Em E a que brindamos?, de Pedro Lopes e Miguel Simal, no Teatro Rápido, um sem-abrigo (Sabri Lucas) é abordado por um empregador (Fernando Ferrão), indivíduo que o quer libertar de viver miseravelmente na rua. Depois de lhe oferecer um chocolate e uma bebida, propõe-lhe um emprego para a apanha do mitilo na Noruega. O local do encontro é uma estação ferroviária em Lisboa. O empregador procura saber as razões do outro: viver na rua deve ser difícil. O sem-abrigo tem um discurso organizado: precisa de pensar para decidir a oferta. No fim de contas, ele tem uma vida estável, sem preocupações. Pertencem-lhe um cobertor, um saco de roupa velha, um rádio a pilhas que já não funciona, tudo coisas que ele não pode perder, o que o obriga a estar sempre ao pé das mesmas. E conta uma história, que poderia atribuir-se a si próprio mas que parece pertencer a um outro: ele ficou sem emprego, a mulher abandonou-o por outro, os filhos não querem saber dele. Combinam voltar a conversar no dia seguinte, para se tratar da decisão. Conclui o sem-abrigo ao seu novo amigo: "apareça sempre que quiser, a porta está sempre aberta".
A peça não dura mais de dez minutos numa sala que seria de uma loja de centro comercial que liga a rua Garrett à rua Serpa Pinto, em Lisboa, que não abriu ou foi desactivado e tem hoje outras pequenas salas e um bar, onde também há concertos, espaços muito agradáveis (ou interessantes). Os dois actores representaram mesmo junto aos espectadores e no final agradeceram, desejando continuação de boa tarde. A ficção pode estar longe da realidade mas leva-nos a pensar nos sem-abrigo, pois as cidades têm cada vez mais homens (e mulheres) a dormirem e a vaguearem pelas ruas sem orientação e sem uma vida decente e feliz.
A peça não dura mais de dez minutos numa sala que seria de uma loja de centro comercial que liga a rua Garrett à rua Serpa Pinto, em Lisboa, que não abriu ou foi desactivado e tem hoje outras pequenas salas e um bar, onde também há concertos, espaços muito agradáveis (ou interessantes). Os dois actores representaram mesmo junto aos espectadores e no final agradeceram, desejando continuação de boa tarde. A ficção pode estar longe da realidade mas leva-nos a pensar nos sem-abrigo, pois as cidades têm cada vez mais homens (e mulheres) a dormirem e a vaguearem pelas ruas sem orientação e sem uma vida decente e feliz.