segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Rádio Nova

Em Abril de 1972, a Casa da Imprensa atribuía o prémio anual da rádio a três programas ex-aquo: Página Um, Tempo Zip e Vértice (este para o período de Rui Pedro como realizador). O júri da Casa da Imprensa criticava o resto da programação, muito assente no triângulo "disco-anúncio-duas tretas". Os realizadores dos programas premiados salientariam o risco permanente no trabalho diário. Não dito explicitamente mas perceptível: censura.

No caso de Vértice, nos dois meses orientado por Rui Pedro, foi um programa que tentava "aproximar vários ramos de Literatura e Filosofia ao ouvinte com pensamento e Música popular e erudita". O programa pertencia à empresa Espaço 3P, que pretendia um programa exclusivamente musical. Já para Página Um, José Manuel Nunes diria querer um "programa virado aos problemas da sociedade portuguesa e também internacional, mas em menor escala", em termos de textos. No tocante à música estrangeira, divulgava singles de êxito internacional, para satisfazer os 79,4% de ouvintes jovens, ao passo que na música portuguesa estabelecia um critério rígido, não explícito no trabalho da revista Rádio & Televisão de 22 de Abril de 1972. Críticas: no Tempo Zip, a selecção musical chegara a ser feita pelo vendedor da etiqueta musical Zip, além de campanhas de publicidade encapotadas na forma de reportagem, O programa passaria entretanto das Organizações Zip para a Sassetti.

O texto da revista de onde tiro estas páginas não menciona o nome dos membros do júri do prémio da rádio da Casa da Imprensa. Mas o título do texto é marcante: Rádio Nova: rasgar horizontes. Percebia-se a tendência, em especial em programas de fim de tarde e noite. Além da censura, a rádio tinha a concorrência da televisão e precisava de se redefinir para atrair novos públicos. Foi aí que um grupo de jovens - jornalistas e radialistas - começaram a ocupar os períodos de produtores independentes tornados vagos, com especial incidência na Rádio Renascença.



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