sábado, 17 de março de 2012

O regresso ao teatro radiofónico

[publicado inicialmente em http://industrias-culturais.hypotheses.org/20247, no dia 1 de março de 2012]

Hoje à tarde (1.3.2012), a Livraria-Galeria Municipal Verney, em Oeiras, foi palco das recordações de teatro radiofónico, numa organização do Centro Cultural de Oeiras. Presentes, em tertúlia muito participada, o encenador e diretor de teatro Armando Caldas, a atriz Carmen Dolores e os técnicos de som Carlos Fernandes e Rui Remígio (por esta ordem, da esquerda para a direita, na fotografia abaixo).

Os presentes recordaram o programa de Miguel Trigueiros da Emissora Nacional, Poesia, Música e Sonho, com vozes de Carmen Dolores, Manuel Lereno e o próprio (texto retirado do Museu da Rádio e referente a programa de Setembro de 1967) e que se prolongou por oito anos. Lembraram também nomes como Madalena Patacho (Emissão Infanto-Juvenil, porque projetada para jovens até aos 14-15 anos), Odette de Saint-Maurice, Virgínia Vitorino (sob o pseudónimo de Maria João do Vale), Alice Ogando (grande adaptadora de folhetins), Ema Paul, Emília Duque, Figueiredo Barros, Judite Navarro.



Armando Caldas lembrou a sua atividade conjunta com Rogério Paulo, produtores de teatro radiofónico no Rádio Clube Português em 1973, onde fizeram adaptações de grandes romances portugueses ao teatro da rádio: Quando os lobos uivam, de Aquilino Ribeiro, Os insubmissos, de Urbano Tavares Rodrigues, Cerromaior, de Manuel da Fonseca, Barranco de cegos, de Alves Redol, Vagão J, de Virgílio Ferreira, e Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes. Lembrou técnicos de som (sonorizadores), que também exerceram outras atividades na rádio: Jorge Alves, Matos Maia, Jorge Santos, Castela Esteves, Fernando Pires, Manuel Santos, Costa Ferreira.

Carmen Dolores recordou pessoas multifacetadas, que também inscreveram o seu nome no teatro radiofónico ou nos diálogos radiofónicos: Lurdes Norberto, Artur Agostinho, Lança Moreira, D. João da Câmara, Igrejas Caeiro. A atriz passou pela Rádio Renascença, nas emissões infantis de O Papagaio, de José Castelo, e no Rádio Clube Português, onde trabalhou com José Oliveira Cosme, que compunha músicas, fazia as letras para as mesmas e escrevia diálogos radiofónicos. Lembrou também o Teatro das Comédias, de Álvaro Benamor, e destacou a importância da imaginação proporcionada pela rádio - e as grandes paixões "criadas" pela voz junto dos ouvintes. E ainda Eduardo Street (que recordo abaixo com uma curta apresentação sua do livro O Teatro Invisível e uma parte da comunicação de Carmen Dolores desse livro na Sociedade Portuguesa de Escritores em 7 de Maio de 2006).

Armando Caldas acrescentou o programa Domingo Sonoro, que culminava com um diálogo escrito por Francisco Mata, onde pontificavam dois grandes atores: Carmen Dolores e Rogério Paulo. Na época, os dois eram assediados para fornecerem fotografias, que ficavam como lembrança. O encenador, um dos fundadores do Teatro Moderno de Lisboa, destacou ainda a importância da radionovela, um dos subgéneros do teatro na rádio.

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