O texto de Rui Branco, ontem no Notícias Magazine sobre Arnaldo Trindade, é muito claro. Arnaldo Trindade, personalidade simpática nascida em 1934, dono da loja de eletrodomésticos com o seu nome e da etiqueta musical Orfeu, é sobre esta que o texto se debruça. A partir do Porto, ele construiu uma das mais importantes marcas discográficas no país durante a década de 1960 e seguintes.
Da sua juventude, recorda o Liceu Alexandre Herculano, as leituras que fez (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Teixeira de Pascoaes, a casa de quem foi e de quem tem um livro autografado), as tertúlias no café Majestic, mesmo em frente à loja do seu pai, onde privavam vultos da cultura e das artes portuenses, e as férias de verão nos Estados Unidos, onde um tio seu era engenheiro na General Motors. No regresso às aulas, ele contava o que tinha visto naquele país e que ainda não havia em Portugal: autoestradas, supermercados, televisão a cores.
Entrou em engenharia mas não concluiu pois sucedeu ao pai no negócio dos eletrodomésticos e dos discos. Dos discos, ele passou às gravações. Lançou a Orfeu em 1956, inicialmente com discos de poesia. Demorou mas conseguiu convencer Miguel Torga a ler os seus poemas; depois, vieram José Régio e Alberto Serpa. As capas dos discos eram criadas por artistas como Moreira Azevedo e Isolino Vaz ou fotógrafos como Fernando Aroso. A seguir, vieram os discos de jazz, tendo gravado jovens talentos.
Já no começo da década de 1960, surgiam outros valores, no conceito de catálogo. De um lado, a música popular do norte, como Maria Albertina, António Mafra, Quim Barreiros, Rancho de Santa Marta de Portuzelo. Do outro lado, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Fausto, Vitorino, José Mário Branco, José Jorge Letria, uma plêiade de artistas e cantores que, ainda hoje, nos interrogamos como foi possível essa elevadíssima elaboração estética num país pequeno e amordaçado politicamente e quase isolado do mundo [na fotografia ao lado: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Arnaldo Trindade].
Arnaldo Trindade tornara-se representante em Portugal de etiquetas como Tamla Motown, Island, Durim e Pye Records. Organiza convenções do disco, onde músicos internacionais e seus representantes aparecem. Concertos com Marino Marini, Sylvie Vartan, Sandie Shaw, Diana Ross e Jackson Five foram organizados. Investe no Festival da Canção, onde ganham artistas representados na sua etiqueta: Carlos Mendes, José Cid, Armando Gama. Arnaldo Trindade compraria a Rádio Triunfo, outra marca do Porto, mas algumas das etiquetas representantes desta, como a CBS e a Warner Brothers, estavam de saída, pelo que a Triunfo perdeu muito do seu valor, acabando por desaparecer.
Da sua juventude, recorda o Liceu Alexandre Herculano, as leituras que fez (Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Teixeira de Pascoaes, a casa de quem foi e de quem tem um livro autografado), as tertúlias no café Majestic, mesmo em frente à loja do seu pai, onde privavam vultos da cultura e das artes portuenses, e as férias de verão nos Estados Unidos, onde um tio seu era engenheiro na General Motors. No regresso às aulas, ele contava o que tinha visto naquele país e que ainda não havia em Portugal: autoestradas, supermercados, televisão a cores.
Entrou em engenharia mas não concluiu pois sucedeu ao pai no negócio dos eletrodomésticos e dos discos. Dos discos, ele passou às gravações. Lançou a Orfeu em 1956, inicialmente com discos de poesia. Demorou mas conseguiu convencer Miguel Torga a ler os seus poemas; depois, vieram José Régio e Alberto Serpa. As capas dos discos eram criadas por artistas como Moreira Azevedo e Isolino Vaz ou fotógrafos como Fernando Aroso. A seguir, vieram os discos de jazz, tendo gravado jovens talentos.
Já no começo da década de 1960, surgiam outros valores, no conceito de catálogo. De um lado, a música popular do norte, como Maria Albertina, António Mafra, Quim Barreiros, Rancho de Santa Marta de Portuzelo. Do outro lado, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Fausto, Vitorino, José Mário Branco, José Jorge Letria, uma plêiade de artistas e cantores que, ainda hoje, nos interrogamos como foi possível essa elevadíssima elaboração estética num país pequeno e amordaçado politicamente e quase isolado do mundo [na fotografia ao lado: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Arnaldo Trindade].
Arnaldo Trindade tornara-se representante em Portugal de etiquetas como Tamla Motown, Island, Durim e Pye Records. Organiza convenções do disco, onde músicos internacionais e seus representantes aparecem. Concertos com Marino Marini, Sylvie Vartan, Sandie Shaw, Diana Ross e Jackson Five foram organizados. Investe no Festival da Canção, onde ganham artistas representados na sua etiqueta: Carlos Mendes, José Cid, Armando Gama. Arnaldo Trindade compraria a Rádio Triunfo, outra marca do Porto, mas algumas das etiquetas representantes desta, como a CBS e a Warner Brothers, estavam de saída, pelo que a Triunfo perdeu muito do seu valor, acabando por desaparecer.