segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um americano em Belvedere

Ele é americano e ensina psicologia e história da psicologia em New Hampshire, Boston. Fomos companheiros de uma ainda longa viagem, onde me contou a história do massacre do Ruanda (a luta fratricida entre hutus e tutsis) e da miséria da África. Não foi meigo para o complexo militar-industrial americano que é o poder mais forte do seu país.

belvedere
viagem

Na viagem, deparámo-nos com um burro e a sua carroça preso a uma árvore que existia mesmo perto do asfalto da auto-estrada, enquanto meninos jogavam à bola na proximidade e algumas pessoas usavam a berma da auto-estrada como se fosse um passeio de rua, havendo mesmo algumas que intentavam atravessá-la. Transumâncias tropicais que aqui não é costume ver-se. Só faltariam meninas de tranças a jogar à corda e meninos a correr com arcos, mas isso foi há muito tempo e noutro lugar.

O americano fotografava a paisagem. O motorista explicava o que se via, o rio Paraibuna a separar os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, as fazendas e o peso do sector agro-pecuário, enquanto se lamentava que a selecção brasileira de futebol já não era o que foi (tinha empatado na véspera com a Inglaterra). Eu ia traduzindo para o americano. Quando chegámos ao posto de gasolina de Belvedere, nome de museu vienense onde estão obras de Klimt e Kokoschka [ver aqui], dispus-me a beber um sumo (suco) de goiaba e um pequeno pão de queijo. O americano não trazia dinheiro do país, só possuía cartão de crédito. Também quis lanchar. Lá lhe paguei os cinco reais da sua conta.