Conforme o título, Verdade e Erro em História, de José Miguel Sardica, trata de História e do seu olhar e interpretação dos acontecimentos. Melhor, sobre a relação entre História e documentos, pelo que o livro abre com uma referência a Paul Veyne. O texto, de oito partes, incluindo a introdução e as conclusões, tem dois capítulos centrais em que identifica verdade, erro doloroso e mentira factual.
Mas o que eu mais gostei de ler foram os capítulos 2, 5 e 7, onde o autor estuda e opõe positivismo - em que história e passado se identificavam como uma só coisa - a história modernista ou tradicional - com forte tónica na pesquisa arquivística e de fontes primárias (p. 25) - e pós-modernismo - com libertação de toda a verdade e obrigação de manter algum grau de objetividade (p. 43).
No livro, há a defesa do segundo modelo, a história modernista, em que a disciplina ou ofício produz e ensina verdades relativas mas não ficcionais ou arbitrárias, fundadas no apuramento de factos objetivos e na sua articulação causal e lógica (p. 16). A partir de factos e das suas fontes, o historiador aproxima-se da realidade do passado (p. 17). O autor dá conta do conhecimento histórico enquanto matéria relativa e revisitável (p. 76). A crítica ao pós-modernismo é mais visível nas páginas 45-52, embora haja espaço para uma zona de convivência benéfica entre aquele e a história modernista (p. 79).
Além de reconstruir o mais fielmente o passado, ao historiador exige-se que a sua escrita seja elegante e atraente (p. 53).
Leitura: José Miguel Sardica (2015). Verdade e Erro em História. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 85 páginas
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