
Decorre no próximo dia 5, pelas 22:00, a projecção do filme Tão perto / tão longe, no âmbito do programa Gulbenkian Distância e Proximidade. No anfiteatro ao ar livre. São oito filmes encomendados a vários realizadores.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
Da arguência da tese destaco os seguintes elementos: 1) caracterização de mercados dominantes e relevo dos anúncios classificados (Francisco Rui Cádima, Universidade Nova de Lisboa, o primeiro à esquerda na imagem), 2) diferenciação do conceito concentração em termos de âmbito geográfico (regional, nacional, europeu) e de produto (fragmentação da quota de mercado de publicidade) (Alfonso Sánchez-Tabernero, Universidade de Navarra, o segundo à esquerda na imagem), 3) relação entre indústria de papel, modelo de gestão e problema do local (Jesus Timóteo, Universidad Complutense, terceiro a contar da esquerda; à direita da imagem, está Paulo Faustino; o segundo a contar da direita é Fernando Peinado, da Universidad Complutense).
Por me parecer interessante, desenvolvo aqui as ideias de Jesus Timóteo, o presidente do júri da tese. Assim, ele realça o facto de as empresas dos media já não serem de informação e cultura mas de comunicação e entretenimento. Por seu lado, tem-se esquecido, no modelo de gestão, de poderosos operadores entrados na indústria dos media, caso das telecomunicações e de conteúdos como a Microsoft e o YouTube, o que torna o mercado um palco exercido por três tipos de players: 1) velha indústria dos media, 2) operadores tecnológicos, e 3) operadores de conteúdos. A terceira característica, já observada por Sanchéz-Tabernero, é o modo como se olham as empresas: locais ou grandes grupos? Isso condiciona a análise da concentração. Por exemplo, as pequenas empresas formam um mosaico muito diversificado e rico. Mas não serão as grandes empresas que ditam as normas? E, ainda, um grande grupo em Portugal (ou em Espanha), se comparado com os grandes grupos europeus, americanos, japoneses ou chineses, continua a ser um grande grupo? Local é a Estremadura, a Espanha ou a Europa?
Na minha leitura do trabalho, enfatizo dez pontos: 1) compreensão do tecido empresarial dos media impressos, já visível no seu livro de 2004 (ver minha mensagem de 25 de Setembro de 2004), 2) relacionamento da imprensa com a publicidade, as mudanças tecnológicas e profissionais, 3) relevo dos jornais gratuitos, produto de sucesso em Portugal, 4) gestão empresarial, a questão central da tese, a meu ver, em que os media têm sucesso se funcionarem como empresas organizadas, 5) as oportunidades e as ameaças nos media como indicadores de análise, 6) internet (e digitalização) e a nova literacia, 7) imprensa nacional e imprensa regional/local, um começo da investigação científica nesta área em Portugal, 8) produção/distribuição de conteúdos por diversos canais e media, 9) aplicação dos conceitos de concentração/consolidação e pluralismo político (discussão que vai começar a ser feita em Portugal), 10) reflexão sobre a relação produto jornalístico versus produtos de marketing alternativo.
Catarina Lira Pereira
Gilberto & Gabriel Colaço
Sets #3
June 12 - July 11, 2008