domingo, 31 de julho de 2016

A Última Lição

Um professor especializado prepara alunos para um exame superior. Ele parece forte em aritmética, filologia, medicina. A aluna quer singrar depressa, até obter um doutoramento total. O professor elogia-a mas ela só sabe fazer contas de somar e enfrenta as primeiras dúvidas nas subtrações. De gentil, o professor torna-se menos pacífico e diz que ela se pode candidatar somente ao doutoramento parcial e mais violento quando a ameaça fisicamente e o concretiza. "A filologia conduz ao desastre", avisa a criada Maria, mas o professor ignora a sabedoria dela.

Eugène Ionesco (1909-1994) faz resvalar o seu teatro para o domínio do absurdo. Ele viveu entre a Roménia, onde nasceu, e a França, país de origem do seu pai e com quem teve profundas divergências. O pai sonhou para ele uma carreira de engenheiro, o que Ionesco não queria, tirando à força um bacharelato na matéria. O depois autor teatral revelou um gosto grande pela literatura e viajou para França, com uma bolsa para uma tese que nunca concluiu.

Em 1948, começou a escrever teatro, surgindo nesse ano um esboço de A Cantora Careca. Os trabalhos iniciais não tiveram grande sucesso. Contudo, Ionesco conseguiu relacionar-se com intelectuais como Breton, Buñuel e Eliade. O êxito veio em 1957 embora desconsiderado face a Beckett. Também criticado pelas suas teorias literárias vanguardistas mas próximas do anticomunismo feroz. Em 1989, assinou uma declaração de apoio à liberdade de expressão pela perseguição política a Salman Rushdie.

No final deste mês de julho, os alunos de Teatro da ESAP (Escola Superior Artística do Porto) representariam a peça como exercício de finalistas, com encenação de Roberto Merino e interpretação de Inês Cardoso, Leandro Baptista, Patrícia Gama e Ricardo Regalado, no Mosteiro de São Bento da Vitória (Porto).


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