Saiu agora o livro organizado por Eduardo Meditsch, Rádio e Pânico 2. A Guerra dos Mundos 75 anos depois. Na apresentação, Nair Prata escreve sobre o grupo de pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom, que publicara o seu primeiro livro em 1998 Rádio e Pânico: a Guerra dos Mundos, 60 Anos Depois, igualmente organizado pela figura importante de Meditsch, pouco depois de ele concluir o seu doutoramento na Universidade Nova de Lisboa.
Nesse primeiro livro, tinham colaborado nomeadamente Gisela Ortriwano, Luiz Carlos Saroldi e Valério Cruz Brittos, entretanto desaparecidos. O grupo de media sonoras fora proposto por outra figura importante da investigação da rádio no Brasil que é Sônia Virgínia Moreira em 1990. Na liderança do grupo da Intercom, para além da sua proponente inicial, passaram Dóris Fagundes Haussen, Nélia Del Bianco, Eduardo Meditsch, Mágda Cunha, Luiz Ferraretto e Nair Prata, actual coordenadora.
Agora, para além de uma tradução do guião (roteiro) original de A Guerra dos Mundos, de Howard Koch, por Eglê Malheiros, há um conjunto de textos sobre a peça original de H. G. Wells e a sua contextualização social, cultural e política, da sua utilização na rádio por Orson Welles e que a tornou no programa de rádio mais famoso desde sempre, das edições radiofónicas de invasões de marcianos no Brasil e noutros países da América Latina e também em Portugal (pela mão de Matos Maia, como já recordei aqui, aqui e aqui). Destaco, sem qualquer nível de hierarquizar a sua importância, os capítulos de Carlos Esch e Nélia Del Bianco, Sergio Endler, Mágda Cunha, Dóris Haussen, Valci Zuculoto e Luiz Ferraretto.
Fico com a leitura do capítulo de Meditsch (Preparação. Construindo a arte de assombrar o público, pp. 45-56), onde se conta a azáfama semanal do Mercury Theatre, em que o guião da peça radiofónica era preparado em seis dias, de terça-feira a domingo. Howard Koch escrevia a lápis e uma estagiária da CBS dactilografava, refazendo conforme as críticas e sugestões de Orson Welles, então um jovem de 23 anos.
Na peça radiodifundida na noite do dia das bruxas de 1938 (31 de Outubro), um dos elementos essenciais foi a inserção de noticiários (nomeadamente na sequência de uma música transmitida de um teatro imaginado, Park Plaza, La Cumparsita), numa altura em que os americanos já consumiam muita informação pela rádio, considerado um meio credível, o que reforçou a ideia de programa sério. A equipa não calcularia o impacto da emissão, caso de Koch, que se foi deitar sem saber o que aconteceu durante e depois da peça ter ido para o ar. Apenas no dia seguinte, no barbeiro, ao ler as notícias dos jornais, é que teve consciência do que sucedera. A invasão, no programa, demorou 42 minutos, quando inicialmente se prevera 30, retardado pelo director, conforme uma leitura atenta da imagem do livro sugere. Apenas no último terço da peça é que o guião desfaz o engano provocado nos ouvintes, quando se abandona o formato de programa musical e jornalístico. Mas os efeitos já tinham sido alcançados.
Leitura: Eduardo Meditsch (2013). Rádio e Pânico 2. A Guerra dos Mundos 75 anos depois. Florianópolis: Insular
Nesse primeiro livro, tinham colaborado nomeadamente Gisela Ortriwano, Luiz Carlos Saroldi e Valério Cruz Brittos, entretanto desaparecidos. O grupo de media sonoras fora proposto por outra figura importante da investigação da rádio no Brasil que é Sônia Virgínia Moreira em 1990. Na liderança do grupo da Intercom, para além da sua proponente inicial, passaram Dóris Fagundes Haussen, Nélia Del Bianco, Eduardo Meditsch, Mágda Cunha, Luiz Ferraretto e Nair Prata, actual coordenadora.
Agora, para além de uma tradução do guião (roteiro) original de A Guerra dos Mundos, de Howard Koch, por Eglê Malheiros, há um conjunto de textos sobre a peça original de H. G. Wells e a sua contextualização social, cultural e política, da sua utilização na rádio por Orson Welles e que a tornou no programa de rádio mais famoso desde sempre, das edições radiofónicas de invasões de marcianos no Brasil e noutros países da América Latina e também em Portugal (pela mão de Matos Maia, como já recordei aqui, aqui e aqui). Destaco, sem qualquer nível de hierarquizar a sua importância, os capítulos de Carlos Esch e Nélia Del Bianco, Sergio Endler, Mágda Cunha, Dóris Haussen, Valci Zuculoto e Luiz Ferraretto.
Fico com a leitura do capítulo de Meditsch (Preparação. Construindo a arte de assombrar o público, pp. 45-56), onde se conta a azáfama semanal do Mercury Theatre, em que o guião da peça radiofónica era preparado em seis dias, de terça-feira a domingo. Howard Koch escrevia a lápis e uma estagiária da CBS dactilografava, refazendo conforme as críticas e sugestões de Orson Welles, então um jovem de 23 anos.
Na peça radiodifundida na noite do dia das bruxas de 1938 (31 de Outubro), um dos elementos essenciais foi a inserção de noticiários (nomeadamente na sequência de uma música transmitida de um teatro imaginado, Park Plaza, La Cumparsita), numa altura em que os americanos já consumiam muita informação pela rádio, considerado um meio credível, o que reforçou a ideia de programa sério. A equipa não calcularia o impacto da emissão, caso de Koch, que se foi deitar sem saber o que aconteceu durante e depois da peça ter ido para o ar. Apenas no dia seguinte, no barbeiro, ao ler as notícias dos jornais, é que teve consciência do que sucedera. A invasão, no programa, demorou 42 minutos, quando inicialmente se prevera 30, retardado pelo director, conforme uma leitura atenta da imagem do livro sugere. Apenas no último terço da peça é que o guião desfaz o engano provocado nos ouvintes, quando se abandona o formato de programa musical e jornalístico. Mas os efeitos já tinham sido alcançados.
Leitura: Eduardo Meditsch (2013). Rádio e Pânico 2. A Guerra dos Mundos 75 anos depois. Florianópolis: Insular