
Analisando a sociedade de massa, o autor observa a existência de três perspectivas quanto à relação entre aquela e os media, a primeira das quais é marxista e determinista, para quem a comunicação de massa é a expressão de autoritarismo produzido pelo reduzido poder de controlo sobre o desenvolvimento técnico (p. 24). A segunda posição, em autores como Poster e McLuhan, considera que os media exprimem a natureza da sociedade quer através da sua estrutura quer dos seus conteúdos. Poster entende haver três fases no modo de informação: oral, escrita, electrónica. A terceira perspectiva corresponde a um reequilíbrio, como afirma Ortoleva, em que os utilizadores dos media encontram uma correspondência na relação interpessoal em rede, que condiciona e filtra a recepção das mensagens (p. 25). A acção de uma qualquer tecnologia como os media não se pode entender fora do quadro da cultura. Gustavo Cardoso fala de uma quarta perpectiva, que ultrapassa a sociedade de massa: a nova sociedade da comunicação em rede, associando a comunicação interpessoal com a rede massificada e a difusão dos media pessoais (p. 56).
O autor vê um duplo papel nos media: 1) instrumentos da democracia, 2) espaços de retórica da personalização e das trivialidades (p. 26). O duplo papel dos media traduz, se quisermos, a sua simultânea força e a ambiguidade. Como superação desta situação, Gustavo Cardoso analisa o novo paradigma da comunicação através de quatro dimensões: 1) retórica construída em função da imagem em movimento, 2) novas dinâmicas de acessibilidade da informação, 3) utilizadores como inovadores, 4) inovação nas notícias e nos modelos de entretenimento (p. 36). O primeiro ponto destaca a componente visual da comunicação actual, que constitui uma retórica fundada na simplicidade, rapidez e emoção. A acessibilidade implica novos modelos de filtragem, software livre e tecnologia móvel (telemóvel e computador sem fios) (p. 37). Cardoso dá uma ênfase especial ao papel dos utilizadores como inovadores (p. 40). O utilizador passa a ser considerado como definidor de tendências (p. 41).
Além disso, o novo paradigma da comunicação analisa a relação entre os media e as mensagens (p. 55). Se McLuhan entendia que o meio era a mensagem e Castells considera que a mensagem era o meio, hoje considera-se a mensagem como sendo o meio e em que o meio não é neutro face ao que se transmite.
Leitura: Gustavo Cardoso, Rita Espanha e Vera Araújo (org.) (2009). Da Comunicação de Massa à Comunicação em Rede. Porto: Porto Editora
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