre condições para áreas geográficas limítrofes incentivarem os seus apoios. Basta percorrer as principais ruas da Baixa portuense para ficar com uma sensação de crescente abandono. Certamente que há mais do que uma explicação, mas poder-se-iam adiantar algumas, como a desertificação urbana e comercial desses espaços.

terça-feira, 24 de abril de 2007

LUDOLOGIA


Por me parecer importante, transcrevo uma mensagem de Luís Filipe Teixeira na lista de discussão da SOPCOM sobre a criação de um Grupo de Trabalho de Ludologia:

Como eventualmente saberão, pelo menos, desde 2005 que um grupo de Colegas e de Sócios da SOPCOM têm vindo a manifestar a intenção de ser criado um Grupo de trabalho na novíssima área científica da Ludologia/«Game Studies», que teve um marco internacional fundamental com a criação, em 2001, por parte de Espen Aarseth, da revista online Game Studies (www.gamestudies.org). Desde essa altura, quer nacional quer, sobretudo, internacionalmente, esta área científica tem-se vindo a desenvolver exponencialmente, sobretudo, como sempre acontece, fazendo eco de uma transdisciplinaridade sempre saudável mas que, desde já, e até para promoção de diálogos trans-institucionais e trans-nacionais, precisa de enquadramento reflexivo e institucional.

Em traços muito largos diríamos apenas que, pela nossa parte, sempre pensámos que, por um lado, seria necessário ver quais as várias sensibilidades, dentro e fora da nossa Associação, e nas várias áreas científicas, mas sempre num quadro académico, para a fundamentação desta área científica em Portugal, fundamental no mundo contemporâneo em que vivemos. Como se escreveu na primeira reunião que se promoveu, incluída no 4º SOPCOM, e no Simpósio «Videojogos 05»(http://www3.ca.ua.pt/videojogos/index.htm), «o mundo dos videojogos (e/oudos jogos electrónicos) é actualmente uma das indústrias em maior expansão à escala global. Os seus índices económicos alcançaram em 2004 o patamar da indústria cinematográfica de Hollywood. Prevê-se que nos próximos anos e décadas a indústria dos videojogos se venha a tornar não apenas na indústria mais rentável do entretenimento, mas que seja também ela própria motor de desenvolvimento tecnológico e de inovação. (...) O projecto académico VIDEOJOGOS pretende destacar a emergência dos estudos do Entretenimento Interactivo no âmbito transdisciplinar, que una num mesmo campo científico a informática, a comunicação, o cinema, o design, a literatura, a filosofia, a psicologia, a sociologia, as belas artes... e promover dessa forma a colaboração interinstitucional nomeadamente no âmbito de projectos de investigação que versem sobre este novo domínio.» É impossível escamotear-se esta realidade, não criando as condições para apensarmos.

Os estudos ludológicos, como dissémos e escrevemos várias vezes, têm hoje já um estatuto académico (internacionalmente reconhecido) tão ou mais válido que outras áreas científicas devidamente institucionalizadas nas nossas Academias, com hermenêuticas e criticismo de longa tradição científica! A necessidade e urgência na criação deste GT manifestou-se, igualmente, no interior das comunicações apresentadas à mesa temática de Comunicação e Ludicidade, desse mesmo congresso, que teve lugar em Aveiro. Nessa altura, achou-se por bem criar-se um blog que fosse dando conta dos avanços, bem como no sentido de se ir anunciando esta necessidade/desejo.

Já no ano passado, «no Videojogos06»(http://www3.ca.ua.pt/videojogos/videojogos06.htm), avançou-se um pouco mais, sobretudo no sentido de se constatar:

a) a Concepção e Realização de Projectos de Investigação

b) a Criação de Currículos Interinstitucionais

A Comunidade tem vindo a aumentar(http://www3.ca.ua.pt/videojogos/comunidade.htm).

Por tudo isto, vimos, por este meio, convidar os Colegas e Amigos interessados em fazerem parte deste GT-Ludologia e Comunicação em manifestarem o seu interesse (terão de ser sócios efectivos para o acto de fundar o GT, de acordo com o indicado em http://www.sopcom.pt/grupos_de_trabalho.html, convidando-os, desde já, a lerem a nossa proposta de «Texto Fundador» nas nossas «EscritasMutantes», recentemente (re-)inauguradas, e para as quais, desde já, tenho a honra de vos convidar, em http://www.escritasmutantes.com/index.php?id=7

A nossa ideia será organizar um Symposium paralelo às mesas temáticas do V Congresso da nossa Associação para institucionalizar este GT, Symposium este que, também adiantamos desde já, terá a seguinte ordem de trabalhos:

1- Fundação do GT de Comunicação e Ludologia da SOPCOM

2- Eleição dos Corpos coordenadores do GT

3-Discussão e Aprovação das linhas programáticas

4-Discussão e Aprovação do Plano de Actividades para 2008

5-Outros assuntos

Aguardando as Vossas prezadas notícias e manifestações de interesse (indicando-me nome e instituição de acolhimento), recebam os melhores cumprimentos pessoais e saudações académicas de

Luís Filipe B. Teixeira

Professor Universitário/Ensaísta

BONECOS


São bonecos para recortar, em conjuntos musicais, feitos ou publicitados por Mónica Rodríguez (ver em www.ouvirmos.com).

Lê-se em mensagem oriunda da Galiza: "Cos Bonecos para recortar de Ouvirmos serás violinista, gaiteiro, guitarrista,… ou baterista. Poderás tocar o bombo, o tamboril, o saxofón,… ou os teclados. Troca os instrumentos e a vestimenta e séntete parte da banda. Recomendados para menores de 18 anos ou para quen nunca quixo deixar de ser crianza".

ARTE, MEDIA E COMUNICAÇÃO


Na próxima 5ª-feira, dia 26, pelas 18:00, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (auditório Sedas Nunes), decorrerá Encontros e de Desencontros: Arte, Media e Comunicação.

O tema proposto é O Humor, os Media e o País, tendo como convidados Ricardo Araújo Pereira e Miguel Góis e moderação de José Luís Garcia.

O
Instituto de Ciências Sociais fica na Av. Prof. Aníbal de Bettencourt, nº 9, em Lisboa.

ARTE


A WOA Publishing convida os artistas profissionais a apresentarem obras para publicação no livro de arte Masters of Today 100 Contemporary Artists. Informações em info@worldofartmagazine.com.

Ver mais em www.worldofartmagazine.com.

ESCRITA E SÍTIOS

Escritas Mutantes é um sítio pertencente a Luís Filipe Teixeira, professor catedrático da Universidade Lusófona (ULHT) e director do Departamento de Ciências da Comunicação Artes e Tecnologias da Informação daquela universidade, "projecto pessoal de investigação, de âmbito filosófico, cultural e comunicacional, que «cuida de» (que, etimologicamente, a Cultura é) disponibilizar elementos de reflexão sobre a nossa Contemporaneidade".

Luís Filipe Teixeira dirige-se "a todos os Colegas (Docentes e Investigadores) e alunos das áreas da CULTURA (englobando os estudos sobre o pensamento e obra(s) de Fernando Pessoa, em especial, na sua vertente filosófica e hermética) e das CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO (abarcando os temas da ESCRITA, nas suas diversas «mutações», até aos «Novos Média» e à LUDOLOGIA/«GAME STUDIES»)".

Sítio a ver.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO NO SECOND LIFE

De 23 a 25 de Maio, vai decorrer na Universidade de Aveiro o 1º Workshop sobre Comunicação, Educação e Formação no Second Life, evento organizado pelo Departamento de Comunicação e Arte.

Com este workshop, diz a organização, "pretende-se criar um espaço de discussão sobre as potencialidades da utilização do Second Life em contextos educativos e empresariais, com enfoque especial no panorama português. Neste sentido, estará presente um conjunto de pessoas e equipas com experiências e vivências diversificadas neste ambiente 3D que podem contribuir para a construção de conhecimento nesta área a nível nacional".

Para mais informações e inscrições, consultar o endereço http://cefsl.blogs.ca.ua.pt/.

TELEVISÃO (1993-2003)


No volume Comunicación e cultura en Galicia e Portugal, coordenado por Xosé López e Rosa Aneiros e editado o ano passado pelo Consello da Cultura Galega, destacam-se comunicações de investigadores e docentes das seguintes universidades: Santiago de Compostela, a anfitreã de um congresso realizado na Galiza em 2004, Universidade do Minho, Universidade Fernando Pessoa, Universidade do Porto e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. O volume reuniu, como indiquei, gente ligada às universidades de um lado e de outro do rio Minho, relação frutuosa que vem decorrendo desde há diversos anos.
Com maior interesse para o blogue, destaco o texto de Felisbela Lopes (Universidade do Minho), intitulado O PAP: a década em que o entretenimento conquistou o espaço da informação. PAP quer dizer panorama audiovisual português, sendo Felisbela Lopes uma das maiores especialistas do país em televisão e informação televisiva.
No texto, a autora propôs-se avaliar os dez anos que, até então, haviam decorrido desde a abertura da televisão à iniciativa privada (1993-2003). Recorde-se que, em 1993, o responsável pela programação da televisão pública era José Eduardo Moniz, agora homem forte da TVI e novamente falado devido a alterações na cúpula do canal, como anteontem escrevi. Em 1993, a SIC e a TVI não representavam ameaça à RTP, que tinha uma forte tendência no domínio da informação, mas apostando o horário nocturno em telenovelas brasileiras, sitcoms e programas de apanhados.
A SIC promovia um programa que analisava problemas sociais, a Praça Pública, e uma nova forma de fazer jornalismo, que lhe renderia muito algum tempo depois. A primeira notícia do primeiro noticiário do canal privado foi "Estudantes em luta contra as propinas" (para os leitores brasileiros: valor mensal ou semestral a pagar na universidade). As novelas da Rede Globo passariam para a SIC: De corpo e alma desencadearia o primeiro confronto de contra-programação da RTP, a 15 de Novembro de 1992. Depois, estreado na SIC em Outubro 1993, Chuva de Estrelas seria o programa mais visto do ano.
Quanto à TVI, ligada inicialmente à Igreja Católica, tinha como tira diária do horário nobre uma novela portuguesa (Telhados de Vidro) e uma venezuelana (Lágrimas). Para o canal, entrariam duas vedetas da RTP: Manuel Luís Goucha (Momentos de Glória) e Artur Albarran (com programa semanal com o seu nome).
Felisbela Lopes dedica um espaço razoável a apreciar as tendências da informação não diária em 1993. Para ela, a informação é uma área de atracção de espectadores para outros géneros. Os debates dessa altura eram de ordem política, com políticos e especialistas a discutirem temas candentes.
Dez anos depois, em 2003, a televisão portuguesa está diferente. A TVI e a SIC estão à frente da RTP, que se oferece como alternativa. A docente da Universidade do Minho recorda que a RTP foi a única televisão do mundo a transmitir em directo o ataque americano na guerra do Iraque. Aliás, o noticiário da televisão pública era o único de entre os dez programas mais vistos nos vários canais.
A informação não diária tinha no canal público a maior quantidade de programas, como Prós e Contras, Grande Entrevista e Grande Repórter, este substituido entretanto por Estado da Nação. Já a SIC, em 2003, tem "uma programação desenhada a partir do interesse público", como escreve Felisbela Lopes. Novelas brasileiras, humor em português, concursos musicais e programas onde se dá voz aos convidados vítimas de injustiças sociais - eis o quadro de referência da SIC. Também a TVI opta por um modelo aproximado, centrado no noticiário da 20:00 (Jornal Nacional), ficção nacional e Big Brother (a partir de 31 de Agosto de 2001). A informação não diária não é um objectivo da TVI.
A autora conclui pela observação do muito tempo ocupado com reality shows, os quais influenciam os restantes conteúdos televisivos. Nos noticiários da TVI, os jornalistas chegariam a preparar notícias sobre o Big Brother, numa confusão de informação e entretenimento. É o tempo da tele-verdade, da tele-realidade.

domingo, 22 de abril de 2007

DIAS DA MÚSICA


Aqui, no blogue, insurgi-me contra o desaparecimento da Festa da Música. Mas, depois de passar pelo CCB este fim-de-semana, reconheço que não seria possível manter um programa tão ambicioso - por falta de verbas.

Os Dias da Música talvez não tenham tido tanto público como nas séries dos anos anteriores com a Festa da Música. Mas esta esteve presente de novo e vi gente de todas as idades. Um barómetro marginal pode ser dado pela cafetaria Quadrante, cheia de clientes a beber e a comer.

Dos concertos, dei por bem empregue ouvir Francesco Tristano Schlimé - a tocar Bach e Frescobaldi - e Eve Egoyan - a tocar Satie.

CÓPIA DE UM BLOGUE


O back-up do meu blogue está aqui, no WordPress. Título (Dragão de Papel), forma e adereços em fase experimental.

sábado, 21 de abril de 2007

A (NOVA) IMPORTÂNCIA DA TELEVISÃO


A televisão volta a estar na ordem do dia.

Por um lado, o Diário de Notícias decidiu acabar o importante suplemento "6ª", espaço de crítica e de novidades em áreas como cinema, teatro, artes plásticas e literatura, e substituiu-o por um caderno sobre televisão, visando essencialmente o entretenimento. Isto empobreceu, em muito, o panorama cultural na imprensa. A informação de massas ganhou à comunicação da cultura.

Por outro lado, e hoje, o Expresso dá um grande e múltiplo espaço à televisão - três páginas: 1) entrevista de Pina Moura, novo homem forte da TVI via Media Capital (que levanta graves questões éticas, quanto a mim), 2) artigo de opinião de Morais Sarmento, antigo ministro com responsabilidades na área dos media e um dos rostos da transformação da RTP (o que trouxe uma grande contestação popular a essas medidas), contra a inscrição da privatização da RTP1 no novo programa do PSD, principal partido da oposição, 3) cenários do futuro da TDT (televisão digital terrestre), 4) audição (por escrito) do primeiro-ministro pela ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social, cujas lutas internas se tornam flagrantes, com o isolamento do vogal Rui Assis Ferreira, a crer na notícia do jornal).

A entrevista de Joaquim Pina Moura tem consigo ideias muito claras: 1) a sua aceitação para o cargo na Media Capital tem (também) um pressuposto ideológico, 2) todo o projecto empresarial tem objectivos políticos, nomeadamente na comunicação social. À pergunta dos jornalistas "Este convite tem, então, uma componente ideológica", responde Pina Moura: "Creio que também tem essa motivação. Não tenho dúvidas de que, da minha parte, a aceitação tem também esse pressuposto". Para o novo homem-forte da Media Capital, a Prisa é um grupo cotado, que cumpre as regras do mercado, mas com uma orientação editorial (socialista). Mais à frente, Pina Moura, antigo dirigente do Partido Comunista e, depois, ministro do Partido Socialista, fala do líder do PSD, actualmente na oposição: "Marques Mendes julga os outros à sua imagem e semelhança. É conhecido o papel activo que tinha na definição dos alinhamentos dos telejornais da RTP na primeira geração da sua actividade governativa".

Tenho fortes receios do comportamento futuro de Pina Moura à frente da TVI, pela assunção (ainda que transparente, com afirma) de aceitação ideológica do seu lugar. Pina Moura usa, na entrevista, um jargão político que não a linguagem comum do gestor. Se, numa empresa de qualquer actividade, isso não é complicado, numa empresa de comunicação torna-se obviamente delicado.


Sabemos que, num ser humano, a independência e a isenção na análise de factos são sempre sopesadas por crenças e convicções, mas parece-me excessiva esta sua "transparência". Se o administrador se mostra assim, o que pode fazer o jornalista na busca do equilíbrio e do distanciamento face aos poderes? O poder do administrador furta o jornalista à independência? Se, nas últimas semanas, se falou tanto na pressão governamental sobre jornais e outros media, qual vai ser a próxima discussão? Pode-se concluir que o jornalista é controlado e as notícias filtradas por agências de comunicação? Ler jornais ou ver informação na televisão é, pois, cada vez mais um caminho feito de cautelas.

Para além destas importantes notícias, pelos temas em si, há uma coluna assinada por AS (Ângela Silva), que me parece a principal de todas. Ela não traz fontes de informação associadas; é, por isso, uma opinião da jornalista. A qual pode reflectir pontos de vista de vários agentes sociais. A entrada de Pina Moura na TVI (um elemento do PS, partido político no poder) pode, diz o artigo, "provocar mudanças de estratégia no modelo de atribuição de frequências no digital terrestre de acesso gratuito". Com o possível controlo da TVI, o governo fica menos desgastado politicamente. Mas, a haver redistribuição de frequências pelos actuais grupos, nomeadamente o de Balsemão (identificado com o PSD), tenderiam a reequilibrar-se as forças instituidas e a baixar a tensão gerada, a que se acrescenta a ideia de privatizar o primeiro canal público, por proposta do PSD. Por outro lado, José Eduardo Moniz, até agora responsável máximo da TVI, poderá passar-se para a Global Notícias, de Joaquim Oliveira, para o assessorar numa possível atribuição de frequência na TDT.

Por formação, não adiro facilmente às teorias da conspiração, radicais em si e que apontam para um controlo da informação ao serviço do capital e das grandes empresas (multinacionais), cujo sentido de concentração de propriedade conduz a uma perda do pluralismo de opinião. Porém, as tendências desenhadas nos jornais e na televisão fazem-me atento ao que se passa, incluindo as decisões do regulador. Conclusão: a imagem em movimento que nos chega a casa através do pequeno ecrã continua a ter uma grande atenção por parte de quem decide. A TDT é o novo campo de disputa.


E os consumidores, estarão dispostos a aceitar estas posições? Não migrarão para outros media?

sexta-feira, 20 de abril de 2007

O ESTADO DO MUNDO


O blogue O Estado do Mundo reflecte o Fórum Cultural no âmbito das comemorações do cinquentenário da Fundação Calouste Gulbenkian. Tem um texto inicial de Emídio Rui Vilar, presidente da Fundação, e vários textos de António Pinto Ribeiro.

É límpido e contém imagens com valor. Mas é pena que não seja regular!


ESTUDOS DE COMUNICAÇÃO DO LABCOM


O primeiro número de Estudos de Comunicação (Universidade da Beira Interior) já está disponível on-line em Labcom. Há também a edição em papel, que custa €25.


Escreve João Carlos Correia no editorial:

  • This is the first issue of Communication Studies (Estudos em Comunicação), published by Labcom (Online Communication Lab of the University of Beira Interior, Portugal). The general subject of study of this first issue is Communication and Politics including, among others, essays focused on the following topics: journalism and public sphere; journalism and democratic deliberation; ethical and political problems concerning the representation of politics by news media; media regulation and Public Service Broadcasting; the role of intellectuals in the public sphere during different periods of European history; the status of emotion in practical philosophy regarding the pursuit of the good life; impact of regional media on democratic deliberation and representation; epistemological status of journalism in what concerns the enlightment of well-informed citizens; analysis of media discourse on electoral campaigns; the rule of audiences in the building of political meaning; empirical work on the role and attitude of government communication professionals regarding external public communication about policy intentions, and theoretical examinations of concepts such as "deliberation'' or "public sphere'' among others.

PRÉMIO DE JORNALISMO DA VALORSUL


A Valorsul abriu candidaturas para o seu prémio de jornalismo 2007, até 31 de Maio. O prémio atribuído anualmente pela Valorsul distingue jornalistas ou estudantes de jornalismo, no valor de € 25 mil, além de três menções honrosas no valor de € 5 mil.

Os trabalhos a apresentar ao concurso da Valorsul deverão ter sido publicados entre 1 de Outubro de 2006 e 31 de Maio de 2007. A temática dos trabalhos versará "a causa do Ambiente, mais concretamente à divulgação de boas práticas de redução, reciclagem ou reutilização de Resíduos Sólidos Urbanos", conforme se lê na informação daquela empresa.

Para participar basta preencher a ficha de candidatura, disponível
aqui, juntar os documentos previstos no regulamento e enviar para a sede da Valorsul ao cuidado do presidente do júri. O regulamento do prémio também está disponível no portal da Valorsul.

PRÉMIO DE JORNALISMO PELA TOLERÂNCIA DO ACIME


O Prémio de Jornalismo pela Tolerância do ACIME (Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas) premeia os melhores trabalhos jornalíticos de 2006 que abordaram o tema da Imigração e das Minorias Étnicas e promovido a Tolerância.

Lê-se no sítio do
ACIME que, "Durante o ano de 2006 foram monotorizados os trabalhos de TV, Rádio e Imprensa, tendo o júri seleccionado as melhores peças de cada categoria para irem a concurso. Serão atribuidos 4 prémios - Um por categoria, e um Grande Prémio para o melhor trabalho de entre todas as categorias".

A votação é on-line,
AQUI, até 11 de Maio próximo.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

OURIVESARIA NO PROJECTO NUANCE


A 27 de Abril, pelas 10:30, na Casa da Botica, na Póvoa de Lanhoso, serão apresentados à comunicação social e à comunidade dos ourives da Póvoa de Lanhoso os trabalhos desenvolvidos pelos alunos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Da parte da tarde, pelas 15:00, será feita a apresentação dos trabalhos criados pelos docentes da área do design no Museu do Ouro de Travassos, Póvoa de Lanhoso.

As acções, conforme a informação da entidade promotora, enquadram-se no âmbito do projecto NUANCE, cujo objectivo é o desenvolvimento de projectos relativos ao desenvolvimento e à divulgação da ourivesaria enquanto dinamização económica.


XXII CONGRESSO INTERNACIONAL DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE NAVARRA


Com o tema Jornalismo económico: velhos e novos desafios, realiza-se o XXII Congresso Internacional de Comunicação da Universidade de Navarra (Pamplona, Espanha), nos dias 15 e 16 de Novembro de 2007. O prazo de envio de resumos de comunicações termina a 11 de Junho.

Para saber mais, procurar no sítio www.unav.es/fcom/cicom.

CONSUMOS DE TELEVISÃO


A Marktest, na sua newsletter de hoje, indica que, no primeiro trimestre de 2007 e relativamente ao período homólogo do ano passado, viu-se mais 30 segundos diários de televisão em média, totalizando 3:36:37. Este pequeníssimo aumento entre os dois períodos observou-se junto dos jovens entre os 25 e os 34 anos (mais 13,0%), no interior do país (2,2%) e na classe média (5,0%).

No Diário de Notícias de hoje, a interpretação é a de estabilidade nos consumos de televisão, o que ilustra o enraizamento do meio e a não queda por consumos da internet. Ontem, quando eu ajudei nesta interpretação, ainda não possuía os gráficos da newsletter da Marktest, pelo que não consegui visualizar adequadamente o crescimento nos indivíduos entre os 25 e os 34 anos e na classe C1 e, ao mesmo tempo, na queda da classe D. Mas a newsletter não explica em que tipos de programas e canais se verificaram estas variações, dados importantes que ajudariam a refinar muito a interpretação.

LIVROS NOVOS


A ler e explorar em breve.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

BLOGUES ANUNCIARÃO RESULTADOS DA VOTAÇÃO ELEITORAL ANTES DA HORA PREVISTA?


Informava uma notícia do Jornal de Notícias de hoje que os blogueiros franceses poderão violar a lei eleitoral no próximo domingo, dia das eleições para a Presidência da República, prometendo revelar os resultados antes da hora do fecho das urnas em França às 20: 00 (19:00 em Lisboa).

Segundo a mesma notícia, "As primeiras estimativas das empresas de sondagens, realizadas à boca das urnas, deverão estar disponíveis a partir das 18:30 de domingo (19:30 em Lisboa). Apesar de serem comunicados aos partidos políticos e às redacções, estes dados são submetidos em França a um embargo rigoroso, só podendo ser divulgados depois do fecho das últimas assembleias de voto em França continental, ou seja, a partir das 20:00 locais. Os blogues e sites da Internet franceses também são supostamente obrigados a respeitar esta interdição".

Sabe-se que os sítios belgas e suíços poderão dar as estimativas, pois a lei francesa não tem meios para o impedir. Ou seja, a internet e a blogosfera trouxeram desafios legais, ainda não suficientemente esclarecidos. As novas tecnologias ainda escapam à ameaça ao recurso à via da justiça. E os media tradicionais o que vão fazer? Não poderão citar, em tempo real, a informação disponibilizada pelos blogues?

LANÇAMENTO DO LIVRO DE FILIPA SUBTIL


Filipa Subtil, docente da Escola Superior de Comunicação Social, lançou hoje, ao fim da tarde, o seu livro Compreender os media. As extensões de Marshall McLuhan, editado pela MinervaCoimbra.



Retiro da contracapa a seguinte informação: "A perspectiva de McLuhan rompe com a visão meramente instrumental das técnicas de comunicação e afirma a sua importância como meios com capacidade para alterar o ambiente da acção e as formas psico-sensoriais da percepção, abrindo novas tendências para o futuro das sociedades e da própria humanidade".

Na mesa de apresentação (embora as imagens que tirei sejam de má qualidade, o que peço compreensão), vêem-se Mário Mesquita, director da colecção onde o livro foi editado, Hermínio Martins, historiador e sociólogo de prestígio internacional e um dos apresentadores do livro, Filipa Subtil, José Bragança de Miranda, docente da Universidade Nova de Lisboa e outro dos apresentadores do livro, e Isabel Garcia, da editora MinervaCoimbra.

Público e audiência - uma definição

Em livro editado em 2005, e com o título Audiences and publics: when cultural engagement matters for the public sphere, Sonia Livingstone define os conceitos de audiência e público.

Audiência, enquanto substantivo, tem os seguintes significados: 1a) acto ou estado de escuta, 1b) audição [hearing] ou entrevista formal (com o Papa, o Rei), 1c) oportunidade para ser escutada (dada por uma audiência); 2a) grupo de ouvintes ou espectadores, 2b) leitura, audição ou visão [viewing] pública, 2c) grupo de admiradores ardentes ou devotos. Em termos de uso habitual, é um termo colectivo para as pessoas que participam numa comunicação pública, seja ouvir ou ver, seja localizada num sítio ou dispersa, caso de uma audiência de televisão, concerto, teatro ou reunião política (comício).

Quanto a conotações e associações: a colectividade [collectivity] é, por regra, entendida como associação com as massas (agregação de indivíduos irracionais ou emocionais) e passiva no desempenho (receptores em vez de participantes ou produtores da comunicação). Aqui, “audiência”, por comparação a “público”, é um termo negativo. Significados relacionados: telespectadores (de televisão), ouvintes (de rádio, música), menos usado em relação aos media impressos ou interactivos (aqui, usa-se o termo consumidor) [observação: utilizador].

Enquanto adjectivo, público é: 1a) exposto a uma perspectiva geral, aberto; 1b) “figura pública” conhecida, proeminente, 1c) perceptível, material; 2a) relacionado ou afectando as pessoas de uma nação ou Estado (lei pública), 2b) relacionado com o Governo. Público como substantivo é: 1) pessoas como um todo, populaça; 2) um grupo ou conjunto de pessoas tendo interesses ou características comuns (“público de leitura”, público de uma estrela de cinema). Em público (perspectiva pública).

Como uso habitual: empregue frequentemente, e como parte de múltiplas frases, combina mas sobrepõe significados – visível, proeminente, perceptível, governamental, nacional, universal, popular, social, humanitário, acessível, aberto. Com frequência, é utilizado para referir a população de uma nação, embora também relativamente ao planeta, podendo assumir um conjunto de interesses comuns, necessidades e entendimentos.

Quanto a conotações e associações: uma colectividade que se assume como homogénea, singular nas suas acções e exigências. A recente perspectiva académica de tornar plurais os públicos significando heterogeneidade não é muito usada e introduz confusão no tocante a exigências, âmbito e inter-relações destes “públicos” [observação: a autora não trabalha Jean-Pierre Esquenazi e os trabalhos do português Observatório de Actividades Culturais, o que reduz as disponibilidades teóricas em trabalhar o conceito]. Finalmente, quanto a derivações, há muitas. Há, por exemplo, domínio público, conveniência pública, casa pública [bem comum], inimigo público, saúde pública, relações públicas, escola pública. E também publicação, publicidade.

Leitura: Sonia Livingstone (2005). Audiences and publics: when cultural engagement matters for the public sphere. Bristol e Oregon, Or: Intellect, pp. 216-219

terça-feira, 17 de abril de 2007

VIDEOJOGOS

Gostei de ler Pedro Fonseca no Diário de Notícias de hoje, onde escreveu sobre limitação de vendas de jogos de vídeo a menores nos Estados Unidos. Espero continuar a lê-lo no jornal (gostaria de anotar o seu artigo, mas já estou muito cansado; talvez volte amanhã).

TRABALHOS DO PROVEDOR COMPLETADOS NO BLOGUE


No blogue Só Textos, José Carlos Abrantes transcreve a correspondência de leitores, resposta da jornalista e comentário do provedor.

Parece-me uma boa posição, a do blogue complementar o texto editado em papel no Diário de Notícias de hoje.

PROMOÇÃO ÁUDIO DE LIVROS


A Porto Editora - que edita uma boa colecção de livros de comunicação - está a desenvolver uma nova estratégia para a promoção dos seus livros e que passa por disponibilizar, nos seus sítios relativos a livros (
Porto Editora, Webboom e Ideias de Ler), excertos áudio dos livros. Não se trata de verdadeiros audiobooks, mas amostras (um capítulo, por exemplo) que acompanham as sinopses dos produtos.

É o caso de O nosso icebergue está a derreter
, de John Kotter, que pode ser escutado
aqui (duração: 4:42). O livro tem a chancela Ideias de Ler.

DIAGRAMA DE UM BLOGUE

Este diagrama de um blogue apareceu na edição do New York Times de 5 de Abril passado (agradeço a José Miguel Sardica por me ter chamado a atenção para a imagem). É uma espécie de jogo da Glória (mas sem as penalizações, como voltar ao princípio ou ficar sem jogar três vezes). Do louvor de uma tese, passa-se à apresentação de "factóides" - fait-divers? pseudo-acontecimentos? -, que visam contrariar a tese e ao desenvolvimento de ameaças irrelevantes. O fim dos comentários deferenciais continua com o desacordo por razões morais, questões filosóficas, veementes discórdias e repúdio, com denúncia dos dissidentes da tese. Pela contrição dessas posições, recupera-se o elogio do blogue, mas tal não é propriamente uma coisa interessante, pois pressupõe uma linha indo de comentários inflamados ao puro enfado.

O diagrama é uma metáfora visual, mas dá para pensar - pela ironia e inteligência na observação de diversos patamares em que um blogueiro se pode posicionar. Algumas das situações sinto-as enquanto blogueiro, fazendo introspecção.

Nascida em 1948, Paula Scher é uma das pessoas mais conhecidas e respeitadas nos Estados Unidos nas áreas do design de identidade, de embalagens, de publicações e grafismo ambiental [perdão pela minha tradução de environmental graphics; se houve quem me corrija, agradeço e altero]. Alguns dos seus clientes são: New York Times Magazine, Perry Ellis, Bloomberg, Target, Jazz at Lincoln Center, Orquestra Sinfónica de Detroit, New Jersey Performing Arts Center, New 42nd Street, New York Botanical Garden, e Daily Show With Jon Stewart (informação recolhida no sítio da Aiga).

segunda-feira, 16 de abril de 2007

PROGRAMA DE ANA SOUSA DIAS

Anteontem, escrevi aqui uma referência ao texto publicado por Eduardo Cintra Torres (ECT). Na minha mensagem, seguindo ECT, manifestei a minha discordância pelo desaparecimento da programa Por outro lado.

Nas cartas de hoje ao director do Público, Jorge Wemans, o director da RTP2, o segundo canal público, diz que o programa será substituído por um outro, igualmente com Ana Sousa Dias. Fico contente com o reaparecimento da jornalista.

COMUNICAÇÃO POLÍTICA


A European Science Foundation (ESF) é a associação europeia de 78 organizações nacionais de investigação científica cobrindo 30 países. Iniciada em 1974, a ESF tem uma linha de investigação dedicada aos media: Changing Media - Changing Europe.

O programa está dividido em quatro áreas, a primeira das quais envolve a tensão entre cidadania e consumismo - a relação entre media, esfera pública e mercado. A segunda área centra-se na dicotomia cultura-comércio e o conflito entre aspirações culturais e imperativos comerciais. A terceira área diz respeito aos problemas da convergência e fragmentação no desenvolvimento das tecnologias dos media ao nível europeu global. Finalmente, a quarta área relaciona-se com os media e as identidades culturais, em termos de género, etnia, estilos de vida, diferenças sociais.


Há dias, fiz uma referência a um volume dedicado a audiências e públicos e a que retornarei brevemente.

Hoje, destaco o terceiro volume dessa série, editado nas últimas semanas, intitulado The professionalisation of political communication e organizado por Ralph Negrine, Paolo Mancini, Christina Holtz-Bacha e Stylianos Papathanassopoulos.

Os autores entendem que a comunicação política se profissionalizou, atendendo a pontos tais como novas técnicas de sondagem, spin doctoring (produção de eventos políticos e documentos para os media), marketing. O uso de consultores e gestores de comunicação e imagem e o recurso a sondagens e grupos de discussão (focus groups) fazem parte das modernas campanhas eleitorais, dentro do chamado paradigma da profissionalização da comunicação política.

Verifica-se, com o declínio da militância nos partidos políticos de massa, a necessidade de confrontar eleitorados, pelo que se torna preciso criar modos de persuadi-los e mobilizá-los. Neste aspecto, os media adquirem uma posição cada vez mais fundamental na criação de agendas de acontecimentos que prendam a atenção de cidadãos sem ligações específicas a essas estruturas partidárias. Isto quer dizer que venceu a lógica dos media. Alguns exemplos: na Itália, Silvio Berlusconi, "Sua Emittenza", tornara-se primeiro-ministro porque controlava os media televisivos; na Alemanha, Gerhard Schröder ficou conhecido como o chanceler dos media; na Holanda, o político populista Pim Fortuyn aumentara a sua popularidade ao usar a televisão com um estilo e cultura próprios; em Portugal, dois primeiros-ministros seguidos, Santana Lopes e José Sócrates, ganharam reconhecimento popular após o aparecimento nos ecrãs televisivos em programa semanal de comentário político.

Tudo isto conduziu a uma centralização de actividades de comunicação, escrevem Negrine e os seus colegas. A que leva ao nascimento de um novo público, sujeito à persuasão de massa através de publicidade sistemática, lóbingue e outras formas de manipulação (Negrine et al., 2007: 27). A profissionalização significa uma mudança no campo da política e da comunicação que, explícita ou implicitamente, se traduz numa mais eficiente organização de recursos e capacidades para alcançar os objectivos planeados.

domingo, 15 de abril de 2007

ESPECTÁCULO - 2


Lê-se na promoção da peça: "A Roma antiga do século I a.c. reinventada por Shakespeare. A vida política nas mãos de heróis de tragédia que são grandes como gigantes e humanos como nós. O povo quer coroar Júlio César imperador. Nasce a conspiração. Por boas ou más razões, Cássio e Casca convencem Bruto a unir-se a eles para eliminar César. Bruto que ama César mas também ama Roma, deixa-se convencer, e no dia fatídico dos idos de Março participa no assassinato do grande general no Senado. Marco António, jovem protegido de César, depois de um breve discurso de Bruto junto do cadáver crivado de punhais, pronuncia a sua oração fúnebre e, graças à sua habilidade retórica, levanta as massas populares contra os conjurados que são obrigados a fugir. Marco António, unindo-se a Octávio e Lépido, desencadeia a guerra civil. Na noite anterior à batalha final, o fantasma de César aparece a Bruto e no dia seguinte Cássio e Bruto, vendo-se vencidos, suicidam-se. Octávio e Marco António tomam o poder fazendo justiça à memória de Bruto e reconhecendo nele um justo".

A tirania e as lutas pelo poder, bem como a responsabilidade pública da Roma do século I, podem-se muito bem aplicar à vida de hoje. Por isso, a encenação de Luis Miguel Cintra e os figurinos de Cristina Reis de A tragédia de Júlio César, de William Shakespeare, apostam em duas partes distintas: a primeira em que os patrícios e senadores vestem à época; a segunda, em que as roupas marciais poderiam ser as usadas na época da guerra do Iraque ou da libertação de um povo vivendo uma ditadura. Mas, enquanto a primeira dá conta da união de todos (quase todos) contra o tirano, na segunda as contradições e os conflitos abrem brechas profundas e perenes. À tirania pode suceder um outro regime corrupto, quando há cegueira ou ilusão dos que suportam os novos governantes.

Observação: a segunda parte da peça parece-me muito lenta e confusa. Os jogos de luzes, demarcando as sucessivas peripécias da guerra civil opondo Bruto e Cássio contra Octávio e Marco António, tornam o palco despido, sem alma, despertando sensações mistas e desconfortáveis nos espectadores, alguns deles saindo discretamente, em discordância com a encenação.