domingo, 9 de outubro de 2005

ALICE

alice.jpgPrimeira longa-metragem de Marco Martins (argumento também seu), Alice (2004) narra a história do desaparecimento da pequena de três anos. Os pais procuram-na, Mário (Nuno Lopes) e Luísa (Beatriz Batarda).

Nunca se vêem imagens de Alice, mas apenas a procura da menina. História baseada num caso verídico ocorrido na década passada, o desempenho de Nuno Lopes é notável. Como li numa das críticas ao filme, ele representa o lado auto-controlado da família, ao passo que Beatriz Batarda - cujo desempenho é menor do que eu julgara, a partir do que lera - faz o lado emotivo. Destaco a música minimal, mas muito bonita, de Bernardo Sassetti (marido de Beatriz Batarda).

Para além da história, o que se vê é a rotina diária pendular entre emprego e casa, nos subúrbios da grande cidade. Por vezes lento, às vezes quase exasperando pelo ruído de automóveis e outros veículos que circulam nas vias principais, o filme não é piegas - e podia sê-lo, dada a temática. A fotografia e a montagem são excelentes: basta recordar a sequência dos planos das gravações de câmaras instaladas nas estações de comboio. Ao lado do big brother a que associamos os registos, detecta-se outro lado: o do andar das pessoas quando as imagens achatam um pouco o seu movimento, como se fossem anãs ou pinguins.

A sala não tinha muita gente. Talvez porque as pessoas habituais do cinema português ainda estivessem a votar nas eleições autárquicas.

1 comentário:

João Paulo Meneses disse...

Filme notável.
Nuno Lopes notável.
Fotografia notável.