quinta-feira, 31 de julho de 2008

LIVRARIAS INDEPENDENTES


A notícia vem na edição de Agosto da revista Os Meus Livros.

Com assinatura de João Morales, director da revista, ficamos a saber do movimento criado por cerca de meia centena de lojas, a LI - Livrarias Independentes. A direcção provisória da associação (a ser formalizada em Setembro) é composta por João Cruz (Clepsidra), Jaime Bulhosa (Pó dos Livros), Catarina Barros (Trama), Amadeu Peseiro (A Livraria) e José Tavares (Livraria Círculo das Letras).

Objectivos imediatos: relação com os editores, publicidade e ligações comerciais, relacionamento com o Estado, formação.

Desejo muitos sucessos à nova associação.

CONSTANÇA LUCAS EXPÕE NA GRAPHIAS - CASA DA GRAVURA (S. PAULO, BRASIL)


É a partir do dia 2 e até dia 28 de Agosto que Constança Lucas e Renata Gonçalves expõem desenhos, pinturas, gravuras e livros de artista na Graphias - Casa da Gravura, à rua Joaquim Távora, 1605, em S. Paulo (perto da estação do metro Ana Rosa).


Agradeço o convite para estar presente e a litografia que aqui reproduzo, mas o Brasil fica longe, do outro lado do Atlântico (imagem da artista feita por Renata Gonçalves que eu tirei do blogue Imagem e Palavra).

Retiro a seguinte informação deste blogue: "Os trabalhos apresentados são habitados por cães, figuras recorrentes pesquisadas em diferentes meios, fazendo uso de diversos procedimentos artísticos". Há uma conversa com as artistas no dia 23 de Agosto, pelas 15:00.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

FÃS DO SCRABBLE PROCURAM MANTÊ-LO NO FACEBOOK


Li a notícia na newsletter de hoje do European Journalism Centre: os fabricantes de brinquedos Mattel e Hasbro querem retirar o jogo Scrabulous da rede social Facebook, alegando que há direitos de autor infringidos pela rede social. A acção desencadeou-se ontem, com rapidamente 13 mil assinaturas de pessoas ligadas à rede social e fãs do jogo numa petição (neste momento, deve estar bem maior). A vigorosa campanha de defesa do jogo seguiu outras vias como cartas, emails e chamadas telefónicas para os fabricantes.

O Scrabbe é um jogo de tabuleiro onde se preenchem palavras, em que 2 a 4 jogadores procuram marcar pontos formando palavras interligadas. Adquiriu o nome Scrabulous quando passou para jogo online. No Facebook, há quase 600
mil membros que diariamente jogam o jogo. A intenção de remover o jogo do Facebook, onde é um dos dez mais populares jogos, tem a ver com a partição da licença de propriedade comercial do Scrabble em duas: a Hasbro tem direitos nos Estados Unidos e no Canadá e a Mattel em todo o resto do mundo. A adaptação do jogo à internet foi feita pelos irmãos Rajat e Jayant Agarwalla, dois especialistas de software de Calcutá [imagem retirada do sítio BBC NEWS].

NOITES DE QUINTA-FEIRA NOS MUSEUS


Até 4 de Setembro, entre as 18:00 e as 23:00, com redução do preço para metade.

Nos museus Nacional de Arqueologia, Nacional do Azulejo, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves e Nacional de Arte Antiga. Ver
www.imc-ip.pt para conferir datas (pois nem todos têm as mesmas disponibilidades).

19º FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DA AMADORA


O 19º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA) realiza-se entre 24 de Outubro e 9 de Novembro deste ano.

Nessa ocasião, organizam-se Concursos de BD e de Cartoon com objectivo "de encontrar novos valores, incentivar a produção da Banda Desenhada e proporcionar a sua apresentação pública". O tema central do FIBDA e dos concursos é Tecnologia e Ficção Científica.

Na categoria de Banda Desenhada, existem dois escalões etários: A (17-30 anos) e B (12-16); na categoria de Cartoon existe um só escalão, indo dos 16 aos 30 anos.

Para conhecer as normas de participação nos Concursos de BD e de Cartoon e a ficha de inscrição, ver
aqui.

ESPECTADORES DE CINEMA

Baixou o número de espectadores de cinema este ano comparativamente aos valores de 2007, como se pode ver no quadro seguinte e que retirei do sítio do Instituto do Cinema e do Audiovisual, quase 40%. Em Junho, último mês com estatísticas, passaram nas salas de cinema filmes como Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, Sexo e a Cidade, e O Incrível Hulk, mas, mesmo assim, as bilheteiras venderam menos 900 mil bilhetes que em período homólogo do ano passado! A quebra explica-se pelos DVD e pelos filmes na internet? Ou ainda pela proliferação de festivais musicais, que concorrem com tempos livres e gastos com a cultura? Ou igualmente pela crise económica?

terça-feira, 29 de julho de 2008

AUDIÊNCIAS DA RÁDIO PÚBLICA E REACÇÕES


O blogue A Nossa Rádio traz hoje uma mensagem importante, intitulada Antena 0,2: a arte que destoca e assinada por Álvaro José Ferreira.

Da minha leitura, a mensagem tem dois planos, o primeiro dos quais é sobre o nível de audiências da Antena 2. Álvaro José Ferreira compara dados do segundo trimestre de 2008 com período homólogo de 2005 para escrever que nunca a Antena 2 teve tão pouca audiência. Procurei nos arquivos da Marktest mas só pude comparar dados do primeiro trimestre de 2008 face a igual período de 2005, constatando que, em termos de grupos de rádio, baixaram os grupos RDP, TSF e Media Capital, subindo apenas o Grupo Renascença, à custa da RFM (ver quadros em baixo, que retirei dos arquivos da Marktest). Logo, as críticas podem ser endereçadas a quase todas as estações de rádio porque perderam audiência, o que quer dizer que o meio rádio está a perder audiência nestes grupos - para o grupo Renascença e para outras estações. A perda de ouvintes no grupo Media Capital é muito significativa, o que justifica as recentes demissões e despedimentos naquele grupo (caso do Rádio Clube Português).

Baixando o grupo RDP em termos de audiência, o problema distribui-se pelos vários canais. O mais grave é a Antena 1, que perdeu 0,3% entre 2005 e 2008 em termos de share de audiência (mas a Rádio Comercial, do grupo Media Capital, perdeu 0,9%, por exemplo). A Antena 2 perdeu 0,1% em termos de share de audiência.

A meu ver, dos conceitos usados pela Marktest, o mais frágil de trabalhar é o de audiência acumulada de véspera. Trata-se de conhecer tendências através da memória do entrevistado, o que é um bem sempre escasso. E, em termos de reach semanal, indicador que permite saber quantos portugueses ouvem rádio pelo menos uma vez por semana, os respondentes indicam 3,2% em "Não sabem estação/posto", o que é um valor com significado. 0,1% pode ser resultado da margem de erro. Além de que não nos podemos esquecer que a Antena 2 é uma estação com uma programação de elite, para uma minoria qualificada - e que parece não conseguir reproduzir-se em termos de novas gerações, com educação musical débil ou irregular apesar da abertura escolar em todo o país. Esta educação passa pela rádio, mas também pela escola no geral e pela cultura das famílias e da população. Justificar a perda de audiência pelo trabalho da dupla Rui Pego e João Almeida é redutor, por pouca simpatia que se possa ter pelo que fazem os dois responsáveis do canal.

O segundo plano da mensagem do blogue
A Nossa Rádio é sobre a defesa da qualidade do serviço musical da Antena 2. Partilho diversos pontos de vista daquele blogueiro, como a amplidão dada à música étnica ou música electrónica de ambiente, a necessidade do regresso de Jorge Rodrigues, a excessiva quantidade de jingles e autopromoções. Ou o uso excessivo da palavra, como no programa da manhã (com frequência desligo o rádio, pois as conversas são intermináveis e a música é dada aos "30 segundos" ou aos "20 segundos", como diz o animador.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

INTERNACIONALIZAÇÃO


Saúdo os amigos da Universidade do Minho pelo conjunto de comunicações apresentadas no congresso da IAMCR (International Association of Media and Communication Research), como se lê aqui. Parabéns pela grande internacionalização daqueles investigadores e docentes de Braga, em especial a Joaquim Fidalgo, nomeado vice-presidente da Secção de Investigação e Formação em Jornalismo da IAMCR, o qual se junta a Helena Sousa. Iguais felicitações a outros docentes de outras universidades.

WEBLIOGRAFIA? SITOGRAFIA? O QUE É?


Segundo notícia no sítio da RTP, "Os livros, um dos recursos mais comuns nas bibliografias de trabalhos académicos individuais ou de grupo, têm vindo a ser preteridos aos documentos digitais, numa tendência que começa a manifestar-se cedo e chega ao ensino superior".

Um trabalho de Helena de Sousa Freitas, da agência Lusa, a ler (prestei alguma informação sobre o tema).

Observação: fiz uma pesquisa pelo Google, motor de busca a que recorro igualmente, e descobri dois blogues que colocaram todo o texto de Helena de Sousa Freitas. Um colaborador do Sala dos Professores, chamado Ambrósio, colocou no final do texto o seguinte comentário: "E assim vai a educação no reino socrático...". O título da notícia do blogue A Tua Escola era "Ensino: Livros preteridos a documentos digitais, diz estudo" [o texto não indica qualquer estudo]. Por comparação com este título, a notícia na RTP e no Expresso tinha título igual, "Ensino: Livros preteridos a documentos digitais como fonte de consulta dos estudantes", ao passo que no Açoriano Oriental era "Documentos digitais como fonte de consulta preferencial dos estudantes".

NOTICIÁRIO INTERNACIONAL

Do total de notícias publicadas nos jornais dos Estados Unidos, apenas 11% dizem respeito a acontecimentos internacionais, com a China à frente (16,6% desses 11%), de acordo com o Project for Excellence in Journalism agora divulgado. A seguir, vêm vários países, muitos deles por causa de conflitos em que os próprios americanos estão envolvidos: Iraque (7,6%), Burma (7,2%), Paquistão (5,3%), Zimbabwe (5,2%), Israel (5,2%), Palestina (4,4%), Afeganistão (3,9%), Irão (2,6%), Cuba (2,2%), Rússia (1,9%) e Líbano (1,6%).

Fonte: Editors Weblog Newsletter

TEATRO GIL VICENTE

Isabel Nobre Vargues, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde ensina história e jornalismo, toma posse hoje, pelas 12:00, como directora do Teatro Académico de Gil Vicente, em cerimónia pública a ter lugar na Sala do Senado, na Reitoria da Universidade.

Desejo os maiores sucessos à professora Isabel Vargues neste seu novo cargo.

domingo, 27 de julho de 2008

ARTIGOS SOBRE LIVROS


Da leitura de jornais neste fim-de-semana, encontrei vários sobre livros, mostrando aspectos sociológicos e tecnológicos.

O primeiro que quero destacar é o saído no Expresso de ontem e assinado por Luís M. Faria. O ponto de partida do artigo é o reconhecimento que a "leitura é uma das maiores conquistas da Humanidade e também uma das mais estáveis". Se a leitura nos últimos séculos tem estado assente no papel, a tecnologia de tinta electrónica parece estar a abrir um caminho diferente. O Sony Reader em 2006 e o Kindle mais recentemente representam a ponta tecnológica dessa mudança. Escreve Faria, seguindo Jeff Bezos, da Amazon, que música, cinema e leitura curta se renderam já ao digital, o que acabará por acontecer ao livro, ainda em tecnologia analógica. Um dos sucessos da tecnologia de tinta digital é que o aparelho não precisa de luz por detrás do texto, o que permite economizar energia. Isto além de poder armazenar muitos livros numa só memória e possibilitar a pesquisa por palavras - como se faz num texto em Word.

Já o texto de Isabel Coutinho, ontem no Público, fala igualmente de tecnologia, mas opõe o mesmo Kindle ao iPhone. Nos textos mais recentes da jornalista, é óbvia a simpatia que ela nutre por este segundo aparelho. E, na presente peça, argumenta ainda mais razões: o Kindle tem imagem a preto e branco, não é táctil, não tem o telefone do iPhone (e outras potencialidades como o tipo de programas, que incluem o PowerPoint e o Word) e será substituído por um novo modelo com ecrã maior. Mesmo que a Amazon, a detentora do Kindle, queira entrar no mercado do livro escolar, que vale nos Estados Unidos mais de cinco mil milhões de dólares.

Quanto ao texto do Público de hoje, assinado por Sudarsan Raghavan, o livro é apresentado como meio de cultura e de resistência política e cultural. A reportagem fala de uma livraria de Bagdad, de Nabil al-Hayawi. De sessenta anos, dirige a Renaissance, livraria que o seu pai abriu em 1957 na rua Mutanabi. Diz o texto que a livraria, após a invasão americana, expôs textos religiosos xiitas, literatura sunita wahhabi extremista e revistas ocidentais com mulheres pouco vestidas. Com o aumento da expressão religiosa extremista, a livraria passou a vender unicamente textos religiosos xiitas, o Corão e dicionários de inglês. No ano passado, al-Hayawi seria vítima da explosão de um carro armadilhado mesmo em frente à livraria, que lhe matou o seu único filho e quase também o matou, tendo de fazer várias operações e movimentando-se agora com muita dificuldade. Esta parte do texto é muito pungente, e igualmente a imagem do velho livreiro. Mas diz ele: "O Iraque é a minha alma. Eu vou e venho. Mas nunca partirei".

Isto é: enquanto as peças noticiosas que se referem à indústria do livro nos Estados Unidos dão um destaque inaudito à tecnologia e à desejada rápida substituição do livro em papel, a reportagem sobre a livraria de Bagdad mostra o livro como meio de conhecimento e tolerância, como objecto de cultura e património da humanidade. Aparentemente, temos aqui um movimento a duas velocidades. Ou mesmo dois mundos. Qual deles vai persistir? Qual o de maior valor simbólico? Ou: será que o livro digital manterá o espírito de cultura e de resistência, guardado em espaços onde as pessoas se encontram (ao sábado na livraria iraquiana, a qualquer dia nas nossas livrarias) e discutem, formando um dos meios mais importantes do espaço público moderno?

PÓS-GRADUAÇÕES EM EDIÇÃO E EM LIVRO INFANTIL


Curiosamente, os meus colegas da Universidade Católica apostam em pós-graduações em Edição e em Livro Infantil (a partir de anúncio publicado ontem no Expresso). Gosto desta tenacidade analógica. Parabéns.

BATMAN


O Joker (
Heath Ledger) é um bandido atípico: entra na Mafia mas actua isoladamente, não tem qualquer código de conduta, eliminando impiedosamente mesmo os que colaboram com ele. Nem tem objectivos semelhantes aos dos outros elementos da Mafia - o dinheiro não é tudo para ele, podendo atear fogo a milhares de notas sem se comover. É um louco, toma atitudes incompreensíveis para os outros, mas não é ingénuo nem tonto.

O homem morcego (Batman) (
Christian Bale) é um grande empresário de tecnologias durante o dia e justiceiro à noite. Usa aparelhos sofisticados na luta contra o crime, levando-me a considerar estarmos perante um filme de objectos. Ao invés, o Joker usa apenas uma faca e com a perícia e resultados tão bons como as máquinas daquele. Mas, e sem que o filme nos mostre muito, o Joker é também perito em explosões de dinamite através de controlos remotos muito desenvolvidos. O filme é, assim, o confronto entre tecnologia pré-moderna e tecnologia pós-moderna, em que se juntam espectacularidade e eficácia.

O procurador (
Aaron Eckhart), a namorada deste (que já foi de Batman) (Maggie Gyllenhaal) e o chefe da polícia (Gary Oldman) combatem o Joker mas não o conhecem bem. Por isso, precisam do homem morcego em dado momento. Este não consegue porém evitar que os dois primeiros morram às mãos do Joker.

Se o Joker é um indivíduo estranho e solitário, o Batman não tem muita gente a apoiá-lo directamente. Actuam ambos de modo clandestino - ou pouco deles se sabe. De Batman, conhecemos a paixão que ainda tem da antiga namorada e os dois colaboradores tecnólogos (
Michael Caine e Morgan Freeman), também filósofos da condição humana. No final do filme, um deles demite-se do seu cargo, deixando mais isolado o justiceiro.

Como disse acima, o filme (de
Jonathan Nolan) está rodeado de objectos tecnológicos, que existem para cumprir as determinações dos homens. E, segundo aspecto a salientar, o implausível do uso das máquinas é contrabalançado com uma memória cultural que nos vem dos desenhos animados: o Batman e o Joker não morrem às mãos do outro, apesar das oportunidades de um eliminar o outro. É como se fosse um jogo contínuo em que justiça e crime fossem duas faces da mesma moeda, como o procurador gostava de jogar, em que perder e ganhar fazem parte constante desse jogo.

sábado, 26 de julho de 2008

MUSEUS DE BERLIM


Nos museus da ilha dos museus de Berlim, encontram-se peças de origem mesopotâmica, grega e egípcia e pintura medieval e renascentista. Fruto de coleccionismo, compra e retirada de peças do próprio local. Desde a reunificação alemã, tem havido um grande esforço na recuperação arquitectónica dos edifícios.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

NOTÍCIAS DA IMPRESA


Os jornais dão hoje informações variadas da vida da Impresa, grupo liderado por Pinto Balsemão e que detém nomeadamente os títulos de imprensa Expresso e Visão e o canal de televisão SIC.

Assim, no Diário de Notícias, lê-se sobre os lucros do grupo no primeiro semestre deste ano. Foi mantido o nível de receitas nos € 138 milhões e aumentaram os custos operacionais para € 116,7 milhões. Igualmente se dá conta da aquisição de 50% da Edimpresa, negócio aprovado pela Autoridade da Concorrência, passando o grupo Impresa a deter a totalidade da área de edição em papel e que adopta a nova designação Impresa Publishing

Já o Público (Inês Sequeira) prefere destacar a subholding Impresa Digital, onde estão as empresas multimedia do grupo. Em 2007, a área valeu € 22 milhões, 7,87% das receitas consolidadas. O portal AEIOU, agregador dos conteúdos do grupo, a MyGames, ligado ao mundo dos videojogos e do vídeo a pedido, a 7Graus, com sítios de fotografia, e o sítio do imobiliário são alguns dos principais negócios da área.

CAFÉ TERTÚLIA EM CASTELO DA MAIA (MAIA)


"Retratar e proporcionar o ambiente dos cafés do início do século XX" foi a ideia inicial da Tertúlia Castrense, café situado na Maia (Rua Augusto Nogueira da Silva, 779, Castelo da Maia), aberto desde 2002 [todas as imagens desta mensagem pertencem aquele sítio e newsletter do café].



Hoje, actua o dueto de jazz TERYLENE, composto por Francisco Ferro na voz principal e Rui Correia na guitarra e vozes (primeira imagem abaixo) (para saber mais deste agrupamento ver em http://www.terylene.net/ e www.myspace.com/fibraterylene). No dia 30 de Julho (quarta-feira), as QUARTAS DOS CONTOS, Clara Haddad apresenta Allah Hu Akbar! Alla Hu Akbar! (segunda imagem abaixo), com concepção, interpretação e texto de contos tradicionais por Clara Haddad e sonoplastia e som de José Fernando Almeida (para saber mais dela ver http://www.clarahaddad.blogspot.com/).


PINTURA DE RICARDO PAULA


Inaugurou ontem e prolonga-se até 21 de Setembro a exposição de pintura de Ricardo Paula, na Cordoaria Nacional, representando uma carreira de 25 anos e intitulada Carvões da Vida.

Nascido em 1964, é designer de formação, planificador gráfico de cinema e televisão e foi director de arte em agências de publicidade. A sua pintura traça um percurso entre impressionismo e figurativo.

O OLHAR INTERROGADOR DO GATO


O gato regressou e espreitou à minha janela, indagando o que estava a escrever no computador. Mas foi-se embora rapidamente, saltando para uma pequena plataforma de regresso à casa onde habita. Coisa admirável: o animal não tem vertigens da altura em que se movimenta e faz acrobacias (ou não tem consciência disso).

Ou imaginar um petisco seria suficientemente forte para assumir o risco?


quinta-feira, 24 de julho de 2008

CRIATIVIDADE VERSUS POLÍTICA


O Creative Partnerships é um sítio onde se expressa o programa do Governo do Reino Unido em termos de aprendizagem criativa juvenil. O sítio trabalha essa vontade política de desenvolver competências e abrir ou alargar oportunidades quanto ao futuro dos jovens. Ou talentos criativos, como se ouve num dos vídeos abaixo. Neste ponto, não me importa saber se se trata de mera propaganda político-partidária ou de um programa sério.

Pego nesta questão ao lembrar-me do projecto apresentado ontem no Porto sobre indústrias criativas. Trata-se de uma sugestão para os produtores (e intelectuais) seduzidos por aquele programa, bastando espreitar estes dois pequenos vídeos produzidos pelo
Creative Partnerships, onde é central o papel do secretário de Estado da Cultura, Andy Burnham (e também do seu colega das Escolas, Ed Balls), colocados respectivamente ontem e no dia 28 de Maio. O governo inglês pretende oferecer cinco horas semanais de arte e cultura de alta qualidade a todos os jovens. Assim, formar-se-ão públicos produtores e consumidores das indústrias criativas e culturais.

MEDIDAS CONTRA A PIRATARIA ELECTRÓNICA

Os pais que deixem os seus filhos copiar ilegalmente músicas e filmes através da internet sofrerão sanções como a redução substancial da velocidade de acesso à internet, noticia o Times Online de hoje, no que me parece ser a primeira medida séria contra a pirataria electrónica.

Os seis principais fornecedores de acessos à internet ingleses - BT, Virgin Media, Orange, Tiscali, BSkyB e Carphone Warehouse - assinaram essa proposta. Em compensação, o Governo abandona a posição controversa de desligar os serviços de banda larga a tais famílias permissivas da pirataria.

Acrescente-se que tem sido grande a pressão da indústria discográfica e do cinema de Hollywood, com perdas de milhões de euros com a pirataria electrónica.

JORNALISMO EM MUDANÇAS


Para Mark Glaser, do sítio Media Shift, em texto editado ontem, no momento em que sucedem notícias de despedimentos e venda de media nos Estados Unidos, há outra questão em discussão: os jornalistas mais jovens não querem permanecer nos media onde trabalham porque sentem que estes são lentos a mudar a sua cultura empresarial.

Glaser entende haver a necessidade de mudar o modo como historicamente as redacções funcionam, com os editores a reunir à parte para tomada de decisões sobre o que se deve escrever na edição daquele dia. Segundo ele, as ideias de inovação acabam por não vingar, o que frustra a vontade dos jornalistas mais jovens.


No sentido de fortalecer a sua opinião, Mark Glaser, jornalista e crítico dos media, parte de um estudo feito por Vickey Williams em dez salas de redacção, num projecto que se desenrolou entre 2004 e 2007, onde se detalham as mudanças ocorridas na cultura jornalística (ver relatório All Eyes Forward, em PDF).

quarta-feira, 23 de julho de 2008

MAIS SOBRE INDÚSTRIAS CRIATIVAS


Segundo a peça assinada por Sérgio C. Andrade no Público, foi apresentado hoje o estudo O Desenvolvimento de um Cluster de Indústrias Criativas na Região do Norte, promovido pela Fundação de Serralves, com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), em parceria com a Junta Metropolitana do Porto, a Casa da Música e a Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense.

Do documento electrónico já disponibilizado pela CCDR-N, o estudo parte de três pontos: "Necessidade de encontrar novos sectores de actividade, mais inovadores e com maior capacidade de servir de interface entre o meio académico e científico e o meio empresarial; Existência de uma rede de universidades e estabelecimentos de ensino politécnico que criam uma população com apetência para serem dinamizadores de indústrias da criatividade e que muitas vezes se perdem, por falta de enquadramento estratégico e também pela inexistência de ofertas de espaços de instalação; Existência de um propósito de requalificação, de revitalização e até de regeneração urbana nas cidades da Região Norte, designadamente no Porto".

A proposta reflecte o interesse de "maximizar o potencial criativo da região está estruturada em três eixos estratégicos": capacidade e empreendedorismo criativos, crescimento dos negócios criativos, e atractividade dos lugares criativos.

O texto agora publicitado tem uma primeira parte de definições, como o conceito de indústrias criativas, a partir do inglês Department of Culture, Media and Sports (Creative Industries Taskforce, Department of Culture, Media and Sports, Reino Unido, 1997, e que eu aqui já destaquei algumas vezes), com os seguintes subsectores (imagem retirada do documento, p. 15).


No documento, as indústrias criativas são: 1) baseadas em indivíduos com talento criativo, 2) aliados a gestores de recursos económicos e tecnológicos, 3) gerando produtos vendáveis, 4) cujo valor económico assenta nas suas ropriedades “culturais” ou “intelectuais”. Os autores do documento falam em “indústrias criativas” (ou “indústrias culturais”) (p. 25), sem distinguir as diferenças ou a hierarquia que se pode instaurar entre elas, como o fez John Hartley (2005). Distinguem igualmente cidades criativas, com um subcapítulo específico, turismo cultural (p. 32), pessoas e empreendedorismo criativo (p. 36), clusters criativos (p. 39) e propriedade intelectual (p. 41).

O documento destaca a existência de um estudo (Creative Economy Report 2008, UNCTAD, igualmente já referido aqui no blogue), que indica que, em Portugal, o sector das indústrias criativas contribuiu com 1,4 % do PIB em 2003, correspondendo a € 6.358 milhões, significando o terceiro principal contribuinte para o PIB português, logo a seguir aos produtos alimentares e aos têxteis (1,9% cada) e à frente de importantes sectores como indústria química (0,8%), imobiliário (0,6%) e sistemas de informação (0,5%) (p. 23).

A seccção II, com um capítulo chamado Ecologia e economia criativas na região Norte (a partir da p. 48), desenvolve mais conceitos, como infra-estrutura e programação cultural de prestígio, acesso a financiamento especializado, existência de núcleos especializados de investigação e incubação nas universidades, existência de redes de parcerias (networking) ou existência de espaços de produção e consumo cultural.

Regozijo-me com o facto de haver um projecto para a área norte do país em termos de indústrias criativas. O documento entende que a área norte do país tem recursos, agentes e energia para avançar com propostas significativas, nomeadamente nas cidades e centros históricos de Porto, Braga, Guimarães, Vila Real e Aveiro (aparentemente, a fronteira mais meridional desta região norte é Aveiro. E porque não incluir Coimbra, que não fica a uma distância muito maior do Porto que Vila Real, 121 quilómetros contra 96)? O texto fala igualmente de cidades universitárias como Barcelos ou Vila Nova de Famalicão (ignoro a importância destes locais, mas parece-me que está a ser empolado o conceito de cidade universitária). Igualmente fixo os projectos apresentados como modelo: Design Studio, Incubação Aquário de Som e Imagem, ID+, UP IN-Inovação, UP Media, UPTEC-Parque de Ciência e Tecnologia da UP, Centro de Criação das Artes de Rua de Santa Maria da Feira. Os autores falam também do projecto Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012. Retiro das páginas 69 e 82 um conjunto de outras actividades, mas serão suficientes para se falar de indústrias e cidades criativas? Ou serão ainda um embrião para outras actividades?



No documento hoje apresentado, foram identificadas várias instituições consideradas "relevantes para a implementação de um sistema regional de empreendedorismo criativo": Escola Superior Artística do Porto; ESAD; Faculdade de Belas Artes da UP; Escola das Artes (Universidade Católica); ESMAE; Instituto Multimédia; Instituto Politécnico; Escola Jazz - Jazz ao Norte; Instituto das Artes e da Imagem; Escola Profissional de Artes do Espectáculo; Conservatório de Música do Porto e Instituto Português de Fotografia. Outras foram igualmente apresentadas no projecto.

O ponto 7.2.4.2, sobre a estrutura empresarial, aborda as empresas na óptica das indústrias criativas, no que me parece um dos pontos mais importantes do documento (a partir da p. 94). Retiro somente duas ideias sobre oportunidades quanto ao mercado nacional (leitura SWOT). O primeiro aparece na p. 102: "Em Portugal há um fenómeno de substituição dos sectores tradicionais por novos, cujo impacto é muito significativo na Região Norte. O esforço de penetração dos novos sectores, empresas e produtos, é propício à Publicidade".

O segundo aparece na p. 122: "A atractividade deste subsegmento [edição] para os criativos é média, sendo muito competitiva e difícil de gerir. A ameaça da substituição do suporte papel pode causar a obsolescência deste subsegmento e provocar a migração para outro dos subsegmentos criativos. Noutro sentido, a evolução ocorrerá através da utilização de novos suportes digitais pelas actuais empreses de edição. Contudo, a função do criativo, qualquer que seja a evolução, manter-se-á inalterada". A que se segue: "Assiste-se a uma revolução no mercado da Edição. O retalho sofre, de alguns anos a esta parte, o embate de novas formas de chegar ao cliente (FNAC, Internet, Amazon). Recentemente, com o advento de um processo de concentração de Editoras, aumenta a sua importância e poder negocial face ao criativo, mas também melhora a competitividade do livro gerado em Portugal, uma vez que beneficiará de recursos para uma maior promoção e um mais baixo custo de produção . Destes processos resulta uma maior oferta à disposição do consumidor final, o que aumenta a procura. As tecnologias de apoio à logística de distribuição e à produção de livros, jornais e revistas vêm reforçar a necessidade de grandes tiragens para colher economias de escala".

Porque necessitava de mais tempo para ler e analisar o documento, não faço aqui a apreciação mais profunda. Mas posso concluir, sem me comprometer muito, que se trata de um bom documento a que se segue a hipótese de o executar. Há questões de ordem financeira, empresarial, políticas e culturais que o documento aborda ou necessita de desenvolver. A ideia de uma Agência para o Desenvolvimento Criativo do Norte de Portugal pode ter pernas para andar. Contudo, não podemos negligenciar o facto das indústrias criativas terem medrado na Austrália e no Reino Unido fundamentadas em fortes indústrias culturais, como o cinema, a produção vídeo e os espectáculos ao vivo - ocorrências pouco fortes no norte do país - e em agentes criativos e empresariais fortes.

O consórcio responsável pelo Estudo Macroeconómico para o desenvolvimento de um cluster das Indústrias Criativas na Região do Norte foi constituído pela empresas Tom Fleming Creative Consultancy, Horwath Parsus, Opium, Gestluz Consultores e Comedia.

terça-feira, 22 de julho de 2008

A ANSIEDADE PERANTE UM NOVO MEIO


Historicamente, cada novo meio de comunicação desperta dois tipos de impacto, um optimista, outro pessimista. A isso, Sonia Livingstone designa pelo debate entre liberais e críticos. Apliquemos esta dicotomia ao ciberespaço - por um lado, as crianças com a internet desenvolvem competências muito rapidamente e tornam-se (mais os jovens) os grandes consumidores e criadores, por outro lado, as crianças são seres vulneráveis a uma cultura cada vez mais comercializada.

Vou-me centrar no lado dos efeitos morais, do pânico moral. Violência, estereótipo, exploração comercial, conteúdo pornográfico, reforço de acções agressivos e de comportamentos passivos e acríticos - eis as doenças diagnosticadas por Livingtone quando se estuda o impacto negativo da internet. Mas já os videojogos, o cinema, a televisão, a banda desenhada passaram por este trajecto. Raramente é feito um discurso positivo. Recordo-me, quando estudei a história da rádio nos seus primórdios, de ler alguns discursos e peças jornalísticas optimistas, como o facto de trazerem conhecimento ao indivíduo e harmonia ao lar. Mas trata-se de uma óptica mais rara que a contrária.

Livingstone segue um estudo muito considerado de Stanley Cohen, quando este escreveu sobre os medos que a televisão traria à juventude, no final dos anos 1950, acabando com a ideia de uma idade de ouro da infância inocente. Examinado mais de perto tratava-se de um estereótipo da classe média temendo o efeito da "poluição" das classes populares.

De que modo se poderiam aplicar estes conceitos (e preconceitos) a acontecimentos recentes, como o arquivamento do caso Madie ou dos ciganos versus negros em Loures mais as casas vandalizadas daqueles? Ou dos veraneantes italianos confraternizando numa praia e ignorando os corpos mortos de duas raparigas ciganas? Qual o impacto e a formação de opinião pública através das imagens (manipuladas) da televisão?

Parece-me que, à ansiedade, se junta a aceitação passiva de imagens e perspectivas. É o regresso do velho conceito de audiência.

Leitura de base: Sonia Livingstone (2005). "Media audiences, interpreters and users". In Marie Gillespie (ed.) Media audiences. Milton Keynes: Open University

segunda-feira, 21 de julho de 2008

ARCA RUSSA


A Arca Russa de Alexander Sokurov é um filme totalmente filmado no museu do Hermitage, em S. Petesburgo, Rússia.

Autor de filmes como
Mãe e Filho (1996), Pai e Filho (2003) e Alexandra (2007), este filme Arca Russa (2002), apoiado pelo Ministério da Cultura da Federação Russa, descreve uma visita ao museu russo do cineasta (voz off) acompanhado de um marquês francês do século XVIII, ressuscitado para acompanhar o cineasta ao mundo russo daquela época. Histórias dos czares e das czarinas, modos de viver da faustosa corte e o olhar sobre algumas das mais importantes pinturas expostas no museu, num só plano, possibilitado pela tecnologia do vídeo digital, mostram uma obra fascinante deste respeitado realizador.

Recordo apenas a longa cena de baile, na parte final do filme. Longa e soberba. Assim como a apresentação de credenciais do embaixador do Irão ao czar, com a deambulação da câmara, fixando rostos, movimentos e a riqueza de cores do vestuário.

Só lamento não o ter visto num ecrã de cinema, pois o filme não foi distribuido comercialmente. Mas vale a pena comprar o DVD - para ver as imagens desse longo plano. E para ouvir os sons, por exemplo, o de pássaros durante a saída da czarina para um pequeno passeio no exterior do palácio (seriam corvos?) e do respirar arfante dela e do seu acompanhante. E lembrar que todo o filme foi filmado num só dia, em vésperas do Natal de 2002, após ensaios de meses a fio. Só um realizador do nível de Sokurov podia planear um tão longo dia sem falhas. E, certamente, pode comemorar o Natal de forma particular.

[obrigado ao Carlos por me ter dado a conhecer e visualizar o filme]

REPRESENTAÇÃO OFICIAL PORTUGUESA NA EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARQUITECTURA, LA BIENNALE DI VENEZIA


Portugal estará representado oficialmente na Exposição Internacional de Arquitectura, La Biennale di Venezia, que decorre de 14 de Setembro a 23 de Novembro 2008, sob o título Out There: Architecture Beyond Building.

Na apresentação desta participação, José Gil e Joaquim Moreno escrevem inicialmente: "O tema geral da Bienal de Veneza – «Lá Fora: Arquitectura para lá do edificado» – pode, numa certa perspectiva, implicar que a dimensão do «Fora» se encontra de tal maneira integrada e activa num espaço interior que induz uma ilimitação do exterior no interior".

CULTURA PARTICIPATIVA


Henry Jenkins, o autor do conceito de cultura participativa - de que já escrevi, nomeadamente aqui -, tem seguidores em Portugal.

Célia Quico (quadro superior da empresa de tecnologias, televisão por cabo e telecomunicações ZON) irá defender a sua tese de doutoramento intitulada Audiências dos 12 aos 18 anos no contexto da convergência dos media em Portugal: emergência de uma cultura participativa?, pelas 14:30 de 16 de Setembro, na Universidade Nova de Lisboa.


O trabalho de Célia Quico estuda o interesse e a utilidade de um formato de media que solicita contributos e a criação e partilha de conteúdos pelos seus utilizadores, com base em estudos de audiências, recepção e cultural studies e culturas de fãs analisadas por investigadores como Henry Jenkins.

Júri constituído por: António Câmara (FCT/UNL), Cristina Ponte (FCSH/UNL), Manuel José Damásio (Universidade Lusófona), Óscar Mealha (Universidade de Aveiro), Vítor Reia-Baptista (Universidade do Algarve), Francisco Rui Cádima (FCSH/UNL) e Peter Olaf Looms (Universidades de Copenhaga e de Hong Kong).

LIVRO DIGITAL


No dia 6 deste mês, o New York Times publicava um texto sobre o papiro electrónico, um leitor electrónico de livros holandês, o Readius.



O vídeo seguinte tem cerca de um ano, pelo que pude apurar. Mas dá para prever o futuro do leitor electrónico de livros, para além do Kindle.


AMADORISMO


O livro de Andrew Keen, O Culto do Amadorismo, pode dividir-se em duas partes: de um lado os sete primeiros capítulos, publicados em 2007; do outro lado, o oitavo capítulo, já com observações sobre acontecimentos deste ano. Mas é evidente a sua perspectiva, a da defesa dos cépticos face à considerada Web 2.0, opondo críticos aos utópicos digitais ou os pragmáticos aos tecno-utópicos, num tempo de celebração do amador, do YOU, como apareceu na capa de uma revista americana de grande audiência.

Posto de outro modo: Keen define amador como "alguém com um passatempo, que implique conhecimentos ou não, alguém que não ganha a vida com esse interesse, um leigo, sem credenciais, alguém que «dá uns toques»" (p. 48). Amador é, ainda para Keen, aquele que cola, remistura, empresta, copia - isto é, rouba a propriedade intelectual, o que vai contra a ética de respeitar a criatividade dos outros (p. 136). O que parece grátis - Google, YouTube, MySpace, FaceBook - está a custar uma fortuna. Isto porque estas empresas não criam emprego mas geram tão somente lucro, andando a dizimar as indústrias editorial, musical e noticiosa através do que chamam "agregação" (p. 39).

Quais, então, os principais alvos de acusação por parte de Keen? Os blogues (que roubam a informação dos jornais), a Wikipedia (em que os pouco conhecedores exercem pressão sobre os especialistas e alteram os verbetes das entradas da Wikipedia), o YouTube (em que vídeos sem qualquer qualidade são vistos por milhões de visitantes). Por exemplo, os jornais empregam jornalistas profissionais, que adquirem a sua arte mediante instrução e experiência (p. 56). A Time Warner ou a Disney criam e produzem filmes, música e televisão, ao passo que a Google é um parasita, em que o seu único feito foi ter arranjado um algoritmo que liga conteúdos e cobra aos anunciantes desde que estas hiperligações recebam cliques (p. 130). Há, continua, o escarnecer da celebração antiga do trabalho duro, da disciplina, da frugalidade e da abnegação, em troca das valorizações irracionais e dos milionários instantâneos (p. 145).

O amador é, na perspectiva de Keen, um pirata que, em vez de criar, rouba ao remisturar. Um exemplo: os jornais e as revistas, fontes fidedignas de informação sobre o mundo, estão a perder leitores, em detrimento de blogues e sítios gratuitos, que vão buscar sempre a informação aqueles (p. 23). A estes amadores, Keen chama-os de macacos. E lembra a história de T. H. Huxley, para quem se dêssemos máquinas de escrever infinitas a macacos infinitos, algum macaco acabaria por criar uma obra-prima (p. 18). Milhões de amadores produtores de vídeo colocados no YouTube talvez resultem no surgimento de uma obra-prima, conclui Keen.

Mas Andrew Keen diz porque escreve assim. Confessa-se quase logo no começo do livro, quando descreve a ida a um acampamento em Setembro de 2004, onde se encontrou com outros utópicos de Sillicon Valey (p. 26). Aí passou de crente a céptico, ele que quase ficara rico com a internet - com aquilo que hoje critica. Chama-lhe a grande sedução (título do primeiro capítulo) e descreve o seu audiocafe.com, um sítio onde quis colocar toda a música a disponibilizar a toda a gente.

O oitavo capítulo é o reconhecimento de que se devem aproveitar as potencialidades da Web 2.0, mas em que os verdadeiros criadores sejam recompensados pelo seu esforço e remunerados e reconhecidos por isso. Volta ao exemplo da Wikipedia e fala da cisão entre Larry Sanger e Jimmy Wales, com aquele a propor autoridade face a um igualitarismo radical (p. 173). Objectivo: ter um trabalho de boa qualidade na internet aproveitando as tradições e o profissionalismo dos media anteriores (p. 175).

domingo, 20 de julho de 2008

ERIC ROHMER


Os amores de Astrea e de Celedon serão, com certeza, o testamento de Eric Rohmer. Velho e doente, talvez ele não filme mais.

Por isso, o filme já traz em si uma grande nostalgia pelos tempos perdidos, pela inocência desaparecida, pela levada pureza de sentimentos. A lembrar Manoel de Oliveira no modo teatral da representação, o filme não é verosímil. Druídas, ninfas, pastores e cavaleiros (estes não presentes) são os seres humanos e espirituais que povoam a história. Filmado num sítio que não era o ideal inicial do realizador, mas que teve de abdicar dada a degradação da paisagem natural, a história decorre numa floresta maravilhosa (ou encantada), onde o trabalho parece submeter-se à música, à juventude e à alegria, a par de um código ético e estético muito vincado e da honra em cumprir promesssas.

Astrea relega o amor de Celadon. Este, desgostoso, atira-de ao rio, querendo morrer. As ninfas encontram-no e devolvem-lhe a vida. Uma delas apaixona-se por ele e pretende mantê-lo cativo num castelo saído dos livros de cavalaria da Idade Média, quando a cultura celta saía do domínio romano. Celadon sai, disfarçado de mulher, disfarce que o há-de aproximar de Astrea.

O filme não é verosímil, anotei acima. Mas demonstra uma linha de fazer cinema que é distinta da americana, nomeadamente a de ficção científica, com pós-humanos, ciborgues, violência e espaços desertificados ou destruídos por uma qualquer guerra atómica. O cinema é uma arte da ficção, do irreal, do ainda não criado.

COLÓQUIO BRASIL-ESPANHA

V Colóquio Brasil-Espanha de Ciências da Comunicação, de 28 a 30 de Agosto de 2008, na Faculdade de Comunicação Social da Universidade de Brasília, em que as indústrias culturais estarão em grande destaque (ver o programa preliminar aqui ).


sexta-feira, 18 de julho de 2008

INCÊNDIO JUNTO À AUTOESTRADA


Não muito longe do Fundão, onde a temperatura do ar rondaria os 40 graus centígrados.

ARQ./A - HERANÇA LE CORBUSIER


Com Nuno Portas e Luís Santiago Baptista. No Clube Literário do Porto, Rua Nova da Alfândega, n.º 22, Porto, no dia 25 de Julho, 18:30.

ENCONTRO DE TEATRO DOS LEITORADOS DO INSTITUTO CAMÕES


Vai decorrer nos próximos dias 21 a 25 de Julho o II Encontro de Teatro dos Leitorados do Instituto Camões, na Fábrica da Pólvora de Barcarena, em Oeiras. Reunem-se 60 aprendentes de português, oriundos da Alemanha, Croácia, Hungria, Polónia e Sérvia, que efectuarão sessões de trabalho e apresentarão os seus espectáculos com recurso à Língua Portuguesa. Entrada livre.


21 Julho, 21:30 - As três pessoas ou o senhor Valéry dizia, a partir do livro de Gonçalo M. Tavares - Teatro da cidade branca, Belgrado (Sérvia),
22 Julho, 21:30 - Macbetos, texto de Sofia Campos Soares - Lusco-Fusco, Zagreb (Croácia),
23 Julho, 21:30 - inQUIETudes, baseado em textos e poesias de Fernando Pessoa - Teatro Lusotaque, Colónia (Alemanha),
24 Julho, 21:30 - Conversas de mulheres, texto de José Carlos Dias - Grupo de Teatro Pisca-Pisca, Varsóvia (Polónia),
25 Julho, 21:30 - Bom Quixote, texto de István Tasnádi - Rei Rudolfo - Teatro Ambulante, Budapeste (Hungria).

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A BLOGOSFERA COMO VIGILANTE DOS MEDIA


As interacções e trocas entre pessoas - como na blogosfera - tendem em geral a ser mais benéficas que as estruturas criadas através da exercício deliberado do poder, apesar de bem intencionadas - caso das instituições de regulação (Stephen Cooper, Watching the Watchdog, 2006: 303).

Durante muito tempo, hesitei em ler este livro de Stephen Cooper, professor de comunicação da Universidade Marshall (localizada em Huntington, West Virginia). A estrutura parecia-me confusa, com muitas citações de blogues em casos particulares respeitantes à realidade americana. Agora, nestes últimos dias, recuperei o texto e olhei com mais pormenor - e o que se me aparentava desorganizado adquiriu uma nova forma. De tal modo que, revendo a sua arquitectura, o vou aproveitar para diversas finalidades.

O livro tem oito capítulos, mas é como se tivesse três partes estruturantes: 1) elementos base da crítica dos blogues (exactidão, enquadramento, agendamento e gatekeeping, práticas jornalísticas), 2) economia dos blogues (incluindo o conceito de cadeia de valor), 3) blogosfera como esfera pública (a partir de Jürgen Habermas e Elizabeth Noelle-Neumann, embora eu preferisse a distinção montada por Michael Schudson entre Jürgen Habermas e Benedict Anderson). Se a "primeira" parte utiliza conceitos gratos ao jornalismo e a "segunda" materiais que se encontram habitualmente nas indústrias culturais e criativas, a "terceira" emprega tipologias que se usam quando se interpretam públicos e audiências.

A definição de blogue em Cooper é simples: sítio da internet focado na publicação de documentos, escrito por um indivíduo ou um pequeno grupo de indivíduos. A tese principal do livro é que os blogues estão a evoluir no sentido da sua institucionalização social legítima (p. 18). O editor do blogue pode não ter uma recompensa financeira pelo seu trabalho no blogue mas tem uma compensação na perspectiva da teoria dos usos e gratificações: reconhecimento, contributo para a renovação da esfera pública. E, ponto essencial do livro, há uma interacção positiva entre os media clássicos e os blogues, com estes a vigiarem o que aqueles fazem e a darem contributos e pistas para o desenvolvimento de temas começados por aqueles, quando os não iniciam.


Leitura: Stephen Cooper (2006). Watching the Watchdog. Spokane, WA: Marquette Books

GALEGO-PORTUGUÊS


Não vou comentar, mas tão somente chamar a atenção para a curiosidade: o sítio Mapamundi Música, um projecto de Juan Antonio Vázquez e Araceli Tzigane, que vale a pena espreitar, tem informações em castelhano, inglês, francês e galego-português. Sublinho esta última língua!


quarta-feira, 16 de julho de 2008

DEFINIÇÃO DE JORNALISMO DE CIDADÃO


Quando as pessoas anteriormente conhecidas como audiência utilizam as ferramentas da imprensa que existem para informar outras, isso é jornalismo do cidadão (Jay Rosen, Press Think, 14.7.2008).

Ver como Alexandre Gamela comenta esta definição no seu blogue
O Lago (14.7.2008).

MUSEU VIRTUAL DA RÁDIO E DA TELEVISÃO

Anteontem, escrevi sobre o museu da Rádio, sob a forma de uma CARTA ABERTA A PEDRO JORGE BRAUMANN. Nesse texto, pedia ao responsável pelo Núcleo Museológico que fosse reconsiderada "a criação de um espaço de museu virtual, sem mais nada. Os visitantes querem peças reais, físicas".

Confirma-se a abertura do museu virtual, elemento complementar da colecção visitável com peças museológicas de carácter mais eminentemente simbólico, num total de aproximadamente cem peças, a expor num espaço de 300 metros quadrados e a abrir até ao final de 2008 (ou, caso surja um imprevisto, nos dois primeiros meses de 2009). As peças são ligadas aos dois meios representados na RTP: rádio e televisão. O museu virtual permite fazer pesquisa de conteúdos. Além das peças a expor, há ainda uma reserva visitável, guardada em adequadas condições de temperatura e humidade em espaço das caves da sede da RTP (em Lisboa). As peças existentes em Pegões, como escrevi na mensagem acima mencionada, são objectos sem qualidade científica ou repetidos. Em simultâneo com a abertura da colecção visitável e do museu virtual, abrirá na Madeira a exposição comemorativa dos 50 anos da RTP, que esteve anteriormente em Lisboa.

Destas informações, depreende-se o acabar definitivo do Museu da Rádio, o que confirma a incorrecção dos termos da carta que recebi em
Maio de 2004: "a instituição dará oportunamente lugar ao futuro Museu da Rádio e Televisão, passando a incorporar também o espólio do núcleo museológico da RTP". O museu virtual não substitui o museu real, é uma falácia em que andamos a embarcar desde que existe a internet, mais precisamente desde o momento da sua explosão massificada, 1995! Dentro dessa panaceia à second life, a anterior ministra da Cultura queria um museu virtual da Língua portuguesa, ideia que o actual titular fez muito bem em acabar.

O museu virtual faz-se quando não há peças, bens tangíveis, elementos vivos, que suprimam tais faltas. É essa a grande virtude, por exemplo, do museu do cinema em Berlim, magnífico espaço em que a imagem tem o lugar principal - mas o cinema é basicamente imagem, logo não há discrepância de grandeza maior. Agora, desaparecer um museu da rádio - com um espólio bem melhor do que em outros sítios e que funcionava -, não, isso é imperdoável. Sem os conhecer, fiz uma cartografia de responsáveis: a administração da empresa da rádio pública e a tutela no Governo. Os consumidores da cultura e os apreciadores da rádio, presentes e futuros, apontarão o dedo a estas entidades por deixar desaparecer uma instituição como o Museu da Rádio.

Um museu virtual, ainda que complementar, faz-me lembrar a ideia do Portugal dos pequenitos (Coimbra) ou da Minitália (Milão), espaços de lazer para os mais pequenos, lembrando uma época passada, e desenhada com (pre)conceitos patrióticos e saudosistas. E não acredito na versão da escassez de finanças: a anterior ministra da Cultura propôs criar um museu público.


Um museu virtual pressupõe conhecimento. Onde está ele no tocante à rádio? Que investigações têm sido feitas sobre a rádio? Que livros estão publicados? Que conferências sobre a história da rádio? Ou que protocolos com as universidades para estudar a rádio? Não, não há, ou pelo menos eu não conheço em abundância - e procuro andar actualizado.

Lisboa vai ficar um tudo nada melhor do que, por exemplo, Berlim: com o museu virtual, a RTP tem um espaço visitável, coisa que a rádio pública alemã não tem na sua capital, fechado há dois ou três anos. Mas, certamente, o Museu da Rádio português tinha um maior espólio. E espaços, como o estúdio em que Artur Agostinho falava à reportagem da Rádio Renascença (
aqui, realizada em finais de 2007), ficarão desmontados, por falta de espaço na colecção visitável.

Agradeço a amabilidade das informações prestadas pelo Dr. Pedro Jorge Braumann. Compreendo, afinal, que as suas funções são executivas. A decisão de não criar o Museu - melhor, de manter o Museu - veio da tutela no Governo, observando eu, ainda, as contradições de um assessor da administração da RTP quando me respondeu em 2004.

MOSTRA DE CURTAS METRAGENS NO RIO DE JANEIRO


A 5ª Mostra Curtas, parte da Mostra PUC-Rio e destinada a universitários, tem inscrições abertas. O tema do festival deste ano, a decorrer de 19 a 22 de Agosto, é livre, abrangendo as categorias ficção, não-ficção, documentário e animação. Os filmes, que devem ter até 20 minutos, podem ser apresentados em VHS ou DVD.

Os interessados em participar precisam de preencher uma ficha de inscrição disponível no sítio
www.puc-rio.br/mostrapuc.

[informação obtida no sítio
Cultura e Mercado]

terça-feira, 15 de julho de 2008

SÍTIO SOBRE LIVROS


Para quem gosta de acompanhar a indústria e a cultura do livro, recomendo o sítio Tökland, revista audiovisual de fomento à leitura. Os animadores são Txetxu Barandiarán, de Bilbau e com quem me cruzei há anos na Galiza, e Pablo Odell e Joan Odell, ambos de Barcelona. Provêem do mundo do papel e da imagem, mas foi a internet que os uniu.

GESTÃO CULTURAL

A Universidad de Alcalá de Henares (UAH) e o Instituto de Postgrado de Estudios Culturales y de Comunicación (IPECC) organizam um master em Gestão Cultural, a decorrer durante um ano (20 de Outubro de 2008 a 30 de Junho de 2009). Os alunos adquirirão conhecimentos e técnicas necessárias para o desenvolvimento do trabalho profissional no terreno da Gestão Cultural. A Universidade fica a 30 quilómetros de Madrid. Para saber mais, procurar em http://www.ipecc.net/.

[informação via blogue Comunicación Cultural, de Javier Celaya]

BLOGUES - O IMPACTO INTERNACIONAL DO ENCERRAMENTO DO BLOGUE PORTUGUÊS PÓVOA ONLINE


Cornelius Rahn, do European Journalism Center, escreveu ontem um artigo intitulado Blogocépticos ponderam regulação na Europa, com preocupações dizendo respeito à privacidade e liberdade de expressão na internet em geral e nos blogues em particular.

No artigo, Rahn destaca o exemplo ocorrido a semana passada com um blogue português , Povoa Online,
desligado pela Google Portugal após uma sentença de tribunal, que considerou que o(s) autor(es) do blogue tinham difamado o poder local. O blogue tinha "opinado" em muitos dos seus textos e caricaturas. A Global Voices Advocacy fez um longo relato do facto no passado dia 5, o que ilustra a sua importância (os media clássicos fizeram referência ao acontecimento nos últimos dias).

Com pseudónimo Tony Vieira, o blogueiro abriria um novo espaço chamado Povoa Offline (imagem retirada do sítio Global Voices Advocacy).

Cornelius Rahn segue a definição do sítio
Search Win Development, que entende o blogue como representando um ponto de vista pessoal - mesmo que muitos tentem introduzir múltiplos ângulos do tema em mãos. Os blogues surgem da ideia da inexistência da objectividade e da possibilidade de modificar a sua posição após consulta de várias fontes. A blogosfera é uma plataforma de opinião, mas os seus editores não têm dado muita atenção ao factor económico - não procuram retirar valor económico dessa actividade. A opinião transparente, continua Rahn, é o ar fresco da comunicação dos tempos mais recentes (aconselho à leitura do texto total do autor).

A Comissão de Cultura e Educação do Parlamento Europeu adoptou um relatório sobre pluralismo dos media europeus em Junho passado. Não contém uma ameça real para os blogues mas traça algumas ideias de controlo, assegura Rahn, nomeadamente a clarificação do seu estatuto, como escreveu o proponente do relatório, Marianne Mikko, deputado pela Estónia. Mikko quis ver esclarecidas as responsabilidades profissionais e financeiras dos blogueiros, assim como restringir o anonimato em que muitos blogues persistem, caso do blogue português acima mencionado.

Cornelius Rahn está a tirar um grau universitário na Universidade de Maastricht (Estudos Europeus). A seguir, vai estudar jornalismo na Universidade de Hong Kong. Os seus interesses são a liberdade na internet e os media nos países em desenvolvimento.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

CARTA ABERTA A PEDRO JORGE BRAUMANN


Caro Dr. Pedro Jorge Braumann,

O Museu da Rádio fechou, com imensa tristeza de todos os que gostam da rádio, em finais do ano passado. O primeiro anúncio li-o em Maio de 2004, quando se dizia estar para breve o seu encerramento. Então, passavam doze anos depois de ter sido aberto ao público (1992). Por essa ocasião, eu escrevi uma carta à administração da RDP. Na resposta (ver aqui em
28 de Maio de 2004), li: “o actual Museu da Rádio não será «desmantelado». Pelo contrário, a instituição dará oportunamente lugar ao futuro Museu da Rádio e Televisão, passando a incorporar também o espólio do núcleo museológico da RTP”.

Em finais do ano passado (2007), quando o museu estava definitivamente fechado, o Dr. Pedro Braumann dizia à Rádio Renascença (ver vídeo aqui, realizado por Dina Soares e Conceição Sampaio) que já não iria haver um museu, por decisão do Governo e da administração da RTP. Nessa ocasião, respondia ir abrir um núcleo de peças físicas visitáveis até ao fim do ano (2007). A posição da RTP mudava totalmente, o que significa ausência de verdade de quem me escreveu há quatro anos.

Estamos em Julho de 2008, e ainda não há museu ou núcleo de “reserva visitável”, expressão que usou na entrevista à Renascença. Sabemos que há peças guardadas nas caves das instalações centrais da RTP, à Avenida Marechal Gomes da Costa em Lisboa (garagem), e outras num edifício em Pegões, onde funcionou o emissor de ondas curtas da estação (e cuja segurança não será a melhor).

Parece que, agora, a aposta é a criação de um espaço de museu virtual.

Caro Dr. Pedro Jorge Braumann, como Director do Núcleo Museológico da Rádio (e da Televisão), peço que reconsidere – ou diga a quem teve a ideia para reconsiderar – a criação de um espaço de museu virtual, sem mais nada. Os visitantes querem peças reais, físicas. Para virtual, já temos a internet (e esta, apesar de nos dar imagens de todo o mundo, não acaba com a vontade de viajar, de contactar com a realidade física do mundo). Precisamos de ver o microfone de CT1AA (do pioneiro Abílio Nunes dos Santos Júnior), a mesa de programação de que Artur Agostinho falava no vídeo da Rádio Renascença, o estúdio em que ele falou, os aparelhos de recepção, muitos deles oferecidos pelos ouvintes.

A nós, que gostamos seriamente da rádio, não compreendemos que o destino das peças físicas não esteja perfeitamente acautelado. Não percebemos que haja uma selecção de peças por causa da falta de espaço, e que isso possa conduzir a que outras peças estejam destinadas à destruição ou venda por presumível menor valor patrimonial. O espólio do antigo Museu da Rádio não deve ser espartilhado, por respeito aos que construiram esse património, pela necessidade de explicar às novas gerações a importância da rádio em Portugal e por todos os que querem estudar a rádio. Um erro económico de hoje (poupar no espaço) pode revelar-se um desastre no futuro, se perdermos a memória colectiva do país ou traços fundamentais para a sua reconstituição.

Sabemos, igualmente, que a administração da RTP ouve bem as suas posições; por favor, use essa boa influência para dar feliz destino às peças do antigo Museu da Rádio. O país ficar-lhe-á grato por isso.

De um amigo e colega que o estima.

PERFIL SOCIOLÓGICO DOS JORNALISTAS PORTUGUESES


Recebi hoje o número 12 da revista Trajectos, do ISCTE e dirigida por José Rebelo. O tema de capa é dos assuntos mais importantes no tocante aos jornalistas portugueses, dado apresentar os primeiros dados de um estudo de equipa liderada pelo próprio José Rebelo, intitulado Perfil sociológico do Jornalista Português e financiado pela FCT, que decorreu no CIES (Centro de Investigação e Estudos de Sociologia) entre 2005 e 2008. A metodologia assentou em cinquenta entrevistas semidirectivas a jornalistas, permitindo as representações dos próprios quanto à vida e actividade profissional. O estudo, no seu todo, será publicado proximamente.

Vou ler atentamente o que agora se publica (textos de Alexandre Manuel, Avelino Rodrigues, Adelino Gomes, José Luiz Fernandes, Isabela Salim, Pedro Diniz de Sousa e Diana Andringa).

INTERNET, JORNAIS, GOOGLE E BLOGUES


A discussão começou na quinta-feira passada, quando Jeff Jarvis, do blogue Buzzmachine, escreveu que, como a Google é boa em arranjar publicidade e como os jornais em papel estão a reduzir vendas, o melhor seria a Google dedicar-se ao jornalismo.

Foi quando Andrew Grant-Adamson, do blogue
Wordblog, logo no mesmo dia, acrescentou que a Google pode ser a infra-estrutura mas deve deixar os jornais controlarem o conteúdo, a publicidade, a marca e o relacionamento com o exterior.

No momento em que escrevo esta mensagem, já existem 61 comentários à mensagem de Jeff Jarvis. Fico-me por um, o de
SteveGarfield, quando ele indica ter ouvido dizer que um grande jornal admitiu 60 programadores para desenharem o seu novo sítio. Se sim, ele acha que, na fase seguinte, o "fazer notícias" deve incluir a colaboração de blogueiros locais.

Trata-se, assim, de uma grande corrente de discussão e opinião: parece que os blogues voltam a ser uma ferramenta importante para o jornalismo.

domingo, 13 de julho de 2008

OS FILHOS DAS CELEBRIDADES


Meio mundo dos media fala do nascimento dos filhos de Angelina Jolie e Brad Pitt, ontem à noite, em Nice: um rapaz, Knox Leon, e uma rapariga, Vivienne Marcheline. A família Brangelina, duas das mais badaladas celebridades actuais do cinema, tinha já quatro filhos: Maddox, 6; Pax, 4; Zahara, 3; e Shiloh, 2. O próprio presidente da câmara de Nice leu um comunicado em inglês, mostrando-se muito feliz por os nascimentos terem ocorrido naquela cidade!

As fotos dos bebés agora nascidos foram negociadas em exclusivo, indo o valor a pagar para uma associação de caridade.

NOTÍCIAS SOBRE LIVROS


Da leitura dos jornais de ontem, encontrei duas referências à indústria dos livros.

A primeira veio no Público, onde a propósito do iPhone Isabel Coutinho escreve que uma das razões que a vai levar a comprar um aparelho daqueles é para ler livros. Acrescenta que ficou convencida desde que viu o aparelho da Apple na Book Expo America há pouco tempo: "As páginas do livro são folheadas com toques de dedo para a esquerda e para a direita e é possível fazer pesquisa de palavras no texto". Além de que a Adobe está a trabalhar para a Apple iPhone, o que significa num futuro próximo ler o formato .epub nesses aparelhos. O tamanho da letra não se altera com a dimensão do ecrã onde se está a ler.

A segunda veio no Expresso, onde António Lobato Faria, administrador da editora Oficina do Livro, agora integrada no grupo LeYa, diz que uma editora só existe enquanto projecto empresarial: "uma actividade económica normal em que a comunicação e o marketing são elementos tão indispensáveis como a distribuição". Mas acredita igualmente na paixão do (pelo) livro.