António Ferro criou um concurso da aldeia mais portuguesa de Portugal, em 1938, ganhando Monsanto. A ideia era desenvolver nos portugueses o culto pela tradição. Margarida Acciaiuoli, no seu livro sobre António Ferro. A Vertigem da Palavra (2013: 215) indica que as condições para o concurso implicavam "a conservação das suas características na habitação, no mobiliário e alfaias domésticas, no trajo, nas artes e nas indústrias populares, nas formas de comércio", na preservação da poesia, dos contos, da música, do teatro e das festas. Monsanto venceu, sem unanimidade, face a Orada, Alte e Azinhaga, no Alentejo. Continua Acciaiuoli (2013: 216): "A surpresa de alguns manifesta-se, a iniciativa é criticada, e António Ferro apressa-se então a elucidar os objetivos que tinham presidido a essa sua realização".
Ferro, o intelectual orgânico do Estado Novo, apresentaria Monsanto como "a imagem empolgante da nossa pobreza honrada e limpa" (Acciaiuoli, 2013: 217). O concurso não se repetiu e ficou na memória psicológica a ideia da aldeia mais portuguesa de Portugal aplicada aquela aldeia de Idanha-a-Nova. Hoje, ela faz parte do lote de aldeias históricas, algumas recuperadas recentemente como Castelo Novo (Fundão), parcialmente na segunda fotografia.
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