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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Sonia Rykiel

Em 15 de abril de 2009, escrevi aqui:

"Com 17 anos de idade, ela [Sonia Rykiel] foi trabalhar como modelo para um armazém parisiense de têxtil. Mais tarde, casou com o dono de uma loja de roupa elegante, Sam. Quando estava grávida, em 1962, ainda não havia roupa apropriada para mulheres no estado dela, pelo que começou a desenhar os seus próprios modelos. Um livro sobre ela diz que Rykiel consagrou-se ao essencial: a arquitectura do vestuário e ao movimento do corpo, uma mulher que passe na cidade ao encontro do namorado ou vá buscar o seu filho à escola sem ficar presa aos gestos e movimentos (Genevieve Lafosse Dauvergne, 2003, La Mode Selon Sonia Rykiel, p. 13) Além de costureira, ela também tem escrito livros, casos de Et je la voudrais nue, Célébration, Collection terminée. Em 1980, foi votada como uma das dez mulheres mais elegantes em todo o mundo. Andy Wharol fez um célebre quadro dela".


Hoje, a notícia é a da sua morte, chamando-a a rainha das malhas. Ela tinha estado em 2004 na ModaLisboa [imagem de 2009 de loja em Paris].

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Exposição Frenéticas

O Museu da Presidência da República inaugura no próximo dia 6 de Dezembro, no Palácio da Cidadela de Cascais, a exposição Frenéticas no Pós-Guerra, uma mostra de acessórios de moda no feminino. A exposição resulta de parceria com o Museu Nacional do Traje, a que se associaram alguns particulares. No total, estarão expostas mais de cem peças e documentos originais que ilustram a década de 1920 em Portugal. A exposição estará aberta ao público de 7 de Dezembro até 8 de Fevereiro de 2015, de quarta-feira a domingo, das 14:00 às 20:00, no Palácio da Cidadela de Cascais. 





















A velocidade e o frenesim do período, sobretudo nas zonas urbanas, anunciavam a emancipação da mulher, e os magazines femininos da época ditavam modelos importados das grandes cidades europeias que abalavam tabus da sociedade tradicional portuguesa. Na ânsia de viver frivolamente em liberdade, as mulheres saem, pela primeira vez, da esfera doméstica para aparecer em público, pisando firmemente terrenos que até então lhes eram interditos. Nas suas salomés coloridas, novos sapatos confortáveis e elegantes, mostrando o tornozelo e os joelhos, de vestidos curtos e de cintura descaída, maquilhadas e de cabelo curto à garçonne, experimentam a emoção de conduzir, praticar desporto, fumar e dançar ao som de uma jazz-band (texto e imagens da organização).

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Moda de praia

Curioso o texto editado hoje no jornal Público sobre a moda de praia (aqui). No online, juntamente com os desenhos dos fatos de banho femininos, há um contador do espaço de pele ocupado com a roupa de vestir na praia.

Em 1920, diz o texto: "Nesta década, os banhos de sol começaram a vulgarizar-se e os modelos tornaram-se mais libertadoras. Os fatos de banho eram largos, alguns tinham uma pequena saia mas começaram a ter formas diferentes".

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sapatos

Salvatore Ferragamo (1898-1960) foi de Itália para os Estados Unidos, onde consolidou a sua marca de sapateiro. Ele calçou as estrelas de Hollywood, de Pola Negri e Mary Pickford a Audrey Hepburn e Marilyn Monroe e as suas sandálias entraram nos filmes de Cecil B. de Mille sobre a história de Roma. O seu sonho de fazer sapatos manuais mas dentro de uma linha de montagem concretizava-se. Regressado a Itália e quando o regime de Mussolini foi isolado e as matérias-primas escasseavam para produzir os seus sapatos, Ferragamo ensaiou os sapatos de base de cortiça, usados em modelos ortopédicos (imagens do Museu Salvatore Ferragamo, Florença; texto a partir de artigo de Guido Vergani, um dos curadores da exposição sobre o fabricante de sapatos de Florença, em 1985).


sexta-feira, 30 de março de 2012

Call for papers para 1º CIMODE

O 1º CIMODE - Congresso Internacional de Moda e Design vai realizar-se em Guimarães, entre 5 e 7 de novembro. O call for papers está aberto até 15 de abril.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

TRIUMPH

Para a Triumph, 2011 é um ano especial, pois comemora 125 anos de actividade. Na realidade, a Triumph, fabricante de lingerie, foi fundada na Alemanha pelas famílias de Johann Gottfried Spiesshofer e de Michael Braun em 1886. A primeira subsidiária estrangeira foi estabelecida na Suíça, que se tornou a sede da empresa.

O anúncio agora colocado nos mupies mostra três modelos com cinturas muitas finas, contornos mais ampliados pela luz branca vinda de trás. A imagem recorda-me o quadro de Almada Negreiros, As banhistas, formas que ele tirara de um quadro de Picasso. As cores lembram-me o fauvismo, caracterizado por cores intensas como as que se observam nos países mediterrânicos, nomeadamente na zona meridional francesa, onde o movimento teve uma grande repercussão. Um dos quadros mais impressivos do fauvismo, embora com cores muito distintas das do anúncio, é o de Henri Matisse, La blouse romaine (1940). Para Matisse, as cores não precisavam de estar de acordo com os tons reais do objecto mas estabelecerem harmonia com as outras cores (Raymond Cogniat, "O Fauvism", História da Arte, Alfa, 1992, vol. 9, p. 112).

A publicidade fez-me ainda rever a pintura de Sonia Delaunay-Terk na década de 1920. Outras ideias despertadas pela pose das modelos leva-nos à depuração de linhas na banda desenhada japonesa (manga) e às peças de manequins em papel que se vestiam e voltavam a vestir, mais tarde representada pelo guarda-roupa da Barbie e agora em sítios da internet onde se podem vestir os manequins com peças de roupa virtuais. A modelo do centro parece o resultado de uma construção desse tipo. Na imagem não vejo super-mulheres nem mulheres de beleza ideal mas cuja irrealidade é suportada na ondulação dos movimentos das modelos. O importante é a mensagem de conforto e boa linha por elas transmitidas.

sábado, 5 de março de 2011

HIPSTER

Conforme o texto inserido na Wikipedia, hipster é um termo que surgiu na década de 1940 e foi revisitado nas décadas de 1990 e de 2000 para descrever adolescentes mais velhos e jovens adultos, urbanos e da classe média, com interesses culturais de correntes minoritárias, como rock indie, cinema independente, revistas como Vice [com edição portuguesa em 2009] e Clash, e sítios como Pitchfork. O termo empregue na década de 1940 identificava o aficcionado do jazz, do bebop em particular, popularizado no início dessa década, que adoptava o estilo de vida do músico de jazz, com vestuário, uso da cannabis e outras drogas, atitude descontraída, humor sarcástico, pobreza auto-imposta, e códigos sexuais descomprometidos. O hipsterismo agrega, se quisermos, elementos de movimentos marginais do pós-guerra como beat, hippie, punk e grunge, continuo a ler na página da Wikipedia.

A revista Pública dedicou atenção a este tema na edição de 30 de Janeiro último, com assinatura de David Pinheiro Silva e Joana Amaral Cardoso. Para os autores, o hipster é um estilo, uma escolha de visual com base cultural, em que capitalismo, internet, música e moda ajudam a definir o estilo da cultura jovem actual. O texto ajuda a compor o que a Wikipedia não engloba, ao procurar identificar os estilos da moda juvenil ao longo das décadas: "Nos anos 1970 havia o hippie, nos anos 1980 o punk e nos anos 1990 o slacker, que ouvia rock grunge e vestia camisas de flanela. A roupa desportiva de b-boys e b-girls da cultura hip-hop seguiram-se-lhe. [...] Hoje, quando olhamos para os adolescentes e jovens adultos, haverá sempre pelo menos um hipster entre eles".

Lê-se ainda que o fenómeno hipster se resume a gosto, conceito que encontramos definido em Pierre Bourdieu. O prefixo hip é sinónimo de algo de novo e fresco. O hipster tem um distanciamento face à política e é adepto do grande consumo, ideia contrária à da definição da Wikipedia, o que me deixa confundido. Um investigador assinalado no texto da Pública indica mesmo que os hipsters não fazem nada de mal, não fazem mesmo nada. Também são considerados como flaneurs, como Baudelaire escreveu. Talvez, no fundo, seja mais uma série de referências adoptadas a nível visual do que uma contracultura ou movimento, onde não há uma substituição de referências mas uma sua acumulação, que remete para a singularidade. Vítor Ferreira, sociólogo citado no texto, diz: "A história do hippie e do punk é escrita nos termos do sistema social e político em que se inseriam. Aqui [nas cenas juvenis actuais] há uma deriva heterotópica, porque se fragmenta muito, em que a acumulação de referências é que vai dar substância biográfica e individual aquela trajectória e remete para uma série de referências que a vão singularizar".

sábado, 13 de novembro de 2010

SWATCH

O anúncio publicita a nova colecção Gent da Swatch, num revivalismo da década de 1980: grande espaço para o relógio e cores frescas. O fabricante, que destaca o modelo Purple rebel, descreve a colecção como de culto.

A modelo que acompanha este anúncio (há outros anúncios com modelos femininos e masculinos) está numa pose simultaneamente sensual e andrógina, com o cabelo louro penteado para trás, a lembrar heroínas de séries de banda desenhada ou de filmes de ficção científica. A eyeliner usada coincide com a cor do relógio e da pulseira. O azul dos olhos da modelo exerce uma espécie de complemento com o azul da roupa da modelo, com o cruzar de braços a evidenciar a dimensão do relógio e combinar as cores da roupa, dos olhos e do tom da pele. Há um equilíbrio entre a imagem da direita (o relógio) e da esquerda (a modelo com o relógio), cuja leitura semiótica reforça a sofisticação da peça da Swatch.

Jessica Stam, mais conhecida simplesmente como Stam, é uma modelo canadiana que nasceu em 1986.

domingo, 10 de outubro de 2010

NOS BASTIDORES DO DESIGN DE MODA

Nos bastidores do design de moda é um vídeo de Sónia Santos Dias (fonte: Sapo Mulher, Setembro de 2009).

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

FASHION MEDIA

The Fashion Media: Yesterday, Today, Tomorrow conference brings together the leading minds and voices in fashion research and practice to explore and debate the key issues facing fashion imagery and communications today and consider them in relation to historical and future media cultures.

Programmed by Dr. Djurdja Bartlett and Prof. Penny Martin of London College of Fashion and held at the John Princes Street site over two days (21-22 October 2010), the conference is structured around a series of provocative, 20-minute 'position' papers. These focus on themes such as questions of national identity in historic magazine culture; masculinity and criminality in male dress; ethnicity and propriety in fashion representation; quality control in digital innovations and the future of online fashion. Recognising the burgeoning research interest in fashion media among undergraduate and postgraduate students, there will also be a Pecha Kucha session for postgraduate students and early career researchers to present their projects.

See more information here.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CONCURSO DE MODA NA TELEVISÃO

O Projecto Moda chegou ao fim. Apresentado por Nayma Mingas, teve em competição dez aspirantes a designers de moda. A última emissão (26 de Setembro) alcançou o melhor resultado: 7,6% de audiência média e 20% de share. Os oito programas de Projecto Moda registaram 7,1% de audiência média e 21,5% de share (Marktest). Lê-se no sítio da RTP: "Foi a primeira vez que este formato norte-americano [Project Runway] foi aplicado ao nosso país e pelas mãos da RTP. Alguns pormenores foram recuperados, outros adaptados à nossa realidade, mas sempre permanecendo fiéis ao conceito original, com poucos dias para elaborar uma peça, um desfile e uma eliminação a cada domingo" [ao lado, recorte do Expresso com a modelo angolana].

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O DIRECTOR PORTUGUÊS DA LACOSTE

A notícia de ontem do Público (Joana Amaral Cardoso) indicava Felipe Oliveira Baptista como novo director criativo da Lacoste nos próximos dois anos. Designer nascido nos Açores, estudou moda em Kingston, universidade de Londres (1997), foi premiado no festival internacional de jovens criadores de Hyères (2002) e pela Association Nationale pour le Développement des Arts de la Mode (2003), teve uma bolsa Louis Vuitton Moet Hennessy (2003), trabalhou com Max Mara, Cerruti e Nike, é apoiado pelo Portugal Fashion, tem a sua própria marca.

Objectivos do designer e director criativo: criar uma silhueta e look mais urbano, menos clássico e menos retro. A Lacoste, fundada por René Lacoste em 1933, é conhecida como a marca de pólos com crocodilos, o logótipo inconfundível da empresa, em especial no domínio do sporstwear. A primeira colecção de Felipe Oliveira Baptista aparecerá em Setembro do próximo ano, na semana da moda de Nova Iorque.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O BLOGUE DE SUSANA R.

Susana R., blogue de moda cuja autora tem esse nome, foi tema de entrevista da revista Corpo de Mulher deste mês.

No seu blogue, que também tem a designação Stiletto Effect, escreve sobre casas de moda, estilos de vida, tendências, estilistas e modelos. Licenciada pela Universidade Católica em comunicação e uma pós-graduação em consultoria de imagem pelo ISLA, e ainda formadora, começou o blogue em 2007. Tem 1103 seguidores no blogue.

O seu estilo é rock chique e casual. As referências e fontes de inspiração são a moda e a música. Nas revistas, lê Vogue, Elle e I-D e recomenda os livros Teen Vogue Handbook e Style A to Zoe, de Rachel Zoe. De lojas, recomenda Net-a-porter (online), The Chains of Love, H&M, e quanto a mercados de prefere os de Portobello, em Londres.

A MODA DO SAPATO PORTUGUÊS

Na edição do último sábado do Expresso, saíu um artigo sobre o actual sucesso do calçado nacional. Segundo o texto, Portugal foi o primeiro país a apostar na década de 1970 na imagem institucional para vender sapatos.

Agora, em 2010, avança com uma nova imagem em revistas como Vogue Accessory e Modapelle e a presença em 80 feiras, um investimento de 9 milhões de euros com o lema Portuguese shoes: designed by the future. Aí se apresenta uma indústria aliando a tradição à tecnologia, com símbolos da iconografia portuguesa como os azulejos e a calçada.

A Appiccaps, associação do sector, calça modelos internacionais com marcas portuguesas, organiza sessões fotográficas e faz editoriais de moda de 10 a 12 páginas. A associação prevê investir 60 milhões de euros em investigação e desenvolvimento até 2015, nomeadamente na modernização produtiva e na busca de mão-de-obra qualificada, querendo ser a principal referência no mundo, numa tripla acção: especialização, qualidade e design. A quota nacional é de 10,2%, tendo ganho posição face a Espanha e Itália, por exemplo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

TRAJES E MODA

Roland Barthes, no seu livro Sistema da Moda, fala em dois tipos de vestuário numa revista de moda. O primeiro é o fotografado ou desenhado, um vestuário-imagem. O segundo é o mesmo vestuário mas escrito, transformado em linguagem. No primeiro, empregam-se formas, linhas, cores; no segundo, palavras. Há, contudo, um terceiro tipo, o vestido real. O modelo que guia a informação transmitida pelos dois primeiros vestuários pertence à terceira estrutura (pp. 15-17).

Mas que dizer do vestuário exposto num museu? Já não é objecto de moda ou desejo e apenas motivo de recordação ou de interesse histórico e sociológico. Ver o vestuário dentro de um cavalete é retirar o conteúdo. O vestido é uma pele exterior, um contentor, a que falta a carne e a vida da sua portadora. Como seria ela? Bonita, velha, alta, magra, alegre? E o roupão ou camisa de dormir, usou-as muitas vezes? A esses vestidos e outros adereços chamam-se manequins, confundindo a função com as manequins das passagens de modelos.

No museu, continuamos no referente de modelo. Como diz Jean Baudrillard, os modelos já não constituem uma transcendência ou uma projecção mas são uma antecipação do real, são imanentes, são uma manipulação, com cenários e situações simuladas (Simulacros e Simulação, p. 152). A roupa presente no museu é um simulacro dessas alegrias ou tristezas e da beleza das portadoras das peças agora expostas. Não agarramos a realidade, mas um substituto, o simulacro, como bem expressa Baudrillard. Desligada da realidade, resta-nos a memória descontextualizada. Nem a informação escrita junto às peças nem a música de fundo conseguem trazer-nos à vida as cenas representadas por essas portadoras da moda.

[imagens tiradas no Museu do Traje. A segunda imagem pertence à exposição temporária de roupa interior do século XIX]

quinta-feira, 4 de março de 2010

A MODA EM BARTHES

De vez em quando sabe bem voltar a ler Roland Barthes (fi-lo, por exemplo, aqui, há pouco mais de dois anos). Ele colocou a linguagem ao serviço da semiologia. Na introdução ao texto Elementos de semiologia (1953-1964/1981), apresenta o campo de actividade desta ciência, partindo de Saussure: qualquer sistema de signos. A substância visual confirma as significações no reforço da mensagem linguística, casos de cinema, publicidade, banda desenhada, fotografia de imprensa.

Quando escreve sobre moda, parte da distinção entre fala (acto individual de selecção e actualização) e língua (instituição, sistema) e distingue três sistemas diferentes: vestuário escrito, fotografado, usado (ou real). O vestuário escrito numa revista de moda é ajudado pela linguagem articulada; a sua descrição nunca corresponde a uma execução individual das regras da moda, é um conjunto sistemático de signos e regras (Barthes, 1981: 92). O vestuário fotografado não aparece como signo abstracto, porque é usado por uma mulher individual. Já o vestuário usado (ou real) é constituído pela oposição de peças, adornos ou "detalhes", como usar um chapéu ou uma boina.

Em Sistema de moda (1967/1999), retoma a distinção. Os primeiros dois sistemas interligam-se. Por exemplo, o texto que acompanha a fotografia: "cinto de couro um pouco acima da cintura, a que uma rosa dá um toque de festa, sobre vestido leve, de shetland" (Barthes, 1999: 15). Já o terceiro sistema, o do sistema do vestuário real, não pertence ao âmbito da língua. Além de que não vemos senão um modo pessoal de usar o vestuário, um porte particular. Daí três estruturas distintas: verbal, icónica, tecnológica (esta porque o vestuário é composto de materiais físicos). A estrutura tecnológica aparece como um tipo de língua-mãe, a que as outras - as publicadas na revista de moda - são línguas mais próximas da fala.

Barthes desenvolve a ideia de shifter (aparelho; translação), do real à imagem, do real à linguagem, da imagem à linguagem (1999: 18). Do vestuário tecnológico para o icónico, o shifter é o molde de costura, o desenho que reproduz o fabrico das peças de vestuário, a que se acrescem os processos gráfico e fotográfico. A passagem do vestuário tecnológico ao escrito envolve a receita ou programa
de costura - o texto assinado na revista de moda, a recomendação. Em terceiro lugar, a transferência do vestuário icónico para o falado significa não desenhos de moldes ou textos de receitas de costura mas anafóricos da língua: "este" saia-casaco, "o" vestido de shetland.

Claro, como observa muito bem José Augusto Seabra na introdução a Mitologias (1957/2007), que traduziu, Barthes analisa a moda real e a moda escrita, optando nitidamente por esta. A moda tem a inevitabilidade da mediação da escrita. Ou, como escreve Barthes: "desde que se observa a Moda, a escrita aparece como constitutiva" (2007: XXXVIII).

domingo, 14 de fevereiro de 2010

MODA E DESPORTO

No jornal inglês Independent, uma notícia que me interessou diz respeito à designer Angy Morton, que vai apresentar uma colecção de moda ligada ao desporto, isto é, aos emblemas e cores dos clubes da primeira liga de futebol britânica. O resultado é deveras curioso, pelo que aconselho a leitura do texto e, em especial, as imagens do vestuário construído pela designer, no jornal Independent.

A passagem de modelos vai decorrer no próximo dia 24, às 21:00, no Jalouse Club, Mayfair, em Londres, como se pode ler no anúncio abaixo. O blogueiro, apesar do interesse, não tem convite, pelo que não vai lá estar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

NOTÍCIA DOS JORNAIS - III

As séries de televisão têm influência na moda. No presente, são as séries Mad Men (na imagem, retirada do sítio amctv) e Gossip Girl que inspiram os criadores de moda (marcas de roupa como Banana Republic, Brooks Brothers e Topman) e os clientes e seguidores desta e das marcas.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MODA E VESTUÁRIO


Qual a ligação entre a moda e os seus públicos, como é produzida e estabelecida? Diane Crane (2008) apresenta uma proposta, partindo da ideia que a definição da moda reside na diferenciação social. A moda pode ser vista como conjunto de normas.

 Quando as normas mudam rapidamente são modas. O vestuário pode ser visto como uma "língua", com imagens significativas em contextos sociais específicos. Do ponto de vista da semiótica, a roupa pode ver-se como significante cujo significado é passível de identificação. Se os significantes são abertos (conotações) cresce a ambiguidade dos significados da moda. As modas, repetindo, são normas e códigos que constituem estilos reconhecidos em períodos específicos.

A moda foi definida como meio de expressão para a diferenciação social, particularmente as distinções sociais. Compreender as alterações das roupas em voga pode ser conceptualizado como forma de capital cultural. Há também a definição da moda em termos de ambivalência de identidade social - juventude versus maturidade, masculinidade versus feminilidade, trabalho versus lazer, conformidade versus rebeldia.

Grandes mudanças nos estilos de roupa são indicadores de importantes alterações nas relações sociais e nos níveis de tensão social. Assim, a autora estabelece a diferenciação entre moda de classe e moda de consumo. A moda de classe prevaleceu nos séculos XIX e começo do século XX, com identificação da posição social. Tinha regras rígidas sobre o uso de acessórios. A moda de consumo é multifacetada e satisfaz as exigências dos consumidores, em especial os jovens. Há uma grande gama de opções e muita diversidade estilística, com menor consenso sobre o que é moda. Estilos diferentes têm públicos (consumidores) diferentes. A idade substitui o status social como variável. Os estilos em grupos sócio-económicos mais baixos são criados por adolescentes pertencentes a subculturas urbanas ou determinadas tribos. Há vestuários com regras rigorosas (os fatos para os homens e as saias-casaco para as mulheres de actividades de serviços; os uniformes) e vestuários de lazer (sem regras para quem os usa, misturando peças para expressar identidade pessoal).

Os estilos de moda foram influenciados, no final do século XX, por mudanças na relação entre lazer, classe social, género e cultura popular. Com base na nova cultura - cinema, música e desporto -, a cultura de lazer permitiu a expressão de novas identidades.  No final da década de 1960, jovens criadores da classe operária passaram a estudar em escolas de artes, absorvendo subculturas da classe operária e produzindo designs subversivos. Muitos adolescentes escolhem as suas roupas para expressar a sua identidade, acreditando que assim revelam o seu "eu" interior. Se o conceito que têm de si próprio muda, as roupas e o seu estilo mudam no indivíduo.

Leitura: Diane Crane (2008). "Reflexões sobre a moda: o vestuário como fenônemo social". In Maria Lucia Bueno e Luiz Octávio de Lima Camargo Cultura e consumo. Estilos vida na contemporaneidade. São Paulo: Senac, pp. 157-172

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

MODA E DESLOCALIZAÇÃO DE FÁBRICAS


No El Pais (Madrid) de ontem, Amanda Mars escreveu sobre as grandes marcas de roupa que vêm deslocalizando as suas fábricas para a Ásia e, também, África. Armani, Hugo Boss ou Prada são algumas dessas marcas que têm os seus produtos feitos na China, dado o menor custo com a mão de obra, mas indicam que o que conta não é o fabrico em si mas a marca, o seu design, as matérias primas e o controlo de qualidade. As 10 principais marcas de luxo controlam 75% do mercado mundial.

Além da China, surgem outros países como locais de fabrico de roupa, casos da ilha Maurício (ilhas Mascarenhas), com camisas e camisolas, Turquia (cidade de Imir) e Marrocos (Tânger).

Claro que há um problema de imagem no fabrico de marcas de luxo na Ásia, embora um bom controlo de produção signifique que a qualidade seja semelhante à produzida na Europa ou nos Estados Unidos. O que leva a Europa a responder de modo assertivo. Assim, na Itália as etiquetas colocadas na sua roupa dizem 100% made in Italy ou All italian, podendo haver sanções até € 250 mil caso não seja cumprida com escrúpulo essa informação, embora tal possa representar, por outro lado, um efeito proteccionista.