terça-feira, 17 de junho de 2014

A morte dos jornais

"Eu acabei o curso de Ciências de Comunicação em 1998 e nesse ano comecei a trabalhar na secção de cultura do Diário de Notícias. O meu editor chamava-se Eurico de Barros e o editor adjunto chamava-se Nuno Galopim. São pessoas que dispensam apresentações no meio jornalístico português. Os dois foram despedidos do DN no final da semana passada, no decorrer de um processo de despedimento colectivo que afastará dos quadros da Controlinveste mais 158 pessoas. Decidi trazer os seus nomes para aqui porque é importante dar cara aos números e para que se perceba que ir para a rua deixou há muito de ser sintoma de incompetência ou de falta de empenho. Já não há forma, para utilizar a linguagem política, de «cortar na gordura». Tudo é carne. Quando eu saí do DN em 2007, o Eurico teria perto de duas centenas de folgas em atraso. Não sei quantas terá hoje. Nós gozávamos com ele por causa disso. A sua vida era aquele jornal, folgava em média um dia por semana. E não era só suor – muito pouca gente nesta terra escreve tão bem, com tanta elegância, tanta ironia e tanto sentido de humor quanto ele. Quando trabalhar muito e bem já não chega para mantermos o emprego, pela simples razão de que, ao fim de 30 anos de carreira, ter um salário de dois mil euros é considerado uma extravagância, então o nosso trabalho serve para quê?" (início do texto de João Miguel Tavares, hoje no Público, http://www.publico.pt/sociedade/noticia/a-morte-dos-jornais-1650568).

Volto de novo à questão. Não tenho comentários a fazer. Só me fica um imenso desapontamento e uma grande tristeza.

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