sábado, 27 de novembro de 2010

CULTURA POPULAR NO TEMPO DO ESTADO NOVO


A cultura popular no Estado Novo é um texto de Daniel Melo onde se analisam os discursos sobre a cultura popular durante o regime (1933-1974), em especial nas casas do povo, ranchos folclóricos, artesanato, museus etnográficos, literatura e marchas populares. O autor opõe a um modelo tradicionalista e nacionalista em Salazar as propostas de associativismo, leitura pública (bibliotecas da Gulbenkian) e acção (Acção Católica).

Inserido na colecção Biblioteca Mínima, com 129 páginas, o livro tem quatro capítulos: 1) o discurso sobre a cultura popular, 2) as práticas culturais no espaço corporativo, 3) as práticas culturais no espaço não corporativo, 4) a concorrência da sociedade civil.

Retiro ideias do último parágrafo da obra. Escreve Daniel Melo: "O entendimento da cultura popular enquanto articulação de uma cultura tradicional do povo e a transformação da mentalidade deste através da acção estatal legitimou toda a política oficial" (p. 124). O Estado Novo buscava, assim, uma identificação com a comunidade que representava, condicionando valores e práticas de identidade nacional e da esfera pública (p. 125). Por isso, o associativismo e outras manifestações da sociedade civil - como escreve Daniel Melo - tiveram sérias limitações.

O autor divide o Estado Novo em sete fases [institucionalização (1933-1934), fascização (1935-1941), primeira crise do regime (1942-1949), contra-ofensiva (1949-1958), segunda crise do regime (1958-1961), guerra colonial (1961-1967), ocaso marcelista (1968-1974)] (p. 15) e relaciona com estas fases as acções e teoria da cultura popular.

Daniel Melo é historiador e investigador no Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa.

Leitura: Daniel Melo (2010). A cultura popular no Estado Novo. Coimbra: Angelus Novus

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