terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

PÚBLICOS DE TEATRO (I)

Uma peça de grande popularidade - A canção de Lisboa - e um auditório de bairro - Carlos Paredes - foram os trabalhos realizados pelos meus alunos numa área das artes criativas que marcam a invenção numa cidade. Por agora, fiquemo-nos com a peça de Filipe La Feria, numa reconstituição do filme de 1933 de Cottinelli Telmo (com Vasco Santana, António Silva, Beatriz Costa e Manuel de Oliveira).

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cancaodelisboa1b.jpgAs alunas Susana Borges, Inês Carneiro e Ana Filipa, mesmo antes de assistirem e inquirirem espectadores, partiram da hipótese de a peça ser vista maioritariamente por uma geração com mais de 50 anos de idade, dada a popularidade antiga do filme do arquitecto José Ângelo Cottinelli Telmo. Dividiram o inquérito em duas metades de 50 inquiridos cada: os que assistiram à peça e os consumidores de teatro em geral (embora os resultados não expressem esta divisão, crítica que fiz na altura da apresentação do trabalho). Como variáveis principais, usaram as seguintes: sexo, nível etário, local de residência, nível de instrução, situação ocupacional.

De cinquenta inquiridos assistentes à peça, a maioria tinha entre 22 e 31 anos (76%), seguindo-se o escalão entre 15 e 21 anos (20%), com apenas 4% entre 42 e 51 anos, o que destruiu logo de imediato a percepção que tinham antes de fazerem o trabalho no terreno. Relativamente ao local de residência, a maioria era da Grande Lisboa (54%), embora também registassem consumidores vindos de várias partes do país. Em termos de habilitações literárias, Susana Borges, Inês Carneiro e Ana Filipa concluiram que 92% tinha frequência universitária, correspondendo a igual percentagem em termos de situação ocupacional (estudantes), o que releva a ideia de públicos jovens, de formação elevada e ainda estudantes.

A aquisição dos bilhetes dos inquiridos foi feita na bilheteira (36%), seguindo-se a reserva ((32%) e oferta (30%). Embora o preço tenha sido considerado muito elevado (26% caro e 24% muito caro), isso significa que os frequentadores de teatro têm poder de compra para tais tipos de saídas culturais. Contudo, a frequência habitual do teatro não é tão regular como seria de desejar: a maioria vai apenas uma vez semestralmente (35%), seguindo-se 23% trimestralmente. 66% dos que assistiram vieram de automóvel, a maioria com cônjuges ou namorados. O gosto por musicais (42%), pelos actores (16%) e pelo programa (14%) situaram-se entre as principais razões pela ida ao teatro. E há ainda uma prova de fidelidade às peças encenadas por Filipe La Feria: 34% tinham assistido a My Fair Lady, 26% a Amália e 12% a Raínha do Ferro Velho.

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