Do livro de José Maria Pinto de Almeida (50 Anos de Rádio em Angola, p. 107, pp. 112-113), retiro o seguinte:
1) "Estive lá [Angola, um reino mágico como Camelot ou a Atlântida] uma dúzia de anos fabulosos. Lá casei e conheci gente fantástica. A melhor e a pior. De lá consegui ficar com a mulher, o cão, as fotografias do casamento, duas ou três mudas de roupa e as recordações. Acho que fiquei com o importante. Em 73, recusei uma proposta para ficar na América a trabalhar. E quando ampliaram a proposta lembro-me de ter dito: «Não vale a pena... não saio de Angola por dinheiro nenhum». A verdade é que saí meses depois, mas de facto não foi por dinheiro nenhum" (João Fernandes, que, no texto, recorda João Sebag, Herberto Hélder, Edite Soeiro e Acácio Barradas, entre outros).
2) João Saldanha foi comentarista em Rádio Guanabara (1960) e trabalhou na TV Rio [de Janeiro]. Quando começou a ditadura no Brasil, ele passou a viajar com frequência para a Europa, até que o convidam para selecionador de futebol (1969). E o meu passado de comunista, perguntou? No curto período em que foi selecionador, nunca perdeu a oportunidade de falar das torturas e dos presos e dos desaparecidos do seu país. Ele gostava de ser entrevistado por repórteres da rádio. Um dia, à entrada do estádio Maracanã, perguntaram se ia ver o jogo. Respondeu: "não, vim visitar o museu do índio". Dentro do estádio, outro repórter perguntou se tinha gostado da relva. Respondeu: "aguenta aí companheiro, ainda não a provei".
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