Foi exatamente há dez anos, no dia a seguir ao Natal de 2002, que comecei a escrever em blogues. Então associado ao blogue do CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo). Escrevi às 15:31 desse dia: "Uma boa tarde para todos. A altura em que se começa este weblog faz-me lembrar outra experiência, a do "Diário dos Media" (há dois anos).
Espero que haja sucesso também neste projecto".
Nesse blogue, já desativado, escrevi, embora irregularmente, até 17 de dezembro de 2003. A minha última mensagem, publicada na data agora indicada, tinha o seguinte teor:
"WEBLOGS E JORNALISMO
"Este weblog está a fazer um ano de existência. O primeiro post em arquivo data de 26 de Dezembro de 2002, escrito por mim, embora me recorde de haver mais um ou outro post anterior escrito pelo José Carlos Abrantes, o grande dinamizador do weblog, e pelo António José Silva. A regularidade não tem sido muito boa - eu próprio estou entre os que não tem cumprido tal desiderato - mas não quero deixar de emitir uma opinião acerca da efeméride e dos weblogs ligados ao jornalismo. Isto a propósito de duas coisas.
"A primeira é a leitura (descoberta) de um texto datado de 1940, de Paul Lazarsfeld, chamado Radio and the printed page, em que o responsável pela pesquisa administrativa e dos efeitos limitados dos media, comparou o impacto da rádio, meio ainda recente na época, e os jornais. Uma das perguntas que ele fez foi: será que a rádio irá retirar campo à leitura (de jornais e de livros)? Nós já nos esquecemos desta questão, pois andamos à volta de outra: o consumo da televisão e da internet contribuem para a iliteracia? Na pág. 264 do seu livro, Lazarsfeld conclui que, até ao advento da rádio, o jornal preenchia duas funções: 1) relatar o que acontecera, e 2) interpretar a importância do acontecimento. Mas, dado que a rádio é mais rápida em relatar acontecimentos, a imprensa perde este papel. Quando abrimos um jornal, escreveu Lazarsfeld, provavelmente já conhecemos os principais acontecimentos através da rádio. Hoje, diríamos o mesmo da televisão ou da internet. Lazarsfeld ainda não escrevera sobre o two step flow of information e sobre a importância dos líderes de opinião, o que iria acontecer nos anos seguintes. Mas fala em reforço: para ele os ouvintes tipo J (jornais) têm capacidades suficientes para ler os jornais com facilidade, mas o seu interesse nas notícias intensifica-se através da complementaridade da audição da rádio. Ao invés, os ouvintes tipo R (rádio), porque dão maior destaque à rádio, têm um interesse mais modesto e recente em termos de notícias (p. 254). Ou seja, e nas palavras de Lazarsfeld, a dieta noticiosa do ouvinte tipo R é menos variada que a dos consumidores de notícias de jornais.
"A outra coisa é o trabalho de Manuel Pinto no weblog Jornalismo e Comunicação, local de passagem obrigatória para quem quer saber notícias que os media tradicionais ainda não publicaram. Através dele soubemos, por exemplo, da saida de Joel da Silveira da AACS. O que chamo a atenção é para a linguagem que Manuel Pinto está a usar. Escreve ele: segundo uma fonte bem colocada; segundo apurou este weblog. Aqui está o cerne do jornalismo, a notícia nova, a cacha. Manuel Pinto, o professor está a (re)adquirir o hábito de jornalista, atitude salutar para quem ensina jornalismo, isto é, misturar a prática com a teoria. Há, assim, a contínua deslocação entre dar o novo (o trabalho do jornalista) e o reflectir sobre as tendências dos media (o sociólogo, ou mediólogo, como a análise às referências recentes sobre a regulação dos media, a partir de posições defendidas num jantar na última semana). O novo medium (re)ocupa o lugar dos velhos media, na pesquisa e divulgação em primeira mão - mas também na análise e interpretação.
"Paul Lazarsfeld e Manuel Pinto, comungando vivências distintas, alertam-nos, contudo, para questões próximas. De que destaco uma: o consumidor do weblog da Universidade do Minho, ou quiçá o leitor deste nosso weblog, reforça o seu conhecimento adquirido noutros media. Em que a gratificação - para pegar na terminologia de uma das mais qualificadas colaboradoras de Lazarsfeld, Herta Herzog - resulta numa maior capacidade de reflectir sobre o mundo em volta e numa mais consciente tomada de posição (e de decisão, se tiver poder para isso).
"Talvez por isso valha a pena fazer um esforço para, no dia 26, o weblog do CIMJ começar o seu segundo ano de actividade".
Um destes dias, vou fazer um balanço das minhas escritas em blogues. Votos de continuação de boas festas.
Textos de Rogério Santos, com reflexões e atualidade sobre indústrias culturais (imprensa, rádio, televisão, internet, cinema, videojogos, música, livros, centros comerciais) e criativas (museus, exposições, teatro, espetáculos). Na blogosfera desde 2002.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Videojogos 2012 - Conferência em Ciência e Arte dos Videojogos
Organizado pela Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos (SPCV) e pela Universidade Católica Portuguesa realizou-se, entre 13 e 15 de dezembro, a quinta conferência anual em ciência e arte de videojogos.
As conferências da Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos realizam-se anualmente e têm com principal objectivo promover a investigação e a indústria de videojogos em Portugal. Evento multidisciplinar, houve contribuições de diferentes áreas do conhecimento, desde a arte, desenho e narrativa de jogo, a aspetos da sua computação, bem como o estudo a teorização e a reflexão crítica sobre práticas e aplicações no mercado e na indústria, entrosando ainda os contributos da comunidade académica.
No vídeo, um curto balanço de Cátia Ferreira, da organização do evento em representação da Universidade Católica. No podcast, um excerto da intervenção de Diogo Horta e Costa, da empresa Biodroid, em mesa redonda onde participaram agentes da indústria, dos media especializados, da academia ligada aos videojogos e inteligência artificial e da associação portuguesa do setor.
As conferências da Sociedade Portuguesa de Ciências dos Videojogos realizam-se anualmente e têm com principal objectivo promover a investigação e a indústria de videojogos em Portugal. Evento multidisciplinar, houve contribuições de diferentes áreas do conhecimento, desde a arte, desenho e narrativa de jogo, a aspetos da sua computação, bem como o estudo a teorização e a reflexão crítica sobre práticas e aplicações no mercado e na indústria, entrosando ainda os contributos da comunidade académica.
No vídeo, um curto balanço de Cátia Ferreira, da organização do evento em representação da Universidade Católica. No podcast, um excerto da intervenção de Diogo Horta e Costa, da empresa Biodroid, em mesa redonda onde participaram agentes da indústria, dos media especializados, da academia ligada aos videojogos e inteligência artificial e da associação portuguesa do setor.
Luís Bonixe edita um livro sobre informação radiofónica
Em 23 de Junho de 2009, escrevi aqui sobre a tese de doutoramento de Luís Bonixe, docente e presidente da área científica de jornalismo, comunicação e tecnologias da informação da ESEP (Escola Superior de Educação de Portalegre). Agora, com a chancela dos Livros Horizonte, é editada a obra, com o título A informação radiofónica: rotinas e valores-notícia da reprodução da realidade na rádio portuguesa.
Na ocasião da tese de doutoramento, escrevi: "A dissertação tinha como centro avaliar as notícias da rádio como construção social da realidade, no caso da rádio a construção sonora da realidade. Foi também objectivo identificar momentos importantes da história recente do jornalismo radiofónico, bem como analisar os noticiários das nove horas nas três principais estações de informação: Antena 1, Renascença e TSF. Finalmente, o trabalho de Bonixe fez a comparação entre notícias da rádio hertziana e da internet".
Com oito capítulos, Bonixe parte para a sua investigação com a convicção de que o debate em torno da rádio é o futuro (p. 13), mas em simultâneo indica que pouco se sabe sobre as notícias na rádio portuguesa (p. 15). O seu desafio, ao longo das páginas, é identificar os rumos do futuro e a análise das notícias, para o que estudou as três principais estações de rádio e as suas redacções (observação participante, entrevistas e análise de conteúdo: TSF, Antena 1 e Renascença (p. 174). O capítulo 7 é o espaço onde a pesquisa no terreno tem mais expressão. Ali, o autor expõe as peças, a origem geográfica das mesmas, os temas, a política, as vozes das notícias, a voz do cidadão, os temas de abertura, os títulos dos noticiários, o comentário, as peças sonorizadas, o directo (pp. 105-154).
Para o autor, o jornalismo radiofónico enquadra-se na ideia das notícias como construção social da realidade (p. 173), com selecção e hierarquização das notícias, com existência de valores transversais a toda a comunidade jornalística. A rádio, apesar da concorrência de outros meios, possui um papel relevante na transmissão de conhecimentos aos indivíduos (p. 176). No caso da política, Luís Bonixe faz uma crítica: a uma não renovação das fontes, com a menor presença de vozes não institucionais.
Recupero o vídeo que fiz na altura da defesa da tese de doutoramento do autor:
Leitura: Luís Bonixe (2012). A informação radiofónica: rotinas e valores-notícia da reprodução da realidade na rádio portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte
Na ocasião da tese de doutoramento, escrevi: "A dissertação tinha como centro avaliar as notícias da rádio como construção social da realidade, no caso da rádio a construção sonora da realidade. Foi também objectivo identificar momentos importantes da história recente do jornalismo radiofónico, bem como analisar os noticiários das nove horas nas três principais estações de informação: Antena 1, Renascença e TSF. Finalmente, o trabalho de Bonixe fez a comparação entre notícias da rádio hertziana e da internet".
Com oito capítulos, Bonixe parte para a sua investigação com a convicção de que o debate em torno da rádio é o futuro (p. 13), mas em simultâneo indica que pouco se sabe sobre as notícias na rádio portuguesa (p. 15). O seu desafio, ao longo das páginas, é identificar os rumos do futuro e a análise das notícias, para o que estudou as três principais estações de rádio e as suas redacções (observação participante, entrevistas e análise de conteúdo: TSF, Antena 1 e Renascença (p. 174). O capítulo 7 é o espaço onde a pesquisa no terreno tem mais expressão. Ali, o autor expõe as peças, a origem geográfica das mesmas, os temas, a política, as vozes das notícias, a voz do cidadão, os temas de abertura, os títulos dos noticiários, o comentário, as peças sonorizadas, o directo (pp. 105-154).
Para o autor, o jornalismo radiofónico enquadra-se na ideia das notícias como construção social da realidade (p. 173), com selecção e hierarquização das notícias, com existência de valores transversais a toda a comunidade jornalística. A rádio, apesar da concorrência de outros meios, possui um papel relevante na transmissão de conhecimentos aos indivíduos (p. 176). No caso da política, Luís Bonixe faz uma crítica: a uma não renovação das fontes, com a menor presença de vozes não institucionais.
Recupero o vídeo que fiz na altura da defesa da tese de doutoramento do autor:
Leitura: Luís Bonixe (2012). A informação radiofónica: rotinas e valores-notícia da reprodução da realidade na rádio portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte
domingo, 16 de dezembro de 2012
Crianças e media
Sobre o livro Crianças & Media. Pesquisa Internacional e Contexto Português do Século XIX à Actualidade, de Cristina Ponte, agora editado pela Imprensa de Ciências Sociais, escreve Ana Nunes de Almeida na contracapa:
"A trilhar o seu caminho no Ocidente europeu desde meados dos anos 80, a sociologia da infância tem defendido a importância de se considerar a infância como um construção social, produto contingente do tempo e do espaço, afastando-se das perspetivas que a retratam como realidade biológica ou categoria universal; na mesma linha, sublinha a heterogeneidade interna das condições infantis, que produzem relevo e diferença num cenário desigual; e reivindica, ainda, o direito que as crianças têm de ser estudadas autonomamente, por direito próprio, o que se traduz metodologicamente na necessidade de a investigação lhes «dar voz». Inspirada em tais princípios, num livro onde a mudança social em Portugal constitui o fio condutor, Cristina Ponte propõe-nos cruzar a infância com os media - relação surpreendentemente pouco explorada na literatura científica. Fazendo uso da sua vasta experiência de pesquisa na área e numa linguagem simultaneamente rigorosa e atrativa, a autora fornece ao leitor criteriosos instrumentos de compreensão da experiência social das crianças na sociedade contemporânea".
O livro divide-se em duas partes e onze capítulos. A primeira parte é teórica, onde se abordam temas como a emergência do conceito moderno de infância, o contributo dos media para a construção do conceito, mudança social e medos dos media, a literatura infantil e a força da imagem. A segunda parte é empírica e incide sobre investigações que a autora tem conduzido nos últimos anos. Cristina Ponte, na introdução do livro, desenvolve melhor a divisão em duas partes. Ela parte da afirmação do modelo económico do capitalismo e da racionalização na divisão do trabalho, com reflexo na produção mediática da construção da infância (pp. 17-18). A segunda parte, para a autora, está atenta às mudanças ocorridas em Portugal desde 1974.
Da minha leitura, destaco o rigor e a profundidade dos temas e a vasta bibliografia utilizada, da reflexão sobre textos de autores internacionais ao uso de livros e revistas publicadas ao longo do período de análise, em especial em Portugal. A obra resulta das provas de agregação em Estudos dos Media e do Jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, onde Cristina Ponte é docente.
Leitura: Cristina Ponte (2012). Crianças & Media. Pesquisa Internacional e Contexto Português do Século XIX à Actualidade. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 234 páginas
"A trilhar o seu caminho no Ocidente europeu desde meados dos anos 80, a sociologia da infância tem defendido a importância de se considerar a infância como um construção social, produto contingente do tempo e do espaço, afastando-se das perspetivas que a retratam como realidade biológica ou categoria universal; na mesma linha, sublinha a heterogeneidade interna das condições infantis, que produzem relevo e diferença num cenário desigual; e reivindica, ainda, o direito que as crianças têm de ser estudadas autonomamente, por direito próprio, o que se traduz metodologicamente na necessidade de a investigação lhes «dar voz». Inspirada em tais princípios, num livro onde a mudança social em Portugal constitui o fio condutor, Cristina Ponte propõe-nos cruzar a infância com os media - relação surpreendentemente pouco explorada na literatura científica. Fazendo uso da sua vasta experiência de pesquisa na área e numa linguagem simultaneamente rigorosa e atrativa, a autora fornece ao leitor criteriosos instrumentos de compreensão da experiência social das crianças na sociedade contemporânea".
O livro divide-se em duas partes e onze capítulos. A primeira parte é teórica, onde se abordam temas como a emergência do conceito moderno de infância, o contributo dos media para a construção do conceito, mudança social e medos dos media, a literatura infantil e a força da imagem. A segunda parte é empírica e incide sobre investigações que a autora tem conduzido nos últimos anos. Cristina Ponte, na introdução do livro, desenvolve melhor a divisão em duas partes. Ela parte da afirmação do modelo económico do capitalismo e da racionalização na divisão do trabalho, com reflexo na produção mediática da construção da infância (pp. 17-18). A segunda parte, para a autora, está atenta às mudanças ocorridas em Portugal desde 1974.
Da minha leitura, destaco o rigor e a profundidade dos temas e a vasta bibliografia utilizada, da reflexão sobre textos de autores internacionais ao uso de livros e revistas publicadas ao longo do período de análise, em especial em Portugal. A obra resulta das provas de agregação em Estudos dos Media e do Jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, onde Cristina Ponte é docente.
Leitura: Cristina Ponte (2012). Crianças & Media. Pesquisa Internacional e Contexto Português do Século XIX à Actualidade. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 234 páginas
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
A imprensa portuguesa segundo João Figueira
O livro A imprensa portuguesa (1974-2010), de João Figueira, foi esta semana apresentado na livraria Almedina, ao Saldanha, Lisboa, por João Céu e Silva e por Ricardo Alexandre (este num curto vídeo com parte do seu texto). Ambos evidenciaram um texto bem escrito e fácil de ler, que conta a história do jornalismo do país numa síntese onde se abordam jornais, semanários e newsmagazines e alguns dos seus principais jornalistas e grupos económicos dos media. O som (podcast) inclui uma pequena parcela da apresentação do autor.
O livro tem cinco capítulos: jornalismo e política, a mesma luta; a idade moderna da imprensa portuguesa; newsmagazines e imprensa semanal; a afirmação dos grupos económicos; novos desafios e novas interrogações. Algumas conclusões do livro: ao longo de três décadas e meia, muitos jornais e revistas desapareceram mas surgiram novos títulos; segmentação de públicos; necessidade de informação credível; jornais gratuitos e novas plataformas desafiam o negócio até há pouco exclusivo dos media clássicos; jornalismo dentro de um espectro mediático dominado pelo entretenimento e espetáculo; grau de responsabilidade dos cidadãos na defesa de um jornalismo de qualidade e independente.
Leitura: João Figueira (2012). A imprensa portuguesa (1974-2010). Coimbra: Angelus Novus, 145 p., 9 euros
Leitura: João Figueira (2012). A imprensa portuguesa (1974-2010). Coimbra: Angelus Novus, 145 p., 9 euros
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Livro de Adelino Gomes sobre jornalismo televisivo
Foi ontem ao fim da tarde na FNAC do Chiado que o livro de Adelino Gomes Nos Bastidores dos Telejornais RTP1, SIC e TVI, editado pela Tinta da China, teve lançamento, com apresentação de José Alberto Carvalho, diretor de informação da TVI (ver vídeo abaixo). O texto resulta da tese de doutoramento que Adelino Gomes defendeu no ISCTE, como relatei aqui, em 4 de julho de 2011. O livro tem três partes e 10 capítulos. O primeiro capítulo, teórico, parte do conceito do modelo de propaganda, de Noam Chomsky e Edward S. Herman (Manufacturing Consent) e dos limites da autonomia jornalística, centrando-se em textos de Pierre Bourdieu (conceito de campo jornalístico), Erving Goffman (conceito de metáfora teatral), Stuart Hall, Nelson Traquina, José Luís Garcia e Herbert Gans, entre outros.
Depois, a partir do segundo capítulo, entra no trabalho empírico - a observação direta da construção do noticiário das 20 horas nos três canais de televisão, onde permaneceu uma semana em cada canal e entrevistou e inquiriu diretores, editores e jornalistas seniores. A observação permitiu-lhe descrever, analisar e refletir sobre a conferência de redação, o alinhamento e o frisson do intervalo (a vigilância que cada canal faz aos canais concorrentes em especial a hora de intervalo, pensando no efeito do zapping). Uma das fontes de observação mais evidenciada no livro foi o jornalista José Alberto Carvalho, então a ocupar o lugar de diretor-adjunto da informação televisiva da RTP, que confiou as suas ideias sobre alinhamento e abertura do noticiário. Sobre este (p. 274), o jornalista tinha os seguintes princípios: menor probabilidade de abrir com futebol, assegurar o princípio do contraditório. Mas, como observou o autor, os noticiários não abrem com internacional e fecham sempre ou quase sempre com faits-divers. E, no lançamento do seu livro, Adelino Gomes pediu para os canais darem mais notícias de cultura e de internacional. Na mesma ocasião, mostrou grande desagrado pelo próximo encerramento do programa Câmara Clara (RTP2).
Adelino Gomes tem 42 anos de actividade jornalística, tendo passado pelo Rádio Clube Português, Rádio Renascença, RDP, TSF, RTP e Público. Especializou-se nomeadamente na reportagem. Mais perto no tempo, foi provedor do ouvinte na RTP (Rádio e Televisão de Portugal) (2008-2010).
Homenagem a Nelson Traquina
Começou hoje, em Lisboa, o IV Seminário Internacional Media, Jornalismo e Democracia, organizado pelo CIMJ (Centro de Investigação Media e Jornalismo), edição onde se presta homenagem ao seu fundador Nelson Traquina, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa e meu orientador de mestrado e de doutoramento.
O meu testemunho, lido de manhã, fica aqui. Obrigado, professor Nelson Traquina. Foi uma longa e profícua aprendizagem, a partir do ano letivo de 1991-1992.
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