Perdi o primeiro número de Cadernos de Jornalismo, do Instituto de Estudos Jornalísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, mas já li os dois números seguintes. Em papel reciclado, com dimensão maior que a das habituais revistas, e um grafismo inovador, o que se lê são textos de alunos daquele instituto, nomeadamente relatórios de estágio de mestrado. Vale a pena comprar e ler.
No número 2 (Fevereiro de 2009), Ana Rita Faria escreve sobre jornalismo económico, área que usa muitas palavras de economês, isto é, palavras de jargão técnico que o jornalista deve descodificar tendo em vista os seus leitores. A autora parte de um estágio no jornal Público na passagem dos anos 2007 a 2008. Combinando bibliografia teórica com exemplos práticos, escreve sobre deontologia jornalística e pressão das fontes. Destas, elenca um conjunto de empresas que fazem abordagens distintas com um objectivo: ser bem representado nas notícias escritas sobre a entidade que a jornalista entrevista.
No número 3 (Março de 2010), para além do dossiê sobre Coimbra e os estudos sociológicos e económicos sobre a baixa da cidade, saliento o relatório de estágio de Catarina Pinto efectuado no jornal Público. Há igualmente uma mistura entre referências bibliográficas e histórias da redacção e da escrita de notícias. E também a análise do impacto dos promotores ou fontes das notícias. Se, no relatório acima indicado, eram as entrevistas as formas de pressão, neste relatório há um debruçar sobre os comunicados de imprensa. Confessa a estudante: "das cinquenta peças que produzi, nove tiveram origem em press-releases. Cinco baseavam-se apenas nos comunicados, enquanto nas outras quatro, por iniciativa própria, entendi que deveria esclarecer certos aspectos".
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