domingo, 25 de janeiro de 2009

GUARDAR O ARQUIVO DIGITAL

Os futuros historiadores podem perder o acesso a arquivos digitais, e dificultar a sua investigação, se os sítios da internet forem apagados. Lynne Brindley, directora da British Library, escreve na edição de hoje do Observer que, no dia em que Obama tomou posse, foram apagadas todas as informações do anterior presidente. Mesmo um livrinho 100 Things Americans May not Know About the Bush Administration foi retirado do sítio. Brindley faz igual referência aos Jogos Olímpicos de Sidney, que produziram mais de 150 sítios com jogos online mas que desapareceram quando a Biblioteca Nacional da Austrália decidiu arquivá-los.

Se, por razões variadas e em que se incluem os recursos financeiros, se apagarem arquivos (caso de empresas que vão à falência e desapareçam), quem perde é a memória de um país. A responsabilidade final compete às entidades nacionais, como as Bibliotecas Nacionais, desde há muito ocupadas na preservação da memória em papel, como livros, jornais, e em registos fonográficos e audiovisuais. Para a responsável da British Library o problema põe-se: como guardar e tornar acessíveis os milhões de sítios? Só no Reino Unido há oito milhões de domínios de internet e o crescimento anual é da oredem de 15 a 20%. Sítios, emails, blogues, mensagens do Twitter e das redes sociais constituem uma tal profusão de material que conduz a três possibilidades: 1) preservar tudo, 2) eliminar tudo, 3) seleccionar.

Entretanto, a Google planeia fazer a história particular de cada computador (Guardian online de hoje). Os utilizadores domésticos e comerciais voltam-se cada vez mais para serviços baseados na internet, geralmente gratuitos, indo do email (como Hotmail e Gmail) e arquivo digital de fotografias (como Flickr e Picasa) até aplicações para documentos e folhas de cálculo (como o Google Apps). A perda de um computador portátil ou a sua avaria não significam a perda dos dados porque eles são guardados numa "nuvem" (uma base de arquivo de dados algures no planeta) e podem ser acedidos na internet através de qualquer máquina.

Em complemento a isto, a Google irá lançar previsivelmente em 2009 um serviço que permite a qualquer utilizador aceder ao seu computador de qualquer ligação da internet, o Google Drive ou "GDrive", o que representa uma enorme vantagem. Há, contudo, quem considere isto um controlo sem precedentes sobre os dados pessoais do indivíduo.

4 comentários:

Pedro disse...

Caro Rogério,
em "Old whitehouse.gov down the memory hole" (http://www.kottke.org/09/01/old-whitehousegov-down-the-memory-hole), refere-se que alguma informação foi guardada em http://www.georgewbushlibrary.gov/white-house/ (mas com lacunas).
Ab

Anónimo disse...

Este tema fica incompleto sem citar o http://www.archive.org e os seus objectivos de preservar a internet...

Anónimo disse...

Uma das grandes questões ligadas à preservação digital é a obsolência dos suportes. Não esquecendo também os custos que, por vezes são muito elevados.

Daniel Gomes disse...

Bom dia,

Aproveito para dar a conhecer o projecto de Arquivo da Web Portuguesa.

Cumprimentos.