Muito recentemente, o Museu Nacional Machado de Castro (Coimbra) reabriu as suas portas. Tem uma magnífica colecção de escultura, com imagens esculpidas em pedra, madeira, marfim e barro. Muitas dessas obras foram retiradas de antigas igrejas ou conventos e aqui enquadradas, com uma forte visibilidade e destaque. Relevo ainda a ourivesaria, a pintura, a joalharia e os têxteis.
As obras do renovado museu percorrem um longo período histórico, com particular incidência na idade media, no renascimento e no barroco, além dos contactos com outros povos e culturas, como é o caso da indiana.
Uma tapeçaria preencheu o meu encanto, como aliás deixei entrever em texto aqui (22 de Julho último), sob o título de viagem no museu:
"Hoje, no museu Machado de Castro, a viagem foi dada pela leitura das imagens de uma colcha indo-portuguesa do século XVII, que pertence à colecção de têxteis do museu. O pano e o seu bordado serviram de elemento físico e pretexto para compreender a viagem, o sincretismo das culturas portuguesa e indiana, a influência religiosa do cristianismo e do budismo, as histórias que uma tapeçaria nos conta como se fosse uma banda desenhada no corpo de linho bordado a fios de seda. Cultura e arte (também visíveis num objecto de uso comum como uma colcha, toalha ou tapeçaria), comércio e poder (trocas económicas e supremacia política e militar), tecnologia (da caravela à nau), religião (a conversão ao cristianismo) e procura intensa de produtos daquelas terras longínquas da Ásia que os portugueses trouxeram para a Europa em concorrência com outras rotas (como a da seda), em termos de especiarias mas também objectos estranhos à nossa cultura".