Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
domingo, 21 de março de 2010
O JORNALISTA COMO PROFISSIONAL EM JOAQUIM FIDALGO
Além de definir o conceito e a profissão de jornalista, Joaquim Fidalgo traça uma história do jornalismo em cinco períodos: 1) primórdios da actividade, a partir de meados do século XIX, 2) industrialização, com aparecimento da imprensa popular, durante o século XIX, 3) entre guerras mundiais, ou mais precisamente entre 1918 e 1935 (!), quando se estabelece um quadro legal e institucional da profissão, 4) desde a 2ª Guerra Mundial até final do século, 5) advento e expansão da internet, e digitalização.
Joaquim Fidalgo segue vários autores franceses; para Portugal segue José Manuel Tengarrinha, Rosa Sobreira, José Carlos Valente. Tem, como pontos fortes, a alusão à diferenciação entre o jornalista diletante e escritor e o repórter, o inicial estatuto elevado do jornalista (por volta de 1850-1860, 44% dos jornalistas franceses eram oriundos da aristocracia e da alta burguesia), o crescimento dos jornais na segunda metade do século XIX, com o cruzamento de factores de ordem política, económica e tecnológica, laboral e cultural, a liberdade de imprensa (lei de Julho de 1881 em França), a redução do preço dos jornais (cinco cêntimos em França, um penny em Inglaterra), a imprensa popular pioneira nos Estados Unidos (com referências ao trabalho de Michael Schudson), a trilogia preço-notícia-anúncio e o surgimento das agências noticiosas com acompanhamento noticioso da actualidade. Equaciona igualmente a desprofissionalização e a proletarização trazidas com a digitalização dos media.
O autor tem doutoramento em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho, onde é docente. Foi um dos fundadores do jornal Público, depois de ter trabalhado no Jornal de Notícias e Expresso. Foi provedor do leitor no Público. A sua obra já é vasta e incide nomeadamente sobre deontologia dos jornalistas. Aqui no blogue escrevi algumas vezes sobre ele (para procurar, digitar o seu nome na caixa horizontal no topo esquerdo do blogue).
Leitura: Joaquim Fidalgo (2008). O jornalista em construção. Porto: Porto Editora
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