A conferência de François Jost Worlds of TV and Genres vai decorrer na aula de mestrado da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica (UCP), na próxima terça-feira, 27 de Outubro (18:30-19:45), na sala 121. A sessão é aberta ao público.
François Jost, professor na Sorbonne Nouvelle (Paris III) e director do CEISME (Centro de Estudo sobre as Imagens e Sons Mediáticos), é autor de uma extensa obra sobre televisão e media, nomeadamente Compreendre la Télévision, Introduction à l'Analyse de la Télévision e Télé-Réalité (obra editada em 2009). Os seus livros evidenciam um esforço conseguido de desenvolvimento de um pensamento pragmático sobre a televisão, criando um sistema conceptual de análise do media, que permita analisá-lo enquanto objecto de estudo legítimo, quer pelos seus conteúdos, quer pelo seu valor social.
A vinda de Jost integra-se nas actividades do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da UCP.
Jost tem uma obra traduzida em português, a que fiz referência aqui. Recordo então o que escrevi (17 de Novembro último):
"O livro de Jost, Seis Lições sobre Televisão (2004), oferece uma leitura semiótica sobre o meio audiovisual. Dividido em seis capítulos, correspondentes ao mesmo número de aulas, nota-se um crescendo teórico no seu texto. Assim, a um primeiro capítulo sobre comunicação televisiva, Jost apresenta a dicotomia de modelos de contrato e de promessa. No segundo capítulo, ele fala de três mundos do meio: real, fictício e lúdico. Na terceira aula assiste-se à aplicação das oposições anteriores ao reality-show, enquanto na quarta aula Jost interroga a origem da ficção através da escrita de John Searle. Se a quinta aula se posiciona entre a ficção e a realidade, a partir de um texto de Käte Hamburger, no sexto capítulo o autor vai buscar inspiração a Gérard Genette, autor que estudou profundamente. De Genette retira, por exemplo, a noção de tempo, decomposta em ordem, duração, frequência. Genette trabalha também a categoria de focalização, a relação de conhecimento entre o narrador e a personagem (p. 128). O conhecimento do narrador é maior que o conhecimento das personagens (focalização zero), tanta como a das personagens (focalização interna) e menor que a personagem (focalização externa). Um outro conceito que Jost operacionaliza é o de contrato, usado por analistas do discurso e por semióticos. Fala-se, por exemplo, de contrato com o leitor. Em televisão, diz ele, contrato pode definir o acordo pelo qual emissor e receptor reconhecem que se comunicam e o fazem por razões compartilhadas (p. 9). Mas se o número de receptores se alarga, por exemplo, para um milhão, esse contrato torna-se difícil de compreender. Por isso, Jost propõe a sua substituição pelo modelo de promessa. Dá o exemplo da comédia, que existe para fazer rir, ou do "ao vivo", que ilustra a autenticidade e simultaneidade do momento".
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