quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

CONCERTOS DE NATAL

Referi aqui, no dia 1 deste mês, a realização de concertos de Natal, organizados pela Câmara Municipal de Lisboa para o período entre 2 e 19 de Dezembro.

natal 1.JPGNo último fim-de-semana assisti a dois deles. O segundo, no domingo, na igreja de S. Vicente de Fora, teve a orquestra barroca Capela Real e o Coro de Vozes Caelestes. Tocaram e cantaram Häendel (excertos do Messias), Vivaldi (excertos do Glória), Carlos Seixas (Dixit Dominus) e o Concerto para a Noite de Natal, de Corelli. Um grande profissionalismo de todos os artistas, um grande concerto, a igreja cheia [imagem: árvore de Natal, perto do CCB, em Belém].

O primeiro concerto, no sábado à noite, decorreu na igreja dos Paulistas, à Calçada do Combro (no séc. XVII, a rua era uma mais importantes áreas comerciais da cidade, o que significa que esta igreja barroca assumiu um grande peso; agora, encontra-se em restauro). Os concertantes eram um trio de cordas, chamado Serenata, composto por uma polaca (violino) e dois búlgaros (violoncelo). Tocaram, entre outras peças, a Ária e Cantata de Bach (BWV 147) e o Adágio de Albinoni. Desta última peça, tive grande dificuldade em percebê-la, o que mostra que o virtuosismo dos músicos não era o melhor; daquela, lembrei-me de um pequeno programa diário de reflexão moral, há muitos anos na Rádio Renascença, em que a ária era a peça musical que identificava o programa. Relembro o destaque dos violoncelos na peça, elemento preparador da reflexão que se seguia.

Onde entra a rádio

O trio de cordas Serenata tocou também uma Avé Maria, não a de Gounod como estava no programa mas a de Schubert, igualmente linda. Mas não satisfez a minha curiosidade. Com a Avé Maria de Gounod eu tenho uma relação especial: era uma das músicas tocadas com muita assiduidade no começo das emissões de rádio, em 1924 e anos seguintes. Ouvir Gounod é reconstituir uma parcela dessa época. Sabe-se que CT1AA, a estação pioneira da rádio em Portugal, organizava ou transmitia concertos nomeadamente ao sábado (o primeiro terá ocorrido no Outono de 1924, num dia que não consigo precisar por não ter encontrado memórias precisas sobre o evento). E Gounod fazia parte da ementa regular de peças transmitidas pela estação.

Apesar de não ter vivido nessa época dos pioneiros da rádio, trata-se de um período que me fascina (a rádio é, de todos os media, aquele que estudei com mais curiosidade). Espero há mais de um ano que um texto meu sobre essa época seja publicado, com imagens que recolhi de arquivos fotográficos (a editora indicou-me 2005 como o ano da publicação). Por isso, tenho de me conter e não referir pormenores do trabalho.

Mas não deixo de publicar aqui duas imagens, uma delas muito conhecida, a da capa da revista Rádio Semanal, por altura do arranque oficial da Emissora Nacional (actual RDP), em Agosto de 1935. A outra imagem reproduz uma carta enviada da cidade do Vaticano ao responsável máximo dos CTT, a que a Emissora Nacional então reportava (11 de Abril de 1935, antes, pois, da inauguração oficial da Emissora Nacional), escrita em francês, anunciando o programa de Páscoa da Rádio Vaticano, com a emissão da missa pontifícia, e que as estações de rádio podiam retransmitir livremente.

radiosemanal.JPGen1.JPG

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