José Tengarrinha publicou um novo livro a que deu o nome de Nova História da Imprensa Portuguesa das Origens a 1865, um volumoso livro de mil páginas editado pela Temas e Debates/Círculo de Leitores, e que se torna indispensável para quem queira conhecer a realidade social, económica, cultural e política desta indústria.
No prefácio, o autor começa com a definição de imprensa, inicialmente a máquina de imprimir e depois também o produto: impressos, revistas ou jornais. Adiante, ele traça a história da imprensa em Portugal a partir do momento em que o seu objeto se apresenta como periódico e envolve homens de letras como Alexandre Herculano ou Eduardo Coelho.
Identifica a história da imprensa como aquela que resulta de critérios formais estabelecidos na década de 1940 - a consideração do jornal como chega ao leitor. Destes e de outros critérios, Tengarrinha releva quatro fases da sua história: 1) primórdios, da Gazeta de 1641 à revolução de 1820, 2) nascimento da imprensa de opinião, até ao estabelecimento da monarquia constitucional em 1834, 3) liberais contra liberais, indo do fim da guerra civil até à regeneração, e 4) da regeneração em 1851 à organização industrial da imprensa em 1865. O esquema de classificação das publicações periódicas atende a um conjunto de fatores tais como âmbito geográfico, relação com os poderes públicos e religiosos, orientação, conteúdos, periodicidade e género.
Entre as páginas 845 e 880, o historiador faz o que ele chama um breve balanço mas que representa um longo caminho e que subdivide em áreas: 1) transição para o jornalismo moderno (empresa jornalística e jornalista, dificuldades técnicas, ilustração e gravura, portes do correio e expedição, o papel como matéria prima cara, primeiros movimentos reivindicativos dos tipógrafos, e 2) imprensa e evolução da sociedade oitocentista portuguesa.
Detenho-me na sua análise à imprensa jornalística, em que assinala uma maior complexidade a partir de 1834 (pp. 854-857). O jornal passava a ter um editor, um redator responsável ou chefe de redação, um a dois noticiaristas e um folhetinista. Os noticiaristas ganhavam um salário pequeno, pelo que precisavam de ter outros rendimentos. O negócio era regra geral pouco lucrativo e Tengarrinha estima um mínimo de 200 cópias para um jornal subsistir no tempo. Na segunda metade do século XIX, o jornal começava a deixar de ser visto como tendo função doutrinária para passar a ser considerado como uma mercadoria, evidenciado pela presença crescente de anúncios pagos.
José Tengarrinha é doutorado em História e professor catedrático jubilado, presidente do Instituto de Cultura e Estudos Sociais (Cascais) e autor de muitas obras sobre a imprensa das quais destaco História da Imprensa Periódica Portuguesa (1965) e Imprensa e Opinião Pública em Portugal (2006). Tengarrinha foi o arguente da minha tese de mestrado defendida em 1994.
Leitura: José Tengarrinha (2013). Nova História da Imprensa Portuguesa das Origens a 1865. Lisboa: Temas e Debates/Círculo de Leitores, 1003 páginas, 24,40 €
No prefácio, o autor começa com a definição de imprensa, inicialmente a máquina de imprimir e depois também o produto: impressos, revistas ou jornais. Adiante, ele traça a história da imprensa em Portugal a partir do momento em que o seu objeto se apresenta como periódico e envolve homens de letras como Alexandre Herculano ou Eduardo Coelho.
Identifica a história da imprensa como aquela que resulta de critérios formais estabelecidos na década de 1940 - a consideração do jornal como chega ao leitor. Destes e de outros critérios, Tengarrinha releva quatro fases da sua história: 1) primórdios, da Gazeta de 1641 à revolução de 1820, 2) nascimento da imprensa de opinião, até ao estabelecimento da monarquia constitucional em 1834, 3) liberais contra liberais, indo do fim da guerra civil até à regeneração, e 4) da regeneração em 1851 à organização industrial da imprensa em 1865. O esquema de classificação das publicações periódicas atende a um conjunto de fatores tais como âmbito geográfico, relação com os poderes públicos e religiosos, orientação, conteúdos, periodicidade e género.
Entre as páginas 845 e 880, o historiador faz o que ele chama um breve balanço mas que representa um longo caminho e que subdivide em áreas: 1) transição para o jornalismo moderno (empresa jornalística e jornalista, dificuldades técnicas, ilustração e gravura, portes do correio e expedição, o papel como matéria prima cara, primeiros movimentos reivindicativos dos tipógrafos, e 2) imprensa e evolução da sociedade oitocentista portuguesa.
Detenho-me na sua análise à imprensa jornalística, em que assinala uma maior complexidade a partir de 1834 (pp. 854-857). O jornal passava a ter um editor, um redator responsável ou chefe de redação, um a dois noticiaristas e um folhetinista. Os noticiaristas ganhavam um salário pequeno, pelo que precisavam de ter outros rendimentos. O negócio era regra geral pouco lucrativo e Tengarrinha estima um mínimo de 200 cópias para um jornal subsistir no tempo. Na segunda metade do século XIX, o jornal começava a deixar de ser visto como tendo função doutrinária para passar a ser considerado como uma mercadoria, evidenciado pela presença crescente de anúncios pagos.
José Tengarrinha é doutorado em História e professor catedrático jubilado, presidente do Instituto de Cultura e Estudos Sociais (Cascais) e autor de muitas obras sobre a imprensa das quais destaco História da Imprensa Periódica Portuguesa (1965) e Imprensa e Opinião Pública em Portugal (2006). Tengarrinha foi o arguente da minha tese de mestrado defendida em 1994.
Leitura: José Tengarrinha (2013). Nova História da Imprensa Portuguesa das Origens a 1865. Lisboa: Temas e Debates/Círculo de Leitores, 1003 páginas, 24,40 €