terça-feira, 23 de novembro de 2004

REVISTAS

Ia à procura do livro O que é moda e saber se já tinha saído mais um número da revista Trajectos. Não vi nem um nem outra, mas passei os olhos por/e folheei as revistas que estavam no escaparate da livraria Almedina. E adquiri as revistas que vêm nas imagens. Da primeira - 365 -, retive a entrevista de Dina Aguiar, jornalista da televisão; da segunda - Númeromagazine -, a entrevista de Teresa Villaverde, cineasta. Ambas indicando o mês de Novembro como edição (embora já haja uma edição posterior da 365).

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Não sei bem como classificar ambas as revistas. Apetece-me chamar-lhes fãzines, dada a especificidade de orientação, ou então revistas especializadas, o que perde espessura (a segunda aponta para áreas precisas: moda, música, literatura, design, artes). As capas são distintas: mais ousada a segunda, com a modelo Lina O'Connor; mais pós-moderna a primeira (mas, vendo bem, com laivos de capa antiga). Esta tem um sítio, 365's Journal, e um blogue Revista 365 (parado desde 10 de Outubro último). Aquela tem um sítio Número Festival, pela última vez actualizado em 25 de Julho último. Isto é, quer uma quer outra são projectos multimedia, mas a internet conta menos que a revista em papel.

Duas entrevistas, duas mulheres

Vamos às entrevistas. De Dina Aguiar, conta-se o seu percurso como jornalista e, durante muitos anos, apresentadora do telejornal da RTP: "Quando trabalhava na rádio entrevistei o Joaquim Letria e, entretanto, decidi ir ter com ele e perguntar se ele se lembrava de mim. Queria voltar a trabalhar na rádio [terá havido um intervalo na profissão]. E ele respondeu-me: «E televisão, nunca pensou nisso? Olhe que vai abrir o canal 2, vá a esta morada e faça uns testes». [...] Cheguei lá e estavam umas doze mulheres, entre elas a Margarida Marante".

Ela, que nunca gostou muito de política, embora já estivesse envolvida partidariamente, conta que está a ser sondada para a câmara municipal da sua terra (Vila Nova de Foz Coa). E, à pergunta do entrevistador Fernando Alvim - ele próprio homem da rádio e da televisão, além de director da publicação -, sobre se houve um entrevistado que lhe tivesse mentido descaradamente, ela volta a apontar os políticos: "Sempre senti que eles não me queriam dizer nada. Eu tentava dar a volta mas nada". Sobre cozinha, em que parece que ela é boa, diz: "Faço pão, faço bolos, sei fazer tudo! As pessoas estão sempre a dizer que eu tenho de abrir um restaurante".

Já a entrevista de Teresa Villaverde, feita por Aníbal Tavares, é dada num registo mais sério. A realizadora não fez a escola de cinema, "como fez o Pedro Costa ou a Manuela Viegas. Eles tiveram pessoas que os ajudaram a ver, a ver mais depressa, a aprender mais rápido". Ela sabe que a sua ligação ao cinema português, obras e autores, não é diferente: "Cresci a ver filmes na Cinemateca. Não me lembro de mudar de cara para ver o cinema português, alemão ou russo. Para mim, era cinema e pronto". E conta como se ligou a Paulo Rocha, Seixas Santos ou António Reis, que não foram seus professores, mas conheceu-os já como profissional do cinema.

Sobre a nova lei do cinema, Teresa Villaverde acha que o cinema português vai morrer: "Durante uns anos vão continuar a produzir filmes, esses tais filmes que são suposto ser um sucesso e ter muita receita. [...] Relativamente aos filmes que as pessoas sonham fazer e que preenchem um espaço antes vazio no mundo, vão ser cada vez mais escassos". E ainda falou sobre temas como a importância crescente do produtor, os argumentos que vivem de costas voltadas para o público, os preços inflacionados dos filmes portugueses e a relação entre cinema, televisão e publicidade.

Se Teresa Villaverde falou enquanto tomava um café (e depois, com certeza), Dina Aguiar preferiu o ambiente do estúdio de televisão para se deixar fotografar.

Preços: 365: €2; Númeromagazine: €3,5 (no Reino Unido: £3,5; na Europa:€5).

Periodicidade: mensal.

Apoios: a primeira - Adidas, Briefing, Lois, Martini, Rádio Oxigénio, Universidade de Coimbra; a segunda - Ministério da Cultura, Instituto das Artes, Instituto Português do Livro e das Bibliotecas.

Nota final: alguns textos da Númeromagazine estão em inglês.

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