Aqui, ainda não tinha comentado o desaparecimento do cinema King, junto ao cruzamento das avenidas de Roma e Frei Miguel Contreiras. Eram três salas onde se via com frequência cinema não mainstream - cinematografias europeia, americana independente, correntes de cinema asiático.
O desaparecimento do complexo de cinemas King, com uma justificação heterodoxa (aumento exagerado do aluguer do espaço), sucede ao recente desaparecimento das duas salas do Londres, na avenida de Roma, não muito longe do King, e onde passava um cinema mais mainstream mas juntando o popular e a qualidade. A explicação por detrás do seu encerramento também foi bizarra: o não pagamento de electricidade obrigava o cinema a encerrar. Alguns anos antes, as quatro salas do Quarteto, também perto da esquina das avenidas de Roma e dos Estados Unidos, tinham fechado. O Quarteto passava filmes de qualidade de cinematografias minoritárias.
O encerramento destas salas sucessivas no eixo da avenida de Roma pode explicar-se por mudanças de hábitos de consumo e por novas centralidades na cidade. Um dos elementos que justificam esta minha ideia é o aparecimento de cinemas na praça do Campo Pequeno, posterior ao desaparecimento da sala Apolo 70 (que estava num dos centros comerciais mais antigos da cidade, do lado ocidental do campo Pequeno). O complexo de cinemas no edifício El Corte Inglés (UCI), do outro lado das avenidas novas, tornou-se também outro polo novo de atracção.
O envelhecimento e a baixa de poder de compra da população do eixo à volta da avenida de Roma, agora com mais de oitenta anos, antes avenida 19, enobrecida com a linha de metropolitano inaugurado cerca de 1960, pode ser outro elemento. Ainda um outro elemento relaciona-se com o final de ciclo de vida activa de proprietários dos cinemas ou de perda de espectadores e correspondentes perdas financeiras que inviabiliaram a continuidade das empresas (a razão mais plausível para o encerramento sucessivo das salas). O cinema em casa, através dos canais de televisão por cabo, negócio em franca ascensão, é outro elemento justificativo.
Recordo a importância da avenida de Roma, com o comércio, caso das sapatarias, cujo número vem descendo muito, e das pastelarias, como Luanda, Sul-América, Suprema e Vá-Vá, algumas delas tendo sido locais de tertúlias de intelectuais, políticos e homens de cinema. Lembro ainda a importância do teatro Maria Matos. Será que a avenida de Roma está a perder a ideia de um espaço para morar e viver (lojas, lazer, espaços públicos) e ganhar a noção de rodovia de entrada e saída do centro para as periferias a norte da cidade? O fecho das salas de cinema parece indiciar isso.
O desaparecimento do complexo de cinemas King, com uma justificação heterodoxa (aumento exagerado do aluguer do espaço), sucede ao recente desaparecimento das duas salas do Londres, na avenida de Roma, não muito longe do King, e onde passava um cinema mais mainstream mas juntando o popular e a qualidade. A explicação por detrás do seu encerramento também foi bizarra: o não pagamento de electricidade obrigava o cinema a encerrar. Alguns anos antes, as quatro salas do Quarteto, também perto da esquina das avenidas de Roma e dos Estados Unidos, tinham fechado. O Quarteto passava filmes de qualidade de cinematografias minoritárias.
O encerramento destas salas sucessivas no eixo da avenida de Roma pode explicar-se por mudanças de hábitos de consumo e por novas centralidades na cidade. Um dos elementos que justificam esta minha ideia é o aparecimento de cinemas na praça do Campo Pequeno, posterior ao desaparecimento da sala Apolo 70 (que estava num dos centros comerciais mais antigos da cidade, do lado ocidental do campo Pequeno). O complexo de cinemas no edifício El Corte Inglés (UCI), do outro lado das avenidas novas, tornou-se também outro polo novo de atracção.
O envelhecimento e a baixa de poder de compra da população do eixo à volta da avenida de Roma, agora com mais de oitenta anos, antes avenida 19, enobrecida com a linha de metropolitano inaugurado cerca de 1960, pode ser outro elemento. Ainda um outro elemento relaciona-se com o final de ciclo de vida activa de proprietários dos cinemas ou de perda de espectadores e correspondentes perdas financeiras que inviabiliaram a continuidade das empresas (a razão mais plausível para o encerramento sucessivo das salas). O cinema em casa, através dos canais de televisão por cabo, negócio em franca ascensão, é outro elemento justificativo.
Recordo a importância da avenida de Roma, com o comércio, caso das sapatarias, cujo número vem descendo muito, e das pastelarias, como Luanda, Sul-América, Suprema e Vá-Vá, algumas delas tendo sido locais de tertúlias de intelectuais, políticos e homens de cinema. Lembro ainda a importância do teatro Maria Matos. Será que a avenida de Roma está a perder a ideia de um espaço para morar e viver (lojas, lazer, espaços públicos) e ganhar a noção de rodovia de entrada e saída do centro para as periferias a norte da cidade? O fecho das salas de cinema parece indiciar isso.