terça-feira, 27 de julho de 2010

A MALA DE LEITURA

O uso crescente de equipamentos audiovisuais marca duas alterações profundas: 1) aumento da cultura visual e oral, 2) raciocínio mais apontado para a experimentação e a prática e menos para a reflexividade. Os defensores da cultura escrita consideram que se está a perder uma longa tradição de leitura e pensamento, os defensores da cultura audiovisual falam num novo paradigma de civilização.

O animador da mala de leitura é um pedagogo de culturas suburbanas e rurais, aparentemente em extinção em países como Portugal mas ainda forte em países africanos e da América Latina. O objectivo daquele animador é vitalizar a importância da leitura individual mas também da oralidade trazida pela leitura colectiva. Que livros traz na sua mala? Contos, histórias de impérios encantados, textos maravilhosos de apelo à imaginação e à criatividade. Ler, segundo o animador da mala de leitura, é um esforço compensador, pois a cultura forja-se nessa disciplina e vontade de ler e saber mais.

Uma mala significa errância, públicos e espíritos que se formam, reuniões de grupos pequenos, onde a participação é bem-vinda. Além dos livros, o animador traz brinquedos que faz a partir de uma árvore. E organiza debates, apresenta ideias e fá-las discutir, partindo com frequência de pontos de vista ignorados ou não considerados como adequados a uma cultura elevada.

O animador da mala de leitura é um agente cultural por quem quase não se dá atenção. Mas é um elemento precioso na revitalização das formas culturais, combinando o saber antigo com o que nos chega dos media mais actuais. Por outro lado, e finalmente, ouvi-lo significa saber o que pensam e agem outros povos e outros conhecimentos que não passam nos media electrónicos.

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