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Margaret Chan, a principal responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS), nasceu em Hong Kong há 62 anos, num ano do porco no calendário chinês. Começou por ensinar economia, chinês e inglês, quando o seu namorado foi estudar medicina para o Canadá. Ela seguiu-o, mas como ele tinha pouco tempo para lhe dedicar, por ocupado nas aulas, acabou por ingressar também em medicina. Licenciados, regressaram a Hong Kong. Mais tarde, Chan foi nomeada directora de saúde, à frente de uma equipa de sete mil pessoas. Por ela passou a condução da informação da gripe das aves - aquele ameaça vinda do oriente que nunca cá chegou. Ela, que continuou a comer frango, mandou matar 1,5 milhões de aves. Estávamos em 2003.
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O quadro está quase traçado. Primeiro, Chan tem experiência em gripes associadas a animais: a primeira não terá tido impacto, a segunda certamente. Mas não nos podemos esquecer que ela mandou abater frangos. Segundo, a mutação do nome da gripe. Todos nos lembramos que começou por se chamar gripe mexicana, dado o primeiro surto ter nascido lá. Os mexicanos reagiram - e bem -, em especial os que têm interesses turísticos. Depois passou a chamar-se gripe suína. Por razões religiosas, os muçulmanos não usaram essa designação. A um outro nível, os produtores de porcos devem ter exercido pressão, pois não queriam associar o animal a uma possível quebra de vendas. Gripe A é mais simpático porque não há defensores da letra A, ou de outra letra ou número. Mas o número da gripe é H1N1, saúde em inglês e número um, o que é significativo. A designação H1N1 tem a assinatura da senhora Chan. Terceiro, a produção de Tamiflu, o antiviral já preparado desde o tempo da ameaça da gripe das aves, tem sido enorme. Só a Roche produziu 5,6 milhões de doses para o mundo desenvolvido e Margaret Chan quer mais 5 a 6 milhões de doses para os países pobres ou em vias de desenvolvimento. Por lembrança, há anualmente entre 250 e 500 mil pessoas que falecem com a gripe sazonal, número que não inclui os que morrem por dificuldades respiratórias ou ataques de coração. Quarto, os media foram obedientes a mudar a designação da gripe, a retirar-lhe carga conotativa, a higienizar o nome. Do mesmo modo, os media contabilizam dia a dia o número, como a notícia que encabeça esta mensagem (apesar da jornalista indicar que muitas pessoas já estão livres de perigo, fala em boa notícia: os casos assinalados hoje são importados, como se importado ou exportado fosse distinto). Isto é a estratégia da prevenção: aumentar o número. Em campanhas anteriores, mensurava-se o número dos diabéticos, dos doentes cancerosos por causa do tabaco, dos estropiados pelos acidentes de viação. A estratégia da prevenção aproxima-se da propaganda, e os media, de modo ligeiro, vão atrás.
Observação: não sou adepto de qualquer teoria da conspiração. Logo não digo que a senhora Chan exagerou, como no caso da gripe das aves. Mas a gripe pode ter interessados. Numa altura em que se põe em causa a ida dos americanos à Lua, com o argumento "então se eles foram há 40 anos porque não voltaram?", também se pode contestar a gripe, os seus nomes e os seus números. Espero que a agenda noticiosa mude e haja outras notícias.
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