Mensagem dedicada a leitores(as) que gostam especialmente de sapatos.
Jonathan Walford (à direita na imagem, retirada do sítio TheRecord.com), licenciado em História e Estudos em Museologia pela Universidade Simon Fraser, leccionou e começou a sua carreira no campo museológico em 1977, na área da moda.

Agora, Walford publicou o livro The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear (com 429 ilustrações). Escreve na introdução que o calçado foi, inicialmente, uma necessidade de proteger as pessoas dos elementos (chuva, frio, calor). Mas hoje, e cada vez mais, o calçado é uma moda. Acrescento eu, uma indústria criativa muito importante.


Protecção, modéstia e utilidade, eis como o calçado era visto no começo. Mas o sapato passaria a ser também definido pela construção, pelo estilo e pela cor (Walford, 2007: 11). A sandália grega e romana conferiram ao calçado esse duplo estatuto de necessidade e de beleza. Na idade média, o calçado apareceu escondido por baixo da roupa, readquirindo estatuto de moda após o Renascimento. Os materiais são múltiplos, da madeira aos tecidos. O salto no sapato feminino constitui uma presença regular, para tornar mais altas as suas portadoras.
Folheando o livro, pois ainda não houve tempo para o ler, deparam-se-me magníficos modelos, de botas francesas de 1882 (p. 102) a um modelo, igualmente francês, de pele e com salto metálico (1982) (p. 235). Isto é, em cada página ou par de páginas, apresenta-se um modelo e faz-se uma longa e esmerada explicação histórica e social.
Também editado este ano (lançamento comercial nos Estados Unidos no próximo mês) saíu New Shoes. Contemporary footwear design, de Sue Huey e Rebecca Proctor.



Sue Huey é editora da Worth Global Style Network (WGSN) para calçado e acessórios, a mais reputada agência de previsão de moda em todo o mundo. Huey trabalhou anteriormente como designer de sapatos e acessórios para a marca Escada. Rebecca Proctor é jornalista de moda a trabalhar em Londres e tem interesses específicos em calçado e acessórios, escrevendo para publicações como Sam, Amelia's Magazine, and Urban Junkies.
New Shoes. Contemporary footwear design é um catálogo de designers de calçado da actualidade. Há muitos designers italianos, ingleses, franceses, finlandeses, espanhóis, americanos, japoneses, mas nem sequer um português. Isto ilustra a ainda escassa internacionalização de designers nacionais nesta importante indústria criativa e a ausência de escritórios ou lojas de referência em cidades como Londres, Nova Iorque, Paris ou Tóquio.
Fico-me com Minna Parikka, finlandesa que estudou design de calçado em Leicester e lançou a sua própria marca em 2005 (pp. 133-139). Ela combina o moderno com estilos vindos dos anos 1930 a 1950, em que o salto não é demasiado alto. Há, assim, algum revivalismo mas cultivando cores vivas. Parikka tem ainda modelos mais confortáveis, para caminhadas ou saídas de fim-de-semana.
Para concluir, escrevo sobre o volume Stiletto, de Caroline Cox (2005).


Ou, se quisermos um gosto mais clássico, podemos ver Marilyn Monroe (contracapa do livro de Cox), em fotografia de Getty Images/Hulton Archive.
Leituras: Caroline Cox (2005).Stiletto. Londres: Mitchell Beazley
Jonathan Walford (2007). The Seductive Shoe. Four centuries of fashion footwear. Londres: Thames & Hudson
Sue Huey e Rebecca Proctor (2007). New Shoes. Contemporary footwear design. Londres: Laurence King Publishing
1 comentário:
Que artigo! :)
O sapato não sustenta apenas, sugere, salienta e suplanta.
Boas férias
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