terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Liberdade de expressão através da perspectiva do anterior conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas

Publicado no sítio do Sindicato dos Jornalistas, o relatório do Conselho Deontológico cessante indica que as "condições de exercício do jornalismo no período 2010-2014 agravaram-se com implicações no domínio ético-deontológico. Em 2010 (Observatório de Deontologia do Jornalismo - Boletim mensal do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, nº 5, Setembro/Outubro), constatava-se o surgimento de indícios de “declínio e de ruptura simbólica com a expressão da liberdade” e a circunstância do jornalismo se encontrar «aos pés do mercado de notícias que dele se serve para acumular lucros e poder» [...] O carácter anómico do exercício profissional foi impulsionado por uma orientação estratégica dos media centrada em transformar a informação em mercadoria, com o intuito de produzir espectáculo mediático e assegurar audiências e vendas. Esta perspectiva conduziu gradualmente o jornalismo à situação de refém do interesse de fontes organizadas e à mercê da duvidosa qualidade de uma informação que se pretende vendável".

Quanto à participação dos públicos, o Conselho Deontológico cessante indica que "Críticas, reparos, pedidos para que o CD se pronunciasse sobre coberturas televisivas e sugestões para que sejam cumpridos os valores da profissão constituem algumas das participações apresentadas por elementos dos públicos do jornalismo. Foi criticada a promoção de um livro num dos canais de televisão em que se simulava um telejornal ou o incumprimento por outro dos canais do pedido da fonte para que não fosse identificada. Também foram criticados os serviços noticiosos de rádio e televisão que reproduzem as mesmas peças em dias sucessivos sem qualquer actualização, assim como a hegemonia de directos sobre comemorações de vitórias por clubes de futebol transmitidas em simultâneo por todos os canais de televisão generalistas. [...] O caso mais recente refere-se à cobertura noticiosa da prisão do ex-primeiro-ministro José Sócrates e à subsequente informação produzida. É apontada, nalgumas peças de imprensa, cujo género é indefinido, a mistura entre informação e opinião, a vulgaridade e a irrelevância. Os directos televisivos são pautados pela ausência não só de factos mas também de mediação jornalística. As opções editoriais traduzem tão-só a ocupação de tempo informativo de baixo custo, substituindo o acto jornalístico pelo ritual do plantão que coloca o telespectador frente à porta do tribunal ou da prisão sem acrescentar qualquer valor noticioso".

Nas recentes eleições do Sindicato dos Jornalistas (18 de Dezembro), ganhou a lista presidida pela jornalista Sofia Branco (Lusa), tendo como presidente da Mesa da Assembleia Geral o jornalista Eugénio Alves (reformado) e no Conselho Fiscal o jornalista Manuel Esteves (Jornal de Negócios). Já como presidente do Conselho Deontológico, o sindicato conta com a jornalista São José Almeida (Público) e o Conselho Geral com a jornalista Ana Luísa Rodrigues (RTP).

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