domingo, 3 de abril de 2011

CHEGOU A PRIMAVERA


A Primavera lembra a esplanada onde se toma café, lê o jornal ou um livro. Ao lado, o velho pintor e uma sua amiga discutem com frequência sobre uma exposição, um quadro vendido ou quase a vender, as estéticas do século XX. Ele teimoso, ela elegante no vestuário. Deitado aos pés de ambos, o cão parece arfante. Na mesa seguinte, os agentes da imobiliária tomam o pequeno almoço ou lanche, falando de negócios ou oportunidades. Mais à frente, embora ainda se consigam distinguir os temas de conversa, o grupo de amigos habituais fala de futebol ou de política como os taxistas e de mulheres se não está presente nenhum elemento feminino. A empregada de recepção de um hotel não muito longe dali tenta convencer o namorado a marcar férias ou, no mínimo, um fim-de-semana. A conversa entrecortada por silêncios longos denuncia que alguma coisa corre mal na relação. O empregado do quiosque de jornais faz um pequeno intervalo e vem a correr para tomar um café e fumar um cigarro. Por vezes, passa um pedinte, com alguma coisa para vender: pensos rápidos ou o Borda d'Água ilegal. E também se vêem autocarros sight & seeing com turistas de roupas coloridas a fotografar não sei bem o quê.

No jardim não há jacarandás, mas estou à espera que as árvores floresçam, a cumprir o ciclo anual da natureza.

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