Naquele dia, Vera Lagoa foi generosa na prosa (Rádio & Televisão, 4 de abril de 1970). Ida no avião Caravelle (TAP), na inauguração do programa Tempo Zip, encontrou-se com Fialho Gouveia, José Nuno Martins, Joaquim Letria, Edite Soeiro, Mário Zambujal e Baptista-Bastos. Uma inauguração assim, num avião novo que partiu de Lisboa, andou pela península de Setúbal e regressou a Lisboa, nunca tinha acontecido. Depois, já nos estúdios da Rádio Renascença, ela cruzou-se com Manuel Freire, João Paulo Guerra (sem barba mas com um grande bigode), Raul Solnado, Torcato da Luz e Carlos Cruz. Vera Lagoa tinha uma rubrica muito lida no Diário Popular, Bisbilhotices, e o texto em Rádio & Televisão, também do grupo do Banco Borges & Irmão, tinha ingredientes semelhantes. João Paulo Guerra sentia-se bem, por haver um bom entendimento na realização do programa e ele conhecia todos os colaboradores, de Michel Giacometti a Urbano Tavares Rodrigues (Rádio & Televisão, 25 de abril de 1970). Quatro anos depois, a repórter ali generosa e alguns dos seus colegas separar-se-iam politicamente- ela no semanário Sol, à direita, alguns deles defendendo a luta de classes, à esquerda.
O programa de rádio Tempo Zip, após o sucesso do programa televisivo Zip-Zip, ficou na história como um dos melhores de sempre e um marcador da rádio nova. Foi uma sessão que os protagonistas nunca esqueceriam, tanto mais que Fialho Gouveia e Carlos Cruz, além da televisão, tinham feito o programa PBX em Rádio Clube Português, em 1968, o primeiro marcador dessa rádio nova. Logo depois, a Rádio Renascença emitia 24 horas por dia, com o jovem José Manuel Nunes a assegurar a emissão de madrugada, em 1972 Carlos Cruz era nomeado responsável pelos noticiários e em setembro de 1972 João Paulo Guerra era despedido (ao mesmo tempo que Adelino Gomes) devido a um relato sobre o assassínio de atletas israelitas levado a cabo por um comando palestiniano nos Jogos Olímpicos de Munique.
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