sábado, 1 de novembro de 2008

CAMPANHA PUBLICITÁRIA DA RTP


No blogue, coloquei imagens da campanha publicitária sobre a nova grelha de programação da RTP. Para um conhecimento mais geral da campanha, ver o blogue Estado de Sítio, da própria RTP, que inclui textos, imagens da campanha e vídeos. Entretenimento & dança, desporto e os grandes debates são, segundo o canal, os temas da campanha de publicidade.


Na imprensa (e na internet), decobri já dois textos sobre a campanha. O primeiro pertence a Ana Gaspar, do
Jornal de Notícias, intitulado "Futebol para publicitar a RTP. Campanha criticada por destacar mais a modalidade do que os restantes conteúdos da estação pública", com data de 28 de Outubro. Retiro parte do texto da jornalista: "a opção tem suscitado questões como saber se a modalidade é serviço público ou se é correcto dar a ideia de que este é o conteúdo mais importante da grelha. A campanha publicitária para anunciar a nova programação do primeiro canal público transformou algumas caras da estação em «craques» da bola espalhados pelas principais cidades do país. Judite «Pitons» de Sousa, Bruno «Crouch» Nogueira e Jorge «Too Special» Gabriel assinalam o regresso da bola à antena". Ana Gaspar ouviu o director de Programas, José Fragoso, que explicou que a campanha estava já orçamentada e com um custo baixo, pois usa principalmente os canais de televisão e rádio do grupo público, além de mupis e um anúncio na RFM.

O texto mais interessante é o de Eduardo Cintra Torres, na sua coluna "O Manto Diáfano", que o jornalista e docente universitário mantém há anos no Jornal de Negócios e já resultou na publicação de dois livros. Mas é igualmente de uma grande dureza, pois parte do princípio que o dinheiro dos contribuintes foi mal gasto (a RTP é um grupo do Estado). Depois parte para a análise de três dos anúncios - sobre o futebol, mas não detalha o conjunto da campanha, nomeadamente os anúncios ao programa de Catarina Furtado, e que eu inseri aqui igualmente. E realça as mensagens: o regresso do futebol ao canal como se fosse o do filho pródigo, a vibração dos jogos em directo face aos resumos em diferido, o aumento de audiências na RTP com o futebol e a saída da rotina dos espectadores com a novidade do futebol no canal. Mais à frente, e num tom sempre muito crítico, Cintra Torres escreve que, apesar da notoriedade das três caras oriundas de áreas diferentes da programação, a "relação criada é zero de conteúdo e pouco salutar numa concepção de serviço público".


Algumas dúvidas e comentários meus. Primeiro, o director de programas do canal público não se comprometeu com custos. Mas eles serão certamente elevados: mupis, anúncio de rádio e sítio da RTP, sem contar com a criatividade da agência de publicidade, caso dos vídeos. Segundo, distingo duas qualidades nos cartazes: a confiança ao público mais velho, assegurando um desporto popular e programas de entretenimento com músicas de décadas passadas; o apelo a públicos mais jovens, dado o tratamento gráfico, como se estivéssemos a jogar um videojogo ou a ver um filme de animação computadorizado. Terceiro, e na sequência do anterior, o lettering dos anúncios dedicados ao futebol dão uma ideia de movimento e dinamismo, de juventude e crença no futuro, ao passo que os três anúncios ao programa de Catarina Furtado apelam a três gerações ou três décadas (1960, com um penteado à Madalena Iglésias; 1970, com o onirismo da geração do flower power, apesar de colado à década anterior; 1980 em diante, com a iconografia da banda desenhada japonesa). Quarto, embora sem uma convicção a cem por cento, a programação de um canal público, para além da informação rigorosa, assenta numa filosofia de abrangência de gosto popular, onde o entretenimento e o desporto têm lugar.

Sem comentários: