sábado, 26 de fevereiro de 2005

SONHOS VENCIDOS

Aproveito as imagens da revista "Actual" do Expresso de há uma semana atrás - capa e página 18 -, sobre o filme de Clint Eastwood, Million dollar baby, com Clint Eastwood (no papel de Frankie Dunn), o boss de Hilary Swank (no papel de Maggie Fitzgerald) e Morgan Freeman (no papel de Eddie Dupris, o narrador do filme), para ilustrar este post.

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Escreve Jorge Leitão Ramos na sua crítica: "apetece gritar que este é o melhor filme dos últimos dez anos". Não sei se vale a pena elaborar um ranking de filmes da última década para colocar este filme no topo, mas a verdade é que se trata de um grande filme.

Já ficara impressionado com Mystic river. E encontro paralelos com este filme. Um dos personagens principais tem um problema familiar: se no filme anterior, o desaparecimento da mulher e do filho do polícia se resolve no final, neste a filha do treinador nunca aparece. Este mistério acompanha a origem da vida dos três principais personagens de cada um dos filmes. Em Mystic river, há um passado comum e um reencontro, mas as sequelas da diferenciação provocada pelo rapto de um dos personagens marca o resto da narrativa. Definem-se dois homens de carácter forte e um homem fraco - a história explora isto. Em Million dollar baby, há uma personagem (Maggie) que vem de fora e começa a ser aceite por um dos personagens (Eddie), até que o treinador também a adopta e molda a sua vida aos interesses da rapariga.

Cada um dos filmes tem personalidades fortes, que estabelecem relações de amizade/afastamento com mulheres muito mais jovens: a filha no outro filme, a rapariga que quer ser boxeur neste. A morte da rapariga no outro filme e a tetraplegia de Maggie são outros marcadores em ambos os filmes, que identificam a segunda parte de cada um deles com muito dramatismo. Se o assassínio do filme anterior desencadeia uma espiral de violência, onde se procura encontrar o assassino (e se apresentam duas pistas igualmente credíveis), em Million dollar baby o argumento lança a discussão num tema muitíssimo sensível: a eutanásia. E há uma crítica leve ao sistema - e à pancada traiçoeira da adversária de Maggie, que a levou ao hospital. De todo o modo, a morte é um eixo central na trama narrativa destes dois belos filmes de Eastwood.

Inegavelmente, gostei do filme de Eastwood. Ele é, sem dúvida, um dos maiores expoentes do actual cinema americano. E, depois de ter visto e ter elogiado O aviador, estou indeciso em saber qual o mais importante desta temporada. Mas gostava que Eastwood levasse para casa uma estatueta de ouro de Hollywood.

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