A guia que nos levou ao sítio da Penascosa (praia fluvial na margem direita do rio Côa), onde se encontra um património valioso de arte rupestre do Vale do Côa classificada como património mundial, era muito competente. De conversa paralela ao seu trabalho de guia, ficámos a saber que é necessário frequentar um curso de Guias de Arte Rupestre do Coa, com formação específica em arte rupestre e seu contexto arqueológico.
Rapidamente, nos pôs a ler os traços e o significado em termos de animais representados: auroque, cabra e cavalo. Das interpretações e das dúvidas sobre como se teriam inscrito na pedra aquelas gravuras, foi tudo explicado, levando-nos ao museu de Côa, um magnífico edifício mas parecendo um bunker de guerra nuclear, o que amedronta um pouco.
Lá dentro, com excesso de informação visual, talvez a agradar a uma população juvenil que toma contacto pela primeira vez com um mundo de 25 mil anos antes do presente (BP - before present, com está escrito no texto em português). Pirotécnico, diria eu, ao ver citações de professores de reconhecida notoriedade da Universidade Nova de Lisboa mas cujos trabalhos de arte rupestre ignoro junto a imagens explicativas da evolução da cultura naquele vale. Sei que se podem reduzir as gravuras a simples (ou complexos) signos, mas daí a ter citações de professores dedicados a semiótica ou filosofia da linguagem parece-me exagerado. Sem me querer centrar nas citações, estas soam a soundbites dos jornalistas e dos técnicos de relações públicas.
Felizmente que a anunciada barragem no Côa não foi para a frente. Ficou um magnífico património num local de uma enorme beleza. E de fora ficou uma recente polémica de dificuldades financeiras, com histórias de jipes avariados. Houve jipe e houve explicações bem feitas pela guia. Lembrei-me do conceito ou grito "As gravuras não sabem nadar", a partir da música dos Black Company (1994) Não sabe nadar.
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