terça-feira, 4 de outubro de 2016

Luanda, a vida quotidiana e a rádio

O aparato de recolha de informação é impressionante: 81 entrevistas. O tema é aliciante: a cidade de Luanda entre 1960 e 1975. O que me chamou a atenção: o modo de construção do livro, ou melhor, do livro-álbum de fotografias. O que me levou a comprar: as 16 páginas, em 237, sobre rádio.

Rita Garcia inicia assim o seu livro-álbum agora editado: "Bastava percorrer a marginal pela primeira vez para ficar rendido aqueles três mil metros de asfalto, onde uma muralha de prédios altos e uma linha de coqueiros separavam a terra do mar" (p. 9). Do índice, conto 14 capítulos, alguns dedicados a temas de lazer e vida quotidiana na cidade: vida escolar, compras, moda, cinema, desporto, festas, comida. Um dedicado à guerra, com o título antigo (com viés): "Uma Província em guerra".


Sobre a rádio, a autora escreve sobre Minah Jardim (rainha da rádio e das canções), festival da canção de Luanda, estrelas da rádio (com nomes de locutores como Artur Peres, Alice Cruz, Rui Romano, Sara Chaves, Diamantino Faria, Ruth Soares e Sebastião Coelho), estações de sucesso (Rádio Clube de Angola, Emissora Oficial de Angola, Rádio Ecclesia), os programas mais conhecidos (Luanda, 62 a 75, Café da Noite, Chá das Seis). Entre outros contributos, o texto sobre rádio deve muito a José Maria Pinto de Almeida e o seu livro 50 Anos de Rádio em Angola, Belo Marques e o seu sítio e a Diamantino Pereira Monteiro [na fotografia de baixo, Belo Marques, de Rádio Ecclesia].


Rita Garcia (1979) é licenciada em Ciências da Comunicação, jornalista (tendo trabalhado em Focus, Notícias Magazine e Sábado, entre outros meios) e escritora, nomeadamente de dois outros livros sobre Angola.

Sem comentários: