Os jornais de hoje referem-se ao impacto que as eleições de 5 de Junho próximo podem ter no operador público de televisão (e rádio), pois o PSD, um dos partidos que ambicionam ganhar as eleições, propõe a privatização da RTP (Diário Económico). A segunda notícia (Jornal de Negócios) indica uma quebra de receitas de publicidade em 3% no primeiro trimestre deste ano.
Na notícia do Económico, os agentes do sector da publicidade estão na expectativa. Se o PSD propõe a privatização, um novo canal não suporta mais investimento publicitário, dizem. O PS, habitual defensor do serviço público de televisão, propõe mais publicidade no canal público, de modo a poder baixar o contributo do Estado, mas isso terá um efeito desastroso nos canais privados. A RTP, em 2010, recebeu do Estado uma indemnização compensatória de 121,1 milhões de contos e a contribuição do audiovisual chegou aos 109,6 milhões de euros, a que falta somar o investimento da publicidade. Os canais de sinal aberto valem, em termos de publicidade anual, cerca de 300 milhões de euros, metade do investimento publicitário do mercado nacional. Em coluna própria, Nuno Cintra Torres assume a privatização da RTP: para ele, o Estado manteria a propriedade das frequências, concessionando um canal para serviço público e outro para televisão privada, aproximando-se, pois, do modelo preconizado pelo PSD. Lembro que este modelo foi pensado já durante o governo de Durão Barroso, quando surgiu a proposta de canal da sociedade civil. Hoje, há outras variáveis a acrescentar: o mau estado financeiro do país e a maior concorrência dos canais de cabo.
No texto do Negócios, a perda de investimentos atingiu três grupos: Cofina (12046 milhões de euros para 11454 milhões), Impresa (31226 milhões de euros para 30888 milhões), Media Capital (32512 milhões de euros para 31120 milhões). A SIC e os seus canais temáticos (Impresa) escapam à tendência. Não há informação sobre o grupo Controlinveste, mas as mexidas na direcção do Jornal de Notícias e a formação de uma equipa de economia fornecedora de informação específica para o grupo indicam iguais preocupações. Imprensa, outdoors e televisão generalista são os sectores de maior quebra. O ponto de vista desta notícia coincide com a anterior. Eleições, entrada do FMI e aplicação de um programa de austeridade geram incertezas. Uma responsável do sector ouvida pelo jornal considera que há marcas que não abrandam os investimentos de publicidade em períodos de crise e podem, por isso, ganhar força e diferenciação face à concorrência.
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