"Jornalistas sobre pressão" é o tema do mais recente número da revista Jornalistas & Jornalismo (nº 52, de Out/Dez 2012). No sumário do tema lê-se: "Os jornalistas estão sob pressão, mergulhados numa profunda crise de identidade e, tal como outras profissões intelectuais, num claro processo de proletarização. Mas a fragilização dos jornalistas não os afecta apenas a eles e ao jornalismo - são os direitos dos portugueses a uma informação livre, rigorosa e pluralista e é a própria democracia que estão em causa".
No seu texto, Fernando Correia aponta diversos tipos de pressão: laboral, profissional, ética, empresarial, de autonomia, político-ideológica. Do mesmo trabalho, ressalto o seguinte: "a sobrevivência de uma empresa só será possível se os jornalistas tiverem condições materiais e concretas, mas também subjectivas, para o exercício das suas funções; se forem em número suficiente e suficientemente remunerados; se a sua dignidade e identidade profissionais forem respeitadas; se a deontologia não for vista como um empecilho mas como uma garantia de qualidade; se os mais velhos não forem considerados como um incómodo mas sim como um factor de preservação da memória e um precioso manancial de experiência; se os mais novos deixarem de ser mera reserva de trabalho disponível para tudo, ou mão de obra barata, eternamente temporária e facilmente descartável".
Carla Baptista, no seu texto, apresenta quatro histórias de jornalistas desempregados: António Marujo (51 anos), Leonor Figueiredo (56 anos), Isabel Lucas (42 anos) e Pedro Quedas (30 anos). Histórias de gente com muita qualidade e que tem (sobre)vivido com altos e baixos de uma profissão entusiasmante mas onde essa qualidade tende a não ser reconhecida. Lembro a especialização de Leonor Figueiredo, quando no Diário de Notícias escrevia sobre saúde. Ganhou prémios e prémios pelo seu trabalho. Um dia, o ministério da Saúde convidou-a a fazer parte do júri de um prémio pela razão dessa sua especialização. Ela recusou. Para a minha tese de doutoramento, sobre notícias de saúde, ela foi uma fonte privilegiada, dado o seu conhecimento dessa matéria. Agora, fez o mestrado em História Contemporânea, candidatou-se a uma bolsa para investigação no doutoramento e publicou algumas obras, mas não faz o que mais gosta de fazer: jornalismo.
Carla Baptista, num outro texto, mais analítico, mostra números de jornalistas em Portugal, a partir dos registos da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. O número de profissionais está a diminuir, estabilizando nos 6705 em dados de Outubro de 2012 (chegaram a 8948 em 2007). Apenas em 2012, prossegue no mesmo texto, a Impala fechou quatro revistas, num total de 29 jornalistas, o Sol despediu 20 jornalistas, o Diário Económico rescindiu com 22 jornalistas e avançou com o despedimento colectivo de seis jornalistas, o Público despediu 36 jornalistas e um layoff de 21 pessoas. 2012 foi um ano negro na história do jornalismo em Portugal, conclui a docente da Universidade Nova de Lisboa.
Outros temas da Jornalismo & Jornalistas: entrevistas ao jornalista Paulo Moura e ao professor Muniz Sodré, prémios Gazeta 2011 e um texto de história do humorismo, com apresentação da obra de Rafael Bordalo Pinheiro (por Álvaro Costa de Matos).
No seu texto, Fernando Correia aponta diversos tipos de pressão: laboral, profissional, ética, empresarial, de autonomia, político-ideológica. Do mesmo trabalho, ressalto o seguinte: "a sobrevivência de uma empresa só será possível se os jornalistas tiverem condições materiais e concretas, mas também subjectivas, para o exercício das suas funções; se forem em número suficiente e suficientemente remunerados; se a sua dignidade e identidade profissionais forem respeitadas; se a deontologia não for vista como um empecilho mas como uma garantia de qualidade; se os mais velhos não forem considerados como um incómodo mas sim como um factor de preservação da memória e um precioso manancial de experiência; se os mais novos deixarem de ser mera reserva de trabalho disponível para tudo, ou mão de obra barata, eternamente temporária e facilmente descartável".
Carla Baptista, no seu texto, apresenta quatro histórias de jornalistas desempregados: António Marujo (51 anos), Leonor Figueiredo (56 anos), Isabel Lucas (42 anos) e Pedro Quedas (30 anos). Histórias de gente com muita qualidade e que tem (sobre)vivido com altos e baixos de uma profissão entusiasmante mas onde essa qualidade tende a não ser reconhecida. Lembro a especialização de Leonor Figueiredo, quando no Diário de Notícias escrevia sobre saúde. Ganhou prémios e prémios pelo seu trabalho. Um dia, o ministério da Saúde convidou-a a fazer parte do júri de um prémio pela razão dessa sua especialização. Ela recusou. Para a minha tese de doutoramento, sobre notícias de saúde, ela foi uma fonte privilegiada, dado o seu conhecimento dessa matéria. Agora, fez o mestrado em História Contemporânea, candidatou-se a uma bolsa para investigação no doutoramento e publicou algumas obras, mas não faz o que mais gosta de fazer: jornalismo.
Carla Baptista, num outro texto, mais analítico, mostra números de jornalistas em Portugal, a partir dos registos da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista. O número de profissionais está a diminuir, estabilizando nos 6705 em dados de Outubro de 2012 (chegaram a 8948 em 2007). Apenas em 2012, prossegue no mesmo texto, a Impala fechou quatro revistas, num total de 29 jornalistas, o Sol despediu 20 jornalistas, o Diário Económico rescindiu com 22 jornalistas e avançou com o despedimento colectivo de seis jornalistas, o Público despediu 36 jornalistas e um layoff de 21 pessoas. 2012 foi um ano negro na história do jornalismo em Portugal, conclui a docente da Universidade Nova de Lisboa.
Outros temas da Jornalismo & Jornalistas: entrevistas ao jornalista Paulo Moura e ao professor Muniz Sodré, prémios Gazeta 2011 e um texto de história do humorismo, com apresentação da obra de Rafael Bordalo Pinheiro (por Álvaro Costa de Matos).
Sem comentários:
Enviar um comentário