segunda-feira, 24 de maio de 2004

EDITAR UM BLOGUE

Uma das palavras que melhor retive no almoço de bloguistas, ocorrido no começo do mês, foi editar. Vários bloguistas têm a questão da edição em mente quando se trata de fazer uma nova mensagem.

Tal propósito encaixa na definição de novo jornalismo dada por John V. Pavlik, em Journalism and new media (2001). Ou melhor, de jornalismo contextualizado, que incorpora as capacidades multimedia das plataformas digitais, as qualidades fluidas interactivas e hipermedia da comunicação em linha (on-line) e a adaptação dos media aos interesses do cliente (leitor, espectador) (2001: 216). Se o jornalista, no mundo analógico, olhava o mundo e relatava os factos como eles tinham ocorrido, interpretava-os em termos do impacto da comunidade local ou da sociedade em geral e fornecia a opinião ou linhas editoriais, no mundo digital esperam-se outros papéis do jornalista. E quais são?

Primeiro, dado que há uma natureza ubíqua das notícias e da informação, o jornalista precisa de ser muito mais do que um simples contador de factos, pois tem de articular factos e contextualizá-los com as suas circunstâncias. Para além de observar directamente os acontecimentos, o jornalista precisa de confrontar a sua perspectiva com a fornecida por outros produtores de informação, em especial os ligados à net. O trabalho que produz tem de ser objectivo, preciso e curto, que a atenda audiências que querem informação actual mas não dispõem de muito tempo.

Segundo, é preciso ampliar o papel de intérprete desempenhado pelo jornalista. Este torna-se um “fazedor” de análises nos acontecimentos e processos, apoiado pelo uso de conteúdo hipermedia e orientado para os sujeitos da notícia. Tal implica novos modelos de formação e treino do jornalista. Terceiro, o jornalista desempenha um papel central no religar as comunidades. Pavlik chama-lhe jornalismo cívico em linha, capaz de encorajar a participação dos cidadãos na vida pública. Além disso, a nova postura do jornalismo significa interesse em tornar-se mais responsável para com as suas audiências.

Estas propostas de Pavlik, que se encontram nas páginas de conclusões do seu livro, precisam de ser discutidas [podendo, tenciono voltar ao livro]. Eu tenho dúvida da eficácia de algumas das perspectivas do jornalismo contextualizado. Mas não esqueço o papel dos blogues. Nestes dias, vários blogues questionaram o rumo do Museu da Rádio. E, por iniciativa de António Silva, há já 74 pessoas que preencheram uma petição de apoio ao Museu em A Minha Rádio , o que é um pequeno grande sucesso. Os meus cumprimentos ao António [que ainda não conheço pessoalmente, mas irei visitá-lo, quando for ao Porto, à sua (nossa) Faculdade de Letras].

Livro: John V. Pavlik (2001). Journalism and new media. Nova Iorque: Columbia University Press

ROQUE SANTEIRO NO CINEMA

Os direitos da telenovela Roque Santeiro, de Dias Gomes, foram comprados pela “Master Shot Filmes” para a sua passagem ao cinema. O filme será rodado em 2005, com a possibilidade da Globo Filmes entrar como co-produtora. O acordo de aquisição de direitos pode incluir a contratação dos actores que fizeram a novela: Regina Duarte (viúva Porcina), Lima Duarte (sinhôzinho Malta) e José Wilker (Santeiro).

O texto, de título original O berço do herói, fora criado para o teatro (1965), mas a ditadura militar censurou-o. Feita a adaptação para telenovela pela Globo (1975), também teve a proibição governamental. Só seria vista no Brasil em 1985. Aqui, em Portugal, passou nos anos de 1993-1994. E ainda está na memória de todos o gesto do tilintar das pulseiras de Malta e a expressão usual dele: "estou certo ou estou errado"? (dica de Daniela Bertocchi).

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