sábado, 31 de maio de 2008

A MINHA LEITURA DO LIVRO DE JOSÉ MIGUEL SARDICA (TWENTIETH CENTURY PORTUGAL. A HISTORICAL OVERVIEW)


É, como o autor o enuncia, um livro síntese para uma audiência estrangeira (alunos de doutoramento americanos, em 2007) (pp. 10-11). Logo, não há investigação nova mas uma perspectiva de abrangência como o subtítulo indica: historical overview).

Nesse sentido, é um texto muito cartesiano, arrumando a História em períodos bem definidos, com datas-chave – 1910, 1917, 1926, 1933, 1968, 1974, 1976, 1986 (p. 11; p. 100) –, ao identificar dez regimes políticos diferentes desde o absolutismo de 1820 por comparação com a situação nos Estados Unidos e no Reino Unido. Dentro dos três regimes políticos existentes no século XX, José Miguel Sardica distingue três momentos em cada um desses regimes, numa linha historicista hegeliana ou que aceita a perspectiva biológica de nascimento, crescimento/maturação e envelhecimento/morte.

Assim, a Primeira República divide-se em Velha República (1910-1917), com a figura tutelar de Afonso Costa, consulado de Sidónio (1917-1918) e Nova Velha República (1919-1926) (p. 31).

Depois, o Estado Novo: 1933-1945, 1945-1961 e 1961-1974 (p. 65). Aqui, percebem-se o período de Constituição de 1933 ao final da II Guerra Mundial, o período subsequente até ao annus horriblis de 1961 (assalto ao navio Santa Maria por Henrique Galvão, começo da guerra colonial em Angola, invasão e perda dos territórios de Goa, Damão e Diu na Índia, tentativa de golpe de estado pelo próprio ministro da Defesa) e a queda do regime em 1974.

Já o terceiro período é dividido por Sardica em anos da revolução (1974-1976), década da consolidação (1976-1986) e era da integração europeia (depois de 1986) (p. 85).

Livro pedagógico, trata-se, por isso, de um livro muito útil. Autor com uma cultura muito vasta e sólida da História da segunda metade do século XIX, este livro é também uma ilustração do seu conhecimento sobre o século mais próximo de nós. A leitura do século XX é necessariamente complexa, cuja interpretação o historiador procura ser equilibrada. Nomeadamente a análise que faz às críticas à Igreja Católica pelos dirigentes da Primeira República. José Miguel Sardica separa as suas fortes convicções religiosas da análise rigorosa e isenta do historiador. Ele elabora, a meu ver, a forma moderna de escrever História, livre dos preconceitos ideológicos que rodeiam os historiadores identificados com o regime do Estado Novo (a historiografia do tempo de Salazar, que exorcisou a República de 1910) e com a esquerda radical (comunistas e grupo de historiadores em redor de Fernando Rosas, que decretaram o período pós 1926 como de total escuridão e isolamento, em busca da compreensão de acontecimentos como as adesões do país a instituições internacionais como EFTA, ONU e OTAN).

Claro que vale a pena seguir a interpretação feita por Sardica quanto ao salazarismo enquanto regime autoritário mas não fascista (pp. 57-60), um dos pontos que levantará, certamente, mais polémica. Outro ponto passível de discussão é o das leituras do espírito de Abril (de 1974), em que Mário Soares é o Kerenski da revolução portuguesa e Álvaro Cunhal o Lenine português (p. 82). E a dimensão das páginas de texto - doze em 93 - dedicadas à compreensão do salazarismo, embora seja certo que Salazar foi a figura que mais tempo ocupou a governação do país no século passado (pp. 47-63).


Num texto sintético, ficam assinaladas as grandes estruturas mas escasseiam os pormenores ou as áreas que não as da pura interpretação dos factos. À história política e seus principais acontecimentos e agentes sociais faltam a história económica e cultural. E, igualmente, a história dos media, que o leitor gostaria de ver contemplada. Quem sabe se vai haver um esforço futuro nesse sentido?

O texto agora publicado pela Universidade Católica Editora é completado com acrónimos (importantes para um leitor estrangeiro compreender as siglas de partidos políticos ou instituições portuguesas), uma cronologia (curiosamente começada em 1889, com o nascimento de Salazar, futuro ditador nacional, e a morte do rei Luís I, e concluída com o tratado europeu de Lisboa, em 2007) e curtas biografias de 17 principais figuras políticas nacionais ao longo do século.

MEDIAXXI COM NOVO FIGURINO


A revista MediaXXI, dirigida por Paulo Faustino, tem um novo visual e novos (ou mais precisos) objectivos e públicos-alvo.

Editado agora o número 93 e entrando no 12º ano de actividade, Faustino indica que a "publicação sempre conferiu especial importância a conteúdos com interesse para os profissionais, professores e investigadores ligados à comunicação", projecto que pretende ampliar com a inclusão de artigos científicos. Comunicação, media e entretenimento - e internacionalização - são, agora, o centro da publicação, como continua no seu editorial "Reposicionar e consolidar". Com concurso de três aspectos fundamentais:

  • 1) necessidade de informação para as instituições de mdia mas com argumentação científica, 2) informação científica para as instituições de ensino mas com compreensão da indústria, e 3) consolidação da comunicação como driver da sociedade da informação e do conhecimento.
Entre outros, a revista traz artigos de Francisco Rui Cádima, Alan Albarran, Alfonso Sanchéz-Tabernero, Steve Wildman, Robert Picard, Angela Powers e Rita Figueiras.

ALKANTARA FESTIVAL


alkantara festival, mundos em palco no 2º fim-de-semana, eis a proposta para estes dias, a rivalizar com o outro festival, o Rock in Rio.


Nomes: 1) benjamin verdonck, fumiyo ikeda, alain platel (nine finger), 2) akram khan company and national ballet of china (bahok), 3) p.a.r.t.s. (new works), 4) zoo / thomas hauert (accords).

Mais informações
aqui.

UMA COLECÇÃO MUITO CUIDADA


[Declaração de interesse: editei um livro nesta colecção, esperando vender todos os exemplares]


A colecção A Construção do Olhar, das Edições 70, é dirigida por José Carlos Abrantes e o responsável pelas edições é Pedro Bernardo.

Em primeiro lugar, friso a qualidade e o lado apelativo das capas. Em segundo, os temas seleccionados: imagens da ciência, imagens dos media, reflexão sobre a televisão, desenhos animados e crianças. Autores: Monique Sicard (de que fiz aqui referência, incluindo imagens e vídeos, como o abaixo inserido), eu próprio, Serge Tisseron e Ema Sofia Leitão. Em terceiro, e na sequência da escolha de autores e temas, o conteúdo.



Já há algum tempo ando para ler o texto de Ema Sofia Leitão, Desenhos animados. Discursos sobre ser criança, tarefa que me vou incumbir nos próximos tempos, para verter aqui um comentário mais suculento.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

PORTUGAL DO SÉCULO VINTE


Chegou hoje às livrarias o livro de José Miguel Sardica, Twentieth Century Portugal (a Historical Overview), uma edição da Universidade Católica Editora.

Professor de História Contemporânea, História do Jornalismo e da Opinião e História Comparativa da Europa na Universidade Católica Portuguesa, onde é actualmente Director-Adjunto da Faculdade de Ciências Humanas, o livro, originalmente a sua lição proferida na "Summer School" organizada por aquela faculdade em Julho do ano passado, tem vinte capítulos (e 148 páginas no total do texto).

Porque chegado hoje aos escaparates das livrarias, ainda não tive tempo de o ler. Por isso, fica o primeiro parágrafo:


  • Providing an overview of Portugal's 20th century historical evolution and reshaping is a challenging task, not only because of the time span involved - one hundred years of the most recent, vivid and controversial history - but also because of the variety of political experiences that Portugal endured in those years, each aiming at the establishment of one given social and institutional framework. For such a long-established country - one of oldest in Europe dating back more than eight centuries - the last hundred years were among the most vertigious and important in its history. It was a time of speedy and often contradictory change that set a backward and underdeveloped nation on the road towards the present national economic development, political democracy and free society, enabling Portugal to become, despite structural weaknesses, an actively participating member of one of the most advanced regions in the world.
Dos vários capítulos do livro, retiro alguns: queda da velha monarquia, cultura republicana, questão religiosa, morte do liberalismo português e queda da Primeira República, ditadura militar e ascensão de Salazar, essência ideológica e definição histórica do salazarismo, guerra colonial e ventos de mudança dos anos 1960, Primavera de Caetano, leituras do espírito de Abril (de 1974), entrada na Europa e Portugal moderno. O livro contém ainda curtas biografias dos principais dirigentes políticos do país nesse século importante para Portugal que foi o XX. É, com certeza, uma leitura obrigatória para os próximos tempos.

ELEMENTOS PARA A COMPREENSÃO DAS REDES SOCIAIS


Uma rede social é formada na internet com dispositivos de troca e partilha de mensagens e ficheiros, chats, grupos de discussão, blogues, música, álbuns fotográficos e vídeos e interactividade nos telemóveis, que ligam amigos e amigos de amigos. Angaria amigos físicos e virtuais, reunidos por um tema, agregando novos utilizadores por convite, e decalca a relação como se fossem convites para participar numa festa ou grupo. Exponencia o lado lúdico, com actualização como se fosse um noticiário de amigos – festas, férias, fotografias, ponto de encontro virtual.

As redes sociais revolucionaram o modo de comunicar e partilhar informação com outras pessoas (ver texto na
Wikipedia). Os principais tipos de redes sociais contêm directórios de várias categorias, caso de antigos colegas de uma turma ou curso, que permanecem amigos e estabelecem ligações entre si pela internet e recomendam redes sociais em que confiam.

Segundo Boyd e Ellison (2007), redes sociais como
MySpace, Facebook, CyWorld e Bebo têm atraído milhões de utilizadores, integradas nas práticas das suas vidas diárias. Muitos dos sítios apoiam a manutenção de redes sociais pré-existentes, atraindo diversas audiências ou criando audiências em torno de língua comum ou interesses partilhados como raça, sexo, religião ou nacionalidade. Com frequência, um utilizador pertence geralmente a mais do que uma rede social ( fotografia de Danah Boyd retirada do seu sítio).

Conforme as mesmas investigadoras (Boyd e Ellison, 2007), define-se a rede social como um serviço de internet que permite aos indivíduos: 1) construir um perfil público dentro de um sistema definido, 2) articulando outros utilizadores com quem estabelecem ligações, 3) atravessando a sua lista de ligações com outros utlizadores dentro do sistema. O que torna distinta a rede social, continuam Boyd e Ellison, não é tanto fazer contactos com desconhecidos mas articular e tornar visível as redes sociais a que um utilizador pertence. Em muitas das redes sociais, concluem os dois investigadores, a rede social serve principalmente para comunicar com as pessoas que já pertencem a essa rede.

As redes sociais datam da presente década, tendo sido o
Orkut uma das primeiras redes. Cada nova rede procura agregar funcionalidades tecnológicas mais recentes de modo a atrair mais utilizadores. O Hi5 é a rede mais popular em Portugal e o Facebook uma das mais importantes nos Estados Unidos. Nomes de algumas dessas redes: MySpace, Facebook, Bebo, Skyrock Blog, Hi5, Orkut, Friendster, CyWorld e LinkedIn. A primeira rede social foi a ARPANET, a que se seguiram listas como a BBS (Bulletin Board Services), por exemplo.

O texto da
Wikipedia chama a atenção para o aparecimento de sítios como Classmates.com (1995) e SixDegrees.com (1997), relacionados com antigos colegas de escola, agora juntos numa rede virtual. A partir de um perfil criado, este era enviado por uma mensagem para uma “lista de amigos” e outros membros que se julga partilharem de gostos e preferências aproximadas. As inovações, continua a ler-se no mesmo texto, incluiam os amigos com quem um utilizador se relacionava mas também permitia maior controlo sobre o conteúdo e interactividade.

Em 2005, os serviços das redes sociais MySpace e Facebook cresceram muito rapidamente. Já em 2007, o Facebook começou a desenvolver novas aplicações, possibilitando ao utilizador desenvolver trabalho gráfico. Em Março de 2005, a Yahoo lançou o Yahoo! 360°, a que se seguiu, em Julho de 2005, a compra do MySpace pela News Corporation.

A investigação feita sobre o impacto social do software das redes sociais, como o Facebook [
Wikipedia], reside em tópicos como: 1) identidade, 2) privacidade, 3) e-learning, 4) capital social, e 5) uso pelos adolescentes.

Um autor americano, P. David Marshall, no livro New media cultures (2004), fala em pares de antinomias que justificam a análise às redes sociais e à internet no geral: acesso/exclusão, personalização/colectividade, trabalho/jogo, produção/recepção.

[mensagem baseada em textos da Wikipedia]

quinta-feira, 29 de maio de 2008

COMUNICAR A EUROPA


Hoje, ao final da tarde, Johannes Laitenberger, porta-voz da Comissão Europeia, falou sobre Comunicar a Europa: a política de informação na União Europeia. O local da conferência foi a Universidade Católica Portuguesa.

Após se referir à construção da União Europeia e aos desafios mais recentes (concertação sobre reunificação europeia, com alargamento a 27 países, que representam 500 milhões de habitantes, modernização económica e social, projecto continental num mundo globalizado, políticas energéticas e climáticas, políticas dos resultados), Laitenberger referiu as três vertentes do trabalho e do debate em torno das políticas de comunicação: comunicação social, com o público em geral, com públicos especializados, em Bruxelas e nos Estados membros.

Laitenberger destacou o número de jornalistas creditados em Bruxelas - 1300 -, o que faz daquele local a maior concentração de media em todo o mundo. Frisou ainda a importância do encontro diário com a imprensa e das facilidades de comunicação ao serviço dos jornalistas, que começara no telefone e na televisão e agora está na internet, com videoclips da conferência de imprensa diária e blogues. No respeitante aos media audiovisuais, a Comunidade Europeia fala 21 línguas (em 27 Estados), o que significa ter de traduzir, tarefa difícil atendendo à necessidade imediata de recolha de sons.

O porta-voz da Comissão Europeia teve ainda oportunidade para se referir ao Plano D - Democracia, Diálogo, Debate. O Plano D significa espaços públicos de debate com os cidadãos, debates especializados ou não, cujo objectivo é o reforço do conhecimento das questões europeias.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

ROMANCE NA INTERNET

Marta Amado é uma jovem escritora que procura editar o romance intitulado Vidas Desencontradas. Enquanto não a encontra, decidiu partilhar com os seus leitores da internet o romance, a ler no blogue Palavras Soltas.

terça-feira, 27 de maio de 2008

NOVOS MEDIA E CONVERGÊNCIA


Os novos media e a idade da convergência é o título da conferência que Miguel Martins, editor do Expresso Multimedia, vai proferir no dia 2 de Junho, na Escola Superior de Educação de Coimbra.

O objectivo desta conferência é analisar as tendências e os desenvolvimentos recentes no domínio dos media, em tempos de transição para sistemas integrados multimédia e on line.

Tomando como objecto de análise a plataforma multimedia do Expresso, Miguel Martins vem mostrar como estes desenvolvimentos, mais que uma promessa para o futuro, são já uma realidade em termos de práticas profissionais, de configuração das organizações, de produção e estruturação de conteúdos e de hábitos de consumo.

Mais informações em www.esec.pt.

CONCURSO DE IMAGEM

Desafio Quentes e Boas é um concurso de imagem e criatividade promovido pela Páginas Amarelas que decorre até Novembro de 2008, apadrinhado por Fernando Alvim.

Aos participantes basta criar um vídeo (individual ou em grupo), que conte uma história real ou ficcionada, em que um ou mais produtos da Páginas Amarelas sejam protagonistas. Há prémios para os três melhores videos.

Ver informações detalhadas sobre o desafio
aqui e como participar aqui.

ESTRATÉGIAS DO AUDIOVISUAL SEGUNDO RUI CÁDIMA


Talvez ainda mais importante que o estudo da ERC, aqui discutido ontem, é o livro que Francisco Rui Cádima lançou a semana passada, A Crise do Audiovisual Europeu. 20 Anos de Políticas Europeias em Análise. Escreve ele: “Mais de vinte anos depois, o essencial permanece imutável. A «obra europeia» neste sector confunde-se com o «telelixo»” (p. 93).

Acrescenta o autor, pessimista com o rumo que o audiovisual tem tomado na Europa, que os canais públicos prosseguem estratégias comerciais sem colocar primazia na cidadania ou na ética, enquanto se agrava o défice comercial no audiovisual face aos Estados Unidos, sem nada ser feito no domínio da educação para os media.


O audiovisual, continua, não é visto na dimensão social e cultural, mas na de “serviço económico” e “mercado”. Salienta ainda a ausência de investimento na formação de recursos humanos em áreas como computação e gestão de projecto multimedia. Cádima aponta igualmente a ausência de uma avaliação rigorosa da Directiva comunitária Televisão sem Fronteiras e a necessidade de um “controlo efectivo dos géneros de programas, metodologias e estatísticas referentes a quotas de programas dos operadores”.

Se o estudo da ERC identifica ao pormenor o caudal de programas e serviços noticiários nos canais televisivos e aponta os pontos fortes e as fragilidades no âmbito nacional, Cádima olha a legislação da Comunidade Europeia e detecta os múltiplos equívocos nas estratégias (ou sua ausência) da política comunitária do audiovisual. Assim, os erros ou defeitos comunitários reflectem-se necessariamente sobre o tecido audiovisual nacional, tarefa que não compete à ERC na sua análise.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

AINDA A ERC


Sobre os grupos económicos de media, o relatório hoje divulgado pela ERC tem dados interessantes sobre os grupos de media, sem necessidade de comentar, dada a eloquência do texto. Aí se lê:

1. Em 2007, os grupos económicos analisados - ZON Multimédia (anteriormente denominada PT Multimédia), Impresa, Media Capital, RTP, Cofina, Renascença e Sonaecom - obtiveram um volume global de negócios de 2 541 milhões de euros, empregaram 9 683 pessoas e geriram activos que, no final do ano, totalizavam 4 446 milhões de euros.
2. Em termos de dimensão, evidenciam-se os grupos SONAECOM e ZON Multimédia que, em conjunto, representavam mais de 62% do total da facturação e dos activos. Atendendo ao número de trabalhadores, destaca-se a RTP, responsável por mais de 24% dos postos de trabalho.
3. Quanto à rendibilidade, os indicadores revelam também alguma disparidade entre os grupos. No que respeita à rendibilidade operacional do activo, que variou entre 9,8% e (2,5%), os grupos ZON Multimédia, MEDIA CAPITAL e IMPRESA situaram-se, em 2007, claramente acima da média.
4. Os grupos de comunicação social em análise têm modos de organização diversos no que diz respeito aos desafios do sector, estando a ZON Multimédia e a SONAECOM particularmente aptas para actuarem num contexto de convergência entre as telecomunicações e os media.
5. Os grupos CONTROLINVESTE e IMPALA não foram objecto de estudo, uma vez que à data de elaboração deste relatório os respectivos documentos de prestação de contas de 2007 não tinham sido ainda divulgados.

PÚBLICOS DE TELEVISÃO


Da análise do estudo da ERC, e por deformação quase profissional, eu olhei para as sínteses sobre públicos dos canais televisivos de sinal aberto e noto mais semelhanças do que diferenças.
Assim, na RTP, SIC e TVI, o público maioritário é feminino, com mais de 64 anos, vivendo no interior do país e classes sócio-económicas C2 e D. A única diferença é o público dos 4 aos 14, que é o segundo nível etário na RTP2 e o último na RTP1. A diferença de peso da profissão "dona de casa" (mais na RTP que nos canais privados) carece de melhor observação.

Conclusão última: dada a semelhança entre RTP e canais comerciais, pode concluir-se que, provavelmente, não é preciso serviço público de televisão.

MANCHETES SOBRE CRIMES DESTACAM-SE NO JORNAL PÚBLICO


A ler com cautela, porque o título é enganoso

No Público online de hoje, a partir de take da Lusa, lê-se:

Segundo o Relatório de Regulação de 2007 da ERC
RTP, SIC e TVI não cumprem lei da televisão e contrato de concessão (26.05.2008 - 13h59 Lusa)
As três televisões generalistas não cumpriram no ano passado as suas obrigações, tendo a RTP falhado na difusão de obras em português e a SIC e TVI nos programas de debate e entrevistas, segundo o Relatório de Regulação de 2007 da Entidade Reguladora para a Comunicação Social hoje divulgado.
De acordo com este Relatório de Regulação, a monitorização da emissão dos canais portugueses mostrou "insuficiências claras" no cumprimento das obrigações da RTP, nomeadamente no que diz respeito a programas formativos e dirigidos aos jovens e crianças, mas também na quota de difusão de obras de produção em língua portuguesa. A RTP1 não cumpriu a obrigatoriedade de difusão de pelo menos 20 por cento de obras criativas de produção originária em língua portuguesa, tendo até registado uma "descida relevante" relativamente a 2006. Incumprimento que foi também registado na RTP2, onde se verificou igualmente uma descida. A estação pública registou também um "baixo índice" de programas formativos e uma "quase ausência" nos dias úteis de programas dirigidos aos públicos juvenil e infantil e aos grupos minoritários, obrigações impostas pelo contrato de concessão de serviço público. A ERC fez ainda um "reparo crítico" à RTP2 devido às repetições de programas, que representam "mais de um quarto da programação" neste canal. Os canais privados SIC e TVI também foram acusados de incumprimento, tendo ambos falhado a obrigação de emitir programas informativos de debate e entrevista autónomos e com periodicidade semanal. A ERC adianta ainda que a TVI não cumpre a obrigação de emitir diariamente programas dirigidos ao público juvenil e infantil, no período da manhã ou da tarde.

O texto do Público online dá 19 linhas à informação sobre a RTP e 4 linhas sobre os dois canais privados. No relatório da ERC, há cerca de 35 páginas dedicadas à avaliação da programação dos dois canais públicos e cerca de 30 páginas aos dois canais comerciais (SIC e TVI). Na análise aos noticiários há igual equilíbrio. O jornal deveria respeitar este mesmo equilíbrio.

Eu procurei outras páginas do relatório (de 1226 páginas!) e vi o que se escreve sobre o Público e o Diário de Notícias (p. 959):

A análise das primeiras páginas das 15 edições do Diário de Notícias e do Público abrangidas na amostra registam um conjunto de características e padrões que confirmam a sua natureza de jornais “de referência”, não obstante contenham também, nomeadamente o Diário de Notícias, elementos característicos do perfil “popular”.
• Esses elementos estão presentes, nomeadamente, na selecção e hierarquização dos temas mais frequentes e no enfoque colocado na sua abordagem, na construção de títulos, na identificação e pluralidade de fontes. No Público, destaca-se o peso dos temas e protagonistas internacionais e da cultura, com valores mais elevados que no Diário de Notícias.
• Nas 15 edições de cada jornal identifica-se uma maior fragmentação da primeira página do Diário de Notícias, relativamente à primeira página do Público, patente no maior número de artigos (em títulos, chamadas etc.) (203) do que a primeira página do Público (116).
No que respeita a manchetes, embora em ambos os jornais a maior parte das manchetes incida sobre um conjunto variado de temas, destacam-se as manchetes sobre crimes [colorido meu].

Isto é, se o Público chama a atenção para o que se passa nas televisões, eu puxo o tema das manchetes sobre o crime naquele jornal para primeiro plano. A minha leitura é tão válida como a do jornal, mas igualmente errada. Com a agravante do jornal não enunciar as parcelas boas da análise da ERC sobre os canais de televisão. O erro, o não cumprido, o negativo é notícia; os aspectos positivos são omitidos. É preciso ter atenção com este modo de fazer as notícias, mesmo que a fonte seja a agência de notícias Lusa!

Conclusão última: da notícia do Público parece haver um ataque ao serviço público de televisão.

UM PROJECTO DE PÓS-DOUTORAMENTO – QUE ME LEMBREI DE ESBOÇAR HOJE MAS NÃO VOU FAZER (5) [CONCLUSÃO]


[continuação do texto dos dias 6, 9 e 25 de Abril e 8 de Maio]

Como as tecnologias retrataram (ou poderiam retratar) o Maio de 1968

Os jornais seriam o único meio de comunicação veiculando informações (sobre a televisão e os seus noticiários ler o livro de Francisco Rui Cádima). Mas como Portugal era um país amordaçado, a objectividade e imparcialidade não existiam, dado o aparelho de censura que tudo sopesava e cortava. O esterótipo tomou conta da representação do movimento. Os jornais começaram a perder peso em termos de volume de vendas, mais acentuado nos anos de 1980, com o desaparecimento de muitos títulos (embora novos surgissem). Dada a quantidade de imagens (e de ícones então nascidos com as demonstrações estudantis francesas), as revistas, embora de modo ténue, eram o melhor espaço para informar o que se passava em França.

Algum telefonema ou a vinda de alguém conhecido de França seriam eventualmente os modos mais adequados de transmissão de conhecimentos, conquanto o telefone sofresse escutas, com alocação de aparelhos de escuta numa zona discreta em cada central telefónica.

Então iniciada, a Primavera marcelista (mudança de regime por dentro) fracassaria. Entre 1968 e 1969, o regime experimentou mudanças. A ala liberal do parlamento (então Assembleia Nacional), em que Sá Carneiro e Pinto Balsemão seriam dos membros mais conhecidos, recuava rapidamente. A televisão era controlada pelo regime, enquanto a rádio, como acima escrevi, passava por uma mudança tecnológica e geracional, embora sem força para dar conta do que se passava fora de Portugal – afinal havia mudanças em França, na Alemanha, nos Estados Unidos.

As rádios livres, primeiro, e a televisão privada de 1992 e 1993, logo depois, fizeram o audiovisual ser a tecnologia de comunicação mais importante, na informação e no entretenimento (o cinema também se ressentiu da massificação da televisão, em especial quando a telenovela surgiu à hora do jantar, caso de Gabriela, que fazia parar o país). Dois indicadores de serviços davam conta dessa paragem num tempo em que não havia medição de audiências: as centrais telefónicas mecânicas ficavam mudas durante a transmissão da telenovela e desatavam num enorme ruído quando ela acabava (o ruído era provovado pelo equipamento que funcionava); o caudal de água consumida era mínimo durante o mesmo período, aumentando substancialmente quando a novela acabava. Os técnicos desses dois serviços conseguiam assim medir fluxos de consumo.

De 1974, quando houve mudança de regime político, até 1986, data de entrada do país na CEE, as tecnologias foram lentas na sua evolução, como atrás descrevi. Mas o Maio de 1968 já não era tão importante, dadas as transformações – sociais, económicas, profissionais, culturais e tecnológicas.

Quarenta anos de história, sem contar com as guerras, as descobertas científicas, as alterações da natureza, os movimentos sociais, a arte e a cultura, são já muito tempo. De alegrias e tristezas, de saltos no progresso e de recuo nas mentalidades, como alguns movimentos religiosos extremistas que executaram graves acidentes em Nova Iorque, Londres e Madrid. A tecnologia e o impacto que ela tem na sociedade, que a aproveita e reapropria, como no caso dos SMS do telemóvel, é o elemento fulcral deste projecto que ainda agora começou e já o dou por encerrado. O pós-doutoramento vai ter de esperar por dias mais calmos e disponíveis.

domingo, 25 de maio de 2008

LER JORNAIS VERSUS VER TELEVISÃO


O meu ponto de partida pode ser bizarro, quando defendo a importância da leitura de jornais face aos noticiários televisivos: a distância do olhar ao objecto olhado. Quando vemos televisão, a distância é elevada, existindo focos de atenção entre nós e o aparelho, que nos desconcentra. A aliar a isso, uma menos capacidade de atenção do meio visual, em que a imagem vale mais do que o texto. Por seu lado, quando lemos um jornal ou um livro, a distância entre o olhar e o objecto é a distância focal do indivíduo, obrigando a uma mais elevada concentração dos sentidos.

Isso, a meu ver, justifica porque compreendo melhor as situações actuais na China e na África do Sul lendo os jornais do que vendo os noticiários da televisão. No Público, Jorge Almeida Fernandes explica-nos porque "O mundo gosta da China". Porque o recente terramoto naquele país foi acompanhado quase em directo e permanência pelos governantes e pelos media, dando um retrato do desastre mas, em especial, das medidas de solidariedade nacionais e internacionais, quando em contraponto com o isolamento total (informativo e governamental) em tragédia semelhante em 1976.

Já no Observer, John Carlin explica o que se está a passar na África do Sul ("Blame it on apartheid's cruel legacy of bad schooling and joblessness"). A morte e a violência nas cidades daquele país explicam-se por aquilo a que Carlin chama de negrofobia: não são os brancos os principais alvos da violência mas os imigrantes de Moçambique, Malawi, Somália, Congo e Nigéria. Neste momento, a África do Sul tem 40% de população desempregada; os imigrantes são mais bem qualificados e ganham aos naturais do país os empregos em concurso, o que os põe zangados, impotentes, ressentidos e, em especial, com fome. Pergunta Carlin: imaginem que 40% dos naturais de países como a França, Reino Unido ou Espanha estivessem desempregados e os novos empregos fossem para imigrantes do leste europeu ou de outras origens. O que fariam?

Por isso, retomo a minha perspectiva: a distância do olhar ao objecto olhado é um elemento fundamental na compreensão e conhecimento dos factos. A reflectir com mais profundidade numa outra ocasião.

LIVROS


A página inteira do Público dedicada à Feira do Livro que abriu em Lisboa, depois das polémicas dos dias mais recentes, dá conta de muita gente visitante no primeiro dia de feira. E a jornalista Isabel Coutinho destaca o merchandising e as promoções, ou "os produtos associados ao livro", a ganhar terreno.

As três páginas do Observer, assinadas por Robert McCrum, assinalam outra realidade. Se o texto do Público é sobre um acontecimento, com informação impressionista sobre a abertura da feira do livro, o trabalho do Observer é sobre uma problemática, a do negócio do livro na última década.

Escreve McCrum que, em dez anos, se deixou de associar livros a cigarros, cafés e bebidas fortes, numa mudança para o "politicamente correcto". O editor literário do jornal inglês fala em dez principais mudanças nesta década no que diz respeito ao livro. Destaco apenas alguns tópicos, por desconhecimento dos outros: o aparecimento de novos escritores (ver o caso de JK Rowling com Harry Potter), os grandes negócios em torno do livro, a internet (a www.amazon.uk.com, entre outras), o leitor electrónico e portátil de livros Kindle, os prémios e os festivais literários [aconselho a leitura de todo o texto de McCrum, a procurar na internet].

Volto ao Público e à página do provedor do leitor. Joaquim Vieira, a partir de uma carta de leitor, analisa um texto publicado no jornal sobre o grupo editorial Leya, onde se falava de "tentáculos de grandes grupos", "sinal de alarme", "vítimas", expressões usadas para salientar a concentração na indústria livreira. Escreveu o leitor: "Parece que a jornalista terá preferência por determinado modelo económico". Na verdade, uma coisa é descrever um facto, outra é olhá-lo com um quadro teórico ou político ou económico. O provedor chama a atenção para o livro de estilo do jornal, onde se distinguem as matérias de facto e de opinião.

APONTAMENTO SOBRE O ENSINO DO JORNALISMO


Pelo cálculo do Via Michelin, Vila Real dista do Barreiro 437 quilómetros (Portugal é um país pequeno). Contudo, o anúncio colocado no blogue Comunicamos, pertencente a um departamento ligado à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, considera Barreiro como ficando no estrangeiro, estranha forma de dizer que a distância entre o produtor da mensagem e o local de emprego é considerável.

Não sou favorável ao controlo dos conteúdos, mas basta haver bom senso para eliminar tais erros. Ninguém, absolutamente ninguém, lucra com estes erros infantis.

Já agora, sigo com atenção a produção de todo o conjunto de blogues
Comunicamos, excelente meio de colocar professores e alunos a trabalhar com novas ferramentas de comunicação. Um exemplo são os curtos vídeos colocados, como este. Há grandes potencialidades no seu uso, perspectivando a criação de televisões locais na internet. O grande obstáculo é o lado financeiro de tais projectos, possivelmente ultrapassado se associados com outros media mais clássicos como a imprensa e a rádio.

Um reparo, apesar da bondade das propostas feitas na área das ciências da comunicação daquela universidade: o Manual de Jornalismo Impresso tem, como bibliografia, apenas quatro referências: 1) Gradim, A. (s.d.). Manual de Jornalismo Livro de Estilo do Urbi et Orbi. Obtido de BOCC:
http://www.bocc.ubi.pt/, 2) Livro de Estilo Público (2ª ed.). (2005). Lisboa: Gradiva, 3) Sousa, J. P. (2001). Elementos de Jornalismo Impresso. Porto: BOCC (http://www.bocc.ubi.pt/), 4) Tuchman, G. (1993). A objectividade como ritual estratégico: uma análise das noções de objectividade dos jornalistas. In N. Traquina, Jornalismo: Questões Teóricas e Estórias (pp. 74-90). Lisboa: Vega. Não será de menos? A produção nacional, nomeadamente as colecções de livros da MinervaCoimbra, da Porto Editora e dos Livros Horizonte, não têm qualidade? Autores como Cristina Ponte, Joaquim Fidalgo, Manuel Pinto, Fernando Cascais, Estrela Serrano, Mário Mesquita não devem ser incluídos num manual deste tipo? Ou Michael Schudson ou Thomas Patterson? Formam-se estudantes num mínimo de informação? Não devem ser profissionais críticos?

sábado, 24 de maio de 2008

TEXTOS NA BOCC


Tenho dois textos na BOCC (Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação) escritos em 1999. Têm os títulos de Internet, jornais electrónicos e teletrabalho e Os media, as tecnologias de informação e o turismo.

Como estão datados!

DADOS DE TELEVISÃO E INTERNET


Em termos de audiências de televisão, na semana de 5 a 11 de Maio, a TVI teve 30,2% de share de audiência, seguindo-se a SIC com 26,5%, a RTP1 com 23,1%, a RTP2com 5,3% e o cabo e outros canais com 14,9%. Na lista dos dez programas de maior audiência, os programas de informação lideraram (seis), seguindo-se as novelas (três) e o programa de comentários ao jogo de futebol da Liga Bwin.

Quanto à internet, foi de 1964 milhares o número de utilizadores únicos de internet que acederam a partir de casa, baixando face a semanas anteriores. O tempo de navegação repartiu-se pelos domínios de topo .com (51,7%) e .pt (36,5%). Os restantes domínios de topo representaram na semana 11,8% do tempo dedicado a este meio.

[informação e imagens a partir de Marktest]

ILUSTRAÇÃO DE EUNICE ROSADO


Eunice Rosado é uma muito jovem ilustradora, que já participou em exposições e tem um blogue chamado perto da lua (tem mais blogues, como o que indico a seguir).


Retiro um texto de um outro seu blogue this nice dog, a 20 deste mês:

  • Eunice a Ilustradora? Eunice a menina? Eunice a dona dos seus cães? A rapariga de camisola lilás e olhar melancólico? Que idade me darão as pessoas no autocarro? E que imagem formarão de mim? Serei eu invisível. Serei a única a reparar na carrinha verde que a rapariga de óculos de sol conduz? Que fará ela tão nova, conduzindo a redonda Piaggio todos os dias? Tenho saudades de ter uma máquina de costura, de ver a Ema cachorrinha e indefesa, de andar na escola como estes miúdos que entram na paragem do Quiosque... De comprar gomas no Quiosque antes de apanhar o autocarro e seguir para casa com um sorriso grande e incocente na cara!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

ADELINO GOMES VAI SER O NOVO PROVEDOR DO OUVINTE DA RDP


Caso o Conselho de Opinião da RTP aceite, Adelino Gomes vai ser o novo provedor da RDP (notícia de Ponto Media e Público online, às 12:19, por Filipa Jorge).

A Administração da RTP endereçou o convite a Adelino Gomes para o cargo de provedor do ouvinte das estações da rádio pública, formalmente aceite na quarta-feira. A nomeação do jornalista, de 63 anos (41 anos de actividade), até agora grande repórter do Público, um dos seus fundadores e que agora abandona o jornal, fá-lo suceder a José Nuno Martins.

Segundo a notícia que estou a seguir, "O Conselho de Opinião da RTP analisa os nomes indigitados pela administração tendo em conta três considerações essenciais, identificadas na lei: idoneidade, reconhecida competência e ter trabalhado no sector dos meios de comunicação nos últimos cinco anos".

A rádio pública, tenho a certeza absoluta, ganha um grande provedor do ouvinte - o que é uma grande alegria. A profissão, e o Público muito em especial, perde um enorme jornalista - o que é uma muito maior tristeza. Adelino Gomes é uma memória dos media nestas décadas que ele leva de profissão. E igualmente uma referência - já começo a sentir saudades de o ler, eu que o critiquei aqui logo abaixo desta mensagem.

Desejo muitas felicidades ao Adelino.

SERVIÇO DE MÚSICA DA GULBENKIAN


Deixei escapar a notícia de anteontem do Público, assinada por Adelino Gomes, sobre mudanças previstas no Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian. À saída do director Luís Pereira Leal, de 71 anos, apontava-se a sua substituição por Rui Vieira Nery, antigo secretário de Estado e professor universitário, além de grande divulgador da música clássica, nomeadamente na Antena 2. Mas a Fundação decidiu abrir um concurso internacional para o lugar e, pela leitura da notícia, Nery não se encontra nos quatro seleccionados para a escolha final.

Quando li a notícia lembrei-me do desaparecimento do corpo de bailado da Gulbenkian, que tanta polémica causou nos anos mais recentes. Pensei que o mesmo destino esperaria a música. Mas a notícia parece apontar outras razões: renovação geral dos públicos; o novo director terá iniciativa limitada nos primeiros dois anos porque a programação já está delineada. Além de que, recentemente, a orquestra alargou o número de músicos e o maestro titular foi reconduzido.

O jornalista cita a porta-voz da Gulbenkian, escreve que a administradora com o pelouro da música da Fundação não se mostrou disponível para comentar e coloca entre aspas a informação de uma fonte anónima. A meu ver, o jornalista não deveria usar uma fonte anónima, embora tal ilustre um ambiente difícil na Gulbenkian, com alguns problemas em explicar o que acontece lá dentro. A Fundação é quase como o governo: tudo o que lá se passa interessa à opinião pública, pelo impacto que tem na cultura nacional. Deveria haver uma informação mais cabal do que o que a porta-voz da instituição disse, nomeadamente de quem tomou a decisão da iniciativa.

O PROVEDOR DO LEITOR SEGUNDO JOAQUIM VIEIRA

Anteontem, Joaquim Vieira falou sobre a actividade do provedor do leitor (Universidade Católica), tendo eu feito um pequeno vídeo como se observa em baixo.

Começando por referir o artigo 37 da Constituição Portuguesa, o direito de liberdade de informar, a actividade (não) regulada e a liberdade que implica responsabilidade, o provedor do leitor do jornal Público elencou algumas perspectivas positivas e negativas dos media na sociedade de hoje.

Assim, de entre os aspectos positivos, ele destacou que os media emanam da sociedade civil, integram a opinião pública, escrutinam os diversos centros de poder (Estado, privados), assumem-se como contrapoder, estimulam o pluralismo e a diversidade, promovem e intensificam a cidadania e são um factor identitário. Ao invés, e na perspectiva negativa, os media não são representativos (não são eleitos), podem ser vulneráveis à instrumentalização, dependem do investimento financeiro, seguem uma agenda diversa da agenda pública, distorcem a realidade, resistem a ser contraditados e criam o "circo mediático".



Como elementos de regulação dos media, o provedor do Público falou do ordenamento legal, da regulação administrativa, da pressão da opinião pública e da auto-regulação. Concluindo com as três funções em torno do conceito de provedor: 1) estabelece ponte com os cidadãos, 2) explica os mecanismos de produção jornalística, e 3) debate publicamente o tratamento da informação.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

PUBLICIDADE EM BLOGUES


Chris Unitt, do blogue Created in Birmingham (CiB), escreve hoje que o seu espaço terá publicidade a partir da próxima semana.

Quais as razões? Primeiro, porque o
CiB tem uma comunidade regular de 40 mil visitantes mensais que procuram informação em arte, design, música e outras matérias de natureza criativa, número interessante para um anunciante. Segundo, porque irá cobrir custos com o registo do domínio e outros custos, podendo reinvestir o restante dinheiro a cobrar em benefícios do sítio.

Preços: duas semanas de anúncio=50 libras (se o câmbio for 1,5 euros dá 75 euros), quatro semanas=100 libras (200 euros). Unitt garante o controlo da publicidade (dentro do perfil do seu sítio).

Um exemplo a seguir pelos blogues nacionais. O Indústrias, esta semana, está com 750 visitantes por dia, o que dá 22500 no final do mês. Atendendo à relação com o mercado em que está inserido (Portugal vale um quinto da população do Reino Unido), o Indústrias vai pensar no que o
CiB vai fazer, aceitando propostas.

ANANIL - EVENTO CULTURAL EM MONTEMOR-O-NOVO


A 4ª edição do ANANIL – Evento Cultural, que decorre de 13 a 15 de Junho, dá "continuidade ao trabalho de promoção cultural e conservação do património natural e humano desenvolvido pela Associação Oficinas do Convento e seus parceiros nos últimos quatro anos" (informação da organização).

O programa conta com exposições no interior do moinho, show room para a exibição de trabalhos em vídeo, concertos de pequeno e grande formato, Live Acts no espaço tenda, performances, instalações/intervenções no espaço e espectáculos do I Encontro de marionetas de Montemor-o-Novo.

Para saber mais, ver em
www.oficinasdoconvento.com,
www.ananil.com e www.myspace.com/ananil.

3,2,1 - 3 ENSAIOS, 2 DIAS DE GRAVAÇÃO, 1 CONCERTO


O projecto 3,2,1 do Clube Português de Artes e Ideias surge com "o intuito de promover a produção musical nacional, permitindo que bandas sem material gravado tenham a oportunidade de ensaiar, gravar um single e dar um concerto ao vivo" (informação da entidade organizadora).

As inscrições decorrem até 31 de Maio, no sítio do
Clube Português de Artes e Ideias, por e-mail e por correio. As bandas vencedoras, seleccionadas pelo Centro de Experimentação Artística (CEA), poderão usufruir das instalações e do equipamento técnico daquele centro. No final, cada banda pode ter oportunidade de apresentar o seu trabalho ao vivo num concerto onde também se faculta a venda de cópias do resultado das gravações.

Regulamento do concurso em
Clube Português de Artes e Ideias (Fábrica da Pólvora - Edifícios 25 a 29, Estrada das Fontainhas, Oeiras). Mais informações: artesideias.fabricadapolvora@gmail.com.

MAIO DE 1968 EM REVISTA


O Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP) da Universidade Católica Portuguesa vai lançar o número 12 da revista Povos e Culturas dedicado ao tema Reflexos do Maio de '68 na Sociedade Portuguesa.
Com apresentação de João Carlos Espada, o número conta com a colaboração de José Barata-Moura, António Coimbra Martins, Luís Salgado de Matos, Adriano Moreira, Isabel do Carmo, Jorge Paulo Cancela da Fonseca, Jaime Nogueira Pinto, D. Eurico Dias Nogueira, Veiga Simão, Justino Mendes de Almeida, Maria Manuela Aguiar, Nadir Afonso, Mário F. Lages e Ana Maria Costa Lopes.

O lançamento da revista será no dia 26 de Maio, pelas 18:00 horas, na Universidade Católica Portuguesa (Sala de Exposições, Edifício da Biblioteca, 2º piso).

DOC'S KINGDOM EM SERPA


O Doc’s Kingdom (Seminário Internacional sobre Cinema Documental), em Serpa, de 17 a 22 de Junho, tem
inscrições abertas.

Dizendo melhor, o Doc’s Kingdom é "um encontro de reflexão sobre cinema documental contemporâneo que se realiza desde o ano 2000 em Serpa. Visa uma melhor compreensão dos caminhos do cinema, através da projecção de filmes produzidos nos últimos anos, proporcionando debates colectivos a partir de obras concretas, de acordo com uma temática orientadora".

O seminário vai contar com a presença, entre outros, de Joris Ivens, Vittorio de Seta, João Mário Grilo, Jean-Claude Rousseau, James Benning, Inês Sapeta Dias, João Nisa, Sylvie Lindeperg e Nicolas Philibert.

Este ano, o ponto de partida do programa de filmes e debates é a paisagem:

  • A paisagem como um dos parâmetros possíveis de análise de todo o movimento do cinema moderno e de muitas experiências-limite do cinema actual. A paisagem como lugar geométrico de diferentes artes contemporâneas – e, nesse sentido, como chamada de atenção para o papel de vanguarda, ou de deslocador de fronteiras, que é, ainda e sempre, o de algum documentário. A paisagem como terreno privilegiado de interrogação e depuração da imagem em movimento – e nessa medida, uma vez mais, algo que aqui lembramos enquanto resistência ao cinema da banalização, da redundância e da saturação de efeitos.

PROGRAMA DE INTERCÂMBIO ARTÍSTICO LISBOA – BUDAPESTE

  • No âmbito do Acordo de Geminação e de Intercâmbio de Artistas entre os Municípios de Lisboa e Budapeste, a Divisão de Galerias e Ateliers (DGA) e a Divisão de Relações Externas e Protocolo (DREP) irão seleccionar dois artistas para duas residências artísticas em Budapeste, durante o período de um mês, realizando-se a primeira residência de 1 a 31 de Julho e a segunda residência de 1 a 31 de Agosto.

    Para formalização das candidaturas, estas deverão ser formalizadas mediante requerimento dirigido à Divisão de Galerias e Ateliers, em envelope identificado, onde conste o nome do candidato e entregue na Rua Alberto Oliveira, Palácio dos Coruchéus, Atelier nº 50, 1700-019 Lisboa, de 2ª a 6ª feira das 9:00 às 17:30, ou ainda remetido pelo correio para o endereço da Divisão de Galerias e Ateliers. Para mais informações: Tel: 218170181 ou 218170199 ou email
    dpc.dga@cm-lisboa.pt.
O prazo para estas candidaturas termina a 6 de Junho.

[informação fornecida pela Câmara Municipal de Lisboa]

quarta-feira, 21 de maio de 2008

CONFERÊNCIA DE JOAQUIM VIEIRA, PROVEDOR DO LEITOR DO JORNAL PÚBLICO

O provedor do leitor e os novos desafios nos media é o tema da conferência de Joaquim Vieira, provedor do leitor do jornal Público, na Universidade Católica Portuguesa (Faculdade de Ciências Humanas), hoje, dia 21, pelas 18:30, no auditório A1 daquela Faculdade.

SOBRE A EMMA

A EMMA, European Media Management Education Association, presidida por Lucy Küng, é uma organização internacional sem fins lucrativos fundada em 2003 para responder ao crescimento de cursos e programas de gestão dos media nas maiores instituições universitárias europeias.

Agora, em Lisboa, Lucy Küng falou do perfil e dos desafios da
EMMA, conforme se pode ver no vídeo abaixo (imagens captadas ontem ao fim da tarde).


segunda-feira, 19 de maio de 2008

O QUE DISSE O MINISTRO DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES NA 8ª CONFERÊNCIA MUNDIAL DE ECONOMIA E GESTÃO DOS MEDIA


Augusto Santos Silva fechou os trabalhos do primeiro dia da conferência.

De entre o que disse, destaco as suas seis linhas de orientação em termos dos media:

1) facilitar a transição para a plataforma digital e para a sociedade em rede,
2) facilitar o desenvolvimento do mercado dos media em toda a Europa dentro de uma perspectiva dupla: actividade privada na imprensa, apoio público (estatal) à televisão e rádio,
3) promover o jornalismo como profissão,
4) criar políticas públicas para promover o uso social dos media,
5) manter o esforço de regulação do sector dos media independente do poder político,
6) promover a participação social na avaliação das políticas públicas.

8ª CONFERÊNCIA MUNDIAL DE ECONOMIA E GESTÃO DOS MEDIA


Ficam aqui duas imagens tiradas no começo da manhã de hoje.

NOTAS PARA UMA AULA DE TEORIA DA COMUNICAÇÃO (11)


Com base no texto de Justin O’Connor (The cultural and creative industries: a review of the literature, 2007), fiz uma leitura dividida em dez pontos:

1) Relação entre cultura e economia - não se trata da simples questão de arte ou mercado. No século XX, a produção de bens culturais foi acelerada com o desenvolvimento das tecnologias de reprodução: a digitalização sucede a Gutenberg, a produção aumentou a sua capitalização.

2) Indústria cultural - expressão usada inicialmente por Theodor Adorno e Max Horkheimer (1947). Adorno, nos seus textos sobre cinema, rádio, jornais, jazz e música popular, reafirmou que, sob o capitalismo monopolista, a arte a a cultura são absorvidas pela economia. A indústria cultural queria então dizer que havia o controlo total das massas. Adorno associava indústria cultural americana e fascismo europeu.

3) Reprodutibilidade técnica - Walter Benjamin falou da aura do objecto de arte (e da sua erosão na cultura contemporânea), dadas as origens em práticas de culto e de ritual. Os bens artísticos únicos tinham tido valor sagrado, simbólico e/ou de prestígio. A reprodutibilidade eliminou essa aura. Contudo, a invenção da imprensa trazida pela reprodutibilidade técnica ficou ligada a mudanças profundas na dinâmica da produção e consumo cultural. A reprodução de massa quer dizer mais cópias – quanto mais barata for a cópia maior o lucro possível (confrontar com a tecnologia digital).

4) Transformações - a emergência de uma economia alargada de bens envolve profundas transformações culturais, dadas as mudanças estruturais nos significados pessoais e colectivos. Por exemplo, a invenção da imprensa alterou radicalmente a esfera dos media ou comunicação. A reprodução de livros foi um desafio directo às autoridades (políticas, religiosas). À edição da Bíblia seguiram-se livros de interesse científico e humanístico, embora regulados pelas autoridades políticas e religiosas.

5) Mercado - apesar do controlo de Estado, os media impressos organizaram-se em torno do mercado. Nasceu uma gama de instituições privadas e cívicas – jornais, grupos políticos e religiosos, sociedades científicas e humanísticas, salões, cafés. Aparecia a esfera pública, delineada no estudo de Habermas (1962), formando a base da contestação e da legitimação do poder político e sócio-económico dos últimos 250 anos. A indústria cultural de Adorno não foi primariamente sobre a comodificação da cultura, mas sobre a organização da produção de bens culturais a uma escala industrial de massa. A relação da arte como bem e como forma autónoma desapareceu quando o artista independente deu lugar à fábrica da cultura.

6) Valor sagrado/valor de troca - desde o século XVIII que o principal mediador entre artista e público é o mercado – que vai do local ao nacional, do europeu ao global. Deste ponto de vista, o trabalho da arte torna-se crescentemente um bem que pode gerar riqueza. Isto é, a arte deixa de ter valor intrínseco ou sagrado e passa a ter valor de troca. Por outro lado, porém, o artista passa a depender directamente de um patrão, que lhe dá suporte social e financeiro para desenvolver a sua actividade (confrontar com os criadores de conteúdos no YouTube, MySpace e redes sociais).

7) Mais transformações - no século XIX, à legitimação do Estado Nação e da democracia de massa, surgiram igualmente a promoção do património, arquivos, museus e modelos de ensino e divulgação da música e da literatura. Na passagem para o século XX, aumentaram a educação de massa, tempo de lazer e inovações tecnológicas e comerciais - que levaram a mais produção e consumo cultural. No final da década de 1980, economistas políticos e geógrafos da economia passariam a falar da mudança da produção em massa para a especialização flexível e pós-fordista, fragmentação e volatilidade dos mercados de consumo. Os modelos previsíveis de consumo de massa deram lugar a mercados mais pequenos e de nicho e à proliferação de bens e serviços que levam à construção de novas identidades sociais.

8) Espaço de múltiplas expressões - há a viragem espacial de um espaço de modernidade de uma economia nacional unificada para um espaço de múltiplos níveis, o que reflecte a mobilidade – de capitais, pessoas, conhecimento e objectos. Realça-se a proximidade espacial das redes empresariais, assente em feixes [clusters], produtores de um conjunto de benefícios económicos, tais como centros de conhecimento comum, recursos humanos flexíveis, relações de confiança e um sentido de objectivos comuns. Surgem externalidades associadas a estruturas locais e sociais, instituições e culturas.

9) Desintegração vertical - tal ocorreu principalmente nas grandes companhias, e acelerada nas indústrias culturais. Não foi fácil a sectores como televisão, música, design e filme organizarem-se crescentemente em torno de feixes de pequenas e médias empresas e freelancers, mas as ideias de reflexividade estética e um envolvimento mais intuitivo com as correntes culturais tornou-se parte central da actividade.

10) Criatividade - é um recurso fundamental no desenvolvimento económico contemporâneo e no crescimento pessoal. A criatividade relaciona-se com a inovação e a competitividade económica. Depois, aceita-se o choque do novo, o disruptivo, o contra-intuitivo, o rebelde, o que toma riscos. Estas qualidades afastam-se do tradicional – habilidade, artesanalidade, equilíbrio, meio termo. A criatividade liga-se às mudanças na construção dos valores sociais desde os anos 1960. Assenta também no faça você mesmo, trabalhe de acordo com as suas ideias, o que representa um poderoso sentido de liberdade.

X SEMANA INTERNACIONAL DO AUDIOVISUAL E MULTIMEDIA NA UNIVERSIDADE LUSÓFONA, DE HOJE A 30 DE MAIO

domingo, 18 de maio de 2008

FALAR DA VIDA - (AUTO)BIOGRAFIAS, HISTÓRIAS DE VIDA E VIDAS DE ARTISTAS


Curso de Verão (1 a 4 de Julho e 3 a 5 de Setembro de 2008), por Idalina Conde (do CIES, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, do ISCTE).

Apresentação e informações em CIES. Ficha de Inscrição em CIES.

Prazo de inscrição alargado até 25 de Maio.

AGENDA: NÃO ESQUECER A 8ª CONFERÊNCIA MUNDIAL DE ECONOMIA E GESTÃO DOS MEDIA, NA UNIVERSIDADE CATÓLICA (DIAS 19 E 20)


CELEBRIDADES


Um inquérito realizado pela revista Marketing indica que as celebridades mais queridas são homens, como Paul McCartney ou David Beckham, ao passo que as celebridades mais detestadas são mulheres, casos de Amy Winehouse ou Victoria Beckham.

Estes dados serão discutidos num seminário a realizar no próximo mês na Universidade de East Anglia (Female celebrity in the tabloid, reality and scandal genres), noticia o Observer de hoje (página assinada por Barbara Ellen, que se diverte a escrever que não é preciso assistir a um seminário universitário para perceber as razões de tais escolhas; notícia aqui ao lado).

SOBRE A INTERNET


Informação não é conhecimento

ou: informação pode não significar, necessariamente, conhecimento

[reflexão sobre a abundância de informação na internet, a partir de texto de David Rieff sobre a sua mãe, Susan Sontag, no jornal Observer de hoje. Rieff destaca o sofrimento da mãe, vítima de cancro em 2004, após ter vencido outros cancros na década de 1970. Rieff observa a teoria de Elizabeth Kübler-Ross sobre a notícia de um cancro num indivíduo, em cinco etapas: negação, raiva, negociação, depressão, aceitação]

sábado, 17 de maio de 2008

PORTO ANTIGO

Pequeno vídeo (18' 50'') dedicado a todos(as) os(as) que gostam do Porto enquanto cidade, de entre os quais me incluo.


sexta-feira, 16 de maio de 2008

O PAPEL DO PROVEDOR DO LEITOR EM DISCUSSÃO


O provedor do leitor e os novos desafios nos media é o tema da conferência de Joaquim Vieira na Universidade Católica Portuguesa (Faculdade de Ciências Humanas) na próxima quarta-feira, dia 21, pelas 18:30, no auditório A1 daquela Faculdade.

Joaquim Vieira - jornalista, presidente do Observatório da Imprensa e autor de diversos livros, entre os quais Jornalismo contemporâneo. Os media entre a era Gutenberg e o paradigma digital e diversas fotobiografias -, é o actual provedor do leitor do jornal Público.

A CRIANÇA E A TELEVISÃO SEGUNDO SÓNIA MAIA CARRILHO


Da contracapa:

  • A Criança e a Televisão: contributos para o estudo da recepção pretende ajudar a compreender o processo de recepção da televisão e a sua implicação no mundo infanto-juvenil.
    Ocupam as crianças, dos 10 aos 16 anos, muito tempo a ver televisão? Qual o género de programas que preferem? Qual a sua opinião sobre os conteúdos televisivos? Em termos de audiência, qual é a mais elevada, a feminina ou a masculina? Qual o efeito que a publicidade exerce sobre este público? A escola deverá leccionar um ensino dos media?


Sónia Maia Carrilho, cujo livro resulta de uma dissertação de mestrado defendida na Universidade Católica, utilizou um inquérito a 1093 alunos provenientes de três escolas a frequentarem os segundo e terceiro ciclos do ensino, oriundos de meios sócio-económicos distintos. Concluiu, entre outros dados, que os jovens vêem televisão com gosto, percepção partilhada por ambos os sexos, vêem ao fim-de-semana cerca de 7,5 horas por dia (4,5 horas diárias durante a semana), gostam de ficção mas preferem os desenhos animados, a personagem admirada é a que faz a defesa de valores, consideram que a televisão estimula a aprendizagem e escolhem os seus programas.

Observação: já fiz referência ao trabalho de Sónia Carrilho aqui, em 31 de Março de 2006.

FELLINI


Cinema de Papel, Desenhos de papel de Federico Fellini, na Cinemateca Portuguesa até final de Maio.

DALÍ


Até 25 de Maio, no Centro Português de Serigrafia (no CCB, em São Bento e nas Twins Towers).

MOSTRA DE ARTES PARA O PEQUENO PÚBLICO


13ª Mostra Internacional de Artes para o Pequeno Público, até 8 de Junho. Para saber mais, ver em www.teatroextremo.com.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

CONFERÊNCIA DE PORTA-VOZ DA COMISSÃO EUROPEIA


Johannes Laitenberger, porta-voz da Comissão Europeia, vai proferir uma conferência, a 29 de Maio, pelas 18:30, intitulada Comunicar a Europa: A política de informação da Comissão Europeia.

A conferência, que vai decorrer em língua portuguesa e a que se segue um debate, inscreve-se no designado "Plano D – Democracia, Diálogo, Debate", decidido e executado pela Comissão Europeia como contributo para o debate público das questões europeias no âmbito do processo de ratificação em curso do Tratado de Lisboa.

A conferência de Laitenberger realiza-se no anfiteatro 121 da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, entidade que organiza o evento, conjuntamente com a Associação Portuguesa de Imprensa e a APECOM - Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas.

ESTUDO "OS PORTUGUESES E OS MEDIA", ENCOMENDADO PELA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE ANUNCIANTES (APAN)


O estudo Os Portugueses e os Media, encomendado pela Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) e desenvolvido pela Synovate, indica que "a tecnologia e o seu domínio deu origem a uma grande clivagem na forma como os diferentes escalões etários percepcionam os media", lê-se na newsletter hoje publicada pela Meios & Publicidade.

Considera o estudo que a população mais jovem depende menos dos meios tradicionais, como televisão, rádio ou imprensa, e a mais velha é indiferente às novas tecnologias. Se, quanto à imprensa gratuita, o estudo indica que a "publicidade é percebida pelos consumidores como pouco criteriosa e interessante", nos jornais pagos "é adequada ao meio e segmentada e é vista como mais cuidada por haver um maior critério de escolha, em termos de anunciantes". Já no que respeita à televisão, o meio mais saturado de publicidade, valoriza-se "o product placement, se a inserção e os valores da marca corresponderem ao contexto em que estão a ser utilizados, como é o caso dos canais da TV Cabo". Noutras áreas, a publicidade nas revistas é "muito projectiva e aspiracional" e "bem valorizada pela produção fotográfica" e o cinema tem "muito potencial de comunicação", pelo que se indica um "maior investimento no espaço das salas de cinema". Refira-se ainda a rádio, em que a publicidade "tem menos impacto que nos outros meios, porque não pode recorrer a imagens, tendo apenas como aspectos valorizadores a voz do locutor e a música associada à campanha". O estudo indica três elementos que levaram à realização do estudo: fragmentação dos media, terciarização da sociedade e pontos de contacto entre consumidores e os media.


Conclui o estudo pela existência de maior fidelidade aos conteúdos que às plataformas, o que parece contradizer o que está escrito acima. De modo semelhante, o estudo afirma que os mais novos não vivem sem internet e telemóvel e os "mais velhos consideram a internet elitista".

Sem prejuízo de uma maior verificação do estudo - a saber nomeadamente o número de inquiridos, distribuição de género, de idade e nível sócio-económico, que a notícia da Meios & Publicidade não indica -, os dados são coincidentes com alguns já publicados pelo Obercom e pela Marktest, por exemplo. Confesso que tenho sempre muitas dúvidas relativamente às conclusões, de tão generalistas que se apresentam e de seguirem estereótipos antigos, cavando uma diferença entre idades (mais novos e mais velhos, sem mostrarem a idade em que está a fronteira: 20 anos? 30 anos? 35 anos? 45 anos?) e não entre outros dados, como litoral e interior do país, pessoas e famílias mais afluentes ou pobres, profissões como quadros empresariais (e estudantes) face a classes trabalhadoras.