Há um conjunto de mercearias tradicionais do Porto, que identifico como "finas", segundo um vocabulário antigo, muitas delas em torno do mercado do Bolhão. Enquanto este regista uma degradação em termos comerciais e estéticos, esquecendo tempos de grande importância como mercado abastecedor da zona baixa e histórica da cidade, as lojas mantêm dignidade. Podemos dizer que sempre houve uma distribuição de funções, articulando mercado e lojas: enquanto o mercado servia produtos primários (hortículas, flores, outros produtos da terra necessários para a alimentação diária), as mercearias "finas" e as pastelarias (confeitarias, na designação portuense) apresentavam produtos complementares, de uso menos geral e mais dispendioso, próprio de determinadas épocas do ano, como bacalhau, queijo da Serra, bolos, chocolates e outras guloseimas, vinhos do Porto, licores e outras bebidas, café e chás, presuntos e outros enchidos. Algumas dessa lojas conservam fachadas de muito nível, de arte nova, por exemplo, e grafismos clássicos nos títulos das mesmas. Rua Formosa, rua Sá da Bandeira, rua Fernandes Tomás e rua de Santo Ildefonso conservam alguns exemplares de lojas dignas da cultura urbana do Porto.
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