segunda-feira, 23 de abril de 2007

TELEVISÃO (1993-2003)


No volume Comunicación e cultura en Galicia e Portugal, coordenado por Xosé López e Rosa Aneiros e editado o ano passado pelo Consello da Cultura Galega, destacam-se comunicações de investigadores e docentes das seguintes universidades: Santiago de Compostela, a anfitreã de um congresso realizado na Galiza em 2004, Universidade do Minho, Universidade Fernando Pessoa, Universidade do Porto e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. O volume reuniu, como indiquei, gente ligada às universidades de um lado e de outro do rio Minho, relação frutuosa que vem decorrendo desde há diversos anos.
Com maior interesse para o blogue, destaco o texto de Felisbela Lopes (Universidade do Minho), intitulado O PAP: a década em que o entretenimento conquistou o espaço da informação. PAP quer dizer panorama audiovisual português, sendo Felisbela Lopes uma das maiores especialistas do país em televisão e informação televisiva.
No texto, a autora propôs-se avaliar os dez anos que, até então, haviam decorrido desde a abertura da televisão à iniciativa privada (1993-2003). Recorde-se que, em 1993, o responsável pela programação da televisão pública era José Eduardo Moniz, agora homem forte da TVI e novamente falado devido a alterações na cúpula do canal, como anteontem escrevi. Em 1993, a SIC e a TVI não representavam ameaça à RTP, que tinha uma forte tendência no domínio da informação, mas apostando o horário nocturno em telenovelas brasileiras, sitcoms e programas de apanhados.
A SIC promovia um programa que analisava problemas sociais, a Praça Pública, e uma nova forma de fazer jornalismo, que lhe renderia muito algum tempo depois. A primeira notícia do primeiro noticiário do canal privado foi "Estudantes em luta contra as propinas" (para os leitores brasileiros: valor mensal ou semestral a pagar na universidade). As novelas da Rede Globo passariam para a SIC: De corpo e alma desencadearia o primeiro confronto de contra-programação da RTP, a 15 de Novembro de 1992. Depois, estreado na SIC em Outubro 1993, Chuva de Estrelas seria o programa mais visto do ano.
Quanto à TVI, ligada inicialmente à Igreja Católica, tinha como tira diária do horário nobre uma novela portuguesa (Telhados de Vidro) e uma venezuelana (Lágrimas). Para o canal, entrariam duas vedetas da RTP: Manuel Luís Goucha (Momentos de Glória) e Artur Albarran (com programa semanal com o seu nome).
Felisbela Lopes dedica um espaço razoável a apreciar as tendências da informação não diária em 1993. Para ela, a informação é uma área de atracção de espectadores para outros géneros. Os debates dessa altura eram de ordem política, com políticos e especialistas a discutirem temas candentes.
Dez anos depois, em 2003, a televisão portuguesa está diferente. A TVI e a SIC estão à frente da RTP, que se oferece como alternativa. A docente da Universidade do Minho recorda que a RTP foi a única televisão do mundo a transmitir em directo o ataque americano na guerra do Iraque. Aliás, o noticiário da televisão pública era o único de entre os dez programas mais vistos nos vários canais.
A informação não diária tinha no canal público a maior quantidade de programas, como Prós e Contras, Grande Entrevista e Grande Repórter, este substituido entretanto por Estado da Nação. Já a SIC, em 2003, tem "uma programação desenhada a partir do interesse público", como escreve Felisbela Lopes. Novelas brasileiras, humor em português, concursos musicais e programas onde se dá voz aos convidados vítimas de injustiças sociais - eis o quadro de referência da SIC. Também a TVI opta por um modelo aproximado, centrado no noticiário da 20:00 (Jornal Nacional), ficção nacional e Big Brother (a partir de 31 de Agosto de 2001). A informação não diária não é um objectivo da TVI.
A autora conclui pela observação do muito tempo ocupado com reality shows, os quais influenciam os restantes conteúdos televisivos. Nos noticiários da TVI, os jornalistas chegariam a preparar notícias sobre o Big Brother, numa confusão de informação e entretenimento. É o tempo da tele-verdade, da tele-realidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

UMA SUGESTÃO...


ESTREIA-DEBATE NO AUDITÓRIO DO EPRAMI - ESCOLA PROFISSIONAL DO ALTO MINHO INTERIOR, ESTRADA DOS ARCOS, MONÇÃO

O FILME PORTUGUÊS
"WAITING FOR EUROPE" DE CHRISTINE REEH
VAI ESTREAR EM MONÇÃO A 27 DE ABRIL,
PELAS 21.30H
COM A PRESENÇA DA REALIZADORA



O filme português “Waiting for Europe”, realizado por Christine Reeh e produzido pela C.R.I.M Produções, vai ser estreado em Monção, no Auditório do EPRAMI – Escola Profissional do Alto Minho Interior, Estrada dos Arcos, 4950-438 Monção, no dia 27 de Abril, ás 21.30h, com o apoio da Câmara Municipal de Monção e do Cineclube de Monção e com a presença da realizadora, integrado nas iniciativas da Feira do Livro de Monção.

“Waiting for Europe” (À Espera da Europa”), ganhou o Best International Documentary no Festival "The New York International Independent Film and Video Festival" (apresentação de Los Angeles) e está seleccionado para a competição em Nova Iorque em Julho.

O filme rodado em Lisboa, Alcalá de Henares, Sofia e Blavoegrado, acompanhou durante dois anos, Vânia, uma imigrante do leste europeu em Portugal e Espanha. Trata-se de um retrato intimista sobre a imigração feminina.


“Waiting for Europe”, rodado em três países, Portugal, Espanha e Bulgária, foi produzido com o apoio do Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimedia (ICAM), da RTP, do Ministério da Cultura, dos Médicos do Mundo, da Universidade de Alcalá de Henares , da Universidade Fernando Pessoa, da Câmara Municipal de Blavoegrado, do Instituto de Cinema Búlgaro, da PROFILM (Bulgária) e da Associação Aibebalcan em Espanha.

O ACIME (Alto Comissariado para a imigração e Minorias Étnicas), o Banco BES (www.bes.pt /novos residentes), a Federação Portuguesa dos Cineclubes, Associação Bulgari, e as câmaras municipais, colaboram nas estreias-debate a realizar em Portugal.


As próximas estreias-debate do filme, com a presença da realizadora, Christine Reeh, estão previstas para o Auditório da Faculdade de Ciências Socias e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas) a 3 de Maio, pelas 15.00h; para o o Auditório Fernando Lopes Graça, em Almada, pelas 19.00h, integrada no V Campus Euroamericano de Cooperação Cultural; para Portalegre, no dia 22 de Maio; para o Centro Cultural António Aleixo, em Vila Real de Santo António, no dia 26 de Maio, pelas 21.30h; para o Cine-teatro em Sesimbra, dia 16 de Junho, pelas 21.00h.


O filme vai ainda ser estreado no Luxemburgo, a 8 de Maio, pelas 20.00horas, na Cinemateca de Luxemburgo, numa iniciativa conjunta da ASTI (Association de Soutien aux Travailleurs Immigrés) e da Cidade de Luxemburgo, com o apoio das duas centrais sindicais, da Associação de Amigos do 25 de Abril e ainda de associações de imigrantes portuguesas e búlgaras.


A revista "Cinema" da Federação Portuguesa dos Cineclubes, na sua edição Abril-Junho, nº37, publica um dossier sobre o "Waiting for Europe", que inclui uma entrevista a Christine Reeh, um artigo de André Martins, uma critica de Marta Mikolajczak, filmóloga polaca e um texto crítico de Paulo Duarte Teixeira, Presidente da Associação Jurídica do Porto e Magistrado Judicial. Na capa, Christine Reeh.



C.R.I.M Produções
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