quarta-feira, 7 de abril de 2010

OBSERVATÓRIOS CULTURAIS (I)

Cristina Ortega Nuere (2010). Observatorios culturales. Creación de mapas de infraestructuras y eventos. Barcelona: Ariel, 283 páginas, 23,5 euros.

Cristina Ortega tem doutoramento em Ócio [Lazer] e Potencial Humano e é docente da Universidade de Deusto (Bilbau e San Sebastián) e presidente da ENCATC - European Network of Cultural Administration and Training Centres.

A autora analisou 37 observatórios, incluindo o português (Observatório de Actividades Culturais), em todo o mundo e que olham a cultura como sector estratégico, com recolha de dados estatísticos, organização de eventos (conferências e congressos) e produção de documentos com vista a mapear as actividades de cultura e avaliar o impacto de políticas culturais.

O livro está dividido em três capítulos: observatórios culturais, mapas culturais, modelo para a realização de mapas de infra-estruturas e eventos culturais. A autora considera que os observatórios são importantes à cultura dado serem um elemento específico de avaliação das políticas culturais a partir de dados sociais e económicos recolhidos de modo estatístico, servindo ainda como medida de diálogo político e tomada de decisão (p. 30). As entidades que promovem os observatórios são instituições públicas, universidades, organismos internacionais e empresas. É a partir de 1995 que tem origem a maior parte dos observatórios da cultura (p. 45), embora com âmbitos e objectivos muito variados entre si: alguns procuram a reflexão e a investigação (recolha de legislação e regulação), outros são criados para recolher dados estatísticos, outros ainda para apoiar a tomada de decisão (investimentos em sectores precisos) (p. 49-54).

Cristina Ortega assinala a existência de três escolas de pensamento que têm desenvolvido investigações sobre os indicadores culturais: 1) a representada por G. Gerber e K. E. Rosengren, de análise das obras simbólicas, 2) a de Ronald Inglehart, com estudo de comportamento através de inquéritos, 3) a que aborda os indicadores culturais dentro do processo da criação ao consumo de bens e serviços culturais (p. 33).

O conceito de mapa cultural é um dos mais interessantes que o livro desenvolve. O mapeamento cultural permite estudar e compreender os sectores das indústrias culturais e criativas antes de tomar decisões de ordem política (p. 77). A autora usa uma abundante bibliografia constituída especialmente por relatórios de mapas culturais em Espanha e noutros países, com quadros e análise documental precisa. Sobre os conteúdos dos mapas, ela distingue análise, diagnóstico, indicadores e propostas; sobre o ponto de vista do estudo, faz a identificação, a envolvente, o contexto, a gestão, o conteúdo e a plataforma (p. 114). A parte final do livro, mais descritiva, aborda as infra-estruturas, actividades e eventos culturais, dando algum destaque à constituição de audiências, quando escreve sobre identidade e renovação de identidade (p. 187).

Nas páginas finais, como conjunto de reflexões, Cristina Ortega reforça a ideia do observatório cultural como instrumento de análise para a tomada de decisão política quanto à cultura, dá conta da incidência recente das mesmas instituições e da sua actual afirmação em várias áreas, o que inibe uma total comparabilidade entre observatórios, e à criação de redes entre esses institutos.

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