quarta-feira, 31 de maio de 2017

Marionetas

Só agora dou relevo ao X Encontro Internacional de Marionetas de Montemor-o-Novo. Ainda há espetáculos ou encontros até 3 de junho.

terça-feira, 30 de maio de 2017

A Rádio e o fim do regime (Estado Novo)


Debate A Rádio e o Fim do Regime, organizado pela Universidade Católica Editora, no dia 10 de junho de 2017, na Feira do Livro de Lisboa (Praça Laranja), com moderação de Nelson Ribeiro e presença de Rogério Santos, Adelino Gomes e José Manuel Nunes. Lançamento do livro Estudos da Rádio em Portugal.

sábado, 27 de maio de 2017

Lançamento de livro de César Santos Silva sobre Camilo e o Porto


Exposição de cem anos de jazz em Portugal


IX Feira Medieval em Linda-a-Velha

O Agrupamento 626 de Linda-a-Velha, do Corpo Nacional de Escutas, organiza nos dias 24 e 25 de junho - sábado e domingo - a IX edição da Feira Medieval de Linda-a-Velha, no Jardim das Amendoeiras do Palácio dos Aciprestes. Trata-se de uma recriação histórica, com intervenientes trajados à época, demonstrações de mesteres, torneios, jogos e danças tradicionais e outras atrações, que todos os anos leva cerca de 4000 pessoas à freguesia. O evento tem início no sábado, dia 24, pelas 16:00, com um cortejo pelas ruas de Linda-a-Velha a anunciar a abertura da feira e a convidar todo o povo, e termina no domingo, dia 25, pelas 20:00. A organização e preparação da feira resultado do trabalho dos voluntários que integram o Agrupamento (com o apoio da União das Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada/Dafundo, da Fundação Marquês de Pombal e da associação Companhia Livre). Para esclarecimentos, utilizar o endereço cne.agr626@gmail.com [informação da entidade organizadora].

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Folhetim radiofónico visto por João Gaspar Simões

No Jornal de Notícias (10 de agosto de 1958), o crítico literário João Gaspar Simões escreveu o texto Na Era do Folhetim Radiofónico. Para ele, o folhetim era o mais sério rival do romance. Como não se sabe a fronteira entre um e outro, na obra de grandes romancistas há elementos folhetinescos e nos folhetinistas elementos romanescos. Balzac associou os dois, Camilo (Os Mistérios de Lisboa) mostrou o domínio do folhetim.

João Gaspar Simões conclui que, possivelmente, no romance a história serve as personagens e no folhetim as personagens servem a história. Com a rádio e a possibilidade de as personagens encarnarem em vozes próprias, o que alarga a verosimilhança, o folhetinista cerze uma manta de retalhos de episódios anódinos para encontrar no ouvinte o eco que não encontraria no leitor.

Embora o passo não seja muito bem explicado no texto jornalístico, para o crítico literário, na audição, aceitam-se mais facilmente as incongruências. Grande parte do texto está dedicado à literatura e apenas uma pequena parte do texto mergulha no folhetim radiofónico. Era o tempo do rescaldo do folhetim da coxinha do Tide na Rádio Graça e do programa de ficção científica de H. G. Welles (A Guerra dos Mundos), que José Matos Maia adaptara para a Rádio Renascença e provocou pânico e escândalo e a interrupção forçada do programa. Não esquecer ainda que, em junho de 1958, Humberto Delgado ameaçara o regime ao concorrer às eleições presidenciais. Logo depois, foi demitido do cargo de diretor-geral da Aeronáutica Civil, a que se seguiu o pedido de asilo na embaixada do Brasil e a saída forçada para o exílio naquele país (abril de 1959).


domingo, 21 de maio de 2017

Acervos musicais e património local: memória e identidade


27 de maio (sábado) às 17:00, no Arquivo Municipal de Loulé. O caso da Sociedade Filarmónica União Marçal Pacheco, com a drª Maria Clara Assunção.



sábado, 20 de maio de 2017

Obra de Mário-Henrique Leiria

 
Obra completa de Mário-Henrique Leiria apresentada no Centro de Arte Manuel Brito (Algés) por João Morales (jornalista da Time Out) e Tania Martuscelli, especialista na obra do autor e responsável pela presente edição. Dia 24, às 18:30, no Palácio dos Anjos.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Crónicas Marcianas, por Hélio Cunha

O escritor americano Ray Douglas Bradbury (1920-2012) notabilizou-se na ficção científica. O seu trabalho mais conhecido é Fahrenheit 451 (1953), depois transformado em filme. Ele escreveu também Crónicas Marcianas (1950), agora passada a um conjunto de desenhos de Hélio Cunha, a acompanhar aqui: https://www.facebook.com/heliocunhapintura?hc_ref=NEWSFEED&fref=nf.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Pintura de António Carmo em exposição

Foi ontem que António Carmo inaugurou a exposição Viagem, 50 Anos de Pintura, na Biblioteca Nacional de Portugal. Natural de Lisboa (1949), estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde tirou pintura, e fez parte do grupo de bailado Verde Gaio. Desde 1968 que apresenta os seus trabalhos em exposições individuais e coletivas. Das exposições em que participou, para além de Portugal, apresentou quadros em Inglaterra, Espanha, Holanda, Alemanha, União Soviética (atual Rússia), Japão, Estados Unidos, Canadá e Brasil, entre outros países. Ele começou pelo desenho e depois passou para o guache e o óleo, admirador de pintores como Léger, Chagall, Mondrian, Pablo Picasso, Amadeu Sousa Cardoso e Eduardo Viana. Fez desenho de intervenção, ilustrou livros e o suplemento cultural do jornal O Diário. Em 1970, uma exposição sua, apadrinhada por João Hogan e Jorge Barradas, teve um grande sucesso na época mas sofreu a "visita" da polícia política do regime.

Cores vivas, quase primárias, que privilegiam o espaço da tela, são um dos elementos que atraem quando se olha a sua obra. Num comentário à exposição, escrito por Manuel da Silva Ramos, critica-se a rara existência de críticos de pintura, a pouca divulgação das exposições nos media (jornais) e a raridade de galerias em atividade. Por isso, aconselha-se uma visita até à Biblioteca Nacional, ao Campo Grande (Lisboa).



domingo, 14 de maio de 2017

Jornalismo iconográfico em livro de Jorge Pedro Sousa



Veja! Nas Origens do Jornalismo Iconográfico em Portugal: um Contributo para uma História das Revistas Portuguesas (1835-1914), livro de Jorge Pedro Sousa e editado pela Media XXI, foi ontem lançado na Universidade Fernando Pessoa (Porto) [ver abaixo depoimento do autor em vídeo].

Na mesa, para além do autor, de Ricardo Jorge Pinto, o editor João Paulo Faustino, João Lourival da Silva, a apresentação principal coube a Helena Lima (Universidade do Porto). Para esta investigadora, a obra agora conhecida é densa e resulta de trabalho meticuloso e sistemático, referindo que o tema - história do jornalismo - não é uma área moderna e popular. Ela destacou ainda o prazer da leitura da obra, pois constitui uma aprendizagem da história dos media e, por isso, útil para os investigadores. Ao olhar para as sucessivas imagens que acompanham o livro, torna-se possível ver a transformação do jornalismo e dos seus públicos, que evoluíram de um público de elite para uma massificação de leitores. Uma das vantagens expostas pela imprensa ilustrada é que mesmo os que não sabem ler conseguem entender o significado das imagens.


Como objetivos principais do livro, Jorge Pedro Sousa destaca: elaborar um inventário das principais revistas ilustradas portuguesas (entre 1835, ano da primeira revista, e 1914, começo da I Guerra Mundial), papel das revistas ilustradas na transformação do jornalismo em Portugal na viragem do século XIX para o seguinte, identificar e mapear o contributo de fotógrafos e outros profissionais ligados à ilustração (com um valioso apêndice com os nomes e funções), compreender que imagem as revistas ilustradas deram da sociedade do seu tempo e que valores, ver semelhanças e divergências entre o jornalismo gráfico nacional e o internacional. Trabalho ambicioso, pois, alicerçado por uma metodologia rigorosa. Ainda na introdução, o autor desenvolve o referencial teórico, apresentando muita bibliografia nova sobre o tema do jornalismo iconográfico, que interessa a quem estuda a matéria.

Os capítulos 2 a 4 detalham as três gerações de revistas ilustradas, de acordo com a datação proposta por Jorge Pedro Sousa. A primeira é constituída por revistas enciclopédicas ilustradas pós século XVIII, enquanto a segunda não abandona a característica cultural generalista mas propõe também a atualidade, como os acontecimentos, e a terceira, mais para o final do século XIX, em que há uma grande preponderância da imagem, indo da gravura à fotografia. Aqui, começa o fotojornalismo, um dos temas mais estudados pelo autor e objeto de publicação em anos anteriores.

sábado, 13 de maio de 2017

Museu Guerra Junqueiro


A traça do edifício está atribuída a Nicolau Nazoni, o arquiteto italiano responsável pela Torre dos Clérigos e outros edifícios simbólicos do Porto barroco. Fica junto à catedral da cidade, na rua de D. Hugo, 32. Doado pela família do escritor em 1940 à câmara municipal da cidade, com o espólio do poeta e com a condição de exposição das peças que ele reuniu em várias viagens que fez: arte sacra, faiança de Viana do Castelo, pratos de Nuremberga, cerâmica e mobiliário. Ressalto a sala de estar e a sala de jantar. O edifício está muito bem conservado, embora, a meu ver, algumas peças devessem ter mais destaque (com redução do exposto). Por exemplo, uma Senhora do Leite está no chão, sob outra peça, o que retira o relevo que merece. A condução da visita foi soberana. Muito obrigado.

Ao mesmo tempo, em exposição temporária, uma mostra de bibliografia e pintura amadora do escritor Raul Brandão, nos seus 150 anos de nascimento e cem anos da obra Húmus.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Desenhos

Os desenhos estão longe de ter boa qualidade e nem sempre a mensagem é clara, mas envolve a atividade da telefonista. Todos foram editados no Jornal de Notícias (Porto) (14 de janeiro e 27 de abril de 1950 e 31 de janeiro de 1951).




quinta-feira, 11 de maio de 2017

Quem Tem Medo de Virginia Wolf no Trindade

Quem Tem Medo de Virginia Wolf, de Edward Albee (1962), está em cena no Teatro da Trindade. Junta Diogo Infante (George, professor universitário) e Alexandra Lencastre (Martha, a sua mulher e filha do reitor da universidade) [fotografia da produção do teatro] e ainda José Pimentão (novo docente) e Lia Carvalho (a sua mulher).

O casal mais jovem é convidado por Martha. Há uma reação inicial de desconforto, em especial pelas atitudes de George. Compreende-se que este professor de História, cuja carreira está em grande decadência, e a mulher têm atitudes permanentes de briga. No meio, o pai de Martha e o filho de ambos são identificados, mas nunca aparecem fisicamente. Quando a noite avança, o álcool bebido descontrola os dois casais mas iniciam-se as confissões. Martha, a devoradora, atira-se ao jovem professor; George chama "fuinha" à jovem mulher e trata-a mal. É uma noite de jogos e brincadeiras tumultuosas a partir da discussão dos anfitriões. O filho entre George e Martha morrera quando nasceu, mas o casal falava como se ele fosse adulto, a fazer anos amanhã. Tudo se repercutiu nos convidados: ela a vomitar, ele a querer afastar-se.

Gostei muito do desempenho de Alexandra Lencastre. Achei o palco com adereços a mais. No dia em que assisti, um corte geral de eletricidade, quase no início da representação, permitiu um pequeno extra da peça. Versão de João Perry, a partir da tradução de Ana Luísa Guimarães e de Miguel Granja. Direção de Diogo Infante, assistência de encenação de Leonor Buescu e cenografia de Catarina Amaro.


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Vidago Palace

Foi uma série de seis episódios na RTP, exibida entre final de março e começo de maio. De início, li críticas violentas sobre enredo e interpretação. Fui-me deixando ver, num misto entre curiosidade e análise. Sim, não foi uma obra prima mas também não foi assim tão mau como li. Havia uma espécie de luta de classes cilindrada pela paixão romântica entre a filha dos condes e o filho do empregado de receção do hotel. O rapaz estudava ou ainda estudava arquitetura, os condes estavam falidos, procurando que a filha casasse com o filho dos "brasileiros", tão enriquecidos como pacóvios. Aqueles aspiravam a manter o estatuto, estes subiam à nobreza do século XX a assistir à guerra civil espanhola e a galgar para a II Guerra Mundial, com o negócio do volfrâmio também como pano de fundo e a disputa entre um alemão e um inglês para comprar o metal.

O rapaz aderiu à causa republicana espanhola, logo em 1936, ao descobrir que a sua amada condessa ia casar com o "brasileiro", transitando e apoiando entre Vidago e Verín (do outro lado da fronteira). A Guarda Nacional Republicana e a polícia política não deram tréguas e eliminaram os republicanos espanhóis, mas o rapaz ficou salvo, depois de preso e quase assassinado. Talvez aqui as debilidades do guião da série sejam mais fortes. Num dos episódios, há um contraponto entre o baile no hotel e a fuga dos republicanos para o lado de cá da fronteira. Mas esse contraste esbate-se nos episódios. Sei que outros pares da narrativa, como as irmãs solteiras e que sabiam sempre dos últimos boatos e a espanhola viúva, soltavam a história para outros pontos, que uma série tão pequena em duração não permitiu ser explorada se houvesse mais episódios. Ou o par do jovem tenista e da filha dos "brasileiros", tão distinta dos pais bacocos e do irmão ordinário, quadro por demais inverosímil.



Atores: António Cordeiro, Pedro Barroso, Mikaela Lupu (nascida na Moldávia), Beatriz Barosa, Margarida Marinho, Anabela Teixeira, Custódia Gallego, Jacob Jan de Graaf, Pedro Roquette, Marcantónio Del Carlo e João Didelet. Autor e realizador: Henrique Oliveira. Série realizada em 2015.

Não sei se o facto de a série se passar numa região menos explorada turisticamente possa contribuir para a sua descoberta. Mas vale a pena explorar e ver o rio Tâmega do lado espanhol.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

O improviso sem nada de improviso


Em Portugal, como em França, a rádio começava a ser um meio muito importante em termos de comunicação e informação, alargando géneros e horários. O cartune publicado reflete essa novidade, caso do improviso bem organizado. Ora, a rádio como meio não visual, permite a observação presente. Depois, a televisão, meio visual de comunicação, criou o teleponto, acalentando de novo a ideia do improviso (Jornal de Notícias, 27 de abril de 1950).

sábado, 6 de maio de 2017

Modernistas de finais do século XIX e começo do século XX

Durante muitos anos, não gostei da pintura do século XIX por oposição às correntes do século XX, do impressionismo até à pop art. Mais recentemente, valorizei Silva Porto e Marques de Oliveira.

Numa visita lenta ao Museu Soares dos Reis (Porto), também redescobri Artur Loureiro. Eu não gosto das cores de uma das pinturas em que a sua mulher Marie Huybers, quase de perfil, aparece a descansar de uma pintura em que estava envolvida. As cores não parecem corresponder à iluminação. Mas outros quadros dele chamaram-me a atenção. Henrique Pousão, José Malhoa e Aurélia de Sousa despertaram ainda a minha compreensão.

Ao percorrer demoradamente a exposição patente no Museu de Arte Contemporânea (Chiado, Lisboa), reforcei a minha admiração pelos pintores do grupo do Leão, como Silva Porto, Cipriano Martins, e pelo grupo do Salon (1880-1882), com estes pintores e Marques de Oliveira e Artur Loureiro (depois partido para a Austrália até regressar ao Porto).


Ficam aqui Artur Loureiro (1878), Campina Romana e Marques de Oliveira (1884), Praia de Banhos, Póvoa de Varzim, em exposição no Chiado.

De Marques de Oliveira, referi já Interior (Costureiras Trabalhando) aqui, óleo sobre tela de 1884, "cena que representa uma pacata vida familiar, com três mulheres em casa, costurando e bordando, no silêncio da sala de trabalho. À falta de um terceiro modelo, a mulher de Marques de Oliveira é pintada duas vezes, em posições distintas e com outro vestuário, e na casa do próprio artista. Há igualmente uma pintura sobre a pintura, pois o centro da tela mostra uma paisagem através de uma porta aberta de par em par: um jardim com árvores em dia brilhante. O sol entra do lado esquerdo da pintura, iluminando mais a mulher que se senta naquele lado, projetando-se num jarro com água, com uma sombra esbatida na parede. Essa mulher à esquerda, de costas, debruça-se sobre o trabalho numa máquina de costura, à época da pintura um objeto muito moderno. Ainda deste lado, alguns quadros na parede indicam a casa de uma família com algumas posses. Um pormenor: um dos quadros não tem moldura, o que permite a seguinte interpretação: só um artista aceita colocar na parede uma pintura sem moldura. Do lado direito, em penumbra, como quem entra num espaço às escuras, vislumbram-se peças de mobiliário e algumas roupas".

Mas da exposição permanente no Museu Soares dos Reis e na temporária do Museu do Chiado elejo Dórdio Gomes (1935, O Barredo) e Miguel Ângelo Lupi (1879, Os Pretos de Serpa Pinto). Daquele, o mais recente dos quadros (e curiosamente pertença da coleção do museu do Chiado), noto influências do fauvismo e do expressionismo, paisagem do Porto ribeirinho captada da margem sul do rio Douro, com as casas estreitas coloridas a lembrar as ruas dos canais de Amsterdão, também vocacionadas para armazenar cereais e mercadorias chegadas do rio, onde um vapor está quase encostado a Gaia, com o seu guindaste e chaminé em primeiro plano. Da pintura de Lupi, relevam-se os negros Catraio e Mariana, que acompanharam Silva Porto na expedição ao centro africano até Moçambique, após a separação de Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, que discordaram dos percursos a tomar.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

As Lições do Avozinho, de novo

"Um novo comentário no post Rádio, programas infantis e propaganda [29 de novembro de 2009] espera a sua aprovação [4 de maio de 2017]:

"Autor: Marina Frazão

"Email: mpfrazao@uol.com.br

"Comentário:

"Rogério, não imagina a minha surpresa quando encontrei este comentário sobre Lições do Avozinho. Valeriano Machado era meu pai e eu sou a Naninha da história, hoje uma senhora de 84 anos.  Tenho comigo uns poucos exemplares das Lições, um de Cinzas e um de poesias dedicadas à minha mãe, sua esposa. Vivo no Brasil, embora tenha ido algumas vezes a Portugal. Há pouco escrevi uma biografia do meu marido onde, nos agradecimentos, cito o meu pai que me ensinou, com seus poemas, a amar a poesia.

"Assino aqui com meu nome de casada.

"Marina Frazão

Observação minha: Valeriano Machado publicara em 1940 o texto Lições do Avôzinho, conversas que ele transmitiu em duas emissoras de Lisboa, a Rádio Hertz e a Rádio Graça. Uma das personagens da história era a filha que, agora, descobriu a mensagem que eu escrevi sobre aquele livro, já em novembro de 2009. Eu comprara o volume numa feira do livro por causa da relação com a rádio. Para mim, foi uma grande alegria ao receber esta mensagem.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

A exposição de discos Orfeu em Matosinhos



Hoje, na Casa do Design (Matosinhos), foi inaugurada a exposição Discos Orfeu, 1956-1983. Imagens / Palavras / Sons, uma homenagem ao grande editor discográfico Arnaldo Trindade (Porto, 1934) [ver vídeo abaixo]. Segundo a organização do evento, trata-se da primeira grande exposição sobre uma editora portuguesa. Comissariada por José Bártolo [ver vídeo abaixo], que assina um texto no pequeno catálogo, na exposição há uma mostra grande de capas de discos, que pertencem ao dono da Orfeu mas também a diversos colecionistas.

A editora Orfeu, que teve desde início o lema Disco é Cultura, publicou discos de cantores de intervenção como Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Fausto e Sérgio Godinho, conjuntos populares como Maria Albertina e António Mafra e rock dos Titãs e Pop Five Music Incorporated. Um dos discos emblemáticos foi o de José Cid 10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte, que o cantor apresentou na Aula Magna da Universidade de Lisboa no começo desta semana, e cuja capa foi desenhada por Isabel Nabo. O catálogo Orfeu inclui discos de poesia de Aquilino Ribeiro, José Rodrigues Miguéis, Daniel Filipe, Agustina Bessa Luís, Miguel Torga, José Régio e Alberto Serpa. Nomes do design gráfico como Moreira Azevedo, José Santa-Bárbara, José Brandão, José Luís Tinoco e Alberto Lopes e fotógrafos como Fernando Aroso, Eduardo Gageiro e Patrick Ullmann encontram-se também associados à Orfeu.



quarta-feira, 3 de maio de 2017

Representações turisticas

Ainda não concluí a leitura de As Representações Turísticas no Estado Novo Entre 1933 e 1940. A Bem da Nação, de Cândida Cadavez (2017). Resultado de tese de doutoramento, o livro está muito bem estruturado, dividido entre uma introdução e três partes (política e turismo, a institucionalização do turismo nos primeiros anos do Estado Novo, arquiteturas turísticas ou nacionalizantes). Na segunda parte, o meu olhar caiu nos seus dois documentos centrais: o primeiro congresso da União Nacional e o primeiro congresso nacional sobre turismo. Sem ser exaustivo e definitivo, fixo algumas ideias: a paz em Portugal perante as guerras e disputas na Europa, com a orientação de turistas para Portugal, como os Estoris (como a autora repete), mantendo a conceção de país pobre e obediente mas cioso de um passado cheio de orgulho (os gloriosos feitos históricos).

Portugal parecia o refúgio da Europa (p. 141). Os fluxos de turismo compunham-se de “revoadas de americanos, ingleses e saxões” (p. 121). O SPN (Secretariado de Propaganda Nacional), depois SNI (Secretariado Nacional de Informação), e o Automóvel Clube de Portugal foram dois dos motores a favor da propaganda do turismo, levando o próprio Salazar a aceitar a ideia de turismo e a necessidade de instalar hotéis (próximo do modelo dos paradores espanhóis), a linha ferroviária elétrica e estrada marginal de Cascais.

A parte III – ainda a explorar – é um manancial de leitura: marchas populares, Automóvel Clube de Portugal, a pequena casa lusitana, os guias turísticos, o turismo médio, FNAT, Estoril, Hotel Palácio e estrada marginal, António Ferro e a sua política de espírito, a aldeia mais portuguesa e as exposições (colonial de 1934, no Porto, internacional de 1937, em Paris, 1939, em São Francisco, e mundo português de 1940).

Para grande usufruto de leitor, e conhecimento conexo, a introdução, plena de referências bibliográficas e de uma dimensão adequada.

351 páginas, 17,90 euros

terça-feira, 2 de maio de 2017

O concerto de 10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte


10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte foi um álbum conceptual escrito por José Cid em 1978 e editado pela Orfeu, de Arnaldo Trindade, com sintetizadores, guitarras, baixo e bateria. Ontem, na Aula Magna, ainda com o apoio vocal de duas sobrinhas-netas do cantor e compositor, foi feita a sua revisitação.

Na altura da edição, o poderio da União Soviética poderia conduzir a uma terceira guerra mundial, disse Cid, o que o levou ao disco baseado em ficção científica da autodestruição da humanidade e, ao mesmo tempo, na esperança da renovação. Dez mil anos depois, um homem e uma mulher regressavam à Terra para a repovoar novamente. Num ou outro momento, vi a influência dos Pink Floyd. Em 1978, o álbum teve o apoio de músicos como o guitarrista Mike Sergeant e o bateria Ramon Galarza. O disco tem sete faixas: O Último Dia na Terra (José Cid), O Caos (Manuel Lamas/Mike Sergeant), Fuga para o Espaço (José Cid), Mellotron, o Planeta Fantástico (José Cid), 10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte (José Cid/Zé Nabo), A Partir do Zero (Ramon Galarza/José Cid) e Memos (José Cid). Na altura da edição, o disco de vinil vendeu 700 a 800 exemplares, o que quase provocou a desistência do músico. Depois, a edição americana em 1994, pela editora Art Sublime, trouxe um grande sucesso a nível mundial.

Do concerto de ontem, José Cid e companheiros tocaram ainda parte três faixas do próximo disco Vozes do Além ("estou a ficar velhote e a pensar na reencarnação", disse), e os registos Onde, Quando, Como e Porquê e Vida (álbum Sons do Quotidiano), muito dedicados a David Ferreira e Mário Martins, ligados à editora Valentim de Carvalho.

Exposição de fotografias de moda

Até 30 de maio, o Instituto Português de Fotografia (rua da Ilha Terceira, 31A, Lisboa) promove uma exposição de fotografias de moda com trabalhos de 33 formandos. Para além da teoria, o curso profissional do Instituto Português de Fotografia promove a vertente prática. À próxima geração de fotógrafos de moda foram proporcionadas condições para atuarem de forma semelhante à realidade do mercado de trabalho. Para além do estúdio, tiveram acesso a agências, modelos profissionais e maquilhadora. Os formandos desenvolveram o conceito de cada sessão e responsáveis pela escolha dos cenários, guarda-roupa, adereços, iluminação e direção de modelos. Um misto de experimentação, conhecimentos e imaginação dos alunos André Peixinho, Ana Silva, António Abreu, António Góis, António Santos, Beatriz Rato, Bruno Rato, Carlota Fonseca, Cláudia Sousa, Daniela Alves, Diogo Pimenta, Duarte Martins, Filipa Rodrigues, Francisco Soares, Inês Lima, Inês Rodrigues, Jorge Almeida, Lília Lobão, Madalena Pereira, Mafalda Azevedo, Mafalda Gomes, Maria Neto, Miguel Florindo, Patrícia Carrascalão, Paulo Velosa, Pedro Madeira, Pedro Santos, Rita Pires, Rita Ricardo, Roberto Moura, Salomé Reis, Sara Sousa e Tiago Torrão. A exposição reflete a inspiração em trabalhos de Newton, Avedon, Lindbergh, Penn, Roversi e Bourdin, nomes que inspiram diferentes gerações de fotógrafos de todo o mundo. Horário: 9:30-13:30, 14:30-18:30 e 19:30-23:00 de segunda-feira a sexta-feira. Sábados, 9:30-13:00. Entrada livre (texto e imagem da entidade organizadora).

segunda-feira, 1 de maio de 2017

FATAL


A 18ª edição do FATAL – Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa decorre entre 25 de abril e 13 de maio, com cerca de 30 espetáculos e projetos de grupos de teatro universitário, nacionais e estrangeiros.

No dia 2, pelas 18:30, sobre Processos Criativos: Conversa sobre um D. João Português, com a presença de Dinis Gomes, Duarte Guimarães e Levi Martins, Luís Lima Barreto e Luís Miguel Cintra, na sala de conferências da Reitoria da Universidade de Lisboa. Conversa sobre a natureza de Um D. João Português, novo trabalho de Luís Miguel Cintra e de um elenco de atores ligados ao percurso da Cornucópia que será construído ao longo de 2017 em quatro cidades, com vários momentos de partilha do processo de trabalho com os espetadores locais, com entrada livre.

Destaco também o GTN – Grupo de Teatro da Nova estreia a 9 de maio a peça Morrer ou não Morrer, original do catalão Sergi Belbel e encenação de Marina Albuquerque. A estreia decorre no âmbito do FATAL – Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa. A peça mantém-se depois em cena até 20 de maio, às 21:30 na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (avenida de Berna, 26C). Morrer ou não Morrer traz ao palco seis histórias paralelas que anunciam o destino implacável de pessoas sozinhas. A estas personagens atormentadas e desesperadas não resta senão a saída da auto-aniquilação. As cenas sucedem-se em espaços simples e despojados – andares de um prédio, rua, quarto de hospital – sendo o jogo dos actores o factor predominante. Interpretação de Alícia Raquel, André Marques, Artur Malheiro, Beatriz Rodrigues, João Roque, José Castro, Judite Jóia, Verónica Silva, Vítor Caixeiro e Wilson Ledo.

Programa em http://www.fatal.ulisboa.pt/programa.html.