quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Seminário sobre fonógrafos e gramofones

Ontem, integrado no II seminário de Cultura de Massas em Portugal no Século XX, Cândido Gonçalo apresentou o tema Fonógrafos e gramofones: o comércio de música gravada em Portugal.


Tudo começou em 1877, quando Edison inventou o fonógrafo, onde rolos podiam ser gravados e reproduzidos, com discursos, cartas falantes e músicas. A fragilidade da máquina - os rolos tinham uma duração muito curta em termos de reprodução - beneficiou da concorrência entre Edison e Bell (o inventor do telefone), o que conduziu o primeiro daqueles inventores a criar uma empresa com o seu nome, de maneira a que se pode falar de um mercado de fonógrafos na última década do século XX [imagem do Museu da Música Mecânica, inserido em 4 de maio de 2018].

O invento chegaria a Portugal no ano seguinte ao da sua primeira divulgação. Em 1879, havia já notícias de espectáculos de fonógrafo (Diário Ilustrado, por exemplo), associado a alta magia. A desmaterialização - discos, cinema - levava a que se considerasse essas sessões como tendo um efeito fantasmagórico quanto à realidade. Já em 1893-1894, uma empresa de dois americanos percorreria o país (Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu, Figueira da Foz, nomeadamente) a comercializar o fonógrafo e os seus rolos musicais. Essas sessões duravam 25 minutos e eram aproveitadas para gravar novos rolos que seriam publicitados nas outras cidades. Quase logo a seguir, surgiram empresas com catálogos de rolos, onde se ouviam fados, óperas, fanfarras militares e hinos nacionais. Era o começo de uma nova era e de uma nova e grandiosa actividade.

Cândido Gonçalo falou ainda do outro tipo de registo, o disco e o gramofone, devidos a Berliner, em 1888, um alemão a viver nos Estados Unidos, e que rapidamente substituíram o rolo e o fonógrafo. As vantagens eram muitas, caso da forma (o disco era mais simples e fácil de preservar face ao cilindro) e da reprodução (a partir de uma master podiam fazer-se as cópias que se quisessem). Em Portugal, instalou-se uma empresa francesa, que ficou com o monopólio do equipamento, enquanto o comércio se adaptava e vendia fonógrafos e gramofones e tinha catálogos de música.

Uma nova evolução deu-se com a gravação eléctrica, mais eficaz em termos de captação de sons. Valentim de Carvalho, representando a Columbia, em Lisboa, e Grande Bazar do Porto, representando a Gramophone Company, no Porto, tornar-se-iam as grandes marcas de gravação: fado, música clássica, outras tendências musicais.




O próximo encontro ocorrerá a 5 de Dezembro, pelas 18:00 na FCSH da Universidade Nova de Lisboa (Av. de Berna), com António Tilly a falar sobre A produção musical e a indústria fonográfica em Portugal (1960-1980).

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